Baleias na Praia da Vitória
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Este blog é da responsabilidade do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores e pretende dar conta das actividades desenvolvidas ao longo de 2006 - Ano Internacional dos Desertos e da Desertificação, bem como das actividades realizadas na mesma área temática,ou não, nos anos posteriores.
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Portugueses recebem prémio internacional por acções feitas durante as “100 Horas de Astronomia”.
Uma investigadora do Instituto Superior Técnico e a Fundação Navegar foram premiadas pela Comissão do Ano Internacional de Astronomia (AIA2009) pelas actividades relevantes que puseram em marcha no âmbito do projecto “100 Horas de Astronomia”. Ana Mourão, investigadora do IST e da CENTRA, pôs as Flores no mapa do Ano Internacional da Astronomia. A cientista promoveu observações astronómicas e nove palestras científicas em seis ilhas dos grupos ocidentais e centrais dos Açores, reunindo mais de mil estudantes açorianos. A comissão internacional reconheceu-lhe o mérito atribuindo o prémio "Participação Individual Marcante". "Este tipo de iniciativas é um modo de apoiar as escolas e de fazer notar que as barreiras geográficas, que por vezes justificam a insularidade, podem e devem ser ultrapassadas. No nosso caso, a Astronomia permitiu mostrar que estamos todos no mesmo planeta", esclarece Ana Mourão. Na ilha das Flores todos os alunos do 4.º ao 12.º ano assistiram às celebrações das “100 horas de Astronomia”. O Centro Multimeios de Espinho gerido pela Fundação Navegar foi destacado com uma menção honrosa pela actividade “Acampar no Planetário”, em que as crianças podiam passar uma noite dentro do Planetário, onde observavam as constelações e ouviam os sons como se estivessem ao relento. "O facto de termos conjugado um céu estrelado com um fundo sonoro onde se ouviam os ruídos nocturnos da natureza, incluindo um sino de uma igreja distante devidamente sincronizado com a hora, conseguiu transmitir aos participantes um sensação de não estarem no planetário mas a acampar na realidade e contribuiu para que a iniciativa seja tão bem recebida pelo público", lembra António Pedrosa, responsável pela fundação. Este prémio é "uma validação e um reconhecimento pelo trabalho realizado no Centro Multimeios de Espinho no campo da cultura e promoção da ciência e em particular da Astronomia".As "100 Horas de Astronomia" alcançaram milhões de pessoas em todo o mundo. De 2 a 5 de Abril organizaram-se 2370 eventos registados.
(in Público)
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Correio dos Açores: Passados doze anos, há muita gente que ainda não percebeu e aceitou a forma repentina com que deixou a Presidência do Governo Regional dos Açores.
João Bosco Mota Amaral (Deputado do PSD/Açores à Assembleia da República) - Eu julgo que expliquei a razão da minha saída na altura. Estavam quase a completarem-se vinte anos das minhas funções de Presidente do Governo Regional dos Açores e, vinte anos, é de facto muito tempo. Não me parecia razoável prolongar nova candidatura, mantendo a minha responsabilidade por mais quatro anos, na medida em que, cumpridas as tarefas de alicerçar a nossa Autonomia democrática, era preciso dar lugar aos novos. Pessoas que viessem com novas ideias, novas energias, para levar os Açores para a frente. Saí, a um ano do final do mandato, no pressuposto de que assim, deixava margem de manobra ao PSD, para encontrar uma solução adequada para uma candidatura às eleições regionais do ano seguinte. Saí, deixando o PSD triunfante, depois de um percalço ocorrido em 1988, em que ficámos apenas com um deputado a mais do que toda a oposição. E logo a seguir, em 1989, após termos perdido as eleições autárquicas, por uma Câmara, empenhei-me a fundo na recuperação e dinamização do partido, levando-o à vitória, como cabeça de lista, em todas as eleições sucessivas: em 1991, para a Assembleia da República, em 1992, para as Regionais, contra o então Presidente da Câmara de Ponta Delgada, Mário Machado e depois, em 1993, vencemos as autárquicas, conquistando 15 Câmaras municipais. Em 1994, vencemos as Europeias, em 1995, encabecei, novamente, a lista à Assembleia da República. O PSD Açores voltou a ganhar, nas eleições à Presidência da República, com o Prof. Cavaco Silva, pese embora este tenha perdido as eleições para Jorge Sampaio. O Partido estava, portanto, em belíssimas condições, aproveitando esta dinâmica vitoriosa para ganhar as eleições de 1996 e iniciar uma nova fase, com novas energias, o que infelizmente, para o PSD, não aconteceu. Entendo que os altos responsáveis políticos, no plano executivo, têm de saber fixar um limite, para a sua presença no poder. Entendi que os cinco mandatos sucessivos me davam perfeita legitimidade para pôr um termo à minha responsabilidade governativa. Não o anunciei antes, porque entendo que estas coisas devem ser feitas no momento determinado, assim poupando as habituais manobras dos delfins e dos aspirantes à sucessão. O PSD fez o seu Congresso, escolheu a sua liderança, eu não influenciei, nem sequer participei neste Congresso e tenho a consciência tranquila de ter aplicado todas as minhas energias, no melhor desempenho da tarefa que me foi confiada.
No entanto, nestes 19 anos de liderança, o partido estava completamente personalizado em si, identificava-se plenamente com a sua imagem. As pessoas votam no Dr. Mota Amaral e não no PSD. Como tal, não acha que essa transição deveria ter sido feita de uma forma planeada e não tão repentina?
Não me preocupei, efectivamente, em escolher sucessor porque, em diversas ocasiões, doutrinando dentro do PSD Açores, sublinhei que tenho do poder democrático uma noção republicana e não monárquica. Portanto, nunca entendi o partido como sendo propriedade minha, muito menos os Açores, era o que mais faltava. Para conquistar o poder, apresentei-me às eleições e ganhei. Preocupei-me sim em preparar uma elite dirigente no PSD, muito descentralizada, abrangendo as nossas ilhas todas, treinado no exercício do poder, aos diversos níveis. De um conjunto de ilhas, dispersas e desavindas, historicamente muito marcadas por querelas injustificadas e inúteis, nasceu uma Região, com a plena consciência da sua identidade, nas quais todos se sentiram envolvidos, graças à política do desenvolvimento harmónico que o meu governo desenvolveu, e superiormente legitimada pela intervenção dos deputados e do Parlamento Regional. Por isso, por haver uma grande interligação entre todos, as pessoas sentiam-se motivadas e votavam. No meu tempo, votava-se muito! Não partilho da opinião de que os responsáveis do poder são uns iluminados, que devam viver sempre em busca de gratidão e de vénia. Os cidadãos é que exprimem as aspirações das populações. É isso que corresponde à democracia e que marcou as primeiras duas décadas da nossa Autonomia. Esta realidade consolidou uma realidade nova, na cena política: a Região Autónoma dos Açores, sem a qual, Portugal hoje não se compreenderia. Por outro lado, o PSD e as maiorias e os governos da sua responsabilidade conquistaram para a Região Autónoma dos Açores um lugar próprio adequado no âmbito da União Europeia e das relações externas do nosso País, com destaque para as relações luso-americanas.
Autonomia consolidada Infra-estruturas construídas
Durante o seu período governativo, privilegiou os objectivos políticos em detrimento dos económicos. Subjacente a essa sua estratégia, teve a preocupação de colocar os Açores no panorama político nacional e europeu?
Na altura em que a Autonomia arranca, os Açores encontravam-se numa situação de grande pobreza, eram uma região pouco desenvolvida. O empenho dos primeiros governos que liderei direccionou-se logo para o desenvolvimento económico e, para isso, era indispensável o lançamento de infra-estruturas essenciais. Construímos infra-estruturas em todas as ilhas, portos, aeroportos, estradas, hospitais, adaptadas às dimensões das próprias ilhas. Quero ressalvar que foi já no meu tempo que acabámos de electrificar a ilha de S. Miguel. Devo dizer que investimos bastante no desenvolvimento da nossa economia, tal como ela na altura se configurava, assente no sector primário. Foi preciso modernizar a agricultura e as pescas, daí, termos apostado em infra-estruturas que permitissem a acessibilidade em todas as ilhas e viabilizassem esses sectores. Em termos institucionais, houve uma transferência enorme de poder para a Região e a sua consequente descentralização. Tudo aquilo que tinha a ver com o dia-a-dia dos cidadãos passou para o âmbito do Governo Regional. É natural que hoje, o interesse da população se centre, mais especificamente, nas questões económicas e de bem-estar, porque o regime autonómico democrático está consolidado e as infra-estruturas fundamentais já estão construídas.
Curiosamente, nunca apostou, de forma estratégica, no sector do Turismo, embora nos seus governos tenham sido elaborados alguns estudos e planos directores, que serviram de base para que o sector seja hoje considerado estratégico para o desenvolvimento dos Açores.
Isso não é bem assim. Na altura, via o desenvolvimento dos Açores assente em três pilares essenciais e equilibrados: a Agricultura e as Pescas, as Indústrias que lhes estavam associadas e o Turismo. No período inicial da nossa Autonomia houve alguns investimentos consistentes no Turismo, equipámos as nossas ilhas, com condições mínimas para acolher os visitantes e desenvolvemos alguns projectos de maior dimensão, aproveitando os fundos comunitários, como marinas e hotéis. Não aceito que digam que apenas me preocupei com questões políticas, a economia modernizou-se, a qualidade de vida das pessoas deu um grande salto qualitativo. Criadas as condições de base, é possível, hoje, acelerar o desenvolvimento económico, pois se está trabalhando sobre um patamar completamente diferente.
A Universidade dos Açores e a RTP Açores foram duas grandes conquistas da nossa Autonomia, mas estão hoje em posições completamente diferentes: a Universidade tem crescido, tem-se consolidado, pelo contrário, a RTP Açores estagnou e já não corresponde às exigências da nossa população.
A Universidade dos Açores, de facto, foi uma das grandes conquistas da nossa Autonomia; potenciou a preparação das nossas elites e criou um centro de fixação de “massa cinzenta”, evitando que as pessoas tivessem que sair para continuarem os seus estudos e depois não regressassem. Tem sabido modernizar-se, ter uma dimensão regional e, desta forma, responder à globalização e às grandes transformações, que se têm verificado em todo o mundo. A Universidade dos Açores é, sem dúvida, uma referência geracional. Em relação à RTP Açores e, pelo contrário, a sua actual situação é lamentável. Pese embora os açorianos terem direito de acesso a outros canais e alternativas de escolha, para a sua informação e divertimento, a RTP Açores, que foi fundamental para que muitos açorianos conhecessem o mundo, darem-se a conhecer ao mundo, e acima de tudo, conhecerem-se a si próprios, não soube acompanhar a evolução tecnológica e assumir-se como um canal regional, igual a tão bons exemplos que conhecemos por esse mundo fora, encontrando-se por isso numa situação de visibilidade muito reduzida.
Teve sempre um relacionamento político e institucional difícil com o então Primeiro-Ministro, Prof. Cavaco Silva. Alguns analistas consideram que este foi o preço que pagou, pelo facto de não o ter apoiado no Congresso da Figueira da Foz, quando ganhou a liderança do PSD, de forma inesperada.
Eu não atribuo a uma divergência, puramente partidária e ocasional, o que se verificou posteriormente. Existia uma tensão de relacionamento, que era óbvia, muitas vezes afirmada e nunca disfarçada publicamente. O Prof. Cavaco Silva tinha e tem as suas convicções e eu tenho as minhas. Isso não impediu termos colaborado em muitas coisas, em conjunto e em sintonia, independentemente de se manter nos media uma imagem negativa à volta da sua actuação como Primeiro-Ministro, em relação aos Açores. Ele, de facto, tinha alguns pontos de vista divergentes dos nossos, o que não impediu de termos mantido as nossas posições e ganho muitas das nossas reivindicações. No entanto, também não me posso esquecer do seu empenhamento na resolução de muitos dos nossos problemas, nomeadamente, na questão da ultraperifería, que tem sido tão útil para os Açores e que obteve consagração ao mais alto nível da então CEE por uma iniciativa pessoal dele no Conselho Europeu de Rodes. O facto de haver divergências é saudável para a democracia, e o que interessa é que depois se trabalhe em convergência para a resolução dos problemas. De qualquer forma, não nos podemos esquecer que os açorianos sempre reconheceram o bom desempenho do Prof. Cavaco Silva enquanto Primeiro-Ministro de Portugal, o que indicia a percepção de que tal é afinal positivo e bom também para os Açores. Sempre lhe deram a vitória nas eleições legislativas e mesmo quando concorreu, pela primeira vez, à Presidência da República, e perdeu. Isto só comprova a admiração e respeito que os açorianos têm por ele, confirmado no excelente resultado obtido nas eleições presidenciais de 2006.
Que vantagens traz, para os Açores, a revisão do Estatuto Politico e Administrativo?
As vantagens são óbvias, a mais importante é a libertação do poder legislativo regional, que agora tem condições para ir ao encontro dos interesses da população, trazendo uma responsabilidade muito grande a quem legisla e ao próprio Governo Regional. A este propósito, deixe-me dizer-lhe, que o PSD esteve sempre do lado das autonomias e a sua posição foi sempre a de arranjar uma plataforma consensual, no sentido deste diploma gerar, ao nível do país, uma aceitação e um entendimento global, que enterrassem definitivamente algumas dúvidas do passado. A questão levantada pela maioria parlamentar socialista, em relação ao veto do Sr. Presidente da República, foi claramente uma forma de distrair a opinião pública para que não se apercebesse que, na especialidade, haviam sido alterados por ela mais de vinte artigos, um dos quais levou mesmo a suprimir a expressão “povo açoriano”. Eu e o deputado Joaquim Ponte mantivemos a nossa posição de voto, o que contribuiu para que aquele diploma na sua aprovação final tivesse a maioria de dois terços. Apesar de todas estas divergências, o Estatuto já foi publicado e está em aplicação, abrindo a porta para grandes feitos para os Açores e para Portugal.
Quanto à norma concreta de constitucionalidade duvidosa, na opinião do PSD, o Tribunal Constitucional há-de dizer da sua justiça. Foi novamente indicado para encabeçar a lista de deputados à Assembleia da República, pelo PSD/Açores. Continua, portanto, ao serviço da causa pública?
Considero-me, na política, como um trabalhador com contrato a prazo. Os meus prazos são definidos pelos mandatos aos quais me candidato. Estava disponível para continuar, os responsáveis pelo PSD Açores reafirmaram também este interesse, pelo que, neste capítulo, foi muito fácil o entendimento. Resta agora esperar pela decisão do eleitorado, que é efectivamente o detentor do poder. Vou-lhe colocar uma última questão: como interpreta o aumento da abstenção, que se tem verificado nos Açores, nestes últimos anos, tal como acontece também no País? Será a forma, encontrada pelo povo, para manifestar o seu descontentamento com a classe política? No meu tempo não era assim, as pessoas iam votar. O aumento da abstenção é assustador, deslegitima a democracia e, infelizmente, este é um fenómeno europeu. Em relação às eleições europeias, julgo que este fenómeno tem a ver com a existência de uma nomenclatura, com um poder enorme, que está muito distante do povo. Em termos internos, é preciso motivar as pessoas para exercerem o seu direito de voto, como sendo um exercício de poder. O poder deve ser exercido pelos seus titulares como um serviço às pessoas e não como uma fonte de privilégios ou até de apropriação das pessoas. Rejeito completamente a ideia do voto obrigatório, sou totalmente contra. O voto tem que ser livre. Aos cidadãos deve caber a decisão de votar ou não votar, e é responsabilidade dos políticos, aqueles que aceitam esta tarefa democrática de se candidatarem, de se apresentarem, de pedirem a confiança, de explicarem as coisas melhor, de falarem aos cidadãos. Deve haver uma intensificação da formação cívica e da participação política dos cidadãos.
(In Luis Guilherme- Correio dos Açores)
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Vivem em Portugal as espécies mais pequena e maior da Europa.
Regularmente circulam na Internet alertas sobre mordeduras de perigosas aranhas. Algumas dessas mensagens relatam casos alegadamente ocorridos em Portugal. No Terra Alerta de hoje, acompanhámos um dia de trabalho de um biólogo que se especializou em aracnídeos e ficámos a saber mais sobre estes animais.
Antes de entrar na gruta à procura de aranhas, o biólogo Pedro Cardoso veste o fato de espeleologia. A indumentária é aconselhável por ser mais confortável e evitar sujar outra roupa. Já o uso do capacete é obrigatório para o proteger da queda de pedras e também de possíveis cabeçadas em zonas mais baixas das grutas. Acompanhado por quatro elementos do Núcleo de Espeleologia da Costa Azul (NECA), Pedro Cardoso, actualmente a desenvolver investigação na Universidade dos Açores, volta à gruta do Fumo na zona da Arrábida onde, em 2005, encontrou por acaso uma nova espécie de aranha cavernícola para a Ciência. À primeira vista, poderia ser um juvenil, devido ao meio milímetro de tamanho, mas era um adulto do género Anapistula. "É a mais pequena aranha da Europa e uma das mais pequenas do mundo", garante o investigador.Este minúsculo ser, que actualmente só vive em grutas, poderá ter tido um passado à superfície, há muitos milhares de anos. A hipótese que o biólogo coloca é que "andaria pela superfície quando havia florestas tropicais nesta zona, entretanto o clima mudou e a espécie refugiou-se nas grutas e por cá ficou". Por enquanto, nas 3 grutas do sistema do Frade (Fumo, Utopia e Coelho) onde foi detectada a nova espécie só se encontraram aranhas fêmea. "Pode ser uma espécie que se reproduz sem macho”, explica. Três anos depois da descoberta, e de muito trabalho de campo e de laboratório, o biólogo português esteve na Dinamarca, onde fez um pós-doutoramento no Museu de História Natural e Centro de Macroecologia da Universidade de Copenhaga, para escrever o artigo científico em que descreve a espécie. Pedro Cardoso sublinha o facto das pequenas aranhas, recentemente descobertas, já estarem ameaçadas de acordo com os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza. A área de distribuição é extremamente reduzida e está em regressão devido ao trabalho das pedreiras que existem na Arrábida. Em Portugal, a legislação não protege aracnídeos, com uma excepção: a maior aranha da Europa, conhecida do sul de Espanha e que afinal também vive no nosso país. "No ano passado, encontrámos nas serras algarvias a Macrothele calpeiana, a única espécie que está listada na Directiva Habitats”, conta Pedro. O tamanho mete respeito, mas o biólogo garante que não é perigosa. "O mais perigoso que temos é a Loxosceles e a Viúva-negra mediterrânica que também não causa grandes problemas, para além da dor e desconforto temporário". A informação contradiz mensagens que circulam na Internet sobre mordeduras graves. Uma delas relata os efeitos duma ferradela de uma suposta Armadeira, em Monte Gordo. Contudo, a fotografia que acompanha o e-mail não é de uma Armadeira brasileira mas de uma Loxosceles, comum no Alentejo. Em todo o mundo, calcula-se que existam cerca de 36 mil espécies de aranhas. Na Austrália e no Brasil, por exemplo, há espécies capazes de matar um ser humano, mas em Portugal não. Pedro Cardoso salienta o papel positivo das aranhas no controlo de pragas de insectos e até aconselha quem não queira ter mosquitos em casa a não limpar teias de aranha.
(in SIC Online)
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Desde já agradeço ao Francisco Cancella de Abreu (entrevista publicada na coluna à sua direita) e ao Bento Castelhano, a disponibilidade com que ambos se voluntariaram a dar nas resposta às perguntas que lhes remeti, que seguramente vão ao encontro do esclarecimento de quem vivencia a Raça Puro Sangue Lusitano em todo o seu Potencial.
1. Fazendo uma retrospectiva da evolução da raça e tendo em consideração que o aparecimento de cavalos de grande importância se têm mantido com um certo espaçamento (Firme, Novilheiro, Guiso, Peralta), quais as diferenças mais importantes que tem sentido em termos de montabilidade, mecânica de andamentos e força, entre os animais do passado e os do presente?
BC - Desde os meus primeiros contactos com a Raça, regra geral, os parâmetros referidos evoluíram positivamente.
Na opinião dos alemães os cavalos são o produto de três lados de um triângulo: 1/3 referente à sua genética; 1/3 ao maneio de cria (alimentação/crescimento) e o último 1/3 no trabalho e treino a que são sujeitos. Como zootécnico e cavaleiro revejo-me nesta imagem, onde a falha de um dos “lados” provoca desequilíbrios no produto final.
As condições edafoclimáticas nacionais não são muito favoráveis à criação cavalar, pelo que cabe ao criador, por via da técnica (maneio – alimentação, desparasitações, suplementos, etc.), suprimir muitas das lacunas que o meio ambiente deixou em aberto.
Na “linguagem” genética, o actual esquema de avaliação de reprodutores do Livro Genealógico, encontra-se desfasado das necessidades do mercado e, consequentemente, das de criação.
Portugal não compreendeu ainda, que tem de ser a finalidade (modalidades/mercado) a ditar os objectivos de criação/selecção. Neste sentido, as entidades responsáveis pelas modalidades (Federações Equestres, etc.) têm de articular o seu trabalho, necessariamente em contínuo, com as Associações de Criadores.
A pequena evolução constatada na montabilidade, locomoção e força, deveu-se exclusivamente aos concursos de Modelo e Andamentos e ao labor de um grupo restrito de criadores, despertos para o cavalo funcional. Não podemos minimizar o papel dos concursos de Modelo e Andamentos na evolução da Raça, uma vez que constituiu, na falta de outros indicadores, uma das “únicas” ferramentas de revelação de potencial desportivo.
Só mais recentemente a valorização funcional dos nossos cavalos, numa perspectiva do moderno cavalo de desporto, se tem pulverizado e subido de nível, numa importante e crescente espiral de participações de relevo, em modalidades desportivas de projecção universal, anteriormente “vedadas” ao estereótipo do cavalo Barroco.
Ainda na história da evolução da Raça, temos assistido, nos últimos anos, ao posicionamento dos nossos Lusitanos como animais de referência no mundo da tauromaquia.
Apesar de todo deste sucesso não podemos esquecer, ainda no âmbito da valorização funcional/avaliação genética da Raça, que continuamos longe do desenvolvimento técnico-científico alcançado nos países de referência da criação do cavalo de sela.
A nossa tradicional falta de sistematização e forma de estar, têm provocado endémicas assimetrias nos “lados do triângulo”, com nefastas perdas de muitos dos cavalos que, bem acompanhados, poderiam ser tão ou mais notáveis que aqueles que enumerou, mas que assim acabam por passar a sua vida útil no anonimato, muitas das vezes com “rótulos” perfeitamente injustos.
Apesar de numa perspectiva zootécnica, o Regulamento do Livro Genealógico não servir os interesses da Raça, há que reconhecer o trabalho meritório da APSL na promoção do Raça. Facto este, facilmente comprovado pelo crescente aumento da procura.
Lamentavelmente este trabalho não tem sido acompanhado de acções de melhoramento genético e tratamento estatístico. A importância da estatística, destrinça a aparência (fenótipo) do que efectivamente tem peso genético – a avaliação genética. O efeito comparativo desta avaliação, por via parental (comparativo entre ascendentes, colaterais e descendentes), só aporta resultados à escala da Raça e não à escala do criador.
A internacionalização da Raça iniciou-se pelas “mãos” do trabalho do Eng.º Fernando Sommer D’Andrade e do Mestre Nuno Oliveira. Contudo, o contexto da Raça e dos seus criadores alterou-se profundamente nos últimos 30 anos. O cavalo ancestral do sul da Península Ibérica, considerado um cavalo de guerra (da “Gineta”), com variantes artísticas, e fruto de uma criação em condições de estrema pobreza, teve de acompanhar a evolução dos tempos.
A própria internacionalização da Raça ditou a alteração das condições de cria e também o objectivo funcional dos Lusitanos. Repare-se que hoje em dia, até a utilização mais tradicional do nosso cavalo, o toureio, se transformou numa arte recriada de forma completamente diferente do passado.
No passado (30 ou 40 anos) a grande maioria dos criadores eram igualmente utilizadores. Recentemente surgiram criadores que não utilizam os seus produtos, e que de uma forma pouco sustentada e distante, multiplicam famílias ou linhas baseados em “cassetes” de propaganda, bem arquitectada, mas vazia de conteúdo funcional.
Neste contexto têm muita dificuldade em aferir um padrão de qualidade que lhes permita, quando confrontados com as faltas dos seus produtos, colocarem em causa o único referencial existente – as avaliações oficiais – que norteou estas faltas.
O mercado exige um criador esclarecido e informado, com lucidez para seleccionar cada vez melhor, tentando produzir para o mercado da utilização, em alternativa à infrutífera tirania da estética.
É urgente e de grande utilidade que os criadores se apercebam das vantagens da reintrodução das provas morfo-muncionais, num formato moderno e adequado, distante do antigo e hoje inviável formato organizacional do Estado Português. É facilmente entendível por qualquer chefia, inclusive a pública, que o horário rígido do actual funcionário público (09h às 17h), exercido em dias úteis, pouco se compadece com o esforço de trabalho exigido em provas deste tipo. A colaboração pública pode restringir-se à cedência temporária (por um muito breve espaço de tempo) das suas instalações e terrenos limítrofes (campo de provas).
Esta testagem precoce, em acumulação com a avaliação dos resultados da carreira desportiva, para além de permitir uma antecipação de resultados individuais, permitirá igualmente o acesso a uma forma de testagem estendível a todos aqueles que não tem meios financeiros para a valorização dos seus animais por via de uma carreira desportiva.
Com um tal sistema valoriza-se os animais de qualidade efectiva, de uma forma rigorosamente objectiva, sem influência de “cassetes” de propaganda, sabendo-se exactamente o valor genético de cada reprodutor, para o seu objectivo de selecção. Desta forma os bons criadores destacar-se-iam sempre!
2. Das três características anteriormente referidas como as classificaria por ordem de importância e porquê?
BC - Antes da resposta e apenas sobre a montabilidade, classificá-la-ia em três niveis:
a) os cavalos que “não gostam” de ser montados: eventualmente animais de grande importância na Natureza para a preservação da espécie no seu estado selvagem, dado o seu elevado grau de capacidade de defesa;
b) os cavalos facilmente domesticáveis e, normalmente, sem grande capacidade atlética (agilidade, resistência, exuberância de movimentos, etc);
c) cavalos com forte caracter e atleticidade, que normalmente exigem melhores cavaleiros, mas que também são os de grande potencial funcional, independentemente da disciplina.
Pela equitação conseguem-se muitas vezes mudar os cavalos de nível. Também verifico, infelizmente com muita frequência, que o mau trabalho destrói cavalos para sempre.
Em termos equestres, será difícil um cavalo ter boa Locomoção sem Força. Há cavalos que sem o cavaleiro mostram bons andamentos, mas que, uma vez montados, empregam os seus esforços apenas nas defesas. São os do tipo “a”.
Na equitação a Força tem de ser útil, pois quando vem dissociada da montabilidade não tem qualquer interesse.
Uma vez que a Equitação pode melhorar a Mecânica de Andamentos e a Força, em selecção dou sempre o previlégio à Montabilidade. Nos machos exigo que sejam sistemáticamente do grupo “c”, preferindo no desbaste das fémeas as “c”, mas admitindo “b”.
Na Raça impõem-se estudos sobre as Correlações Genéticas, que eliminem ou concretizem sensações como as minhas.
Eventualmente poderemos estar a entrar em incompatibilidades na selecção. Por exemplo, em Hannover estudou-se e sabe-se que a Capacidade Saltadora tem correlação genética negativa com a Qualidade do Passo; quando se melhora o Salto piora-se o Passo e vice-versa.
Conclusão: Montabilidade, Mecânica de Andamentos e Força.
3. As recentes revelações da origem do Firme podem ser encaradas de duas formas, a primeira de acordo com uma perspectiva purista na qual a imagem da raça milenar sofreu um ataque à sua imagem e credibilidade, a segunda é pragmática e encara a raça como um tronco ibérico associado à história , modas, defeitos e virtudes do povo da ibéria. Na sua opinião, qual o enquadramento desta revelação face a uma raça que definitivamente é o espelho de todos aqueles que a construiram?
BC - Tive recentemente a oportunidade de conversar com o Sr. Arq.º Arsénio Raposo Cordeiro sobre este tema. Ele explicou-me, porque esteve envolvido no assunto, o motivo de o Lusitano também se chamar Puro Sangue: originalmente haviam somente dois tipos de cavalos: os de Sela ou de Sangue Quente, também designados Puros Sangue e os de Tiro, pesados, ou Sangue Frio. Dos cruzamentos destes dois tipos de cavalos nasceram os animais das raças de desporto modernas, os Warmbloods. Como o Lusitano é, indiscutivelmente uma raça de sela das mais antigas no Mundo, na sua designação ter-se-à então incluido o termo Puro Sangue, sem que daí se devesse concluir que a Raça não tinha, ao longo da sua génese, sofrido introduções ou influências de outras raças.
Recordo que tentei transmitir uma informação, o mais fielmente que fui capaz. Mas penso que, nesta ordem de ideias, o Puro Sangue tem pleno cabimento!
Em Portugal perdemos demasiado tempo a discutir se “chegou primeiro a galinha ou o ovo”. Todos sabemos que a constituição do Livro Genealógico com a Inscrição de Animais a Titulo Inicial é muito recente, 1967. A definição do Padrão da Raça deu o “Norte” de quais as características a manter/desenvolver e quais a eliminar, mas a “salada” inicial, apesar de ter animais parecidos ao Estalão, tinha também muitas influências externas.
Mesmo se considerarmos a História do Nosso País, as influencias têm de ser enormes: os Àrabes passaram cá muitos anos e nunca deixaram cavalos? Eram Orientais? Eram Berberes? Os Franceses nas invasões não deixaram nada? Nos animais que permutamos com Espanha na época do Peninsular todos os registos eram exactos? Antes dos registos genealógicos nos equinos nunca se introduziram outras raças?
E esta discussão? Em termos zootécnicos para que serve?
Sei, contudo, que num estudo do Prof. Artur Câmara Machado/Universidade dos Açores/Serviço Nacional Coudélico, sobre linhas maternas em ADN- Mitocondreal se encontraram características moleculares que eram únicas na Raça Lusitana, provavelmente oriundas da época da domesticação. Esta sim poderia ser uma investigação/divulgação interessante. Mas parece que essas linhas maternas nunca passaram da fase “chave cega” e que o segredo acabou na mão de quem deixou de gerir o extinto Serviço Nacional Coudélico.
Parece-me mais um caso tipicamente português em que discutimos apaixonadamente o estéril e ignoramos o produtivo…
As recentes revelações são o exemplo do que acabo de afirmar: a égua Segura ser descendente de Lipizanos Hispano-Árabes e da Égua do Soldado na éguada da “Cartuja”, são o material de que a Raça foi feita. Não percebo bem qual é a revelação? Afinal foi ficar relativamente documentado o que já sabíamos?
Sobre a Credibilidade há um aspecto em que gostaría de me manifestar.
Quando falamos de registos a título inicial, compreendo que se tenha recorrido ao material existente, mas, depois de serem instituidas regras de certificação de qualidade no controlo de filiação, quem rompe essas regras, seja com que raça seja, tem de ser exemplarmente punido. A regra do Livro Genealógico fechado está em vigor e essa credibilidade não pode ser rompida! O fundamental é a credibilidade nos registos e em quem os gere, sendo a sua desacreditação gravíssima.
Quando, se se entender, abrir o Livro para a introdução de certas características, isso terá de ser balizado, documentado e divulgado, nunca feito “à sucapa por uma meia dúzia de espertalhões”.
As regras têm peso de lei e são para todos!
4. Nos obstáculos o acto de ultrapassar o obstáculo determina o mérito, no caso do Lusitano as provas morfo-funcionais podem ser encaradas como uma forma de objectivar a diferenciação?
BC - Na minha resposta à sua 1ª questão já respondi, em parte, a esta pergunta.
A Raça carece da definição urgente de objectivos de selecção. A selecção para o cavalo polivalente é um absurdo zootécnico!
Se eu disser que vou seleccionar Vacas Mertolengas pelo Padrão Racial e que dos produtos, as melhores leiteiras poderão competir com as Frisien exploradas em regime intensivo, todos dirão que estou louco.
Pois o mesmo está a ser feito com os cavalos lusitanos!
Seleccionar para muitas características é caro e ineficaz! E não sou eu que o digo! É das leis da Biologia que a Raça, com todas as suas virtudes, não consegue superar.
Neste sentido, deveriam existir tantas linhas como os objectivos: Dressage, Toureio, Equitação de Trabalho, Modelo e Andamentos, etc.
Esta diversidade de objectivos permitiria uma muito maior objectividade e resultados na selecção, assim como ter a Raça (no conjunto das suas linhas) muito melhor catalogada. Desta forma, no caso de alguma linha ter de recuperar caracteristicas seria fácil e sem sequer deixar a Raça.
Todos estamos de acordo que o mercado do cavalo para a Dressage é aliciante, mas não sabemos exactamente, se seleccionarmos somente neste sentido (andamentos mais amplos, mais suspensão, etc), o que acontecerá a longo prazo às características de montabilidade nos exercícios de reunião. A manutenção de linhas performantes em utilizações tradicionais é então da maior importância, isto, claro em Portugal, mas em especial no Estrangeiro.
O importante será estudar a Prova Morfo-Funcional (medir qual a morfologia e a prestação funcional) que potencia a selecção de cada objectivo e associar ao estudo as performances da carreira ao longo da vida do animal, conforme a linha onde ele se insere.
Não acredito, mas poderemos até chegar à conclusão que somente um objectivo é suficiente à Raça! Nessa altura a decisão sobre um objectivo comum será legítimo!
5. Foi-me transmitido por um cavaleiro que montou lusitanos na Alemanha que a capacidade de resistência ao esforço dos warmbloods ultrapassa substancialmente a dos lusitanos. Segundo o Eng.º Fernando D’Andrade, relativamente às provas morfo-funcionais praticadas na EZN (1934-1973), a prova de estrada (moderno raid) servia para avaliar a capacidade de resistência, e na corrida plana, a generosidade perante o esforço. Actualmente e na sua opinião qual a melhor forma de avaliar a resistência ao esforço?
BC - Um cavalo que aguentasse estas provas seria sempre um animal atlético, resistente e generoso assim como as apreciações do Eng.º F. D’Andrade tecidas sobre o tema, oportunas.
Estas provas (EZN/Dr Monteiro) que foram usadas com sucesso no passado, deveriam servir de base para estudar e optimizar em cada objectivo de selecção da Raça as diferentes provas que melhor se adaptassem ao desenvolvimento da capacidade atlética de cada especialidade.
Mais uma vez o estudo das correlações genéticas se mostra fundamental para sabermos que características arrastamos quando seleccionamos outras.
O fundamental não é termos provas, mas sim termos formas de medir características relacionadas com o nosso objectivo concreto de selecção.
6. Qual a sua perspectiva da polivalência da raça quando existe uma corrente de opinião em Portugal e no Mundo que defende que muitos dos cavalos que colaboram com prestações médias em modalidades distintas, acabam por nunca atingir a excelência em nenhuma, qual a sua opinião relativamente a esta posição?
Estou completamente de acordo com essa corrente de opinião.
Seleccionar para muitos parâmetros (polivalência) é caro e proprciona fracos progressos genéticos (prestações médias). A Raça não consegue superar este axioma da Biologia!
Temos de caminhar no sentido de criar diferentes linhas especializadas (cada uma com diferente objectivo de selecção) dentro da Raça Lusitana. Os mercados, especialmente os do desporto (dressage, atrelagem, equitação de trabalho, etc) são muito exigentes na especialização. Compra-se garantia de performance e isso é selecção por especialidade.
Penso, contudo, que uma das especializações deve continuar a ser a do Modelo e Andamentos, no aperfeiçoamento do Cavalo de Tipo Barroco. Não tenho dúvidas que este é um dos mercados da Raça e que devemos continuar a produzir para tal. Devemos também assumir claramente a posição de que essa linha passará a produzir cavalos de exposição, na busca de um determinado padrão racial, sem que isso necessáriamente tenha que arrastar boas ou más características funcionais.
Com isto, também não quero dizer que os produtos desta linha serão incapazes funcionalmente. Penso até que, se alguma vez se implementar algo parecido, a permuta de animais entre distintas linhas será saudável e fiável dado o preconizado controlo dos registos dentro da Raça.
7. A competição até uma idade avançada implica cuidados acrescidos com a durabilidade. Qual a sua opinião técnica acerca dos cuidados a ter neste campo, na escolha dos multiplicadores (os reprodutores), uma vez que estão em causa questões ligadas às heritabilidades?
BC - Todas as características estão ligadas às heritabilidades!
O problema é que poucos têm consciência disso!
Numa forma empírica, a heritabilidade mede a facilidade de transmitir uma característica da geração progenitora à descendência. A sua determinação exige rigor e o parâmetro varia consoante o “ambiente” em que é medido.
Exemplificando, seguramente que a altura ao garrote aos 1,5 anos de idade em lusitanos criados no Ribatejo e no Kentuky terão heritabilidades distintas.
Para as características ligadas à durabilidade, será fundamental estudar a Raça, distinguindo, como dissemos antes, fenótipo de genótipo e aínda, o determinismo, naquilo que se relaciona com o aparelho locomotor, respiratório e cardíaco.
Não podemos simplesmente importar resultados de análises de radiografias, ou outros feitos validados noutras raças. Corremos o risco de estar a eliminar animais que, no nosso caso, por outras características poderiam ser importantes manter e, afinal, a sua exclusão não melhora a durabilidade. Ou, o contrário, a permitir animais que no nosso caso seriam de eliminar.
Um outro aspecto que é uma constante falha das propostas de selecção na Raça é a dicotomia entre os critérios do lado masculino e feminino.
Também na durabilidade apenas se ouve falar em radiografar exclusivamente os candidatos a garanhões. Então e nas éguas? Tudo pode continuar uma incógnita?
Será importante divulgar que a actual Direcção da APSL, durante o seu 1º mandato, ficou na posse de uma proposta elaborada por um grupo de trabalho (Dr.ª Elisa Bettencourt, Prof. Artur Machado, Prof. Tello da Gama, Dr. Núncio Fragoso, Dr. Costa Pereira e eu próprio)que respondia exactamente a esta questão: como estudar a durabilidade na raça para selecionar este parâmetro nos seus vários componentes na forma mais eficaz.
8. Qual a melhor forma de avaliar a montabilidade e o temperamento? Poderão estes dois critérios desculpar alguns defeitos de morfologia?
Ainda a este propósito considera, à luz do Padrão da Raça, que um dorso pode ser avaliado desligado da mecânica de andamentos?
BC - Tal como sobre os restantes parâmetros, tenho apenas a minha opinião e urge investigar para saber a melhor forma de seleccionar.
Se seleccionarmos pelos resultados desportivos ou de performance (caso do concurso do melhor Lusitano de Toureio do ano APSL) estaremos seguramente a medir montabilidade. O inconveniente deste sistema é que a recolha dos resultados é demorada e, portanto, aumenta o Intervalo entre Gerações, o que reduz o Progresso Genético.
Nos criadores com que trabalho, promovo que se registem em fichas muito simples, os resultados de cada contacto com os animais: reacções ao arreatar à desmama, às primeiras vezes à guia, ao aperto da cilha, ao montar, às rédeas fixas, etc. Tenho verificado, especialmente quando se consegue manter a mesma equipa de equitadores, que os resultados são bastante rápidos e que geralmente estas características vão juntas: deixar-se montar, arreatar, fácil contacto às rédeas fixas, etc.
Não sei responder se a montabilidade pode desculpar defeitos físicos. Os animais que seguimos mais atentamente nos registos de maneio e montabilidade são os candidatos a reprodutores, machos ou fémeas e nesta classe apenas entram animais que consideramos melhoradores do efectivo em termos de modelo e andamentos naturais. O maneio dos restantes animais serve-nos, exclusivamente, para avaliação dos seus progenitores.
No sistema actual, a avaliação dos animais é qualitativa, tanto em concurso como na admissão ao Livro de Adultos. O importante será então que este trabalho produza informação para os criadores pela utilização da escala de avaliação.
Quando comecei, com pessoas como o Sr. Dr. Borba, aprendi que só se avaliam todos os diferentes parâmetros após a análise dos andamentos e que se não corrermos toda escala, conforme a qualidade que temos diante, então não produziremos informação.
Em reuniões de aferição de critérios explicou-se que:
10 = Perfeito
9 = Muito Bom
8 = Bom
7 = Suficiente
6 = Insuficiente
5 = Medíocre
4 = Mau
Em admissão ao Livro de Adultos uma nota de 4 ou duas de 5 implicam a reprovação.
Pelo conceito que aprendi e sempre apliquei, uma espádua, além de inclinada e comprida, se não funcionava não passava de 7, ou uma espádua sem grande conformação, mas que era solta a passo e a trote poderia ter um 8. Dei muitos 7 a membros menos bem conformados, mas que não limitavam andamentos de nota 8 ou até 9…
O mesmo acontece com um dorso e rim. É frequente observarmos animais muito correctos para o padrão mas rígidos no movimento, ou o oposto, dorsos mergulhantes, mas passos usando o corpo, transpistando-se, com facilidade para a reunião e para manter um andamento.
Penso que estes até foram alguns dos motivos para a grande disparidade das minhas notas para as dos restantes juízes: vontade de produzir informação de interesse zootécnico.
Estou convencido que fui sistemáticamente mal compreendido e, para muitos, corrupto. O não me importa minimamente dado que nunca houve ninguém capaz de mo dizer frontalmente e nunca ninguém será capaz de o provar, simplesmente porque nunca fui nem serei corrupto!
Para terminar de responder à sua questão, penso que num sistema como o Holandês, ou como o dos Lipizanos, com medidas exactas das regiões (comprimentos e ângulos), ambos descritivos da morfologia, a avaliação deve ser independente do movimento. Só desta forma (independência da descrição da região daquela que descreve os diferentes andamentos) se poderá estudar a conformação que melhor serve os andamentos e a performance. Qualquer destes dois sistemas seria o que eu preconizaria para a Raça Lusitana.
9. Relativamente à questão dos membros, atendendo à baixa heritabilidade desta característica e ao facto da Raça ser fechada, como perspectiva em termos técnicos a evolução da Raça?
BC - As heritabilidades não estão estudadas na Raça Lusitana.
O único estudo que conheço sobre esse tema é do Dr Christman em Hanoverianos onde, efectivamente, a heritabilidade é baixa.
Acompanhei muito poucas avaliações de modelo e andamentos de animais de desporto no estrangeiro (Holanda, final dos garanhões de 4 anos Dressage e Cavalo de Desporto da África do Sul), mas verifiquei sistemáticamente que esses juízes eram profundos conhecedores, mas muito menos severos que nós na avaliação dos membros.
Penso que no Lusitano temos estado sempre prontos para identificar os defeitos, mas nem sempre nos preocupámos em ponderar as virtudes. Também para os membros!
Com isto quero dizer que os membros deverão ser parte da maior preocupação de selecção de qualquer criador. Mas que, sem sair da Raça, há por onde escolher! O importante nos membros, como nas restantes regiões, é que se produza trabalho performante por muito tempo!
10. Considera importante a selecção pelo toureio na construção do cavalo ganhador, sobretudo ao nivel da moral?
BC - Já o disse antes nas respostas, que as utilizações tradicionais terão de ser objectivos fundamentais a preservar e fomentar/desenvolver na Raça. O Toureio antes das demais!
Recordo que, na minha opinião, deverão existir é vários objectivos de selecção.
Não quero deixar de registar que tenho verificado que no toureio actual, onde se encurtaram muito as distâncias, onde se busca a espetacularidade na cara do toiro e o cavalo especialista num “número”, nem sempre os cavalos performantes são os de melhor moral para outras disciplinas. Este aspecto é actualmente muito diferente do que encontávamos na Raça há 20 anos.
Penso mesmo que muitos cavalos especialistas do actual toureio não são correctos na sua locomoção.
Quando foi criada a actual grelha para avaliação do Melhor Lusitano de Toureio do Ano, eu era Secretário Técnico e sugeri que os animais inscritos fossem avaliados pela comissão de juízes da Raça, o que fornecería elementos de extremo interesse para a selecção para o toureio. Nunca consegui o intuito!
11. Recentemente ouvi um comentário que reflectia um certo preconceito na aceitação de cavalos de determinadas cores na disciplina de dressage, refiro-me a título de exemplo na aceitação de um atleta de cor baio. Existirá preconceito na modalidade relativamente à avaliação de cavalos de cores diferentes das dominantes na Alemanha (país de referência na dressage)? Extrapolando será visto da mesma forma que um bancário que decide ir trabalhar de fato amarelo?
O meu conhecimento da modalidade Dressage é muito recente. Do que tenho acompanhado, a mentalidade dos Juízes Internacionais e Treinadores é muitíssimo aberta e congregadora. Não os reconhecería em tais atitudes!
Contudo, como em tudo, também já verifiquei (até “na pele”), que há muitos juízes de dressage “quadrados”, para os quais, tudo o que saia do seu tradicional é para erradicar.
As recentes correntes de formação de juízes são extremamente abertas na procura da performance conseguida por meio do “happy athlete”, muito receptivas ao cavalo ibérico.
12. Qual deverá ser o impacto desta perspectiva na orientação de uma coudelaria vocacionada para a dressage?
A preocupação dos criadores deverá ser produzuir para o mercado que consome em volume, também nas pelagens.
Na Alemanha e Holanda, os concursos regionais pulverizam todo o território com provas de todos os níveis e participação muito barata. A grande parte dos participantes são amadores que vão com uma estrutura mínima. O seu objectivo é competir muitas vezes. Como são os próprios, ou pouco mais que isso, a garantir o tratamento dos cavalos, é importante que tenham pelagens fáceis de manter e apresentar.
As pelagens claras serão, para situações semelhantes, problemáticas.
Creio que as limitações vêm mais por este lado que pelos juízes, especialmente pelos internacionais!
Comentário final:
Muito me apraz oferecer o meu contributo a uma pessoa como o Rodrigo, que tem, abnegadamente, estudado o Lusitano e em todas as oportunidades possíveis, disponibilizando a toda a comunidade as suas conclusões!
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