sábado, novembro 28, 2009

Térmitas em Santa Rita conhecidas dos americanos

As térmitas subterrâneas, junto à Base da Lajes, na ilha Terceira, já eram conhecidas pelos norte-americanos, desde os anos 90 do século passado.Uma investigação levada a cabo por peritos da Universidade dos Açores confirma que os norte-americanos tentaram eliminar as térmitas por sua conta e risco, mas falharam, e agora, a praga espalhou-se pelas habitações da zona de Santa Rita.No início do mês, o professor da Universidade dos Açores e especialista em térmitas, Paulo Borges, anunciava a descoberta de uma nova espécie na ilha Terceira, que tinha sido detectada em Outubro no âmbito de uma visita ao antigo bairro americano em Santa Rita.Ontem, em declarações à Antena 1-Açores, Paulo Borges adiantou que, aparentemente, as térmitas estariam alojadas numa só habitação, mas disse acreditar que a praga já se encontra disseminada por outras casas.Segundo o director do Grupo da Biodiversidade dos Açores, que desenvolve investigação sobre este insecto, a possível falta de persistência das autoridades norte-americanas no combate a este foco de infestação terá permitido a expansão da colónia.Paulo Borges admite que, agora, a luta contra esta térmita subterrânea poderá demorar entre 20 a 30 anos.Segundo a Antena 1-Açores, a existência desta térmita subterrânea em Santa Rita nunca foi transmitida pelas autoridades norte-americanas às entidades açorianas, nomeadamente à Câmara Municipal da Praia da Vitória ou à secretaria do Ambiente.Por sua vez, segundo a mesma fonte, o representante da Região Autónoma afirma que, pelo menos, desde 1996, não constam na Comissão Bilateral que acompanha o Acordo das Lajes, registos de qualquer ocorrência de térmitas que envolva a Base das Lajes.Nos Estados Unidos as térmitas subterrâneas são responsáveis por 80 por cento dos 2,2 milhões de dólares gastos todos os anos para o controle da praga.
(In Diário Insular)

Açores vão ter centro regional de peritos

Foi aprovada a candidatura para a criação de um Centro Regional de Peritos em Desenvolvimento Sustentável, nos Açores. A proposta do RCE ATLANTIS submetida pelas investigadoras do Grupo de Biodiversidade da Universidade dos Açores, Alison L. Neilson, Rosalina Gabriel e Ana Arroz, foi aceite pelo Comité Ubuntu, das Nações Unidas.Segundo Rosalina Gabriel o objectivo do órgão agora criado é promover participação cívica no desenvolvimento sustentável da Região.Para 2010, o grupo tem já agendados duas actividades, um concurso de fotografia de natureza e das espécies, alargado a todas as escolas do arquipélago e um seminário para divulgar perspectivas dos açorianos sobre o mar.As fotografias serão depois expostas em centros de convívio. Já a segunda actividade tem por base um projecto de Alison Neilson, de recolha de informação sobre a caça à baleia, por parte de quem viveu no auge da actividade na Região. O comité do RCE ATLANTIS é composto por quatro instituições, Universidade dos Açores, dividida em dois grupos (Biodiversidade e Gabinete de Gestão e Conservação da Natureza), Eco-escola da Secundário Jerónimo Emiliano de Andrade, Ecoteca da Ilha Terceira e Associação Mulheres de Pescadores e Armadores da Ilha Terceira. Contudo, integram o projecto várias entidades da Região em parceria. Para Rosalina Gabriel este modelo permite uma maior confluência de ideias, já que cabe ao centro de peritos reunir todos os parceiros, por forma a conhecer os projectos em que estão envolvidos.A candidatura dos Açores foi uma das oito aprovadas de um total de 23.O RCE ATLANTIS é o terceiro Centro Regional de Peritos em Portugal, a par dos centros de Oeiras e Grande Porto.Para estes primeiros projectos o centro regional de peritos conta com a ajuda financeira da UNESCO, contudo, segundo Rosalina Gabriel, os centro são aconselhados a procurarem meios de subsistência.
(in Diário Insular)

Crise económica na Região é razão para alarme

Os Açores também estão a atravessar um momento de crise económica e isso constitui razão para alarme.“A situação económica da Região pode piorar e é grave haver quem pense que isso não é preocupante”, disse Tomás Dentinho em entrevista ao DI.A crise nacional, a redução do preço do leite e a fraca actividade turística, são as razões apontadas pelo economista para a situação de escassez económica que tem provocado falhas de pagamento aos trabalhadores por parte das entidades patronais. Tomás Ponce Dentinho, referiu como primeia causa a crise nacional nas finanças públicas, que se tem traduzido também numa redução das verbas para os Açores e na consequente redução do desempenho das actividades económicas.Em segundo lugar, o economista refere a crise a nível europeu que provocou a redução do preço do leite. “Esta redução conduziu à diminuição dos rendimentos dos lavradores e isso levou, por conseguinte, a um decréscimo na procura de produtos e serviços”, comentou Tomás Dentinho.Por outro lado, o economista apontou ainda que a actividade turística não tem provocado grandes efeitos na Região e, por isso, também não tem dinamizado outros sectores.O especialista entende ainda que os Açores têm que ultrapassar um problema regional específico que se prende com a concentração dos órgãos de gestão na ilha de S. Miguel. “Em época de salve-se quem puder, como a que estamos a passar agora, pode ser-lhes mais fácil contornar a situação”, observa. Referindo-se aos casos de negligência patronal noticiados recentemente pelo DI, Tomás Dentinho apontou ainda a possibilidade de má gestão ou de existência de dívidas por parte de outras entidades. “Não pagar aos trabalhadores é um pecado sem perdão, e a existência de leis que impedem as empresas de despedir funcionários conduz a situações destas. É um ciclo vicioso”, afirma. A entrevista ao economista surge no seguimento das notícias que envolvem falhas de pagamento aos trabalhadores por empresas açorianas, tais como a Jaime Ribeiro e Filhos SA na Terceira, acusada de não pagar desde Agosto, e a José Almerindo.
(in Diário Insular)

Intervenção do secretário regional da Ciência e Tecnologia e Equipamentos na apresentação do Plano para 2010

No plano de 2010 o Governo dos Açores continua a apostar em muitas realizações nas áreas científicas e tecnológicas sempre com o objectivo de rentabilizar os recursos aplicados e de elevar a produção económica a outros patamares de qualidade e diferenciação.
Como temos defendido queremos promover a Região não só como uma “concept region” mas sobretudo como uma “network region” ou seja uma região que conceptualiza e operacionaliza. Quer dizer, uma Região integrada em redes pensantes e inteligentes à escala global mas que consegue encontrar soluções científicas para as nossas especificidades, através de políticas globais.São vários os projectos e medidas que a seguir abordamos reflectem esta nova dimensão:Os Açores integram, desde o dia 14 de Abril de 2008, a direcção da Associação NEREUS:Rede das Regiões da Europa Utilizadoras de Tecnologia Espacial.A NEREUS foi criada com distintos propósitos:Garantir que as Regiões da Europa tenham um papel importante na elaboração e desenvolvimento de programas espaciais europeus;Promover e favorecer a cooperação entre as regiões dos estados membros para o desenvolvimento de projectos comuns para satisfazer e suportar as necessidades dos utilizadores nos serviços espaciais, fornecidos por programas da União Europeia.A NEREUS opera ao nível político, através de contactos entre as regiões, as instituições europeias e a Agência Espacial Europeia (ESA), e, ao nível operacional, com a troca de experiência e de investigação entre os territórios que a integram.A participação açoriana em projectos com recurso a Tecnologia Espacial, está identificada como RUTE: Região Utilizadora de Tecnologia Espacial.O Governo dos Açores tem-se empenhado com persistência, sentido da nossa dimensão e potencialidades, com vista a criar um «cluster» ligado a este tipo de tecnologia. Vários são os projectos em que participamos e dinamizamos como sejam:Estação de Santa Maria da ESA: Estação de Rastreio e de Observação na TerraCentro Nacional de Vigilância Marítima do Atlântico que já funciona em Santa Maria e é um importante pólo de garantia de soberania do nosso País, para além das virtualidades cientificas e tecnológicas associadas à segurança das nossas águas e de outros países que solicitam dados recolhidas pelas imagens do satélite que desempenha esta função de “footprint” desde a costa nordeste dos Estados Unidos até Cabo Verde e ao Mediterrâneo.REPRAA, Rede de Estações Permanentes da Região Autónoma dos Açores que já permite a mais de 100 utilizadores nos Açores o acesso pela internet a trabalhos de georeferenciação indispensáveis por exemplo para a elaboração de diversos tipos de projectos, que requerem o rigor possível pela utilização desta rede interoperativa baseada nos dados obtidos por GPS.RAEGE, Rede Atlântica de Estações Geodinâmicas Espaciais que nos Açores se desenvolverão nas Flores e em Santa Maria com duas novas estações ligadas à radioastronomia e geodesia Projectos na área da Oceanografia em que apoiamos o DOP.Projectos na área do Clima e Meteorologia (Medição da Radiação Atmosférica ARM que já existe na Graciosa e o PicoNare estudos climatológicos em altitude, na Ilha do Pico).Projecto Europeu ENERGIC - EUROPEAN NETWORK REGIONAL GEOSPATIAL INFORMATION - Rede de Centros Regionais Europeus de Informação Geoespacial Europeia - que tem como principal objectivo a criação de uma Rede Europeia de Centros Regionais de Informação Geográfica e de Dados Espaciais que entre as regiões aderentes ao consórcio partilharão entre si experiências e boas práticas na aplicação da directiva INSPIRE. A rede criada permitirá que cada Região possa aceder às plataformas de informação geográfica das outras Regiões.Projecto Europeu DORIS - Downstream Observatory organized by Regions active In Space. Este projecto inscreve serviços ligados ao Global Monitoring Environment and Security (GMES) organizado por Regiões activas na rede NEREUS, estimulará nos diferentes actores (Empresas, Centros de Investigação, Universidades e Sector Público) a inventariação e aquisição de competências relativas a novos serviços/produtos com recurso à tecnologia espacial dinamizando a economia de cada região participante no projecto. A participação da Região no consórcio é fundamental para adquirir novas competências e consolidar o rumo para o futuro da estratégica operacional na região no âmbito do GMES. Projecto Europeu Corine: Cartografia land Cover, cujo objectivo principal é a produção de cartografia de ocupação e estudo de alterações do solo para a Europa. Os Açores aderem a este projecto europeu em parceria com o Instituto Geográfico Português (IGP). Neste âmbito, elaborar-se-á a produção de cartografia do solo dos Açores desde 1990, com recurso a imagens de satélite.No que respeita à melhoria das acessibilidades às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) continuaremos a incrementar os Espaços TIC na Região (hoje já apoiamos mais de 70) onde isso ainda se justifique como meio de acesso à população em geral e daremos novas valências ao InfonetMovel, nomeadamente, de laboratório e de divulgação científica para as crianças.A internet tornou-se hoje um instrumento de democratização da nossa sociedade garantindo um potencial de interacção entre cidadão e instituições de modo a aplanar barreiras e obstáculos burocráticos. Foram governos do partido socialista que iniciaram esta caminhada de modernidade e estamos numa fase em que se assiste a uma evolução positiva na concretização de programas e projectos no domínio da ciência, tecnologia e comunicações, designadamente, o Açores digital, o Projecto escolas Digitais, o Projecto de Apoio à Comunicação e Integração de Cidadãos com Necessidades Especiais.Continuamos, portanto, a manter estes projectos e estamos a realizar outros como o Projecto Internet sem fios a funcionar em todas as ilhas da coesão, com o objectivo de disponibilizar de forma gratuita, o acesso à generalidade da população, a Sociedade da Informação e do Conhecimento. Flexibilidade, mobilidade e facilidade ao acesso desta tecnologia são factores decisivos para alargar e promover estas ferramentas nas nossas ilhas, garantindo-se a revitalização e dinamização de espaços públicos, a criação de novas valências e oportunidades para os cidadãos residentes, visitantes e mundo empresarial.Estamos assim a fortalecer a esfera pública virtual densificando a estrutura comunicacional entre as pessoas, as empresas e as instituições, diminuído barreiras digitais e promovendo deste modo um novo acesso comunitário às novas tecnologias de informação e comunicação.Este projecto tem também forte ligação à política de desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento definida na Estratégia de Lisboa que reconhece a importância da adopção de políticas pró-activas, para responder às profundas mudanças tecnológicas em curso, dado que a convergência digital de serviços, redes e equipamentos ligados à sociedade da informação e aos media é uma realidade cada vez maior no dia-a-dia. Aliás este aspectos foi convenientemente integrado e consagrado nos objectivos das nossas orientações regionais inscritos no PROCONVERGÊNCIAe no nosso Programa de Governo onde se garante o reforço do investimento e no desenvolvimento das ilhas da coesão, para a redução de assimetrias e convergência da igualdade de oportunidades.Em outras áreas como na Cartografia concluímos a cobertura total de ortofotos à escala 1/5000 da Região, com voos aéreos efectuados desde 2004 até 2008.No âmbito do projecto “Cartograf”, do Programa de Cooperação Transnacional – Madeira-Açores-Canárias, PCT – MAC, iniciou-se o procedimento para a execução do voo aéreo, já em digital, da Ilha Terceira com vista à actualização dos ortofotos existentes de 2004 e à realização da cartografia 1/5000 vectorial da mesma, prevendo-se que o voo venha a decorrer na próxima Primavera.Efectuou-se a cartografia 1/5000 vectorial da Ilha de S. Miguel em parceria com as Câmaras Municipais.Já foi efectuada a cartografia vectorial 1/ 5000 do Corvo.Está em fase de conclusão a cartografia vectorial 1/5000 das Ilhas de Santa Maria e Graciosa.Até ao final do corrente ano já estará disponível a carta 1/50 000 actualizada da Ilha de S. Miguel, pois a existente actualmente, herdada do Instituto Geográfico Português, no inicio da década de 70.Prevê-se no próximo ano efectuar as actualizações das cartas 1/50 000 das ilhas de Santa Maria, Graciosa e Corvo, através do processo de generalização da cartografia 1/5000 vectorial efectuado no corrente ano.Como se sabe esta trajectória de investimento na cartografia digital dos Açores já permitiu disponibilizarmos os ortofotos de várias ilhas aos conhecidos programas Google Earth e Virtual Earth da Microsoft.No âmbito das novas competências em matéria de cadastro após a regionalização da Delegação do Instituto Geográfico Português em Ponta Delgada já efectuámos a conservação do cadastro da propriedade rústica regional, onde ele se encontra em vigor e no início do próximo ano será apresentado um estudo com vista à entrada em vigor do cadastro predial de Santa Maria.Ao nível da informação geográfica destacamos ainda o projecto “GeoCid” (disponibilização de informação Geográfica de Cidadania), do Programa de Cooperação Transnacional – Madeira-Açores-Canárias, PCT – MAC, está a dar os seus primeiros passos com a implementação do Portal para a visualização e disponibilização da informação cartográfica existente da RAA, prevendo-se a sua disponibilização on-line durante o próximo ano.A “IDEiA – Infra-estrutura de Dados Espaciais Interactiva dos Açores”, constitui um projecto na área dos sistemas de informação geográfica - SIG, que tem como principal objectivo o desenvolvimento e a gestão de uma infra-estrutura de dados geográficos (SDI – Spatial Data Infrastructures) de referência para a Região Açores.Esta infra-estrutura para além de incluir a plataforma já existente do Governo, o Geo@çores, pretende alargar, numa primeira fase, o seu âmbito aos Institutos públicos, à Universidade dos Açores, aos Municípios da Região Autónoma dos Açores, podendo no futuro abranger todas as entidades utilizadoras de sistemas de informação geográfica dos Açores.As Bolsas de Investigação Científica nos Açores representam outra área em que o Governo tem investido de modo crescente.Desde 2007, tem havido um número crescente de número de contratos de Bolsa estabelecidos.Note-se por exemplo que, no final de 2007, tínhamos 18 contratos estabelecidos, divididos por 7 Pós-doc, 11 Doutoramentos e 10 Bolsas para técnicos de Investigação.No final de 2009, a concretizarem-se todos os contratos colocados a Concurso, este número será quatro vezes maior. De salientar, igualmente que ao longo do tempo, o Governo Regional tem vindo a diversificar a sua oferta, no que respeita as tipologias de Bolsas a atribuir, sendo que é de relevar o lançamento de um Concurso para 67 Bolsas de Iniciação à Investigação Científica, lançado pela primeira vez este ano e que tem como principal objectivo incentivar os jovens desde cedo para a ciência e para uma hipotética carreira nas áreas da Investigação.Anualmente, o investimento em bolsas anda à volta de 2.000.000 euros.Actualmente os Projectos financiados no âmbito de Bolsas de Investigação, contemplam um leque muito diversificado de áreas científicas ligados a vários domínios da Ciência como sejam a vulcanologia e sismologia, a oceanografia, a biotecnologia, as ciências agrárias, ciências da saúde e as ciências sociais e humanas.Inclusive, a política do Governo nesta área tem sido a de financiar bons projectos, independentemente da área científica, uma vez o contributo da investigação de excelência em todos os domínios científicos é de fundamental importância para o desenvolvimento sustentável que se pretende para a Região Autónoma dos Açores. Aliás, o Sistema Cientifico e Tecnológico Regional já integra um conjunto apreciável de unidades de investigação acreditadas e de um conjunto de infra-estruturas tecnológicas que como são os diversos observatórios que se religam com objectivos claros investigação, divulgação, inovação ligadas à economia real como factores decisivos para a nossa competitividade.Aliás, passámos de um tempo retrógrado e analógico que representava um verdadeiro buraco negro digital para uma sociedade que utiliza desde as mais baixas idades as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação. Hoje até já falamos nos nativos digitais e nos imigrantes digitais como aqueles que tendo aprendido mais tarde a utilizar estas novas ferramentas digitais, as integram no seu trabalho e vivência quotidiana.Por fim, queremos ainda destacar em matéria de Ciência, Tecnologia e Comunicações outras medidas e acções:– Elaboração do Projecto de execução da empreitada de construção do Planetário no Concelho da Ribeira Grande, junto ao Observatório Astronómico de Santana. Início da obra em final de 2010.Esta estrutura terá capacidade para, cerca de, 70 pessoas.– Criação de mais um Centro de Ciência, o Observatório Microbiano dos Açores, no Concelho da Povoação, mais precisamente na Freguesia das Furnas.2. Acessibilidades terrestresSistema viário regional depois do maior investimento de sempre na história da Autonomia realizado após 1996, vai a partir de agora focalizar-se na manutenção das actuais infra-estruturas e, estamos já a lançar novas medidas de integração paisagística onde a renovação de plantio nas bermas das estradas regionais bem como o arranjo e construção de miradouros serão agora novas prioridades. Naturalmente, que ainda temos compromissos que vamos cumprir nesta legislatura onde gostaria destacar os investimentos que faremos, por exemplo na ilha das Flores.3. Protecção Civil.Nos próximos dois anos, alargaremos o Projecto “Escola Segura” que abrangerá todos os níveis de ensino e será extensível a todas as escolas da região. Este projecto terá como principais objectivos sensibilizar, prevenir e educar os alunos, através do carácter transdisciplinar das suas actividades e conteúdos, por forma a que estes sejam sujeitos activos na educação para uma cultura segurança.A utilização de recursos pedagógicos desde o teatro às novas tecnologias para a educação será complementar à consciencialização de que a protecção civil é uma tarefa de todos, apelando ao dever cívico enquanto cidadãos.Este projecto está orçado em mais de 400 mil euros.Até finais de Janeiro concluiremos a montagem do Centro de Coordenação de Emergência que englobará a Estação Açor, a Linha de Saúde Açores e o 112 regional. Estamos desta maneira a reforçar a intervenção junto da população garantindo sempre mais e melhor segurança.O Plano de investimentos da SRCTE para 2010 assume os compromissos do Programa de Governo com arrojo e inovação, através de investimentos que projectam os Açores fora das suas fronteiras integrando novas dimensões, por exemplo, científicas e tecnológicas que contribuem para estabelecer um novo sustentáculo do nosso desenvolvimento colectivo.
(In Canal de Notícias dos Açores)

CÂMARA ANUNCIA MEDIDAS Térmitas alastram em Angra do Heroísmo


As ruas de S. João e da Rosa, as zonas de Santa Luzia e Miragaia, são os locais de Angra do Heroísmo que apresentam os níveis de infestação de térmitas mais elevados, conclui um estudo efectuado por especialistas da Universidade dos Açores, que entre Julho e Outubro monitorizaram a propagação desta praga no centro histórico da cidade.
Segundo os dados apurados pelos cientistas, as térmitas de madeira seca continuam a alastrar “ de forma inexorável”, sendo que as ruas de S. Pedro e Caminho Novo apresentam igualmente graus de infestação considerados de muito elevados.
A equipa do Grupo de Biodiversidade do Departamento de Ciências Agrárias, liderada pelo professor Paulo Borges, colocou cerca de três mil armadilhas em 11 ruas do centro de Angra e habitações particulares, tendo capturado 71 342 térmitas, o que, de acordo com os investigadores, terá evitado a formação de 35 mil novas colónias.
Comparando com dados registados em 2004, os cientistas consideram que a praga tem vindo a aumentar, alertando para o facto de terem sido assinaladas habitações com riscos estruturais graves que podem colocar em causa a segurança dos seus moradores.
Perante as conclusões do documento ontem apresentado, Andreia Cardoso, presidente da Câmara de Angra do Heroísmo, anunciou que a autarquia irá contactar os donos das habitações para que sejam feitas analises técnicas ao estado das casas.
A líder da edilidade avançou ainda que a partir de Abril de 2010, a CMAH irá ceder de forma gratuita armadilhas coloridas com cola aos moradores das áreas mais afectadas. Estas armadilhas, iguais às utilizadas neste estudo, irão permitir o controle da infestação dentro das habitações e ao mesmo tempo facultar aos investigadores uma ferramenta de trabalho muito útil na monitorização da praga. Para Paulo Borges, estas armadilhas revelaram-se um instrumento muito eficaz do ponto de vista custo/benefício, defendendo ser a opção mais barata para o controle das térmitas.
A terceira medida anunciada pela Câmara prende-se com a divulgação dos resultados desta monitorização junto da população através de uma sessão pública de esclarecimento e da publicação do relatório no site da autarquia. Vai ser também efectuada uma campanha de sensibilização com o intuito de, em parceria com as Juntas de Freguesia, alertar os munícipes porta a porta para a sua responsabilidade na minimização da dispersão das térmitas.
Segundo Paulo Borges, um dos maiores problemas no controle das térmitas prende-se com o facto de muitos dos moradores desconhecerem que as suas habitações estão infectadas.
O investigador realçou durante a apresentação do relatório a importância deste trabalho, afirmando que esta é “a etapa zero” no estudo e monitorização das térmitas nos Açores, um processo de controlo pensado a longo prazo, a 10, 20 anos, que deverá ser continuado para permitir aferir a eficácia das medidas de combate.

Impossível de eliminar

O investigador reforçou que mesmo com a utilização das armadilhas de cola “não é possível eliminar totalmente a ameaça das térmitas”.
Paulo Borges defende que a redução da infestação pode, no entanto ser feita, utilizando uma tecnologia baseada em altas temperaturas.
Neste método, desenvolvido por austríacos e norte-americanos, é lançado nos espaços infectados ar quente a temperaturas de 50 graus junto com humidade, que irá matar as térmitas incrustadas na madeira.
Esta metodologia é já conhecida do Governo Regional, estando dependente da realização de um teste num edifício público a sua eventual aplicação no arquipélago, existindo já empresas regionais interessadas em adquirir a tecnologia.
De acordo com a informação avançada por Paulo Borges, este tratamento representaria um investimento para cada proprietário “entre os mil e os três mil euros”.
( IN Renato Gonçalves em A União)

Térmitas alastram de forma inexorável


Esta é uma das conclusões dos cientistas da Universidade dos Açores, num estudo apresentado ontem, em Angra do Heroísmo.
A praga das térmitas continua a "alastrar de forma inexorável", na cidade de Angra do Heroísmo. A conclusão provém de um relatório de cientistas da Universidade dos Açores e foi ontem apresentado em na maior cidade da ilha Terceira, após o fim de um período de monitorização.Segundo se pode ler no documento, "os resultados mostram que, cinco anos depois sobre a primeira monitorização, a praga continua a alastrar, pelo que se aconselha uma campanha de sensibilização junto da população, para minimizar o problema da dispersão".O relatório, elaborado por uma equipa de investigadores do Grupo de Biodiversidade do Departamento de Ciências Agrárias, liderado por Paulo Borges, adianta que “foram colocadas cerca de três mil armadilhas nas ruas e habitações, em 11 artérias do perímetro urbano de Angra do Heroísmo”. Nestas armadilhas, foram capturadas “71.342 térmitas, das quais 7.363 na via pública e 63.979 no interior das habitações, o que leva a concluir, por estimativa, que terá sido evitada a criação de 35.671 novas colónias", referem os investigadores.Segundo adiantam os cientistas, "é no centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo que se localiza o maior nível de infestação".Paulo Borges admitiu que "a erradicação é praticamente impossível", mas frisou que "a redução das colónias ao nível do que acontece com o caruncho é possível".O investigador rejeita o método da fumigação, considerando ser "uma acção que pode pôr em risco a saúde dos moradores das habitações contíguas onde é aplicada". Como alternativa, defende que deve ser usada "alta tecnologia de temperatura", uma técnica desenvolvido por austríacos e norte-americanos. Este sistema consiste em lançar ar quente com humidade a uma temperatura de 50 graus, o que mata as térmitas incrustadas nas madeiras. A técnica será ensaiada num edifício público da cidade adiantou ontem Paulo Borges, que referiu que o Governo Regional “já está a par desta técnica", que pode ser "desenvolvida no terreno por empresas regionais, que queiram investir 150 a 200 mil euros na aquisição da tecnologia".Para além da Terceira, também as ilhas de Santa Maria, S. Miguel e Faial estão afectadas pela praga que ao alimentar-se de madeiras, corrói completamente as estruturas das habitações.Em resposta, a autarca de Angra do Heroísmo, Andreia Cardoso, já garantiu que “será efectuada uma sensibilização porta a porta (para controlo da praga) e serão fornecidas, gratuitamente, armadilhas de monitorização", naquela cidade.
(in JornalDiario)

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Abertura do 2º Fórum de Pedagogia da UEPB registra recorde de público


Evento segue até esta sexta-feira, com palestras, mesas-redondas, 32 oficinas e 36 grupos de trabalho
O 2º Fórum Internacional de Pedagogia (Fiped) foi aberto na noite da quarta-feira (25) no Centro de Convenções do Garden Hotel, em Campina Grande, registrando um público recorde. O evento, promovido pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), incentiva o debate entre alunos, professores, pesquisadores e demais interessados, acerca de ações de fomento que estimulem a prática da iniciação científica no campo pedagógico, durante a graduação.O evento teve início com uma calorosa recepção aos participantes, realizada pela Orquestra Filarmônica Epitácio Pessoa. Durante a execução do Hino Nacional, o comitê organizador inovou ao realizar um canto ‘celebrado’, que aconteceu graças ao trabalho conjunto e harmônico da intérprete em Libras, Helena Virgínia, e da cantora Shirley Barbosa, professora da UEPB.Em suas palavras iniciais, a presidente do comitê, Cristina Nepomuceno, agradeceu a participação e a presença de todos, além do número recorde de inscritos. Ela destacou ainda o apoio da reitora da UEPB, professora Marlene Alves, para a realização do evento e disse que o 2º Fiped representa “a consolidação da Pedagogia na vanguarda das ciências e da pesquisa em educação, reunindo, em torno de um único objetivo, pesquisadores de todo o Brasil e de outros países”.O ponto alto da noite foi a conferência de abertura com o professor doutor Félix Rodrigues, da Universidade dos Açores, em Portugal, que abordou o tema ‘A escolha do objeto de pesquisa’. No encerramento da solenidade, houve a apresentação cultural do grupo da UEPB, ‘Acauã da Serra’.O 2º Fiped acontece até esta sexta-feira (27) e conta com uma programação vasta de palestras, mesas-redondas, 32 oficinas e 36 grupos de trabalhos. Mais informações pelo site www.forumdepedagogia.com.Compuseram a mesa de abertura do encontro, além da presidente do comitê, Cristina Nepomuceno, o pró-reitor de Planejamento da UEPB, professor Rangel Júnior; a presidente da Associação Internacional de Pesquisa de Graduação em Pedagogia, doutora Maria Lúcia Sampaio; os professores do Centro de Educação da UEPB, Alberto Moura, Antônio dos Santos e Inácio Macedo; o presidente do Sindicato dos Docentes da UEPB, José Cristóvão; e representando a prefeitura de Campina Grande, a doutora Kátia Cristina.
Da Assessoria de Imprensa da UEPB.

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terça-feira, novembro 24, 2009

Metade das espécies em vias de extinção


Cerca de metade das 300 espécies naturais existentes nos Açores, das quais 80 endémicas, estão em “risco de desaparecer”, alertou ontem Eduardo Dias, botânico e investigador da Universidade dos Açores.“Esta percentagem não é exclusiva dos Açores, sendo idêntica ao que se passa com a flora de todo o planeta, o que tem consequências nos mais diversos domínios como o clima, a economia e até o turismo”, especificou o investigador, em declarações à Lusa.Eduardo Dias frisou, no entanto, que “estes valores são apenas estimativas”, alegando que “faltam estudos a diversos níveis, além de estarem em curso investigações para descrever novas espécies entretanto localizadas”.Entre as cerca de 80 espécies endémicas, três dezenas são exclusivas do arquipélago açoriano e as restantes da região da Macaronésia - Açores, Madeira e Canárias -, enquanto uma das espécies, o dragoeiro, se estende a Cabo Verde.O investigador salientou que, actualmente, “a flora introduzida no arquipélago ascende a 700 espécies, o que já é mais do dobro da flora natural que existia antes do povoamento das ilhas, que se estima que seriam cerca de três centenas de espécies”.“Muitos dos espaços para onde a flora natural e endémica se poderia expandir estão ocupados pelas espécies introduzidas, o que é uma causa directa da perda de biodiversidade açoriana”, sustentou o botânico.De acordo com Eduardo Dias, a situação resulta “por uma apetência e gosto pelas espécies exóticas para ajardinamentos e sebes, em detrimento das autóctones”.
TURISMOO investigador da Universidade dos Açores considerou a situação “prejudicial para o turismo”, atendendo ao facto de que os Açores estão a deixar de mostrar “as espécies que marcavam a singularidade e a diferença”, além do actual quadro “obrigar a gastos nos combates às pragas”.A situação coloca também problemas de protecção civil devido ao deslizamento de terras e falésias, tendo ainda um impacto cultural porque deixa de se reconhecer a paisagem típica e tradicional por troca com uma paisagem universal.Eduardo Dias defendeu, por isso, “a introdução na agenda política, de uma forma visível e forte, da protecção da biodiversidade”.

(in Diário Insular)

sábado, novembro 21, 2009

Evolução e estabilidade do Sistema Solar

Alexandre Correia -Departamento de Física da Universidade de Aveiro

O Sistema Solar é composto pelo Sol, oito planetas e respectivas luas, alguns planetas anões (como Plutão) e milhares de asteróides e cometas. Na antiguidade, para além da Terra, eram apenas conhecidos os cinco planetas mais próximos do Sol (de Mercúrio a Saturno), visíveis à vista desarmada. Apesar de incompreendido, o movimento dos planetas era tido como perfeito e regular, pois tudo o que se encontrava na esfera celeste estava estreitamente relacionado com o divino. Gerações de astrónomos e matemáticos procuraram compreender estes movimentos, sendo a explicação mais bem sucedida a de Kepler por volta de 1605, que mostrou que os planetas se moviam em torno do Sol em órbitas com a forma de elipses. Estes movimentos eram periódicos, extremamente regulares e previsíveis, tendo esta descoberta contribuído grandemente para a revolução científica levada a cabo durante o século XVII.
A questão da evolução e sobretudo da estabilidade do Sistema Solar foi colocada um pouco mais tarde, com a descoberta da lei da gravitação universal de Newton, publicada em 1687. A partir desta lei extremamente simples, Newton conseguiu demonstrar as leis de Kepler para um sistema formado pelo Sol e por apenas um planeta. Porém, como o Sistema Solar era composto por mais do que um planeta, estes também deveriam interagir gravitacionalmente uns com os outros, conduzindo a perturbações nas suas órbitas. A principal consequência destas perturbações é que modificam as órbitas ao longo do tempo, alterando assim a sua configuração inicial. Foi aliás a partir de perturbações na órbita de Urano que se conseguiu prever a existência de Neptuno, descoberto em 1846. Embora as órbitas actuais dos planetas sejam regulares e impeçam colisões entre eles, ao evoluírem poderia haver a possibilidade de alguns planetas se aproximarem demasiado e a estabilidade do sistema ser posta em causa. Este problema fascinou os cientistas até aos dias de hoje.
Cedo se compreendeu que tanto asteróides, como cometas eram facilmente destabilizados das suas órbitas actuais; daí o elevado número de crateras observadas, por exemplo, na Lua. Mas com os planetas os cálculos não eram tão fáceis e, apesar das órbitas variarem ao longo do tempo, estas variações aparentavam ser cíclicas. Durante o século XVIII, Laplace e Lagrange demonstraram que as órbitas eram estáveis, quando se tinham em conta apenas as perturbações mais importantes (ditas de primeira ordem). Já no século XIX, Poisson e Poincaré mostraram que este resultado é ainda válido para as perturbações de segunda ordem. A estabilidade do Sistema Solar parecia assim estar assegurada. Porém, Poincaré notou que as perturbações de ordem superior, apesar de extremamente pequenas, continham termos não lineares que poderiam crescer em importância com o tempo e dar origem a comportamentos caóticos e imprevisíveis.
Só na segunda metade do século XX, com o surgimento dos super computadores foi possível simular a evolução do Sistema Solar de uma forma rigorosa. A natureza caótica do sistema foi confirmada, o que complicou ainda mais a questão da estabilidade: o sistema actual pode evoluir em direcções diferentes, algumas estáveis, mas outras possivelmente instáveis. A resposta final a esta questão chegou apenas em 2009, num artigo publicado em Abril por Jacques Laskar (Observatório de Paris), na prestigiada revista Nature. A evolução do Sistema Solar foi simulada em 2500 computadores diferentes, cada uma com condições inicias ligeiramente diferentes (dentro das incertezas de medição nas órbitas actuais). Concluiu-se que durante os próximos 5 mil milhões de anos (o tempo de vida estimado para o Sol), 99% das simulações eram estáveis. Porém, existe a probabilidade de 1% da órbita de Mercúrio aumentar de tamanho de forma significativa, vindo perturbar as órbitas de Vénus, da Terra e de Marte. Nesta situação, observaram-se colisões entre todos estes planetas. Ao contrário do que se pensou ao longo de muitos séculos, podemos dizer hoje que o Sistema Solar não é estável, embora a probabilidade de este poder vir a ser destabilizado seja extremamente baixa.

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sexta-feira, novembro 20, 2009

Salvar os cagarros… e as estrelas

Miguel Ferreira - Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores
Por esta altura do ano decorrem nos Açores diversas campanhas e actividades organizadas de salvamento de cagarros. Estas são sem dúvida actividades meritórias, mas não deveríamos também intervir na causa do problema? É sabido que a principal causa da desorientação destas aves é a poluição luminosa. Esta poluição resulta principalmente de iluminação pública e particular mal direccionadas. A iluminação deverá iluminar apenas as áreas pretendidas, em vez de o fazer para os lados ou, pior ainda, para cima. Esta incorrecta iluminação deve-se à má concepção ou orientação de candeeiros e projectores que emitem luz muito para além da zona pretendida, sem qualquer efeito útil.
Há várias consequências nefastas deste tipo de poluição. A mais imediata é levar a um desperdício de energia e de dinheiro, de cerca de 40%, que sai do bolso de todos os contribuintes. Depois, afecta vários animais por todo o mundo como diversos anfíbios, mamíferos (inclusive o próprio Homem), répteis, insectos, e aves.
Uma outra consequência da má orientação da iluminação é impedir-nos de ver o céu. Quem não fica maravilhado ao ver um céu com milhares de estrelas e a nossa Via Láctea? Gradualmente, ao longo das últimas décadas, perdemos o hábito de olhar o céu. E a razão principal é a poluição luminosa que nos deixa ver cada vez menos estrelas. Este é um problema que preocupa os astrónomos profissionais e amadores mas que nos afecta a todos.
Algumas localidades com uma maior consciência do problema já tomaram medidas, como é o caso da cidade de Calgary, no Canadá, que ao substituir o seu sistema de iluminação pública consegue economizar mais de um milhão de euros por ano. Medidas que levam à preservação do céu nocturno são também um grande emblema turístico havendo alguns parques, reservas e comunidades distinguidas e alvo de reconhecimento internacional por este cuidado.
Nos Açores é importante que os diferentes órgãos de decisão estejam conscientes deste problema. Igualmente necessário é que os arquitectos e designers tenham presentes estas questões no momento de conceber ou escolher os sistemas de iluminação. Em particular, é urgente repensar a iluminação pública e privada nas proximidades do Observatório Astronómico da Ribeira Grande para que este possa funcionar para o objectivo com que foi construído durante muitos anos. Alterar os sistemas de iluminação pública nas proximidades dos locais mais importantes de nidificação de cagarros seria uma importante experiência piloto que deveria ser realizada sem necessidade de grandes recursos financeiros.
Os Açores têm apostado no turismo e desenvolvimento sustentável, com importantes investimentos na protecção de ambientes marinhos e terrestres. É fundamental estender esta protecção ao céu nocturno, que é um património da Humanidade a preservar. Daqui, sairiam benefícios sociais, económicos, turísticos e culturais. Em cada nova rua, praça ou porto construída ou remodelada dever-se-á ter em atenção não apenas a componente estética mas também o de minorar os impactos da poluição luminosa. Os que se fascinam com a maravilha que é contemplar um céu estrelado, ou ouvir um cagarro agradecem. É de imaginar que os cagarros também agradeçam.
Cagarros (foto de Paulo Henrique Silva) Exemplo de iluminação fonte de poluição luminosa e de desperdício de energia nos Açores. Reserva internacional do céu estrelado do parque nacional de Mont-Mégantic, Québec, Canadá.

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quinta-feira, novembro 19, 2009

SUSPEITAS CONFIRMADAS Térmita da Praia é de origem americana

Está confirmado que as térmitas descobertas no Bairro de Santa Rita, Praia da Vitória, pela equipa de controlo e monitorização das térmitas do Grupo Biodiversidade dos Açores (CITA-A) são da espécie Reticulitermes flavipes, uma térmita subterrânea com grande implementação na costa leste dos Estados Unidos e, até agora, desconhecida nos Açores.
A equipa liderada pelo professor Paulo Borges vê assim confirmadas as suas suspeitas inicias em relação à espécie encontrada em duas habitações daquele bairro.


No relatório inicial enviado à Câmara da Praia da Vitória a CITA-A recomendou a realização de um estudo de pormenor no Bairro e a rápida queima de todas as madeiras encontradas no exterior das habitações de forma a perceber a extensão da epidemia e controlar a sua expansão e potenciais danos.
O estudo de pormenor consistiria na colocação no solo de armadilhas em PVC num raio de 10, 50 e 100 metros dos focos já identificados sendo posteriormente monitorizadas mensalmente pela equipa da Universidade dos Açores.
A Câmara Municipal da Praia, segundo o vereador Paulo Messias, está a aguardar que a CITA-A envie a proposta e plano de custos deste estudo, tendo, a solicitação da equipa de controlo e monitorização, feito chegar junto do Comando Aéreo da Base das Lajes um pedido para a instalação de armadilhas dentro do perímetro militar fruto da sua proximidade das casas onde as térmitas subterrâneas foram encontradas.
Quanto às madeiras, a edilidade praiense espera em breve realizar uma queimada em grande escala de todas as madeiras abandonadas, tendo já encetado contactos junto dos moradores. Paulo Messias afirma que a marcação de uma data para esse efeito depende da disponibilidade dos mesmos e das condições climatéricas que nos últimos dias não tem sido propícias devido ao forte vento, factor que potencia a propagação da térmita.

Relatório de Angra completo

A equipa liderada pelo professor Paulo Borges já entregou junto da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo o relatório sobre a monitorização das térmitas no centro histórico da cidade, trabalho levado a cabo entre Julho e Outubro deste ano.
Cabe agora ao município angrense tornar publicas as conclusões dos especialistas da CITA-A, que irão permitir saber os locais mais afectados pela epidemia e perceber a sua evolução em relação ao anterior estudo, datado de 2004.
Este projecto consistiu na instalação de 110 armadilhas em 11 ruas e habitações particulares do centro histórico de Angra do Heroísmo.

(in A União)

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Para pensar...


Pergunta: À superfície do nosso planeta são encontradas rochas provenientes da Lua e de Marte. Estes meteoritos são encontrados em diversos locais e as suas propriedades indicam de forma clara a sua proveniência. No entanto, não há nenhum meteorito com origem em Vénus conhecido. Haverá alguma explicação para tal?
Resposta: O impacto de um grande objecto na superfície de um planeta rochoso arranca da sua superfície rochas que escapam para o espaço e eventualmente caiem noutro planeta como a Terra. A densa atmosfera de Vénus e a sua gravidade elevada fazem com que a maioria das rochas ejectadas por processos deste tipo não escapem do planeta, mas voltem a cair na sua superfície.

(Miguel Ferreira)

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quarta-feira, novembro 18, 2009

PRESIDENTE DA GÊ-QUESTA "Planos de ordenamento de território não funcionam"

Acaba de assumir as funções de presidente da Gê-Questa, mas já integra a associação há alguns anos, sendo-lhe próximas as questões da defesa ambiental. Orlando Guerreiro afirma liderar com “atitude positiva e pro-activa” os próximos dois anos da Gê-Questa, sem esquecer o que mina o trabalho dos ambientalistas, como os planos de ordenamento do território.
Orlando Guerreiro é a nova cara na presidência da Gê-Questa. Mas não é assim que quer ser entendido. Prefere ser incluído no projecto global de defesa ambiental da associação.Em entrevista à “a União”, o jovem de 32 anos, natural de Setúbal, licenciado em engenharia do ambiente pela Universidade dos Açores (UA), dispensava o registo fotográfico, dada a vontade de fazer destacar a entidade, e não a pessoa que a vai liderar nos próximos dois anos.“Vamos ter projectos super-inovadores”, afirma Orlando Guerreiro de forma entusiasta. Aliás, esta é uma característica que o próprio reconhece em si e na forma como encara os desafios que lhe surgem e em que se envolve.Foi assim que foi observador de pesca nos Açores e no Canadá, que elaborou o trabalho de fim de curso no Brasil, que co-fundou o núcleo de ambiente da UA e da Associação de Surf da Terceira e foi também assim que se candidatou, como independente – pede para sublinhar –, pelo BE, à autarquia angrense nas últimas autárquicas.A atitude, agora na Gê-Questa, garante, vai ser “positiva e pro-activa”, sem no entanto, esquecer as dificuldades que são colocadas aos ambientalistas sedeados no Forte de São Mateus. Pessoas desconhecem os seus direitos
Orlando Guerreiro, membro dos órgãos sociais no anterior mandato da associação, afirma-se conhecedor da realidade na ilha é por isso que é peremptório ao afirmar que os planos de ordenamento do território “não funcionam”, que são instrumentos de planeamento “meramente descritivos”.Um facto que, entende, afecta de forma global a atitude das comunidades e das entidades que lidam com a preservação ambiental.“As pessoas não sabem dos seus direitos, não reclamam os seus direitos”, aponta, acabando por dar a sua opinião pessoal: “há falta de educação política – não entender partidária – nos Açores”. E não somente na área ambiental, esclarece, em todas os sectores da sociedade.Questionado pelo número de queixas que dão entrada na Gê-Questa, Orlando Guerreiro refere que os valores não são contabilizados, mas que no curto espaço em que ocupa as actuais funções já recebeu uma, deixando antever que as reclamações não são uma forma usada frequentemente pelas populações para contactar com a associação.
Gê-Questa é reflexo da sociedade
Actualmente a Gê-Questa conta com uma equipa de cinco pessoas (uma a tempo inteiro, duas a parcial, dois estagiar “L” e futuramente um reforço de mais três estagiários) e a palavra de ordem é “dinamizar”.“Queremos dinamizar a associação através de projectos de maior duração e queremos tornar este espaço no mais aprazível possível para as pessoas, trazer os sócios de volta”, conta.Orlando Guerreiro reconhece os altos e baixos que, ao longo dos anos, tem marcado a Gê-Questa, actualmente com 500 sócios, mas que tal, explica, é um “reflexo da sociedade”. “A Gê-Questa vive da vontade das pessoas e da capacidade financeira de ter mais pessoas a trabalhar nela”.Assim, entre os planos da nova direcção está o aproveitamento da sua sede para a realização de diversas iniciativas “sempre enquadradas na temática ambiental”, como por exemplo, exibição de filmes, palestras e, sublinha, a criação de um centro interpretativo ambiental: “queremos transformar este espaço de acordo com a ideologia da Gê-Questa”.
Projecto piloto na comunidade
Apesar de ainda não ter um programa de actividades definitivo, a Gê-Questa prepara-se para organizar, à semelhança de anos anteriores, uma semana do mar, daqui a sensivelmente duas semanas, em parceria com outras entidades.Este vai ser o contexto, explica Orlando Guerreiro, para apresentar um “projecto-piloto” que vão desenvolver com a comunidade piscatória relacionado com a gestão de resíduos no mar.No espaço “TIC” (Tecnologias de informação e comunicação), a Gê-Questa prevê ainda desenvolver cursos de formação à população local.
Mas a lista de actividades da Gê-Questa para os próximos dois anos não se resume aqui. Nos próximos tempos, Orlando Guerreiro e a sua equipa asseguram anunciar outras iniciativas para que, no final do mandato, aspira “haja gente sempre a sair e a entrar da Gê-Questa”.
(In Humberta Augusto (texto e fotos)-em A União)

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terça-feira, novembro 17, 2009

Duas centenas de lixeiras selvagens na Terceira

O número de depósitos ilegais de resíduos (lixeiras a céu aberto) na Terceira ascende às duas centenas. Os tipos de resíduos são variados, sendo que “é preciso ter em conta que vivemos num espaço pequeno, onde não existem grandes industrias e, por isso, também não temos problemas com resíduos químicos”, afirma Ulisses Rosa, autor do estudo que pretendeu quantificar e identificar os depósitos ilegais de resíduos em toda a ilha. Ulisses Rosa desconhece se as Câmaras Municipais têm conhecimento desta situação. Contudo, para o autor do estudo o problema prende-se com a “falta de educação ambiental”.“O que se denota é uma grande falta de civismo e um desrespeito pelo espaço comum”, continua.De facto, “as pessoas continuam a infringir a lei, sendo que a legislação prevê contra-ordenações gravíssimas neste sentido”.Apesar de reconhecer que os jovens começam a mostrar uma mudança de atitude quanto às questões do ambiente, Ulisses Rosa considera que esta situação não é fácil de contornar. “Um dos grandes problemas é o facto destes pontos de depósito funcionarem há dezenas de anos”, disse.“O meu objectivo foi tentar perceber a dinâmica de deposição de resíduos na ilha. Pretento criar um registo que permita uma monitorização e limpeza eficazes destes espaços”, aponta Ulisses Rosa.“Grande parte do interesse desta quantificação prende-se com a sua futura disponibilização para que seja possível limpar estas zonas”, continua.Para minimizar os impactos no ambiente, o guia da natureza pretende divulgar estes dados às Câmaras, à GNR e todas as entidades gestoras de resíduos.Para o autor do estudo, é necessária “uma maior interligação entre as entidades competentes e uma maior focalização na educação ambiental”. “Através de acções de sensibilização como Limpar Portugal, um estímulo à sociedade, através de uma competente gestão integrada de resíduos e do seu posterior encaminhamento, podemos tornar, certamente, a ilha mais limpa”, continua.A aposta na reciclagem é também uma das formas apontadas por Ulisses Rosa para minimizar o problema.O trabalho intitulado “Georeferenciação de depósitos ilegais de resíduos na Terceira” é pioneiro na Região e servirá de mapa da iniciativa “Limpar Portugal - Terceira”.

(in Diário Insular)

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segunda-feira, novembro 16, 2009

Investigador universitário diz que há louro tóxico à venda e sugere a certificação do produto

Há louro com elevado grau de toxicidade a ser comercializado nos Açores, alerta o botânico e investigador universitário, Eduardo Dias.Este louro, que resulta do cruzamento do louro endémico com o louro trazido pelos povoadores (designado popularmente por louro fino), e que possui a toxicidade do louro açoriano, é de difícil detecção para um olhar destreinado.“O louro híbrido pode ser muito semelhante ao louro fino [Laurus nobilis], aquele que deve ser usado na cozinha. O problema é que, ao resultar do cruzamento deste com o louro endémico [Laurus azórica], passa a possuir os elementos tóxicos que caracterizam o louro endémico açoriano. E é por causa disso que a sua ingestão, por via da sua utilização como condimento, não é aconselhável. Obviamente que é difícil dizer qual a gravidade da sua ingestão. Há quem fume toda a vida e não tenha complicações, como há quem fuma pouco e tem um cancro. Para prevenir, a opção deve ser não utilizar este louro”, sublinha o académico, em declarações, ontem, ao DI.“O problema é que este louro está a ser comercializado em locais de venda livre, como os mercados das cidades, sem qualquer controlo de qualidade. E um olhar destreinado pode enganar-se”, afirma.Eduardo Dias revelou ainda que “já foi encontrado louro híbrido ensacado (para ser comercializado) nos Açores que não é adequado para qualquer uso devido à sua elevada toxicidade, nomeadamente por provocar o cancro, em particular o do intestino”.De acordo com o investigador, o louro fino de cozinha tem apenas substâncias tóxicas no caule, o que leva cozinheiras, conhecedoras a usar apenas a folhas, enquanto o louro endémico é tóxico não só no caule mas também em toda a folha”.“Muitas pessoas vão ao mato buscar louro e ou conhecem o que estão a colher ou então, se não sabem, mais vale comprar de importação e ensacado com certificação”, aconselha Eduardo Dias.Como é difícil distinguir o louro fino do louro híbrido, o director do Gabinete de Ecologia Vegetal Aplicada da Universidade dos Açores defende que a sua comercialização seja certificada.“Os serviços de inspecção económica deviam exigir que o louro fosse primeiramente verificado quanto à sua qualidade e, depois, comercializado com uma certificação”, sublinhou.
(In Diário Insular)

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domingo, novembro 15, 2009

“Limpar Portugal” também nos Açores

Os Açores serão parceiros da iniciativa limpar Portugal, a decorrer a 20 de Março do próximo ano.Terceira, S.Miguel, Faial e Santa Maria estão já a formar grupos de trabalho, cuja acção passará por limpar as zonas mais críticas das ilhas.“A ideia é que cada ilha organize o seu grupo de trabalho, uma vez que, dessa forma, será mais fácil conduzir os trabalhos”, afirma Cândida Mendes, da comissão do projecto Limpar Portugal para a ilha Terceira, em Angra.“Claro que o ideal seria limpar toda a ilha, mas as nossas actividades passarão por limpar as zonas florestais e zonas ribeirinhas”, continua.De acordo com Cândida Mendes, neste momento procede-se à caracterização das zonas de lixeira.O projecto Limpar Portugal é um movimento cívico cujo objectivo passa por promover a educação ambiental.De facto, de acordo com Cândida Mendes, “mais do que limpar a ilha pretendemos educar. Limpar sem educar fará com que daqui a um ano a situação esteja igual”.“Queremos que as pessoas percebam que nas ilhas temos coisas bonitas que valem a pena preservar”, observa.Uma das características desta iniciativa prende-se com a inexistência de apoio financeiro.“Apesar disso, vamos recorrer ao apoio da Câmara para a recolha do lixo”, disse Cândida Mendes.Os trabalhos serão realizados com voluntários e a divulgação estende-se às entidades públicas e privadas.
(in Diário Insular)

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sábado, novembro 14, 2009

Investigadores açorianos avaliam riscos de extinção


O Grupo da Biodiversidade dos Açores (GBA) vai lançar no início do próximo ano dois novos projectos destinados a avaliar “o risco de extinção de diversas espécies em ilhas”, revelou ontem o investigador Paulo Borges.“A crise da biodiversidade em mais nenhum lugar é tão notória como nas ilhas oceânicas pelo que estudar as melhores soluções para a sua conservação é fundamental”, considera Paulo Borges que vai contar com um apoio de 320 mil euros da Fundação da Ciência e Tecnologia.No caso dos Açores, “os estudos de campo e genética orientam-se no sentido de perceber se nas diferentes ilhas, que têm florestas mais pequenas, se as espécies estão a perder diversidade e em risco de extinção devido ao aumento das pastagens”.Segundo Paulo Borges “a ideia é posteriormente aumentar a florestação recorrendo a essas espécies”.
Riscos
As ilhas com maior risco de extinção de espécies, de acordo com o investigador, são Santa Maria, São Miguel, Faial e São Jorge porque “possuem manchas florestai pequenas e espécies únicas (endémicas) em risco”.Adianta que os Açores perderam mais de 90 por cento da sua floresta original durante cinco séculos de ocupação humana e que, sendo um dos arquipélagos mais isolados na Terra, suportam um número significativo de espécies endémicas de uma só ilha.A investigação (que envolvem mais de uma dezenas de investigadores) vai ainda procurar determinar o efeito da perda de habitats e da fragmentação da floresta nativa dos Açores nas espécies de artrópodes endémicos especialistas de floresta.Um dos projectos denomina-se “Previsão de extinção em ilhas: uma avaliação em várias escalas” e o outro “O que é que as ilhas da Macaronésia nos podem ensinar sobre especiação?”.Segundo o investigador da Universidade dos Açores, os projectos (a começar em Março de 2010) “são inovadores” porque “a avaliação a vários níveis do risco de extinção que é devida à destruição e fragmentação dramática dos habitats”.Por outro lado, explica, porque serão feitas, também, “avaliações de previsões teóricas de extinções futuras, com avaliações à escala da espécie do tamanho das suas populações e diversidade genética”.Finalmente, Paulo Borges acredita que o projecto “irá estabelecer ligações cruciais entre a teoria ecológica e a prática de conservação avançando na compreensão e protecção de uma parte única da herança Europeia em termos de biodiversidade”.
Ampla divulgação
Os resultados destes estudos, segundo Paulo Borges, serão apresentados à comunidade científica internacional através de artigos em revistas da especialidade e da apresentação em congressos internacionais.Além disso, para promover a divulgação do conhecimento adquirido junto da população açoriana, o GBA pretende organizar uma exposição itinerante, assim como produzir material educacional.O GBA orienta estes dois projectos, que contam com a participação da Universidade de Oxford (The Oxford University Centre for the Environment), da Universidade de Atenas (Departament of Ecology and Taxonomy – Faculty of Biology) e da Universidade de East Anglia (Centre for Ecology, Evolution and Conservation).Na última semana, a União Internacional para a Conservação da Natureza anunciou a lista actualizada das espécies mundiais em risco de extinção, onde se encontram alguns exemplares açorianos.Segundo o documento, uma das espécies em risco na Região é o trevo de quatro folhas “Marsilea azorica” (protegida pela Convenção de Berna e Directiva Habitats), do qual só existem meia centena de exemplares num charco no interior da ilha Terceira.O morcego endémico dos Açores e algumas espécies de moluscos terrestres também preocupam também os biólogos açorianos.

(in Diário Insular)

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sexta-feira, novembro 13, 2009

Há poucos voluntários para limpar os Açores


Os Açores vão estar envolvidos, a 20 de Março de 2010, no projecto “Limpar Portugal”. O que pretendem demonstrar com esta iniciativa?
Queremos acima de tudo mostrar que o povo português e neste caso específico os açorianos tem vontade de meter as mãos à obra e ajudar a limpar a cara e o coração das nossas ilhas, tal como aconteceu o ano passado na Estónia. É de facto uma oportunidade única de juntar esforços de todas as vertentes da sociedade para um objectivo comum, educar limpando. Em Limpar Portugal seremos todos alvo e promotores de educação ambiental e cívica, uma aposta na qualidade de vida e na mudança gradual de comportamentos. Tem sido fácil encontrar voluntários nos Açores para participar no projecto de limpeza?
Ainda temos poucos voluntários nos Açores, estão registadas cerca de 60 pessoas na página oficial de Limpar Portugal, mas isto deve-se essencialmente ao facto desta iniciativa estar a dar os seus primeiros passos na região em termos de divulgação. Existem já grupos de trabalho nas ilhas Terceira, S. Miguel, Faial e penso que também em Sta Maria, que começaram muito recentemente a organizar as primeiras reuniões e a estabelecer os primeiros contactos locais para angariar voluntários e estabelecer parcerias com entidades públicas e privadas. As respostas obtidas até agora por este grupo de trabalho terceirense provam uma grande abertura e aderência a esta iniciativa. Por isso acreditamos no seu sucesso também nos Açores. Pode-se desde já mencionar o apoio das seguintes entidades: Associação Rota do Futuro, Gê-Questa, Ecoteca, Montanheiros, Junta de Núcleo do CNE ….e isto é apenas o início.Aproveitando a oportunidade gostaria de deixar aqui nota sobre o registo de voluntários. Este é feito em http://limparportugal.ning.com/, em que é necessário fazer uma inscrição individual e depois procurar um grupo na sua localidade e associar-se ao mesmo. Espero que nos encontremos dia 20 de Março numa lixeira perto de si!
O dia seguinte é sempre o problema… Como será o dia seguinte a 20 de Março de 2010?
Que seja um dia em que muitos voluntários estejam ainda cansados mas satisfeitos por terem contribuído para esta causa. Esperamos sem dúvida ter uma ilha mais limpa, mas esperamos acima de tudo ter contribuído para chamar a atenção para o problema ambiental que é a deposição ilegal de lixos nas nossas ilhas e contribuir para a formação ambiental e cívica das pessoas em geral. Só assim podemos tentar para que esta realidade não se repita daqui a algum tempo. O dia 20 é apenas o culminar duma grande campanha de sensibilização, o mais importante será que tenha reflexo nas nossas atitudes diárias. E já agora podemos deixar aqui uma proposta que li algures na página oficial …. Por que não plantar uma árvore no local que ajudamos a limpar? Afinal o dia seguinte é o dia 21 de Março.

(in Diário Insular)

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quinta-feira, novembro 12, 2009

COMERCIALIZADO SEM CONTROLE Louro híbrido tem elevado grau de toxicidade


Mais de noventa por cento do louro híbrido dos Açores, que tem elevado grau de toxicidade, está a ser comercializado sem controlo de qualidade, alertou ontem o botânico e investigador universitário, Eduardo Dias.
“O louro usado em gastronomia é maioritariamente híbrido em resultado do cruzamento do louro açoriano endémico (Laurus azórica), conhecido por louro bravo, e do louro trazido com o povoamento (Laurus nobilis) designado por louro fino ou de cozinha”, explicou o botânico.
Este louro, segundo o investigador, “possui mais toxicidade que o louro fino independentemente do grau de hibridação”.
Eduardo Dias alertou, em declarações à agência Lusa, para o facto de “estar a ser comercializado em locais de venda livre, como os mercados das cidades, sem qualquer controlo de qualidade”.
“Os serviços de inspecção económica deviam exigir que o louro fosse primeiramente verificado quanto à sua qualidade e, depois, comercializado com uma certificação”, sublinhou.
Defende a criação de mecanismos “para a sua fiscalização antes de ser posto à venda”.
Eduardo Dias revelou ainda que “já foi encontrado louro híbrido ensacado (para ser comercializado) nos Açores que não é adequado para qualquer uso devido à sua elevada toxicidade, nomeadamente por provocar o cancro, em particular o do intestino”.
Avança com a explicação de que “o louro açoriano é muito poderoso em termos medicinais e tóxicos”.
De acordo com o investigador, o louro fino de cozinha tem apenas substâncias tóxicas no caule, o que leva cozinheiras, conhecedoras a usar apenas a folhas, enquanto o louro endémico é tóxico não só no caule mas também em toda a folha”.
“Muitas pessoas vão ao mato buscar louro e ou conhecem o que estão a colher ou então, se não sabem, mais vale comprar de importação e ensacado com certificação”, aconselha Eduardo Dias.
Como exemplo refere que “quando se está a fazer uma espetada que leva louro, além do aroma também se come um digestivo, se for louro fino, caso contrário estão a engolir-se toxinas”, frisou o investigador.
É por esse facto que o louro endémico dos Açores não é usado na cozinha, dado que para além de possuir toxinas espalhadas por toda a folha, tem um aroma mais desagradável.
As pessoas mais antigas, acrescenta Eduardo Dias, “dizem - o que não está ainda cientificamente comprovado - que as folhas de louro que têm um caule de cor avermelhada não prestam” porque possuem “maior toxicidade”.
(in A União)

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Sociedade de Informação e Poder Local

Tomaz Dentinho

Há dias colaborei na promoção de um seminário em Lisboa sobre Crise, Sociedade da Informação e Poder Local com o objectivo de investigar como pode a administração local utilizar os meios da sociedade da informação como vector de dinâmica local para superação da crise. O desafio era grande. Por um lado porque, como provou Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008, a redução da distância possibilitada pelas tecnologias da informação e o aumento das economias de escala que essas tecnologias permitem induzem um processo de concentração das actividades que redefinem as escalas e as competências do poder local. Por um lado porque, as novas tecnologias da informação modificam os custos de transacção que ajudam a definir a dimensão das empresas e instituições (Oliver Williamson), e as pessoas e colectividades, designadamente ao nível da gestão local dos bens comuns comportam-se de forma mais eficiente do que a proclamada teoria da “Tragédia dos Comuns” anuncia (Elionor Ostrom).
Qual a sustentabilidade dos espaços periféricos quando a sociedade da informação parece favorecer a concentração das actividades e qual o papel do poder local e das novas tecnologias que tem ao seu dispor? A resposta parece estar também nas novas tecnologias da informação e das potencialidades que apresentam para a provisão de serviços à escala local. O problema é que o esbanjamento e a desilusão têm sido grandes como nos mostrou Prof. Luís Amaral numa análise da adopção das tecnologias da informação pelo poder local.
Qual a redefinição das escalas e das competências do poder local com a revolução das fronteiras das instituições? É manifesta a redundância de muitas autarquias mas, como nos lembrou o Prof. António Figueiredo, as tecnologias da informação possibilitam uma alteração das escalas de serviço público ao nível local cujas consequências são difíceis de perspectivar.
Que custos ou benefícios estão associados à proximidade e como gerir e moldar os novos comuns da Sociedade da Informação em prol do desenvolvimento sustentável das pessoas e dos sítios? O Prof. Peter Nijkamp deu-nos exemplos claros e reais de como as tecnologias da informação podem ajudar a gerir os fluxos urbanos através da localização das pessoas com telemóvel.

(in A União)

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quarta-feira, novembro 11, 2009

INVESTIGADORES VÃO ESTUDAR Risco de extinção de espécies endémicas do arquipélago

O Grupo da Biodiversidade dos Açores (GBA) vai lançar no início do próximo ano dois novos projectos destinados a avaliar “o risco de extinção de diversas espécies em ilhas”, revelou ontem o investigador Paulo Borges.
“A crise da biodiversidade em mais nenhum lugar é tão notória como nas ilhas oceânicas pelo que estudar as melhores soluções para a sua conservação é fundamental”, considera Paulo Borges que vai contar com um apoio de 320 mil euros da Fundação da Ciência e Tecnologia.


No caso dos Açores, “os estudos de campo e genética orientam-se no sentido de perceber se nas diferentes ilhas, que têm florestas mais pequenas, se as espécies estão a perder diversidade e em risco de extinção devido ao aumento das pastagens”.
Segundo Paulo Borges “a ideia é posteriormente aumentar a florestação recorrendo a essas espécies”.
As ilhas com maior risco de extinção de espécies, de acordo com o investigador, são Santa Maria, São Miguel, Faial e São Jorge porque “possuem manchas florestai pequenas e espécies únicas (endémicas) em risco”.
Adianta que os Açores perderam mais de 90 por cento da sua floresta original durante cinco séculos de ocupação humana e que, sendo um dos arquipélagos mais isolados na Terra, suportam um numero significativos de espécies endémicas de uma só ilha.
A investigação vai ainda procurar determinar o efeito da perda de habitats e da fragmentação da floresta nativa dos Açores nas espécies de artrópodes endémicos especialistas de floresta.
Um dos projectos denomina-se “Previsão de extinção em ilhas: uma avaliação em várias escalas” e o outro “O que é que as ilhas da Macaronésia nos podem ensinar sobre especiação?”.
Segundo o investigador da Universidade dos Açores, os projectos “são inovadores” porque “a avaliação a vários níveis do risco de extinção que é devida à destruição e fragmentação dramática dos habitats”.
Por outro lado, explica, porque serão feitas, também, “avaliações de previsões teóricas de extinções futuras, com avaliações à escala da espécie do tamanho das suas populações e diversidade genética”.
Finalmente, Paulo Borges acredita que o projecto “irá estabelecer ligações cruciais entre a teoria ecológica e a prática de conservação avançando na compreensão e protecção de uma parte única da herança Europeia em termos de biodiversidade”.
No total, estarão envolvidos nos projectos mais de uma dezena de investigadores locais e de centros universitários europeus.

(In A União)

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terça-feira, novembro 10, 2009

"Na Lua Cheia, não cortes pau nem veia"

Félix Rodrigues
Na medicina medieval recorria-se ao uso do horóscopo e à astrologia, porque se acreditava que a posição dos planetas nos 12 signos do Zodíaco, afectava de algum modo a saúde humana, do mesmo modo que a Lua condicionava as marés, o Sol, era responsável pelas boas safras.Na Idade Média, cada órgão do corpo humano obedecia aos humores de um signo: Carneiro e a lua, por exemplo, regiam a cabeça, Sagitário as pernas, e Peixes conduzia os pés.
O médico Avicena (980-1037) afirmava que era “a má disposição dos céus quem rapidamente empeçonhentava os corpos”. A doença devia-se ao ar corrompido pelos astros que também eram responsáveis pelos surtos de epidemias que apavoravam e devastavam a sociedade medieval.Hoje em dia ainda há termos como aluado ou lunático que resultam da crença de que a lua influência a cabeça.Exactamente por isso, os estudantes de medicina da Universidade de Bolonha estudavam astrologia durante quatro anos, para que, quando aplicassem a sangria num paciente ela não fosse feita durante um estágio não conveniente da Lua (a Lua cheia, estavam certos, provocava uma hemorragia em excesso). Popularmente ainda se diz, fundamentados nessa crença medieval que “Na Lua cheia não cortes pau nem veia”. Não havia, príncipe, conde ou barão daqueles tempos que não tivesse um astrólogo à sua disposição, mesmo que a Igreja Católica o proibisse. Mesmo no Renascimento, o matemático e astrónomo Kepler obtinha o seu rendimento preparando almanaques com previsões e elaborando mapas astrais para a corte do duque de Wallenstein.Versos do Regimen Sanitatis Salernitanum apareciam com frequência nos Lunários Perpétuos dos Séculos XVII e XVIII e pretendiam estabelecer relações entre os astros e a saúde. Os lunários eram calendários perpétuos baseados nas fases da Lua. Essas publicações preocupavam-se com as questões da saúde e a previsão do tempo pela observação dos astros, das plantas e do comportamento dos animais. Tais ensinamentos estão presentes no livro “As geórgicas”, do poeta Virgílio (século I a.C.). Esta obra erudita influenciou os popularíssimos livrinhos “lunários perpétuos” editados em Portugal desde a Idade Média destinados à classe rural. As Geórgicas, de Virgílio, são um poema didáctico sobre trabalho. Constavam de quatro livros sobre agricultura e com indicações consideradas científicas na época.Muitos provérbios populares sobre o ciclo lunar ou sobre a sua influência na saúde ou agricultura podem ser encontrados, destacam-se os seguintes:"A lua não fica cheia num dia." – Referência explícita ao ciclo lunar (29,5 dias)."Não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa sem lua cheia." – Acentua o carácter móvel dessas duas festividades, cuja marcação se rege pelo calendário lunar.Provérbios como "Quando a Lua minguar, nada deves começar.", "Quando a lua minguar, não deves regar.”, "Lua cheia, abóboras como areia.", "Quando minguar a lua, não comeces coisa alguma." e "Quando a Lua minguar, nada hás-de semear.", traduzem crenças de que a Lua influencia as colheitas agrícolas.O provérbio, "A lua é calma e tem vulcões no seio." refere-se a aspectos da morfologia da sua superfície, erradamente associados a crateras vulcânicas em vez de crateras de impacto.
(in Desambientado)

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segunda-feira, novembro 09, 2009

"Nova descoberta"

Carla Bretão


Quando ouvimos falar de uma nova descoberta, ficamos, inevitavelmente, curiosos e logo surgem muitas perguntas: o quê?, onde?, quando? e para quê?... Não sendo certo que as descobertas tragam sempre benefícios, a expectativa primeira é essa mesma, ou seja, a esperança que de algo de bom se trate.
Quer dizer, hoje talvez assim não seja, com tanta desgraça que nos entra pela casa dentro, através do televisor, é bem provável que essa expectativa já esteja invertida por mais optimistas que queiramos ser.
Na última semana deu-se uma nova descoberta na Ilha Terceira. Melhor dizendo, confirmou-se uma dúvida que os investigadores, da Universidade dos Açores (UAç), levantaram há cerca de três anos atrás. Foi descoberta a existência da térmita subterrânea na Ilha Terceira.
Nada que os investigadores já não suspeitassem, embora ainda não tivessem conseguido confirmar a sua presença. Até agora a existência desta Térmita apenas tinha sido comprovada na Ilha do Faial. Para quem tem acompanhado este assunto e leu o livro intitulado “Térmitas dos Açores”, pode constatar que a certa altura é referido que ”Uma infestação por Reticulitermes – térmita subterrânea - foi referida pela Base Americana das Lajes há cerca de 20 anos” e, por este facto, os investigadores levantavam a hipótese de esta ainda por lá existir.
Dúvida confirmada. E agora? A par de mais um “passo” na investigação, torna-se pertinente perguntar onde estão todos os outros “passos” que já deveriam ter sido dados pelas entidades públicas?
Não sei… Talvez esperem nos “passos perdidos” das prioridades do Governo Regional. Ainda não se percebeu a gravidade da situação! Mais tarde ou mais cedo algo terá de ser feito e penso que os americanos devem ser chamados a ajudar, não digo na resolução do problema, pois sabemos que teremos de viver com estas “amigas”, mas no trabalho que pode ser feito para o seu controlo.
Este devia ser um assunto da próxima agenda da Comissão Bilateral, mesmo porque há vinte anos já lidaram com este problema e, provavelmente, terão sido os causadores da sua introdução na ilha.
Toda a ajuda é pouca nesta situação e penso ser indiscutível que verbas precisam-se para a investigação e formação de técnicos por essas ilhas fora.
A actuação falha, muito por orgulho de quem não quer admitir que é urgente a determinação de um organismo coordenador de todo este processo, que consiga estabelecer uma rede comunicacional rápida entre o Governo Regional, as autarquias, a Investigação e, sobretudo, os privados, que andam literalmente às “aranhas” com tudo isto!!!

(in A União)

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sábado, novembro 07, 2009

A utopia é semente de desenvolvimento

Tomaz Dentinho
Estou em São Tomé e Príncipe há quase uma semana. O objectivo é elaborar um caso de estudo sobre insularidade africana, que sirva para orientar as políticas do Banco Africano para o Desenvolvimento, não só relativas ao apoio ao desenvolvimento dos países insulares da rota de Vasco da Gama (Cabo Verde, São Tomé, Comores, Seicheles e Maurícia), mas também para ajustar políticas que tentam promover o desenvolvimento das muitas “ilhas” do espaço subsaariano.Temos um modelo de análise flexível e adaptável, resultado da interacção entre as ciências do desenvolvimento e a vivência das insularidades. Temos a noção de que os custos e benefícios da insularidade resultam de restrições e potencialidades associadas à pequenez das escalas e à exiguidade dos acessos. Temos a experiência de que muitos dos benefícios potenciais se transformam em custos atávicos que resultam de falhas continuadas e cumulativas de políticas erradas tantas vezes estimuladas por agentes de fora que, por sede de mar e de utopia, perturbam, com ignorância e poder, processos desejáveis e dinâmicos de desenvolvimento e sustentabilidade. E se, nos pequenos espaços insulares, esse desejo legítimo se confunde com utopia ideológica é apenas porque, por erro de focagem, o sonho dos homens se distrai da proximidade riquíssima do real. A metodologia usual dos consultores externos é lerem e sintetizarem os muitos estudos que existem sobre os espaços insulares visitáveis acrescidos por uma ou outra entrevista aos responsáveis políticos do país. Temos que nos socorrer também destes recursos e já temos a nossa pasta de São Tomé cheia de ficheiros sobre o Arquipélago, quer os que estão disponíveis na internet, quer os que esperançadamente nos cedem os agentes locais. No entanto é nas conversas com as gentes e as pessoas que vamos tendo as ideias chave que transformam um relatório maçudo numa janela de sonhos; pelo menos para quem o escreve. Nas conversas de rua as opiniões divergem. Uns dizem que há falta de capacidade para negociar o petróleo, outros afirmam o contrário. Aqueles procuram a integração nas redes internacionais de informação e conhecimento, outros estão mais preocupados com a política quando todos são parentes. Acolá acreditam nas potencialidades da insularidade e por aqui optam por chorar os inconvenientes da pequenez e do isolamento. A luz surge quando alguém nos mostra, pelo gesto, que a utopia é a semente do desenvolvimento. Obrigado para São João dos Angolares.
(in A União)

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sexta-feira, novembro 06, 2009

Ciência à Sexta

Arte e Ciência é o tema proposto para esta sexta-feira às 21h nas instalações da Universidade dos Açores no Pico da Urze. A debater este tema estarão Rogério Sousa (Associação Cultural Burra de Milho), José Nuno da Câmara Pereira (artista plástico) e João Pedro Barreiros (biólogo marinho). O debate será conduzido por Félix Rodrigues (físico e poeta). A actriz Filomena Ferreira interpretará poemas diversos alusivos à ciência. O público será também convidado a participar no debate.

Sinopse:
por Félix Rodrigues

Ciência e Arte sempre estiveram ligadas, pois traduzem sensibilidades diferentes de uma mesma visão. Afirma Álvaro de Campos (pseudónimo de Fernando Pessoa) que "O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso (...)".
Os fractais, conceito físico-matemático do nosso século, têm a estética da arte e a sensibilidade de um artista. Para algumas pessoas são estranhos, como também é estranha alguma da arte deste século XXI. O mundo fractal tem semelhanças com as estranhas pinturas de Vladimir Kandinsky ou de Henri Michaux. A geometria fractal poderá parecer estranha pelos padrões da geometria euclidiana, da ciência mais tradicional. Mas, adoptando uma frase de Fernando Pessoa, podemos de início achá-la estranha, apenas de início, mas, depois, entranhamo-la. "Primeiro estranha-se e depois... entranha-se". A estranheza científica sempre foi bem-vinda quando a ciência se revelou excelente.
A astronomia é uma área propícia a essa fusão que desde cedo ocupou alguns pensadores: Poucos filósofos, e muito menos ainda cientistas, souberam adaptar elementos sensíveis às suas teorias com tanto acerto como Pitágoras. A famosa teoria pitagórica da harmonia das esferas era muito mais profunda do que a mera conjectura da consonância das notas que os astros produzem nos seus movimentos regulares. A música era para os pitagóricos um símbolo da harmonia do cosmos e, simultaneamente, um meio de alcançar o equilíbrio interno do espírito do homem.
Newton afirmava que “A maravilhosa disposição e harmonia do universo só pode ter tido origem segundo o plano de um Ser que tudo sabe e tudo pode”, dando um salto da ciência para a arte de um universo que o apaixona, e daí, para a metafísica, quando julga reconhecer a assinatura do artista, na obra que observa e estuda.
Galileu traz para o palco da sociedade ocidental o conflito entre o saber científico e o dogma religioso. Cauteloso, Galileu escreve ciência como quem escreve uma peça de teatro, na sua famosa obra "Diálogo sobre os dois grandes sistemas do Mundo”.
São inúmeros os vultos da cultura mundial que se apaixonaram pela Astronomia, como Camões, que descreve do seguinte modo a Máquina do Mundo:

“Debaxo deste grande Firmamento,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaxo, bélico inimigo;
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vénus, que os amores traz consigo;
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaxo vai Diana.”

Shakespeare, que também viveu na época da grande revolução astronómica dizia:

“Os próprios céus, os planetas e nosso globo central
Estão submetidos a condições de categoria, de prioridade, de distância, de regularidade, De direcção, de proporção, de estação, de forma,
De atribuição e de regularidade que se observam com uma ordem invariável.
E, portanto, o glorioso planeta, o Sol, reina numa nobre proeminência no meio das outras esferas;
O seu salutar olhar, corrige o sinistro aspecto dos planetas funestos,
E impõe-se com autoridade soberana e absoluta, aos bons e maus astros.
Mas por pouco que os planetas ousem perder-se em condenável confusão,
Então, quantos flagelos! Quantas monstruosidades! Quantas revoltas! Quantos furores agitam o mar! Quantos terramotos! Que comoções dos ventos!”

Discutir ciência é também discutir visões, discutir paixões de homens apelidados de cientistas ou por vezes de artistas.

ESPÉCIE INÉDITA NOS AÇORES Gorgulho do Eucalipto encontrado na ilha Terceira

Foi encontrado nos Açores, mais propriamente na ilha Terceira, pela primeira vez, o Gorgulho do Eucalipto, originário da Austrália. A descoberta deu-se no passado mês de Setembro na zona da Caldeira do Guilherme Moniz.
Depois da descoberta recente de uma nova espécie de térmita subterrânea na ilha Terceira, surge outra revelação no estudo da biodiversidade dos Açores. Trata-se do Gorgulho do Eucalipto, de designação científica Gonipterus scutellatus Gyllenhal, 1834, uma espécie que desfolha essas árvores afectando o seu natural crescimento e a sua produção.


Em declarações ao nosso jornal, o responsável pela equipa de investigadores do Centro de Investigação e Tecnologias Agrárias dos Açores (CITA-A), da Universidade dos Açores (UAç), revela que o insecto tem se expandido por várias regiões do mundo, como África do Sul, Argentina, Itália, Califórnia, e que foi assinalado para as Canárias há 10 anos pelo entomólogo Antonio Machado Carrillo.
Paulo Borges revela ainda que nos Açores foi encontrado em Setembro deste ano na ilha Terceira na zona da Caldeira do Guilherme Moniz em Urze (Erica azorica). Mas, até ao momento, garante não haver motivos para alarmismos, apesar de o Gorgulho do Eucalipto já ter sido também encontrado em quintas particulares localizadas nas Bicas, freguesia de São Pedro, concelho de Angra do Heroísmo.
“Até agora não se registam queixas de floricultores ou particulares, o que pode indicar que os indivíduos não se alastraram”, diz o docente universitário, acrescentando que só dez por cento das espécies de insectos existentes “é que se tornam invasoras quando chegam a um novo local”.
Ao todo, refere, existem na Região cerca de 2400 espécies de insectos, das quais 1000 são exóticas. Contudo, não sendo o Gorgulho do Eucalipto considerado “perigoso” no arquipélago, ao contrário de outros lugares do globo, o especialista recorre ao exemplo da praga das térmitas, actualmente em estudo e análise para controlo da propagação nas nossas ilhas, no sentido de alertar as entidades e a comunidade em geral.


“As térmitas passaram a ser um problema”, recorda o responsável pelo CITA-A, defendendo, por isso, a necessidade de haver um maior controlo na entrada de produtos agrícolas e florestais nos Açores. “Este é um exemplo, aliás, das contrapartidas do livre-trânsito”, sublinha.
Em tom de conclusão, segundo Paulo Borges, “não se conhece ainda o seu potencial impacto nas plantas nativas dos Açores”, sendo que no que concerne ao continente português a eventual propagação da espécie, onde diz desconhecer a existência desse insecto, “não é menos preocupante”, tendo em conta haver muitas áreas de plantação de Eucaliptos.

Estudo nas Canárias

Entretanto, de acordo com um artigo de Antonio Machado Carrillo, publicado no “Diário de Avisos”, de Tenerife, em Julho de 1999, intitulado “O Gorgulho do Eucalipto nas Canárias”, pode-se ler que os Eucaliptos são árvores oriundas da Austrália que foram introduzidas em diversas regiões do mundo com propósitos industriais. O mesmo ocorreu nas Canárias, ainda que o cultivo florestal destas espécies exóticas sejam pouco extensas, pois naquele arquipélago espanhol não existe indústria de pasta de papel.
O entomólogo descreve no mesmo documento que até 1999 não se conhecia nas Canárias “nenhum bicho que metia os dentes nos eucaliptos”. Por isso reparou com atenção nas folhas tenras de várias árvores totalmente “comidas e perfuradas”. Um exame detalhado, conta, revelou a presença de “umas larvas – como pequenas babosas – de cor verde-esmeralda, cheia de pontos negros”.
Quantos aos adultos, continua, têm um tronco robusto da família dos gorgulhos, de cor castanho-avermelhado, que mede menos de um centímetro.

(In Sónia Bettencourt sonia@auniao.com, em A União)

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quinta-feira, novembro 05, 2009

Pónei da Terceira é estrela na Golegã


O pónei da ilha Terceira é uma das estrelas da “XXXIV Feira Nacional do Cavalo”, o prestigiado evento que decorre na Golegã, em Portugal Continental. A apresentação desta raça única de pónei, através do Centro de Biotecnologia dos Açores, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, acontece às 18h (hora de Lisboa), “horário nobre”.Seguem para a Golegã 10 animais, quatro machos e seis fêmeas. Artur Machado, responsável pelo Centro de Biotecnologia e responsável pelo projecto de “Recuperação e Preservação do Pónei da Terceira”, acredita que a raça vai fazer “furor” no Continente. “Uma das razões porque vai para a Golegã é porque, de imediato, reconheceram que é um animal lindíssimo, parecido com o cavalo lusitano, só que em ponto pequeno. Viram que esta apresentação teria bastante interesse”, avançou, ontem, a DI, numa entrevista concedida no gabinete no pólo universitário da Terra-Chã.
Salto NacionalArtur Machado acredita que a presença na Feira Nacional do Cavalo pode representar o “salto” do pónei da Terceira para o reconhecimento nacional. Mas, sobretudo, espera que sirve para chamar a atenção da população e do poder local.“Espero que marque a passagem para o âmbito nacional e espero também que chame a atenção da população açoriana e terceirense. Nós, infelizmente, não olhamos por vezes bem para aquilo que é nosso. Mas temos coisas que deviam ser preservadas e, por vezes, não lhes é dada a atenção devida. O reconhecimento no exterior pode, agora, levar ao reconhecimento na ilha”, avança.
Mercado com potencialO responsável por este centro da Universidade dos Açores assegura que existe um grande mercado potencial para esta raça de pónei, sobretudo ligado a escolas de equitação dirigidas ao público mais jovem. “É um animal ideal para o ensino da equitação. Também pode ser usado na atrelagem, fisioterapia ou trabalho com pessoas deficientes. O pónei encontra toda a actividade que também hoje é reservada ao cavalo. Antigamente o cavalo era um animal de trabalho. Primeiro foi um animal de combate, uma máquina de guerra, depois passou a animal de trabalho e agora teve de encontrar outra função, que é da relacionada com os tempos livres”, adianta.“Não há muitas raças de póneis, para além de não terem a beleza morfológica e a qualidade que este nosso tem. Há uma procura enorme na Europa de animais de pequenas dimensões para escolas de equitação, para desporto de iniciados, e tudo isso”, frisa.Dentro de três a quatro anos, a população deste pónei deverá estar próxima da consolidação em termos genéticos.Por agora, os póneis da Terceira são introduzidos em locais “estratégicos”, como embaixadores da raça. “O primeiro trabalho que temos de fazer é consolidar a população em termos genéticos, criar variabilidade suficiente. Os animais que não vão ser utilizados para este fim podem já começar a servir como embaixadores para a raça. Aliás, já existem quatro póneis da Terceira a fazer parte da equipa de horseball infantil do Sporting”, revela.
Recuperação da raça precisa de mais apoio
Apesar de acreditar que o pónei da Terceira poderá atingir a consolidação genética e o número de animais suficientes para começar a ceder a privados a uma maior escala dentro de três a quatro anos, Artur Machado, responsável pelo Centro de Biotecnologia dos Açores chama a atenção para o facto de o projecto ter de sobreviver nesse espaço de tempo.“São, actualmente, 40 animais. Quatro centenas de animais que têm de comer todos os dias e receber outro tipo de cuidados, o que é muito dispendioso”, revela.Artur Machado confessa que gostava de ver o Governo Regional envolvido no projecto de uma forma mais intensa. “O Governo Regional entrou no projecto de uma forma muito suave, através dos Serviços Florestais, a quem agradeço desde já, que cederam uma parcela na serra de Santa Bárbara, mas que, de maneira nenhuma, é suficiente”, afirma.O apoio pode até não ser monetário. “Poderia passar por reconhecer esta raça como um património”, lança.A universidade está aberta à existência de patrocinadores para estes animais. “As pessoas podem ajudar dentro das suas possibilidade para cuidarmos destes animais, recebendo um diploma de patrocinadores”, conclui.

(in Diário Insular)

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