"Na Lua Cheia, não cortes pau nem veia"
Félix Rodrigues
Na medicina medieval recorria-se ao uso do horóscopo e à astrologia, porque se acreditava que a posição dos planetas nos 12 signos do Zodíaco, afectava de algum modo a saúde humana, do mesmo modo que a Lua condicionava as marés, o Sol, era responsável pelas boas safras.Na Idade Média, cada órgão do corpo humano obedecia aos humores de um signo: Carneiro e a lua, por exemplo, regiam a cabeça, Sagitário as pernas, e Peixes conduzia os pés.
O médico Avicena (980-1037) afirmava que era “a má disposição dos céus quem rapidamente empeçonhentava os corpos”. A doença devia-se ao ar corrompido pelos astros que também eram responsáveis pelos surtos de epidemias que apavoravam e devastavam a sociedade medieval.Hoje em dia ainda há termos como aluado ou lunático que resultam da crença de que a lua influência a cabeça.Exactamente por isso, os estudantes de medicina da Universidade de Bolonha estudavam astrologia durante quatro anos, para que, quando aplicassem a sangria num paciente ela não fosse feita durante um estágio não conveniente da Lua (a Lua cheia, estavam certos, provocava uma hemorragia em excesso). Popularmente ainda se diz, fundamentados nessa crença medieval que “Na Lua cheia não cortes pau nem veia”. Não havia, príncipe, conde ou barão daqueles tempos que não tivesse um astrólogo à sua disposição, mesmo que a Igreja Católica o proibisse. Mesmo no Renascimento, o matemático e astrónomo Kepler obtinha o seu rendimento preparando almanaques com previsões e elaborando mapas astrais para a corte do duque de Wallenstein.Versos do Regimen Sanitatis Salernitanum apareciam com frequência nos Lunários Perpétuos dos Séculos XVII e XVIII e pretendiam estabelecer relações entre os astros e a saúde. Os lunários eram calendários perpétuos baseados nas fases da Lua. Essas publicações preocupavam-se com as questões da saúde e a previsão do tempo pela observação dos astros, das plantas e do comportamento dos animais. Tais ensinamentos estão presentes no livro “As geórgicas”, do poeta Virgílio (século I a.C.). Esta obra erudita influenciou os popularíssimos livrinhos “lunários perpétuos” editados em Portugal desde a Idade Média destinados à classe rural. As Geórgicas, de Virgílio, são um poema didáctico sobre trabalho. Constavam de quatro livros sobre agricultura e com indicações consideradas científicas na época.Muitos provérbios populares sobre o ciclo lunar ou sobre a sua influência na saúde ou agricultura podem ser encontrados, destacam-se os seguintes:"A lua não fica cheia num dia." – Referência explícita ao ciclo lunar (29,5 dias)."Não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa sem lua cheia." – Acentua o carácter móvel dessas duas festividades, cuja marcação se rege pelo calendário lunar.Provérbios como "Quando a Lua minguar, nada deves começar.", "Quando a lua minguar, não deves regar.”, "Lua cheia, abóboras como areia.", "Quando minguar a lua, não comeces coisa alguma." e "Quando a Lua minguar, nada hás-de semear.", traduzem crenças de que a Lua influencia as colheitas agrícolas.O provérbio, "A lua é calma e tem vulcões no seio." refere-se a aspectos da morfologia da sua superfície, erradamente associados a crateras vulcânicas em vez de crateras de impacto.
O médico Avicena (980-1037) afirmava que era “a má disposição dos céus quem rapidamente empeçonhentava os corpos”. A doença devia-se ao ar corrompido pelos astros que também eram responsáveis pelos surtos de epidemias que apavoravam e devastavam a sociedade medieval.Hoje em dia ainda há termos como aluado ou lunático que resultam da crença de que a lua influência a cabeça.Exactamente por isso, os estudantes de medicina da Universidade de Bolonha estudavam astrologia durante quatro anos, para que, quando aplicassem a sangria num paciente ela não fosse feita durante um estágio não conveniente da Lua (a Lua cheia, estavam certos, provocava uma hemorragia em excesso). Popularmente ainda se diz, fundamentados nessa crença medieval que “Na Lua cheia não cortes pau nem veia”. Não havia, príncipe, conde ou barão daqueles tempos que não tivesse um astrólogo à sua disposição, mesmo que a Igreja Católica o proibisse. Mesmo no Renascimento, o matemático e astrónomo Kepler obtinha o seu rendimento preparando almanaques com previsões e elaborando mapas astrais para a corte do duque de Wallenstein.Versos do Regimen Sanitatis Salernitanum apareciam com frequência nos Lunários Perpétuos dos Séculos XVII e XVIII e pretendiam estabelecer relações entre os astros e a saúde. Os lunários eram calendários perpétuos baseados nas fases da Lua. Essas publicações preocupavam-se com as questões da saúde e a previsão do tempo pela observação dos astros, das plantas e do comportamento dos animais. Tais ensinamentos estão presentes no livro “As geórgicas”, do poeta Virgílio (século I a.C.). Esta obra erudita influenciou os popularíssimos livrinhos “lunários perpétuos” editados em Portugal desde a Idade Média destinados à classe rural. As Geórgicas, de Virgílio, são um poema didáctico sobre trabalho. Constavam de quatro livros sobre agricultura e com indicações consideradas científicas na época.Muitos provérbios populares sobre o ciclo lunar ou sobre a sua influência na saúde ou agricultura podem ser encontrados, destacam-se os seguintes:"A lua não fica cheia num dia." – Referência explícita ao ciclo lunar (29,5 dias)."Não há Entrudo sem lua nova, nem Páscoa sem lua cheia." – Acentua o carácter móvel dessas duas festividades, cuja marcação se rege pelo calendário lunar.Provérbios como "Quando a Lua minguar, nada deves começar.", "Quando a lua minguar, não deves regar.”, "Lua cheia, abóboras como areia.", "Quando minguar a lua, não comeces coisa alguma." e "Quando a Lua minguar, nada hás-de semear.", traduzem crenças de que a Lua influencia as colheitas agrícolas.O provérbio, "A lua é calma e tem vulcões no seio." refere-se a aspectos da morfologia da sua superfície, erradamente associados a crateras vulcânicas em vez de crateras de impacto.
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Etiquetas: Ano Internacional da Astronomia, Félix Rodrigues, provérbios
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