quarta-feira, novembro 04, 2009

Térmita subterrânea identificada na Praia da Vitória


Foi confirmada a existência de uma espécie de térmita subterrânea no concelho da Praia da Vitória, em Santa Rita. A informação foi avançada a DI pelo especialista em térmitas e professor da Universidade dos Açores (UA), Paulo Borges, que adianta ainda que existem fortes indícios de que se trata da espécie Reticulitermes, que pode ter “um significativo impacto económico negativo”.De acordo com o coordenador do portal “SOS Térmitas”, a espécie foi identificada no dia 21 de Outubro, numa visita à zona de Santa Rita no antigo Bairro Americano. Esta visita foi realizada pela equipa de controlo e monitorização das Térmitas no arquipélago do Grupo Biodiversidade, a pedido de um proprietário.“Durante esta visita foi detectada a presença de uma espécie de térmita subterrânea em duas habitações. Vários exemplares da espécie foram recolhidos para registo e identificação, tendo sido várias imagens enviadas a especialistas nacionais (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) e estrangeiros (Dr. Timothy Myles e Dr. Scheffrahn) para identificação da espécie”, adianta Paulo Borges.Além da presença em duas moradias, o relatório do grupo da Biodiversidade indica que “foram encontradas colónias com vários indivíduos no quintal das mesmas casas em zonas de depósitos de madeiras”.A espécie Reticulitermes será a mesma recentemente identificada na ilha do Faial (Reticulitermes grassei). As térmitas subterrâneas diferem “das outras de madeira húmida e de madeira seca, pelo facto que estas constroem os seus ninhos no solo e são muito dependentes de solos húmidos”, explica.“Esta é uma espécie invasora e o seu potencial de destruição será tanto menor quanto mais breve for a reacção das autoridades face ao problema”, alerta já o relatório.
MedidasO documento da equipa da UA recomenda medidas “urgentes” para combater esta nova praga. Entre elas está a realização de um estudo pormenorizado para determinar a área afectada pela espécie. Segundo o relatório, “este estudo implicaria a utilização de armadilhas simples, colocadas no solo, distribuídas de uma forma circular em torno do foco detectado”.“Depois de delimitada a área de infestação devem ser aplicadas diferentes estratégias de combate de forma integrada. Uma componente chave deste processo implica a utilização de controle de colónias usando iscos e o método Trap-Treat-Release”, especifica ainda o grupo de especialistas.Outra medida simples, mas urgente é a “remoção das madeiras deixadas no exterior das casas que são basicamente alimento para as térmitas e que consequentemente são uma ajuda para a sua proliferação. Este serviço deverá ser realizado pelas entidades competentes, como a Câmara Municipal da Praia da Vitória e Serviços de Ambiente da Ilha Terceira em parceria com os moradores afectados”, prossegue o relatório. “As madeiras recolhidas deverão ser queimadas, uma vez que a sua colocação em aterro será uma forma de as ajudar na proliferação e não as eliminará”, conclui.A equipa composta por Paulo Borges e os bolseiros Orlando Guerreiro e Annabella Borges recorda que nos Estados Unidos as térmitas subterrâneas são responsáveis por 80 por cento dos 2,2 milhões de dólares gastos todos os anos para o controle da praga. “Por se alimentarem de celulose de madeira a sua presença em estruturas humanas é possível e quando acontece passa despercebida por longos períodos de tempo”, conclui o relatório da equipa da UA.

(in Diário Insular)

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