domingo, novembro 01, 2009

Alimentação pode prevenir o cancro


Estamos a viver dias de grande sensibilização (tentativas…) para o problema do cancro da mama. Pode ser estabelecida alguma ligação entre este tipo de cancro e a alimentação típica das mulheres açorianas?

O aparecimento do cancro da mama está associado a diversos factores de risco, nomeadamente a idade, a história familiar, alterações genéticas, inactividade física... sendo a alimentação desequilibrada também considerada um factor de risco. Tendo em conta que a alimentação das mulheres açorianas encontra-se num panorama de excessos, nomeadamente com o elevado consumo de gorduras de origem animal (manteiga, queijo, enchidos, carne gorda, fritos) e baixo consumo de verduras, este padrão alimentar poderá contribuir para o aumento de risco de cancro da mama.Mulheres obesas apresentam também um risco aumentado de cancro da mama, principalmente após a menopausa, e como nos Açores, a prevalência da obesidade nas mulheres atinge cerca de 19% da população, este será também um factor a ter em conta.

Há evidências de que a alimentação contemporânea possa estar ligada a formas de cancro, incluindo o da mama?
A alimentação contemporânea caracteriza-se por uma elevada ingestão de gorduras (principalmente de origem animal), sal, açúcares, bem como uma baixa ingestão de frutas a verduras. Esta padrão alimentar ocorre particularmente devido à conjuntura actual de uma grande oferta alimentar de produtos pré-confeccionados e de preparação rápida, mas de baixa qualidade nutricional.Tal como referi anteriormente, este tipo de alimentação é um factor de risco para o cancro da mama, bem como de outros tipos de cancro, nomeadamente os cancros associados ao tracto intestinal. O consumo de álcool também se encontra presente nos actuais estilos de vida, sendo o elevado consumo deste também considerado um factor de risco associado ao cancro da mama, bem como a outros tipos de cancro. Um factor também importante a salientar, embora não directamente relacionado com a alimentação contemporânea da mulher, mas com os seus estilos de vida, é a (in)existência da prática de actividade física. Segundo alguns estudos, mulheres que são fisicamente activas têm um risco menor de cancro de mama, bem como esta prática previne o excesso de peso e obesidade.
É defensável que uma dieta vegetariana possa proteger melhor o organismo contra o cancro?
A dieta vegetariana poderá ser uma alternativa na prevenção do cancro, mas não será a única. Uma alimentação para ser promotora de saúde e defensora contra a doença não tem que ser obrigatoriamente vegetariana. Um padrão alimentar rico em legumes e verduras, frutas, peixes e carnes magras e hidratos de carbono complexos e pobre em açúcares simples, sal e gorduras animais, pode perfeitamente enquadrar-se num estilo de vida saudável e protector de risco de cancro. Assim, a melhor forma de proteger o organismo contra o cancro é adoptar hábitos de vida saudáveis no seu dia-a-dia, independentemente do tipo de dieta.
É possível mudar os hábitos alimentares de uma população ou a missão é impossível?
Nada é impossível. Mudar os hábitos de uma população é difícil, exige esforços colectivos, necessitando de uma acção integrada e comunitária. Para efectivamente conseguirmos mudar hábitos alimentares de uma população é necessário criar estratégias que possam mudar conhecimentos, atitudes e comportamentos da população. Então todos os sectores devem ser incluídos, desde os serviços de saúde da região, as autarquias, as escolas, as entidades empresariais, a restauração, os órgãos de comunicação social... para que assim, através desta acção intersectorial, se possa ajudar a criar uma sociedade com estilos de vida mais saudáveis.

(In Diário Insular)

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