segunda-feira, fevereiro 28, 2011
sábado, fevereiro 26, 2011
Polémica sobre contaminação de aquíferos
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
PELA UNIVERSIDADE DOS AÇORES Garça-nocturna-coroada registada pela primeira vez na ilha Terceira
Dois docentes da Universidade dos Açores identificaram e fizeram o registo da presença da “Nyctanassa violácea” nos Açores.
Comummente conhecida como garça-nocturna-coroada ou goraz-coroado, esta ave foi fotografada pelo docente do Centro de Centro de Investigação Tecnológica Agrária dos Açores (CITAA-A) e membro do Grupo de Biodiversidade dos Açores, Paulo Borges, sendo o primeiro registo da mesma nas ilhas efectuado em parceria com a professora Filomena Ferreira.
Segundo informação disponibilizada pelo portal da biodiversidade, trata-se da primeira vez que a presença desta garça-nocturna-coroada foi registada “no Paleártico Ocidental.”
“Desde finais de Julho do ano passado que esta ave é frequentemente observada na Marina de Angra do Heroísmo”, informam os investigadores.
Ave de coroa amarela
Segundo explicam os docentes universitários, o espécimen detectado refere-se a uma ave juvenil, com plumagem acastanhada, pequenas manchas de cor branca nas asas e estrias indistintas no ventre.
A descrição da ave é completada com o facto da ave rara detectada nos Açores possuir bico preto e patas esverdeadas.
Em termos de desenvolvimento, quando esta espécie atinge a fase adulta, com cerca de dois anos, esta garça exibe plumagem cinzenta, cara e bico pretos, bochechas brancas, e uma característica coroa amarela na cabeça. As patas são de cor amarela, tornando-se avermelhadas nos machos reprodutores”.
Garça da América do Norte
A Garça-nocturna-coroada é originária da América do Norte. Nidifica em vários estados norte-americanos, desde a Califónia até ao Maine, passando por Oklahoma, Colorado, Kansas, Nebraska, etc., mas também no México, Costa do Golfo, Bahamas, América Cental e América do Sul, incluindo as ilhas Galápagos e Brasil onde é conhecida como Savacu-de-coroa.
É uma ave bastante sedentária e normalmente inverna nos mesmos sítios onde nidifica. Ocasionalmente pode ser vista em outros estados da América do Norte (onde não é nidificante) e em algumas regiões do Canadá.
Como habitat esta ave prefere áreas húmidas arborizadas, como pântanos, lagoas, lagos ou mangais. É comum ser encontrada em águas rasas de maré, bem como ao longo dos rios de planície com árvores nas redondezas (Kaufman 1996).
Como o nome comum indica, a Garça-nocturna-coroada alimenta-se principalmente ao fim da tarde e noite, embora possa ocorrer alguma actividade durante o dia, principalmente em zonas costeiras (Kaufman 1996).
(In Humberta Augusto haugusto@auniao.com)
terça-feira, fevereiro 22, 2011
Olé Tunas: Anima Angra em Março
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
Contaminação por hidrocarbonetos na Praia da Vitória
segunda-feira, fevereiro 14, 2011
Paisagem temperada de nuvens
Félix Rodrigues (Opinião)
As nuvens são conjuntos visíveis de partículas diminutas de gelo ou água em suspensão na atmosfera, ou ainda uma mistura de ambas (gelo e água). Estas apresentam diversas formas, que variam com as dimensões, número e distribuição espacial das partículas que as constituem e das correntes atmosféricas que as formam ou desfazem.
Apesar das nuvens serem uma constante do nosso dia-a-dia, foi só em 1802 que o naturalista francês Lamarck propôs um sistema para a sua classificação, mesmo assim, esse sistema não foi reconhecido como útil. O sistema de classificação actualmente utilizado aparece em 1929, como proposta de Luke Howard, e foi aceite pela Comissão Meteorológica Internacional.
A luz proveniente do Sol ao chegar ao topo da atmosfera sofre reflexão, refracção e alguns componentes da radiação electromagnética são desviados. Isso faz com que a luz a uma dada latitude, como é o caso dos Açores, tenha uma cor singular e que tal se possa também traduzir na cor das nuvens, que depende, da intensidade e da cor da luz que a ilumina, bem como das posições relativas ocupadas pelo observador e pela fonte de luz em relação à nuvem.
As nuvens, profícuas no céu dos Açores, em forma, tipo e cor, também são uma riqueza do Arquipélago já que produzem paisagens mutantes, que noutros tempos era inspiradora de pintores impressionistas e expressionistas, e na actualidade, inspiradora dos fotógrafos da natureza. Pretende-se com isto evidenciar a importância das nuvens num conceito de paisagem açoriana, que conjuntamente com a cultura, promovem a identidade do seu povo. A paisagem açoriana é essencialmente rural e sempre polvilhada de nuvens.
O espaço rural, está a modificar-se ou a reconfigurar-se para poder responder aos desafios da actual sociedade de informação e conhecimento numa co-evolução com a ciência e tecnologia, tal como a concentração de nuvens no céu respondem ao seu clima.
É importante analisarmos o rural e a sua paisagem, na sua variedade e complexidade cultural mas também repensar o lugar que este ocupa no sistema social regional ou nacional, não esquecendo os elementos bucólicos que este ainda encerra. Esses elementos são uma mais valia do ponto de vista turístico e cultural. Há um universo simbólico na ruralidade insular que interessa aproveitar, pois as oportunidades do presente perspectivam o futuro.
Neste contexto, a fotografia por exemplo, encerra um sentimento de cobiça ou um desejo de posse, por aquilo que nela está simbolizado, como o pôr-do-sol, uma paisagem ou um objecto. Quanto mais precioso for o que estiver sacramentalmente guardado numa imagem, mais valiosa se torna a fotografia e por consequência aquilo que esta captou. É, neste contexto, importante promover a fotografia nos Açores.
A “imagem de marca da Montanha do Pico” são as nuvens lenticulares, com forma de chapéu. A sua formação não é rara, mas a sua explicação é complexa. Quando um fluxo de ar colide com a montanha é obrigado a subir, e por consequência arrefece. Se a humidade for suficientemente elevada dará origem à formação de uma nuvem, normalmente a uma altitude tal que se atinge o ponto de saturação. Por vezes tal só acontece junto ao cume da montanha desenhando aí um "chapéu" ou coifa. Assim, abundantemente, o Pico aparece majestoso, entre dois tons da azul: do mar e do céu, contrastando com os “ovnis” cinzentos esbranquiçados que o sobrevoam. A forma rara das nuvens lenticulares contrastando com o monstruoso e singular cone vulcânico do Pico dará a cada observador uma imagem física e espiritual distinta.
Mas voltando às nuvens e à importância que estas têm na paisagem açoriana, a imagem é sempre uma criação pura do espírito. Ela não pode nascer de uma comparação, mas da aproximação de duas realidades mais ou menos distanciadas ou com explicações muito diferentes, como afirmam alguns autores.
Não esquecendo que o cerne da visão romântica do mundo é o sujeito, as suas paixões e os seus traços de personalidade, que comandam no romantismo, especialmente na criação artística, acredita-se que também sejam esses atributos que levam os românticos a escolher o seu destino de férias. Na pintura romântica, dominavam as grandes extensões de mar, montanhas e planícies cobertas de nuvens ou neblina que se estendiam quase até ao infinito, as rochas e picos, e o homem retirado em atitude contemplativa. A natureza era o lugar da experiência espiritual do indivíduo.
A paisagem açoriana é romântica, com um toque branco de nuvens, tonalidades de verde e uma infinidade de azul do mar e cinzento das brumas.
Nas ilhas, afirma o escritor Olivier Rolin "...as estradas de pavimentos negros trepam pelo flanco de velhos vulcões, perdem-se por instantes na névoa cinzenta, sobranceiras às crateras afogadas em água turquesa ou de um esmeralda perfeito, descem em direcção às manchas de oceano onde desliza a sombra leitosa das nuvens".
Nuvens, temo-las tantas, e pouco uso fazemos delas, que nem um pequeno catálogo com as figuras de cirrus, altostratus, stratus ou cumulonimbus temos nos miradouros das nossas ilhas.
Paisagens românticas temo-las em quantidade, mas não as promovemos para públicos específicos, como por exemplo, casais em Lua-de-Mel. Apesar de se afirmar que um casal apaixonado consegue transformar qualquer lugar num destino romântico, na prática, isso não é bem assim. A escolha recai geralmente sobre destinos calmos e românticos como serras, estâncias hidrotermais, ilhas e praias. Porque não estas ilhas, onde as nuvens brancas se assemelham a anjos do céu? Talvez não nos apercebamos o quão diferente estas ilhas são.
(In Semanário Terra Nostra)
domingo, fevereiro 13, 2011
sábado, fevereiro 12, 2011
Bicentenário mais dois anos do nascimento de Darwin, que não olhou para os Açores
Ainda muito recentemente se comemorou o bicentenário do nascimento de Charles Darwin, quer queiramos ou não, um dos grandes vultos mundiais das ciências naturais. A 12 de Fevereiro de 2011, comemoram-se os 202 anos do seu nascimento.
É de todos conhecido que Darwin passou no nosso arquipélago e vários foram os cientistas portugueses que quiseram contradizê-lo, alguns deles insignes açorianos, pela frase que escreveu sobre as nossas ilhas: "Não há nada que mereça ser visto". Carlos Fiolhais afirma que "Fatigado por quase cinco anos de viagem, Darwin passou seis dias nos Açores em 1836 e que a sua omissão foi lamentável, mas a ciência portuguesa pagou-lhe na mesma moeda e demorou alguns anos a interessar-se pela sua obra."
O Professor Frias Martins, liderando um grupo de investigadores açorianos, aquando da comemoração do bicentenário deste naturalista britânico, quis provar que Darwin se enganou ao menosprezar o interesse das ilhas depois de uma visita à ilha Terceira, e planeou ilustrar a história da vida ao longo de 46 quilómetros em São Miguel.
De facto, no regresso a Inglaterra da sua viagem, a bordo do Beagle, Darwin aportou à ilha Terceira a 19 de Setembro de 1836, onde esteve alguns dias, e terá também passado brevemente por São Miguel, mas sem ir a terra. Mesmo que não tivesse ido a terra em qualquer uma das ilhas, é estranho que achasse que não havia nada que "merecesse ser visto" (provavelmente referia-se à fauna e flora). É estranho que Darwin não tivesse reparado no Monte Brasil, nos Ilhéus das Cabras ou no ilhéu de Vila Franca. Vem este comentário a propósito do facto das formações palagoníticas serem comuns em ilhas vulcânicas, como é o caso dos Açores, e as estruturas geológicas anteriormente referidas "darem nas vistas". Não fosse também o facto da palagonite ter sido descrita pela primeira vez por Charles Darwin.
A palagonite é o primeiro produto heterogéneo estável resultante da alteração do vidro vulcânico, constituindo boa parte dos ilhéus e cones costeiros típicos das formações litorais de natureza basáltica, que existem nas Galápagos, mas também, em abundância, aqui nos Açores. Se Darwin tivesse olhado com o mínimo de capacidade interpretativa para o Monte Brasil, logo ali, na Rua da Rocha, teria verificado existirem palagonites, e se olhasse mais de perto, também encontraria fósseis de plantas incrustados neles, fósseis esses, só mais tarde referidos pelo Tenente Coronel José Agostinho. Tais fósseis modernos teriam contribuído para sedimentar a sua teoria da evolução. Mas o Homem não viu, pois era mais dado a borboletas e menos a calhaus!
As palagonites e a sua génese continuam a ter grande interesse científico, pois os seus finos grãos têm propriedades espectrofotométricas semelhantes às poeiras de Marte, o que levou à conclusão de que este planeta teve água. A pesquisa do espaço faz-nos pensar em missões em regiões longínquas do Universo, mas a verdade é que esta busca começa aqui mesmo, no planeta Terra, do qual conhecemos ainda tão pouco. Neste aspecto, os nossos ilhéus, muitos deles estruturas palagonitizadas, continuam a ter interesse de estudo, quanto mais não seja para percebermos melhor a geologia dos planetas telúricos. Independentemente disso, nós açorianos transformámo-los em ícones ambientais, por comporem a nossa paisagem: os Ilhéus das Cabras são inequivocamente um ícone da Terceira, o ilhéu de Vila Franca um ícone de São Miguel, o ilhéu de Vila do Porto um ícone de Santa Maria, o Ilhéu da Praia um ícone da Graciosa, o ilhéu do Topo um ícone de São Jorge, o ilhéu da Gadelha um ícone das Flores e os ilhéus em Pé e Deitado, ícones do canal Pico-Faial.
A percepção de uma paisagem, não é uma exclusiva recepção de estímulos sensoriais, resulta da capacidade do observador elaborar e reconhecer diferenças e semelhanças entre objectos. Como foi possível que Darwin não tivesse reconhecido na paisagem vulcânica açoriana similaridades com a paisagem das Galápagos, principalmente naquilo que imediatamente se vê do mar como são os ilhéus açorianos palagonitizados?
Uma hipótese interpretativa possível para o desleixo de Darwin poderá estar relacionada com a síndrome do "fim-de-viagem", numa lógica próxima da síndrome de "fim-do-ano". Segundo o psicanalista Dunker, autor do artigo "Fantasmas do fim de ano", o facto das pessoas fazerem um esforço, aquando da passagem de ano, para se lembrarem do que se passou nesse ano, e em simultâneo fazerem planos para o ano seguinte, pode desencadear uma série de sentimentos antagónicos muitas vezes dominados pelo descontentamento ou desinteresse.
Os Açores foram a última paragem de Darwin, de um passeio que demorou quase cinco anos. Faltavam apenas oito dias para que chegasse a casa. Provavelmente cansado, já haveria pouca coisa que lhe interessasse. Se este Arquipélago tivesse sido o primeiro ponto de escala do Beagle, acredito que Darwin o teria descrito como o mais interessante do mundo. A conclusão a tirar, se essa hipótese for verdadeira, é que o grande erro de Darwin foi não ter escolhido os Açores para primeira paragem, das dezenas que acabou por fazer pelo mundo fora a bordo do Beagle.
(In Semanário Terra Nostra e Diário Insular)
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Observação de aves nos pauis da Praia
terça-feira, fevereiro 08, 2011
DENUNCIADA NA INSPECÇÃO DO AMBIENTE Pragas exóticas em alerta no comércio açoriano
A denuncia foi feita a meio da semana passada junto da Inspecção Regional do Ambiente (IRA) e, depois de investigada pela Universidade dos Açores (UA), nomeadamente pelo Grupo de Biodiversidade dos Açores, do Centro de Investigação Tecnológica Agrária dos Açores (CITAA-A), confirmou-se a existência de aparas de lenha contaminadas não só com as térmitas de madeira seca, como subterrânea, além de formigas exóticas, em comercialização em várias ilhas.
A venda deste produto, com origem no território Continental, está a ser efectuada por grandes superfícies comerciais e por estabelecimentos do comércio local.
Isso mesmo confirmou ao nosso jornal, o Inspector Regional do Ambiente, Francisco Medeiros, que refere tratar-se de “lenha colocada à venda resultante de restos florestais de limpezas de matas no território Continental”.
Em causa, apurámos, está um produto da marca/empresa “SOLF”- Soluções de Valorização de Produtos e Resíduos Florestais, Lda, com residência fiscal em Ponte de Sôr.
Treze espécies detectadas
“A Inspecção Regional do Ambiente foi alertada para uma situação de comercialização de aparas de lenha com origem no território Continental vendida nos Açores em diversos estabelecimentos comerciais, que se suspeitava pudessem estar infestadas com térmitas ou outras espécies de fauna exótica”, explicou o inspector.
Após ter recolhido vários sacos desse material como amostra para efeitos de análise na academia açoriana, a IRA refere que: “das amostras recolhidas e entregues na UA para análise, confirmou-se a infestação das madeiras, tendo sido capturados cerca de 13 espécies diferentes de artrópodes, entre as quais as duas espécies de térmitas europeias, uma subterrânea (Reticulitermes grassei), conhecida nos Açores, apenas na cidade da Horta (Faial) e outra de madeira viva (Kalotermes flavicolis), já conhecida em várias ilhas dos Açores. De assinalar também a presença de duas espécies diferentes de formigas do género Crematogaster, desconhecidas nos Açores”.
Situação “grave” e “preocupante”
De acordo com o relatório produzido pelo CITA-A: “os resultados obtidos são muito preocupantes e demonstram claramente que estamos perante uma situação muito grave de introdução de fauna exótica nos Açores”.
Afirmando desconhecer qual a quantidade de material infestado que deu entrada nos Açores, o Inspector Regional do Ambiente disse que recai sobre os comerciantes, não só a necessidade de certificação de bens livres de contaminação, como a responsabilidade da “eliminação do risco de infestação”, ou seja, pela sua destruição.
“Fazemos este alerta junto de todos os comerciantes para que tenham muito cuidado com esse tipo de produto. Ao comprarem no continente, tenham muito cuidado com os fornecedores que estão a vender esse tipo de material porque eles podem estar contaminados, e a amostra que tivemos foi muito esclarecedora: praticamente todos os sacos que recolhemos estavam contaminados com térmitas, formigas, e outros insectos exóticos – alguns que nunca tinham sido vistos nos Açores”.
“Portanto, estamos aqui a correr um grande risco de introdução de espécies na biodiversidade da Região”, disse, informando que a empresa, referente à denúncia efectuada, já foi notificada pela IRA para a presente situação.
Além disto, “a Inspecção Regional do Ambiente alertou já todas as entidades com competências de fiscalização na matéria, para verificação deste tipo de materiais quer no momento de introdução na Região em portos ou aeroportos, quer nos estabelecimentos comerciais onde se encontram à venda”, acrescentou.
Coimas dos dois aos 48 mil euros
O IRA recorda, junto dos empresários e comerciantes que adquiram produtor similares para venda nos Açores que “nos termos da lei em vigor, é proibida a introdução na Região, por qualquer meio ou método, de térmitas vivas ou seus ovos viáveis incluindo a introdução, quando infestados, de madeiras, plantas e suas partes, mobiliário e outros materiais que contenham madeira ou material celulósico”.
“Sempre que seja detectada, ou existam fundadas razões para suspeitar da sua existência, a responsabilidade pela desinfestação de quaisquer bens ou resíduos contaminados por térmitas, ou que contenham os seus ovos viáveis, cabe ao seu detentor, ficando este obrigado a promover a desinfestação ou proceder à sua imediata destruição por método que garanta a eliminação do risco de infestação”.
O não cumprimento do disposto resulta em infracção punível com aplicação de coimas que podem variar de um valor mínimo de 2.000 euros a um máximo de 48.000 euros em caso de dolo e se praticadas por pessoas colectivas.
(In Humberta Augusto haugusto@auniao.com)
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
A singularidade dos Campos Fumarólicos Açorianos, do ponto de vista turístico
As furnas (campos fumarólicos) correspondem a um fenómeno de vulcanismo secundário, onde ocorre a emissão de gases para a superfície terrestre, através de um sistema de fissuras.
Tanto o campo fumarólico das Furnas em São Miguel, como o Campo fumarólico das Furnas do Enxofre na ilha Terceira, são ícones turísticos dos Açores, cuja interpretação científica ajuda a criar valor acrescentado a essas paisagens, mas onde as emoções desencadeadas por esses espaços, também são uma mais valia. Nesses campos fumarólicos a ciência está por todo o lado, encontrando-se numa multiplicidade de lugares, de cores, sons e aromas, traduzindo-se numa verdadeira sinfonia para os sentidos. Atrevo-me a dizer que os campos fumarólicos açorianos são em termos paisagísticos dos mais bonitos do mundo, mas talvez menos imponentes do que uns quantos. Locais menos desenvolvidos, mais isolados, mais distantes entre outros factores, como Sol de Mañana na Bolívia, El Tatio, no Chile, Morne Trois Piton na Dominica, Katmai National Park no Alasca ou o Parque Virunga no Ruanda atraem anualmente cerca de 60 000, 100 000, 15 000 e 10 000 visitantes por ano, respectivamente.
Apesar de à partida considerarmos as Furnas em São Miguel mais atractivas, em termos de paisagem do que as da Terceira, elas não são concorrentes, mas sim complementares.
A paisagem cria-se, recria-se e produz serviços económicos e ambientais.
Na actualidade há diferentes procuras turísticas, mesmo no campo do turismo da natureza, turismo ecológico ou turismo rural.
A paisagem da freguesia das Furnas por exemplo, encerra a “vivência idílica do mundo rural”, numa simbiose quase perfeita entre a cautela aspirada pelo ser humano e a braveza da natureza. É uma paisagem impar no contexto internacional. É uma paisagem que tende a captar, de acordo com vários investigadores, pessoas com conhecimentos médios/elevados e posses razoáveis. Assim, uma aposta nas redes de comunicação/informação nesse povoado, tem a capacidade de atrair massa crítica, criando novas possibilidades de emprego para a população local.
Por seu turno, a paisagem da Lagoa das Furnas com um campo fumarólico nas suas margens, é singular, mas só possível de manter com a qualidade desejável se houver regulamentação adequada e intervenção tecnológica. Trata-se pois de uma paisagem onde a “Tecnocracia ambiental” terá que estar sempre presente: condicionando usos do solo, tratando as águas, restringindo acessos. Assim, o valor estratégico turístico desse sítio só pode ser mantido com investimento público. Uma forma de rentabilizar esse investimento público, criando emprego, é através da cobrança de ingressos cujas verbas podem ser canalizadas para a aplicação de técnicas que melhorem sucessivamente a qualidade da paisagem.
O campo fumarólico das Furnas do Enxofre na ilha Terceira, tem as características dos locais que alguns investigadores afirmam estar na moda, classificando a tendência como “Moda do Selvagem”. Esse ambiente constitui uma paisagem onde a agricultura está praticamente ausente, os elementos de carácter antropogénico são inexistentes, com excepção dos carreiros em madeira construídos para conduzir os excursionistas. É um espaço que carece de interpretação, dado que não tem à partida elementos que produzam estupefacção, quando comparado com as Furnas de São Miguel. O espanto nesse local desponta aquando da compreensão dos elementos da paisagem. Faz sentido que aí exista um guia interprete da natureza, sendo também possível criar por essa via, postos de trabalho, que não tem que ser forçosamente governamentais.
Se não soubermos aproveitar as nossas singularidades turísticas, como é o caso dos campos fumarólicos açorianos, será muito difícil atingirmos a sustentabilidade socio-económica e ambiental.
A singularidade dos campos fumarólicos não se deve somente às emissões vulcânicas, deve-se também a um conjunto de factores peculiares, como a qualidade ambiental que os rodeia, espelhada na qualidade do ar, níveis reduzidos de ruído, ao qual se associa uma luz temperada que os ilumina. Os nossos campos fumarólicos, mais uma vez se afirmam no contexto mundial, pela singularidade, singularidade essa que lhe atribui valor acrescentado do ponto de vista turístico.
Nas furnas é possível encontrar um vasto conjunto de líquenes que aí vivem, e só aí vivem, porque os níveis de dióxido de enxofre e ácido sulfídrico são reduzidos, indiciando excelente qualidade do ar desses ambientes. Tal é possível porque esses gases facilmente são transformados em partículas em ambientes húmidos. O risco de intoxicação aquando da sua visitação, quando comparado com o de outros locais do globo com actividade vulcânica superficial, é muito reduzido.
O cheiro dos compostos de enxofre das furnas açorianas mantêm-se na memória olfactiva de quem as visita.
O cheiro na freguesia das Furnas é completamente diferente dos odores que se detectam na Lagoa das Furnas ou nas Furnas do Enxofre, estes últimos resultam da mistura de compostos de enxofre com compostos orgânicos voláteis da vegetação pristina, concedendo, através dos aromas, identidade à paisagem.
O ambiente acústico também é diferenciador das paisagens: na vila, sentem-se os rumores dos homens, na lagoa o esvoaçar dos pássaros, o ramalhar das árvores, o rufar quase imperceptível das águas, enquanto que nas Furnas do Enxofre, se sente, na maioria das vezes, a ausência completa de som, como que numa singularidade espaço-tempo de um universo sonoro. Quanto stress poderá ser aí aliviado? Quanta paz de espírito pode ser aí conquistada?
O vapor de água esbranquiçado contrasta na vila com o casario branco, com o verde azulado das águas, na Lagoa, e nas Furnas do Enxofre, com o verde fluorescente da vegetação endémica. Até no solo, as manchas são diferentes nos três lugares, pela calçada, pelos diferentes estados de oxidação do ferro, ora ferroso ora férrico, pelos cristais amarelos ou esbranquiçados de enxofre que se formam nas bocarras abertas da terra, ou pelas algas e cianobactérias albergadas no vapor de água ou nas águas quentes.
Todos os dias a paisagem nas fumarolas é mutante, quanto mais não seja pelo céu.
Se houver memória emotiva, captada pelos cinco sentidos nessas paisagens, o sexto deles, traduzir-se-á pelo insight ou crença de que é possível ter desenvolvimento e emprego por detrás dessas singularidades.
Nesta época de crise, temos que ser criativos, temos que rentabilizar o que é possível rentabilizar, temos que criar emprego em torno daquilo que temos, do que somos capazes de proteger e do que somos capazes de imaginar.
O conjunto de campos fumarólicos distribuído nas várias ilhas não é um “handicap”, mas uma mais valia: quando se conhece um deles, há vontade de conhecer os outros. Tendo isso em mente, exige-se o planeamento de um roteiro, um markting apropriado para o conjunto, um trabalho conexo entre ilhas e municípios, um pensar os Açores como o conjunto de nove ilhas que de facto é.
domingo, fevereiro 06, 2011
"Cuidados Paliativos: Confrontar a Morte"
"Cuidados Paliativos: Confrontar a Morte" é a primeira publicação de autoria açoriana da Universidade Católica Editora. Sandra Martins Pereira escreveu a obra a partir da sua tese de doutoramento em Bioética.
A docente na Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo fez questão de lançar o livro na Escola onde leciona, acreditando que este é um livro que terá interesse para os técnicos de saúde que trabalham com cuidados paliativos.
A apresentação pública oficial decorreu no passado dia 19 de janeiro, na ESEAH, porque a instituição, segundo explica Sandra, "contribuiu em primeira estância para os conteúdos registados no meu currículo profissional".
O livro aborda questões relacionadas com os doentes e as suas famílias assim como os dilemas éticos com os quais médicos e enfermeiros podem ser confrontados no dia-a-dia da sua atividade profissional.
"Pela dignidade, pelo rigor e pela qualidade de vida do doente". É assim que a autora sintetiza o conteúdo geral do livro composto por 175 páginas que apresentam formas de tratar, cuidar e apoiar ativamente doentes em fase terminal de vida e/ou com doenças incuráveis.
Segundo a enfermeira, o trabalho surge por incentivo do docente orientador do seu doutoramento, António Fonseca, que redigiu o prefácio do livro.
"A ideia desta publicação também surgiu pela minha integração num projeto de investigação integrado no Instituto de Bioética da UCP, coordenado pelos professores António Fonseca e Ana Sofia Carvalho", explica a docente, que espera que esta obra seja um livro de bolso para todos os técnicos de saúde que trabalham na área dos cuidados paliativos.
"Espero que este seja uma mais valia para quem se dedica a esta área e acredito que esta publicação pode ser utilizada como um livro de bolso e de consulta em qualquer situação. Pelo menos é o que espero", confessa.
O que são Cuidados Paliativos?
Os cuidados paliativos definem-se como uma resposta ativa aos problemas decorrentes da doença grave e/ou prolongada, incurável e progressiva, na tentativa de prevenir o sofrimento que ela gera e de proporcionar a máxima qualidade de vida possível a estes doentes e suas famílias.
São cuidados de saúde especializados, numa resposta técnica, humanizada e rigorosa, àquela tão propagada ideia de que quando não curamos uma doença grave, "já não há nada a fazer".
Os cuidados paliativos e a obra de Sandra Pereira vêm mostrar que isso não é verdade, pois quem trabalha nessa área pode não concretizar a cura, mas pode fazer muito para proporcionar conforto, dignidade e qualidade de vida.
A intervenção dos cuidados paliativos consiste em saber controlar os vários sintomas que os doentes apresentam que não apenas a dor; em saber comunicar adequadamente com o doente e a sua família, promovendo "obrigatoriamente" a sua dignidade e prestar apoio à família numa abordagem em equipa interdisciplinar, devidamente treinada.
Nos doentes que possam necessitar de cuidados paliativos incluem-se doentes com cancro, com SIDA em estado avançado, doentes com insuficiências de órgãos avançadas, por exemplo, cardíacas, respiratórias, hepáticas e renais; doentes com doenças neurológicas degenerativas e graves e doentes com AVC's e demências em estado muito avançado.
Estes cuidados de saúde, para serem eficazes na redução pretendida do sofrimento, devem ser disponibilizados muito tempo antes do falecimento e não apenas nos últimos dias de vida.
Basicamente, são cuidados que pretendem ajudar a viver, para doentes graves e/ou incuráveis, que podem ser oferecidos meses, semanas e em algumas vezes anos antes de as pessoas virem a morrer.
Os cuidados paliativos devem ser parte integrante do sistema de saúde, pois promovem uma intervenção técnica que requer formação específica obrigatória para os profissionais que os prestam.
São cuidados preventivos que previnem o sofrimento motivado por sintomas como a dor, a fadiga, a falta de ar entre outros, pelas múltiplas perdas físicas e psicológicas associadas à doença grave e terminal e reduzem o risco de lutos patológicos.
Só podem prestar cuidados paliativos especializados aqueles profissionais que tenham formação e treino prático adequado para o desempenho dessas tarefas específicas.
In Diario Insular
sábado, fevereiro 05, 2011
O (des)equilíbrio do Planeta Terra
Ninguém consegue ficar indiferente à sequência impressionante de catástrofes naturais e intempéries que têm ocorrido ultimamente no nosso planeta. Desde estações do ano mal definidas, passando por sismos de grande escala e tsunamis, furacões e tempestades, secas prolongadas, chuvas torrenciais e cheias catastróficas. O facto é que todos estes fenómenos têm tido duas consequências nefastas sincrónicas: São "responsáveis" pela morte de milhares de pessoas e por prejuízos financeiros colossais.
Fazendo um balanço dos últimos dez anos, e considerando apenas as catástrofes mais mediáticas, destacam-se as grandes cheias na Europa, em 2002; a onda de calor na Europa e o sismo em Bam (Irão), em 2003; o tsunami que atingiu a ilha de Sumatra (Indonésia), em 2004; o furacão Katrina, que atingiu Nova Orleães (EUA), e o sismo que abalou o Paquistão, em 2005; o terramoto em Java e o deslizamento de terras nas Filipinas, em 2006; o terramoto em Ica (Peru), em 2007; o ciclone Nargis que devastou Mianmar, em 2008; e, por fim, o sismo de Áquila (Itália), em 2009.
São, de facto, perturbantes os acontecimentos referidos. Contudo, analisando o ano de 2010, e comparando-o com anos anteriores, temos uma perspectiva no mínimo aterradora. Ocorreram cerca de 950 catástrofes naturais das quais resultaram quase 300 mil mortos e mais de uma centena de biliões de euros de prejuízo. Enumerando apenas as mais devastadoras e emblemáticas, por ordem de ocorrência, verificou-se, em 2010, um sismo catastrófico no Haiti; o grande sismo do Chile (o tal que, segundo a NASA, até deslocou o eixo de rotação da Terra); a erupção do vulcão Eyjafjallajoekull na Islândia; as intensas chuvas e cheias na China; além das inúmeras cheias que ocorreram por toda a Europa. Ainda no "velho" Continente deflagraram numerosos incêndios, registaram-se intensas vagas de calor e de frio e fortes nevões. Mais recentemente fomos assolados com as grandes cheias no Brasil e na Austrália.
Também em Portugal se apanharam alguns "sustos", principalmente devido aos imensos incêndios que ocorreram no Verão, mas também pelas intempéries na Madeira e a tromba de água que afectou a freguesia da Agualva, na ilha Terceira, para além dos mini-tornados que "varreram" Lisboa e Tomar.
Após esta revisitação dirão os mais "crentes" que tudo isto é apenas o cumprir de profecias e que caminhamos para o dia do julgamento final (tal como se tenta ilustrar no filme 2012) e para o fim do mundo tal como o conhecemos... Talvez não! Porém, no outro extremo, dirão os mais cépticos que tudo isto é completamente normal e natural e que se recuarmos no tempo encontraremos períodos com catástrofes naturais idênticas ou até piores. Dirão ainda outros que, actualmente, o impacto destes eventos catastróficos é majorado pela grande capacidade de transmissão de notícias por parte dos meios de comunicação social. Talvez também não seja assim... Afinal, parece que cada um encontra um "conforto psicológico" naquilo que diz ou pensa acreditar.
Todavia, nalgumas coisas parecemos estar todos, ou quase todos, de acordo:
1 - O planeta está a mudar e as alterações climáticas globais são uma realidade, que se reflecte principalmente pelo aquecimento global;
2 - O Homem tem contribuído para essas alterações (Influência antropogénica);
3 - A relação frequência/intensidade das catástrofes naturais tem aumentado consideravelmente.
O planeta Terra é, no fundo, um mega ecossistema. Como qualquer ecossistema tem um determinado equilíbrio que não pode ser violado, sob pena de se ultrapassarem os limites da sua resiliência e capacidade de carga e a homeostasia dos seus sistemas biológicos. Resumindo, é necessário não comprometer a sustentabilidade natural do planeta. Quando o equilibro do sistema é perturbado, aumenta a probabilidade do seu "comportamento" se tornar caótico e aberrante, sendo assim também é maior a probabilidade de ocorrência de intempéries e catástrofes naturais.
É tempo de reduzir a nossa pegada ecológica no planeta e de encontrar soluções para tentar travar as alterações climáticas (um pouco à imagem do que se fez em relação ao "buraco do ozono") e repensar seriamente o ordenamento do território a uma escala local/global. Mas para isso é preciso haver envolvência e cooperação por parte dos decisores políticos, para que seja possível pôr em prática "planos" para garantir a sustentabilidade do planeta. Há que repensar o futuro e aperfeiçoar a relação entre a política e a ciência. A ciência já não é a solução para todos os males e a política já não é a ciência da organização da sociedade.
Há que ter respeito pela Terra, adaptando-nos às suas condições, numa co-evolução político-ambiental que garanta ao Homem maior conforto biofísico, respeitando os limites da natureza. Afinal, como disse o Chefe índio Seattle, líder do Susquamish, em carta aberta ao presidente dos E.U.A (Franklin Pierce): "a Terra não pertence ao Homem, o Homem é que pertence à Terra".
(*) Mestre em Engenharia do Ambiente
(In Açoriano Oriental)
Curso sobre Ambiente e Energias Renováveis
Esta oferta formativa, destinada a estudantes seniores, decorre em Ponta Delgada nos dias 17, 18, 19, 24 e 25 deste mês e a 17, 18 e 24 de março.
O curso será lecionado pelos professores Rosalina Gabriel, do Departamento de Ciências Agrárias; Victor Gonçalves, do Departamento de Biologia, e José Rosa Nunes, do Departamento de Economia da UAç.
Universidade dos Açores elege novo reitor em maio
As condições de elegibilidade do novo reitor constarão de um edital que será publicado pela Universidade dos Açores a 19 de fevereiro.
De acordo com a legislação, podem concorrer ao cargo de reitor, até agora reservado a catedráticos da instituição, professores sem esse grau académico de qualquer universidade nacional ou estrangeira.
O presidente do Conselho Geral da Universidade dos Açores, Madruga da Costa, disse ontem que embora tenham sido fixadas há dois anos, as novas regras só agora são aplicadas à Universidade dos Açores porque o atual reitor, Avelino Meneses, estava a meio do mandato quando entraram em vigor.
Os candidatos que venham a ser aceites apresentarão os seus programas ao Conselho Geral que procederá à eleição em finais de maio.
O Conselho Geral da Universidade dos Açores integra 15 elementos, dos quais oito em representação dos professores, dois representantes dos alunos, um representante dos funcionários e quatro exteriores à instituição escolhidos pelos membros eleitos.
Antes de Avelino Meneses, que está a concluir o segundo e último mandato de quatro anos, desempenharam o cargo de reitor desde da fundação, em 1976, José Enes, Machado Pires e Vasco Garcia.
(In Diário Insular)
EM ANGRA DO HEROÍSMO Festival de Tunas Ciclone contará com Espanha no cartaz
O evento decorrerá no Teatro Angrense, em Angra do Heroísmo, nos dias 17, 18 e 19 de Março, a partir das 21h, seguindo-se “after-party” no bar Havanna Clube, no Porto das Pipas.
Ao contrário do ano passado, a edição de 2011 do Ciclone – Festival Internacional de Tunas Masculinas contará com representação estrangeira. Espanha será o país convidado para participar no concurso que prevê reunir cerca de uma dezena de tunas e mais de uma centena de estudantes.
Para além da presença de “nuestros hermanos”, segundo o presidente da comissão organizadora, T.U.S.A. – Tuna Universitas Scientiarum Agrariarum, da Universidade dos Açores, o evento contará com cinco das melhores tunas do género a nível nacional.
“Isso reflecte a consagração do nome do nosso festival, que este ano conta já com a sua sétima edição, e, por isso, vai-se tornando cada vez mais fácil de trazer tunas do Continente”, declara Manuel Pinheiro, em declarações ao nosso jornal, sublinhando que “quanto mais prestigio tem um festival mais interesse surge por parte das tunas”.
No entanto, por questões relacionadas com a despesa financeira que a iniciativa acarreta, nomeadamente pela situação geográfica dos Açores, a comissão organizadora viu-se “obrigada” a recusar até agora cerca de cinco tunas interessadas em participar no Ciclone.
“O alojamento e a alimentação têm sido os principais problemas este ano”, revela Duarte Cunha.
A comissão organizadora explica que, ao contrário do que acontecia anteriormente, os apoios em dinheiro e em géneros sofreram cortes significativos, quer por parte dos serviços da Universidade dos Açores quer por parte de outras entidades que habitualmente contribuíam para a realização desse evento académico.
“Não por má vontade mas por razões ligadas à crise financeira que se faz sentir um pouco por todo o lado”, considera André Duarte.
Ainda assim, dizem, o entusiasmo permanece mostrando-se todos conscientes da contribuição da iniciativa para dar a conhecer a cidade de Angra do Heroísmo, a ilha Terceira e os Açores, respectivas cultura e tradição, num contexto nacional e internacional.
Por isso, dizem, a T.U.S.A. – Tuna Universitas Scientiarum Agrariarum da Universidade dos Açores mostra-se cada vez mais empenhada em fazer do Ciclone – Festival Internacional de Tunas Masculinas, um evento de referência no programa das festividades académicas.
À semelhança das edições anteriores, as tunas masculinas irão reunir a concurso no Teatro Angrense, em Angra do Heroísmo, nos dias 17, 18 e 19 de Março, a partir das 21h, seguindo-se o “after-party” no bar Havanna Clube, no Porto das Pipas.
Em termos de programa, os organizadores remetem para mais tarde os nomes das tunas a concurso e convidadas, aguardando ainda algumas confirmações.
Adiantam apenas que a festa e o convívio entre estudantes terão início na quarta-feira antes, dia 16 de Março.
Representar Portugal em terras espanholas
Entretanto, a T.U.S.A. – Tuna Universitas Scientiarum Agrariarum da Universidade dos Açores manifesta o seu contentamento na possibilidade de representar os Açores e o país no II Encuentro Mundial de Tunas, em conjunto com outras quatro representações de nacionalidade portuguesa.
Esse encontro, que engloba festival e certame de carácter competitivo, é organizado pela Tuna de Ciencias de Granada, em Espanha, e decorrerá em Almeria de 5 a 11 de Abril de 2011.
Trata-se da primeira deslocação ao exterior dessa tuna masculina açoriana que conta com oito anos de actividade.
“Tudo dependerá dos apoios financeiros dado que os transportes e a inscrição dos 34 elementos acaba por ser significativa na sua totalidade”, afirma o presidente do grupo Manuel Pinheiro.
Segundo Duarte Cunha, o programa da edição de 2011 do encontro mundial realizado em território espanhol prevê a participação total de 40 tunas, das quais apenas oito chegarão à final.
( In Sónia Bettencourt sonia@auniao.com )
sexta-feira, fevereiro 04, 2011
Furnas: Paisagem, sentidos e desenvolvimento
As furnas (campos fumarólicos) correspondem a um fenómeno de vulcanismo secundário, onde ocorre a emissão de gases para a atmosfera, através de um sistema de fissuras na crosta terrestre. Tanto o campo fumarólico das Furnas em São Miguel, como o Campo fumarólico das Furnas do Enxofre na ilha Terceira, são ícones turísticos dos Açores, cuja interpretação científica ajuda a criar valor acrescentado às paisagens, mas onde as emoções desencadeadas por esses espaços, também são uma mais valia. Nesses campos fumarólicos a ciência está por todo o lado, encontrando-se numa multiplicidade de lugares, de cores, sons e aromas, traduzindo-se numa verdadeira sinfonia para os sentidos.
Apesar de à partida considerarmos as Furnas em São Miguel mais atractivas em termos de paisagem do que as da Terceira, elas não são concorrentes, mas sim complementares.
A paisagem cria-se e recria-se e produz também serviços económicos e ambientais.
Na actualidade há diferentes procuras turísticas em torno do ambiente, mesmo no campo do turismo da natureza, turismo ecológico ou turismo rural.
A paisagem da freguesia das Furnas encerra a “vivência idílica do mundo rural”, numa simbiose quase perfeita entre a cautela aspirada pelo ser humano e a braveza da natureza. É uma paisagem que tende a captar, de acordo com vários investigadores, pessoas com conhecimentos médios/elevados e posses razoáveis. Assim, uma aposta nas redes de comunicação/informação nesse povoado, tem a capacidade de atrair massa crítica, criando novas possibilidades de emprego para a população local.
Por seu turno, a paisagem da Lagoa das Furnas com um campo fumarólico nas suas margens, é singular, mas só possível de manter com a qualidade desejável se houver regulamentação adequada e intervenção tecnológica. Trata-se pois de uma paisagem onde a “Tecnocracia ambiental” terá que estar sempre presente: condicionando usos do solo, tratando as águas e restringindo acessos. Assim, o valor estratégico turístico desse sítio só pode ser mantido com investimento público. Uma forma de rentabilizar esse investimento público, criando emprego, é através da cobrança de ingressos cujas verbas podem ser canalizadas para a aplicação de técnicas que melhorem sucessivamente a qualidade da paisagem.
O campo fumarólico das Furnas do Enxofre na ilha Terceira, tem as características dos locais que alguns investigadores afirmam estar na moda, classificando a tendência como “Moda do Selvagem”. Esse ambiente constitui uma paisagem onde a agricultura está praticamente ausente, os elementos de carácter antropogénico são inexistentes, com excepção dos carreiros em madeira construídos para conduzir os excursionistas. É um espaço que carece de interpretação, dado que não tem à partida muitos elementos que produzam estupefacção, quando comparado com as Furnas de São Miguel. Esse espanto desponta aquando da compreensão dos elementos da paisagem. Faz sentido que aí exista um guia interprete da natureza, sendo também possível criar por essa via, postos de trabalho, que não tem que ser forçosamente governamentais.
Se não soubermos aproveitar as nossas singularidades turísticas, como é o caso dos campos fumarólicos açorianos, será muito difícil atingirmos a sustentabilidade socio-económica e ambiental.
A singularidade dos campos fumarólicos não se deve somente às emissões vulcânicas, deve-se também a um conjunto de factores peculiares, como a qualidade ambiental que os rodeia, espelhada na qualidade do ar, nos níveis reduzidos de ruído, ao qual se associa uma luz temperada que os ilumina.
Nas furnas é possível encontrar um vasto conjunto de líquenes que aí vivem, e só aí vivem, porque os níveis de dióxido de enxofre e ácido sulfídrico são reduzidos, indiciando excelente qualidade do ar desses ambientes. Tal é possível porque esses gases facilmente são transformados em partículas em ambientes húmidos.
O cheiro dos compostos de enxofre das furnas açorianas mantêm-se na memória olfactiva de quem as visita.
O cheiro na freguesia das Furnas é distinto dos odores que se detectam na Lagoa das Furnas ou nas Furnas do Enxofre, estes últimos resultam da mistura de compostos de enxofre com compostos orgânicos voláteis da vegetação pristina, concedendo, através dos aromas, identidade à paisagem.
O ambiente acústico também é diferenciador das paisagens: na vila, sentem-se os rumores dos homens, na lagoa o esvoaçar dos pássaros, o ramalhar das árvores, o rufar quase imperceptível das águas, enquanto que nas Furnas do Enxofre, se sente, na maioria das vezes, a ausência completa de som, como que numa singularidade espaço-tempo de um universo sonoro. Quanto stress poderá ser aí aliviado? Quanta paz de espírito pode ser aí conquistada?
O vapor de água esbranquiçado contrasta na vila com o casario branco, com o verde azulado das águas, na Lagoa, e nas Furnas do Enxofre, com o verde fluorescente da vegetação endémica. Até no solo, as manchas são diferentes nos três lugares, pela calçada, pelos diferentes estados de oxidação do ferro, ora ferroso ora férrico, pelos cristais amarelos ou esbranquiçados de enxofre que se formam nas bocarras abertas da terra, ou pelas algas e cianobactérias albergadas no vapor de água ou nas águas quentes dos campos hidrotermais.
Todos os dias a paisagem nas fumarolas é mutante, quanto mais não seja pelo céu, coleccionador de nuvens, não por serem de algodão, mas por suportarem anjos e por serem efémeras como a própria vida. As furnas são oásis naturais ou recreados, iluminados por uma luz fria, típica de latitudes médias.
Se houver memória emotiva, captada pelos cinco sentidos, nessas paisagens, o sexto sentido, traduzir-se-á pelo insight ou crença de que é possível ter desenvolvimento e emprego por detrás dessas singularidades.
PROJETO "CABMEDMAC" Combate à mosca da fruta chega à ilha de São Jorge
Depois de uma primeira reunião dos parceiros envolvidos no projecto, nomeadamente os arquipélagos dos Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde, realizada no final do mês de Janeiro, a iniciativa visa dar início à monitorização desta praga em várias zonas de São Jorge.
Trata-se de uma praga que, segundo os especialistas académicos causa estragos nos pomares e que chegam a inviabilizar as produções frutícolas.
O projecto para o estudo e implementação de medidas de combate à mosca do mediterrâneo (CABMEDMAC) é dedicado em particular à praga da mosca do mediterrâneo (Ceratitis capitata Wiedemann), e quer contribuir para um maior conhecimento das moscas da fruta na Macaronésia.
A UA é chefe de fila, tendo como parceiros a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais da Madeira, a Universidade de La Laguna e o Cabildo Insular de Tenerife, por parte das Canárias, e o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário de Cabo Verde.
Terceira pulverizada no próximo ano
O valor global do projecto “CABMEDMAC” aprovado pela autoridade de gestão do Programa de Cooperação Transnacional MAC 2007-2013 é de 308 mil euros.
O projecto assenta no fornecimento de machos esterilizados produzidos na Biofábrica da Madeira, aos parceiros dos Açores, Canárias e Cabo Verde, prevendo-se a sua dispersão, no caso da ilha Terceira, no próximo ano.
Além da instalação de uma rede de armadilhas nas ilhas da Macaronésia estão ainda incluídos testes de plantas bioativas no combate à mosca da fruta.
Esta iniciativa de investigação aplicada permitirá ainda a utilização de resultados obtidos em projectos anteriores, como o Programa Madeira-Med, e o Interfruta I e II (projectos Interreg), nas diferentes regiões que nele participam.
Adress na Terceira e São Miguel
Recordamos que, no âmbito da luta às pragas frutícolas na região, a Secção de Protecção de Plantas do departamento de Ciências Agrárias (DCA) da UA está, desde meados do ano passado, a desenvolver um projecto de monitorização das pragas que afectam as produções nas ilhas açorianas denominada “Adress”.
O projecto “Adress” consta sobretudo de um ensaio com armadilhas biotecnológicas implementadas nas ilhas Terceira e São Miguel.
Na Terceira estava prevista a colocação de cerca de mil estações esterilizadoras numa área de 40 hectares, na zona dos Biscoitos.
Outra das zonas propostas para estudo é Rabo de Peixe em São Miguel.
Para além do arquipélago dos Açores, o Adress, que segue a linha dos trabalhos científicos realizados também no âmbito dos projectos Interfruta e Interfruta II, está a ser desenvolvido na ilha do Ferro, nas Canárias, e no continente português, nomeadamente no concelho de Alcobaça e na região do Algarve.
O projecto Adress está orçado em 48 mil euros no total sendo financiado a cem por cento pelo Governo Regional através da Direcção Regional do Desenvolvimento Agrário.
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Geoinformation and Spatial Information Management at the Carinthia University of Applied Sciences, Austria
Esta apresentação será seguida por uma prova de vinhos. O local será no Gabinete de Gestão e Conservação da Natureza, que fica no 2º Andar (cinza), porta nº 159. Caso o número de participantes ultrapasse os disponíveis, essa palestra realizar-se-á no anfiteatro.
quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Paul da Pedreira com projeto de recuperação ainda este ano
Alunos querem ajuda do Governo Regional
CONTINUAM POR AVALIAR 10% DOS CASOS
Ainda há alunos à espera de resposta
Com o segundo semestre à porta, há alunos universitários na Região que continuam sem saber se recebem ou não bolsa social. O presidente da Associação de Estudantes da Universidade dos Açores espera que, até à próxima semana, esteja concluída a avaliação de pedidos de bolsas sociais. Até ao momento, apenas 90% dos alunos receberam resposta à candidatura. Segundo Valquírio Barcelos, se no espaço de um mês foi possível avaliar 90% dos casos, dentro de uma semana os restantes 10% também devem receber uma resposta. O atraso justifica-se, segundo o presidente da associação de estudantes, com a tardia aprovação das normas técnicas. É que, como adianta Valquírio Barcelos, o novo regulamento para atribuição de bolsas entrou em vigor em setembro, mas só a 15 de outubro foram aprovadas pela Direcção Geral do Ensino Superior (DGES) as normas técnicas. Este ano letivo, e sem contemplar os casos que aguardam resposta, forma rejeitados cerca de 300 pedidos de bolsas sociais a alunos da Universidade dos Açores. No entanto, em comparação com o ano passado, a redução é de apenas 4%.