terça-feira, maio 31, 2011
Anabela Gomes: "O leite produzido à base de erva em pastoreio também tem mais vitaminas A e E".
Um estudo realizado nos Estados Unidos da América indica que as vacas criadas em pastagem ao longo de todo o ano deixam uma menor "pegada ambiental". Como interpreta este estudo e que razões considera que levam a estes factos?As vacas estabuladas exigem edifícios com ventoinhas para renovar o ar, camas para as vacas que agora são muito sofisticadas (ex: tapetes de borracha ou mesmo camas de água), muita água para a limpeza do edifício, maquinaria para levar o alimento para as manjedouras, para a limpeza do estábulo e espalhar o estrume produzido. Tudo isto se faz à custa de muito combustível. A vaca que está sempre na pastagem colhe a maior parte do seu alimento e espalha o seu estrume. Anda mais limpa, é mais saudável, tem mais anos de vida, o que se traduz em menos encargos com novilhas para a sua substituição, e geralmente tem menor contaminação dos tetos. É verdade que a vaca em estábulo é mais produtiva mas os inputs são muito mais elevados e em climas amenos e húmidos como o nosso os estábulos não são geralmente uma boa solução. Porque são dispensáveis, porque as bactérias indesejáveis persistem muito mais tempo no estábulo do que em zonas com clima mais seco e/ou mais frio no inverno e porque a produção extra não compensa os inputs devido à relação preço dos bens importados/preço do leite exportado.A Universidade dos Açores tem vindo a produzir estudos e conhecimento que indicam as várias mais-valias da criação de bovinos em pastagem, algo para o qual agora países como os EUA estão também a despertar. A UA tem sido pioneira nesta matéria? O Departamento de Ciências Agrárias já estudou aspetos referidos pelos americanos sobre a qualidade do leite obtido em pastagens, como os CLA e os Ómega-3, que confirmam que o leite produzido nos Açores, em pastoreio, tem valores elevados nesses constituintes. Sabe-se que são benéficos para a saúde humana. Os CLA são um anticancerígeno potente e o leite produzido à base de erva fresca tem cinco vezes mais que o leite produzido com silagens e rações. Os Ómega-3 regulam o apetite e ajudam a queimar a gordura corporal. O leite produzido à base de erva em pastoreio também tem mais vitaminas A e E. Se continuarmos a caminhar para vacas de alta produção perdemos essa mais-valia porque elas comem elevadas quantidades de ração que diminuem a concentração desses constituintes no leite. Que outras mais-valias, para além da ambiental, tem a criação dos animais em pastagem?Sobretudo a económica e uma redução na mão-de-obra, que hoje em dia é escassa na agricultura. Em ilhas a questão da água que se gasta para manter os estábulos limpos deveria ser tida em atenção, pois este recurso é limitado. Os estábulos deveriam ter um sistema de recolha da água da chuva em cisternas, para diminuir o consumo da rede agrícola.Algo que tem vindo a ser referido é que o tipo de vaca que temos não é o mais indicado para o maneio no exterior, com alimentação à base de pastagem. Que passos acha que se devia dar nesta matéria? Já se nota uma ligeira mudança para uma vaca mais pequena e adequada para pastoreio. Não se trata tanto de uma questão de raça, mas do peso e da eficiência da vaca em pastoreio e do rendimento queijeiro. A Holstein Neo-Zelandesa tem sido selecionada para condições de pastoreio e mercado de produtos semelhante ao nosso. As condições de maneio da Holstein americana ou Holstein frísea europeia são muito diferentes das nossas. Recentemente estive na Pensilvânia para assitir ao "Dairy Summit" onde participaram cerca de 450 produtores de leite e verifiquei que muitos mudaram para a raça Jersey e outros estão a mudar para sistemas menos intensivos, com menor utilização de rações. A raça Jersey é neste momento a mais procurada nos EUA, por as vacas serem boas em pastoreio e o leite ter mais sólidos. Há também nos EUA uma recente elevada procura e produção de "queijos de quinta", tentando copiar o que fazem os franceses há muitos anos. Contudo o lobby da Holstein de alta produção continua muito forte e as companhias que vendem semem ou novilhas Holstein registadas e também as que vendem rações (essenciais para se obterem altas produções), continuam a lutar para manter a sua quota do mercado. Não lhes interessa uma produção à base de erva. Como estão a perder quota nos EUA (onde os concentrados aumentaram 100 % num ano) lutam muito para manter as suas vendas noutros mercados menos esclarecidos.A escalada dos custos de produção pode ser uma motivação para também nos Açores se tender a abrandar na utilização de rações e adubos?Sem dúvida. Já começou e vai ter que continuar. A importação de rações para a produção de leite e carne podia ser abolida e vai sê-lo com o tempo, como já aconteceu na Nova Zelândia há muitos anos. Quanto ao adubo vamos ter que os utilizar com melhor critério. Temos que importá-los durante mais tempo, sobretudo o fósforo. Mas até para a utilização de fósforo se está a procurar uma solução, para daqui a 30 ou mais anos. Que importância acha que a criação de uma extensão rural teria neste cenário?Fundamental se for bem orientada. Se for para cada técnico dizer aquilo que quer e ao sabor da influência dos lobbys não vale nada. Deve existir unicamente para defender os interesses dos lavradores.
(in Diário Insular)
domingo, maio 29, 2011
Next energy quer estender atividade aos mercados de maior dimensão
A Next Energy, uma empresa prestadora de serviços e comercialização de equipamentos de energias renováveis, pretende expandir a sua atividade para os mercados do continente e Estados Unidos.Fundada em 2004 na Praia da Vitória, a Next Energy inaugurou mais uma loja segunda feira naquela cidade e já dispõe de instalações em Ponta Delgada.Quando surgiu há cerca de seis anos, a Next Energy era uma micro-empresa dispondo agora de dez técnicos, todos com formação superior em engenharia em áreas relacionadas com as energias renováveis.João Santos, gerente da Next Energy, disse ontem ao DI que a empresa é uma referência a nível regional em algumas aéreas das energias renováveis como é o caso da microgeração.Com a abertura de uma segunda loja com maior área na Praia da Vitória os clientes da empresa vão dispor da possibilidade de conhecer produtos inovadores na área das energias renováveis."Para além da atividade de prestação de serviços e comercialização de produtos relacionados com as energias renováveis, a Next Energy está envolvida em projetos de investigação e desenvolve regularmente ações destinas às escolas", refere João Santos.Para além de assegurar a prestação de serviços em questões previstas na legislação nas áreas da certificação energética e em projetos de comportamento térmico e climatização de edifícios, a Next Energy desenvolve a sua atividade na instalação de equipamentos para a microgeração, energia eólica e aquecimento de águas.De acordo com João Santos, a empresa oferece um serviço que vai no sentido de satisfazer as necessidades do cliente procurando a melhor solução para cada um dos casos."A Nextenergy preocupa-se em encontrar alternativas técnicas de baixo consumo para produzir energia. Comercializamos também equipamento científico para radares e sistemas de monitorização de ondas, assim como material de iluminação, e, mais recentemente, brinquedos científicos e educativos", afirma.
Investigação científicaPor outro lado, a empresa desenvolve uma parceira com o Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia da Universidade dos Açores para o projeto de investigação científica para a produção de hidrogénio, uma fonte de energia sustentável que poderá ser no futuro uma alternativa aos combustíveis fósseis dos quais a Região e o país ainda estão quase totalmente dependentes em diversas áreas.
Investigação científicaPor outro lado, a empresa desenvolve uma parceira com o Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia da Universidade dos Açores para o projeto de investigação científica para a produção de hidrogénio, uma fonte de energia sustentável que poderá ser no futuro uma alternativa aos combustíveis fósseis dos quais a Região e o país ainda estão quase totalmente dependentes em diversas áreas.
(In Diário Insular)
Leite fresco
As ações de campanha política, às vezes, têm mais interesse do que parece. Tivesse sido intencional ou por acaso, a verdade é que a visita que o PP fez à nova infraestrutura industrial do Reguinho, para a qual convocou os jornalistas, revelou coisas muito interessantes e das quais fizemos eco na nossa edição da passada quarta-feira. A empresa terceirense detentora daquela unidade industrial vai produzir, entre outras coisas inovadoras, leite fresco microfiltrado, cuja principal característica é aumentar o prazo de validade do produto, o qual, com a tecnologia aplicada, permitirá a sua exportação.A empresa em questão tem trabalhado no "segredo dos deuses". É um direito que lhe assiste, mas que não deixa de ser estranho, até porque hoje as campanhas de marqueting são planeadas à distância e quanto mais cedo se fala de novos produtos, mais cedo se cria apetência nos mercados.Quem sabe se neste leite fresco de longa duração estará uma das soluções para os laticínios açorianos?! Os especialistas dizem que as nossas vacas produzem muito leite, só que com pouca matéria gorda. Grosseiramente, quererá dizer que se destina mais a ser consumido fresco do que a produzir queijo e manteiga. Alguns dizem, até com piada, que o nosso rebanho de vacas devia estar às portas de Nova Iorque para servir o pequeno almoço dos americanos.O grande problema é que o "leite do dia" não chega ao dia seguinte. Pelos vistos, até ontem! Bem valorizado a partir das suas características saudáveis, porque naturais, com selo de origem, é capaz de ter enorme potencial em vários mercados, sobretudo no das grandes cidades.É de ideias destas que os Açores precisam! Se não fabricarmos soluções novas para o leite e seus derivados (pensamos que o trabalho entre a indústria e a universidade deveria ser mais estreito) a crise agravar-se-á e todos ficamos a perder. A começar por aqueles que poderiam usufruir da excelência dos nossos produtos.
(In Diário Insular)
O FUTURO DOS AÇORES!!!
Berto Messias (Opinião)
O PSD/Açores, apesar de tentar disfarçar o indisfarçável com os ataques que tem feito ao PS, não consegue esclarecer o que faria em questões centrais para os Açores, caso fosse governo.O PSD/Açores acusa o PS de ser uma máquina de boatos!!! Fizemos várias perguntas concretas, com frontalidade, olhos nos olhos, de forma honesta e clara.Depois de várias perguntas directas, quer no Parlamento quer noutros fóruns, continuamos sem resposta.Perguntámos ao PSD/Açores de que forma se posiciona perante a proposta de revisão constitucional do PSD nacional que quer facilitar os despedimentos e acabar com a Educação pública e com o Serviço Nacional de Saúde tendencialmente gratuito.Que resposta tivemos? Nenhuma.Perguntámos ao PSD/Açores qual a estratégia social-democrata sobre a RTP/Açores, já que o PSD quer privatizar a RTP, e o que pretende dizer quando refere que a RTP/Açores será incluída no canal que se mantiver público. Quer dizer que a RTP terá um canal público e que, a determinada hora do dia, terá uma janela com noticiário dos Açores? Quer dizer que se mantém o centro de produção regional? Num cenário de privatização, que garantias dá o PSD aos actuais trabalhadores da RTP Açores?Que resposta tivemos? Nenhuma.Perguntámos ao PSD/Açores que garantias dá sobre a intenção do PSD de privatizar a empresa ANA que tem a gestão de quatro aeroportos e aeródromos dos Açores. Vai privatizar a empresa no continente e passar os custos dos aeroportos de Santa Maria, Ponta Delgada, Horta e Flores para a Região e, consequentemente, para os bolsos dos açorianos, ou vai garantir que esses aeroportos são assumidos pelo Estado?Que resposta tivemos? Nenhuma.Perguntámos em que medida o PSD defendeu os Açores quando se sentou à mesa com a troika. Que resposta tivemos? Nenhuma. Pior, a única referência feita às Regiões Autónomas feita pelo PSD foi para pedir um financiamento extraordinário para a Madeira e nem falou nos Açores.Ou seja, não perdemos tempo com boatos e com estratégias de má-fé que só querem gerar confusão, nem tampouco assentamos a nossa acção na mais barata demagogia.Colocamos perguntas concretas, claras e objectivas. Lamentavelmente, continuamos sem resposta e não tenho dúvidas que assim continuaremos até dia 5 de Junho.Com o PS todos sabem o que temos. Um partido verdadeiramente amigo dos Açores que nunca virou as costas aos açorianos.Sócrates cometeu erros, sem dúvida, mas na hora de ajudar os Açores nunca hesitou. Isso ficou bem claro na Lei das Finanças Regionais ou no Estatuto Político-administrativo. Podem acusá-lo de muitas coisas mas nunca de ser um defensor acérrimo dos Açores e um entendedor das nossas especificidades e das dificuldades decorrentes de viver num arquipélago como o nosso.Do PSD temos um silêncio comprometido, de quem não se consegue impor perante o PSD nacional e que não consegue esclarecer nada. Das duas uma, ou a verdade é muito inconveniente ou, pura e simplesmente, o PSD nacional não contou ao PSD Açores o que pretende fazer em matérias importantes para a nossa Região.P.S. - Fico lisonjeado pelo facto do Professor Félix Rodrigues, mais uma vez, me dar o papel de protagonista num dos seus artigos de opinião. Agradeço a deferência e retribuo com um cordial cumprimento, até porque acredito que o que nos move na questão das descontaminações na Praia são os mesmos motivos - a segurança da população, a garantia da qualidade da água para consumo humano, agora e no futuro, e um processo de descontaminação célere e eficaz nas zonas afectadas.
(In Diário Insular)
DEFENDE JOSÉLIA FONSECA Educar para a responsabilidade reforçará cidadania activa
“Educar para a responsabilidade”. É esta a solução de base para uma melhor Cidadania Activa segundo os vários especialistas que abordaram o tema nos debates no âmbito da II Semana Social, na Praia da Vitória.
A ideia foi expressa em primeiro lugar por Josélia Fonseca, docente na Universidade dos Açores: “o homem não pode continuar preso a uma cidadania de bem-estar social que lhe dá e garante liberdade, sem exercer essa liberdade. E este pressuposto implica que esse homem se preocupe em agir responsavelmente sob o ponto de vista pessoal e social, seguindo uma ética de responsabilidade”.
Essa acção responsável implica, na óptica de Pedro Duarte Silva, outros dos oradores deste painel moderado pelo vereador Paulo Rocha, não esconder “a memória e a identidade da comunidade”.
“Os valores éticos e morais são garante da ordem estabelecida, ou seja, da polis. Esses valores garantem a confiança que actualiza a tradição e permite a acção do indivíduo enquanto actor num espaço social e comum. Uma sociedade que privilegia o indivíduo e esquece o colectivo, que promove o moderno e tenta esconder a tradição, é uma sociedade que caminha lentamente para o suicídio. Os povos serão tanto mais felizes quanto melhor conhecerem as suas raízes e quanto mais consciência tiverem disso. Só a adesão do individuo aos objectivos comuns garante o pleno desenvolvimento da polis”, explicou o economista.
“Cidadania é cumprir. Mas é, acima de tudo, ajudar na construção da polis. Porque esta não é só um condomínio com regras de funcionamento. É um projecto comum de homens, que se empenham na permanente construção da polis, tendo por base uma ética e uma moral de convivência comum”, argumentou.
“No fundo, educar para a cidadania – alegou Pedro Duarte Silva – é educar para a intervenção, para a deliberação e para a tolerância”.
Esta visão foi reforçada pela intervenção de Rogério Sousa: “acima de tudo, os jovens têm de aprender que, enquanto cidadãos, não têm apenas direito a um conjunto de direitos. Têm também deveres. E uma das formas que têm de intervir, de ajudar na construção da polis, do espaço comum, é a participação política”.
Para o programador cultural e membro de vários projectos de juventude, o empenho e dedicação que muitos jovens colocam na participação em vários projectos de índole social, recreativa ou cultural deveria surgir também na sua participação política.
Com argumentos complementares, os três intervenientes defenderam que a recuperação dos valores, a sensibilização para o bem comum e para a comunidade e, acima de tudo, a educação para o respeito e para a participação serão as chaves para uma cidadania cada vez mais activa, independentemente da forma como esta se expressa.
No entanto, sublinharam que a concretização de tal pressuposto não deve ser entregue exclusivamente à responsabilidade da escola.
“É uma tarefa que começa no seio familiar e que se estende à escola e a todas as instituições e intervenientes públicos”, realçaram.
(In A União)
A ideia foi expressa em primeiro lugar por Josélia Fonseca, docente na Universidade dos Açores: “o homem não pode continuar preso a uma cidadania de bem-estar social que lhe dá e garante liberdade, sem exercer essa liberdade. E este pressuposto implica que esse homem se preocupe em agir responsavelmente sob o ponto de vista pessoal e social, seguindo uma ética de responsabilidade”.
Essa acção responsável implica, na óptica de Pedro Duarte Silva, outros dos oradores deste painel moderado pelo vereador Paulo Rocha, não esconder “a memória e a identidade da comunidade”.
“Os valores éticos e morais são garante da ordem estabelecida, ou seja, da polis. Esses valores garantem a confiança que actualiza a tradição e permite a acção do indivíduo enquanto actor num espaço social e comum. Uma sociedade que privilegia o indivíduo e esquece o colectivo, que promove o moderno e tenta esconder a tradição, é uma sociedade que caminha lentamente para o suicídio. Os povos serão tanto mais felizes quanto melhor conhecerem as suas raízes e quanto mais consciência tiverem disso. Só a adesão do individuo aos objectivos comuns garante o pleno desenvolvimento da polis”, explicou o economista.
“Cidadania é cumprir. Mas é, acima de tudo, ajudar na construção da polis. Porque esta não é só um condomínio com regras de funcionamento. É um projecto comum de homens, que se empenham na permanente construção da polis, tendo por base uma ética e uma moral de convivência comum”, argumentou.
“No fundo, educar para a cidadania – alegou Pedro Duarte Silva – é educar para a intervenção, para a deliberação e para a tolerância”.
Esta visão foi reforçada pela intervenção de Rogério Sousa: “acima de tudo, os jovens têm de aprender que, enquanto cidadãos, não têm apenas direito a um conjunto de direitos. Têm também deveres. E uma das formas que têm de intervir, de ajudar na construção da polis, do espaço comum, é a participação política”.
Para o programador cultural e membro de vários projectos de juventude, o empenho e dedicação que muitos jovens colocam na participação em vários projectos de índole social, recreativa ou cultural deveria surgir também na sua participação política.
Com argumentos complementares, os três intervenientes defenderam que a recuperação dos valores, a sensibilização para o bem comum e para a comunidade e, acima de tudo, a educação para o respeito e para a participação serão as chaves para uma cidadania cada vez mais activa, independentemente da forma como esta se expressa.
No entanto, sublinharam que a concretização de tal pressuposto não deve ser entregue exclusivamente à responsabilidade da escola.
“É uma tarefa que começa no seio familiar e que se estende à escola e a todas as instituições e intervenientes públicos”, realçaram.
(In A União)
PROJECTO-PILOTO Combate às térmitas nos Açores lança armadilhas de grande dimensão
A colocação de armadilhas de grandes dimensões em todos os municípios açorianos é a principal novidade, este ano, na campanha de combate às térmitas na Região.As estruturas, enquadradas na campanha de erradicação da praga coordenada pela Universidade dos Açores, serão instaladas nos centros populacionais das nove ilhas num projecto-piloto que visa detectar o grau de propagação da praga e alertar as populações para comportamentos de prevenção e alerta.
Armadilhas luminosas de grandes dimensões distribuídas nos centros de cada um dos noves concelhos açorianos são a novidade, este ano, no âmbito da campanha de luta contra as térmitas na região.
Segundo Paulo Borges, da Universidade dos Açores, que coordena o projecto: “vamos instalar nas zonas centrais de cada município umas armadilhas luminosas muito atractivas, para atrair térmitas. Esperamos com isso, encontrar térmitas em sítios onde actualmente não estão referenciadas e sensibilizar as pessoas”.
O docente explica de que consta este novo equipamento: “trata-se de uma armadilha em forma de asa com uma lâmpada fluorescente, no seu interior, com características próprias, de comprimentos de onda para atrair térmitas – com base num estudo feito nos Estado Unidos pela nossa aluna de doutoramento Teresa Ferreira –, e lateralmente possui grandes painéis de cartolina autocolante amarela”.
“Esperamos, com esta armadilha, atrair eventuais térmitas em sítios dos Açores que desconhecíamos e descobrir, pela primara vez, a sua presença”.
Estas armadilhas de grande dimensão serão posteriormente colocadas no cimo de postes.
Para já, estas estruturas estão em fase final de construção, mas durante o mês de Junho a primeira irá ser colocada em Angra do Heroísmo, sendo as restantes colocadas nos restantes municípios durante este Verão.
Disseminar armadilhas
Futuramente, explicou Paulo Borges, a ideia é disseminar estas armadilhas para um combate em “massa” nas ilhas: “se descobrirmos que essa armadilha funciona bem, podemos depois propor às câmaras municipais que construam muitas armadilhas dessas, que as distribuam por vários locais da cidade, para assim matar térmitas em massa no Verão”.
“É um projecto-piloto que, se resultar, poderá ser usado como, digamos, combate, captura em massa de térmitas – é essa a nossa ideia”.
Além desta novidade, em curso estão várias acções de luta contra as térmitas nas ilhas. O docente universitário explicou que este ano, manter-se-á o estudo científico que implica a colocação de armadilhas no interior de cem habitações nos concelhos de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Horta, Calheta de São Jorge e em vários locais de Santa Maria.
Igual continuidade irá ser dada à monitorização do centro histórico de Angra do Heroísmo com a colocação de armadilhas no exterior de dez ruas. No ano passado, conta: “descobrimos que a Rua de São Pedro é que tinha mais térmitas”.
23 mil armadilhas via postal
Além do projecto-piloto, acima referenciado, outra novidade, já em curso, vai para a recentemente lançada campanha de informação pública sob o lema “Cabem mil numa algibeira, mas destroem a casa inteira”. Campanha que já arrancou na autarquia de Angra do Heroísmo, e que será realizada igualmente em Ponta Delgada, Horta e Vila do Porto, coordenada pela equipa de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores que pretende sensibilizar os cidadãos para aquela que é infestação mais preocupante nas ilhas.
Enquadrada nesta acção, ao longo da próxima semana, serão distribuídas, via postal, 23 mil armadilhas a todos os moradores das zonas afectadas, numa campanha que decorrerá até Outubro.
Paulo Borges acredita que “esta campanha terá um grande impacto” e espera que “haja participação pública” por parte das populações.
Além da entrega de armadilhas, haverá paralelamente, a distribuição de bibliografia diversas junto das juntas de freguesia para um melhor esclarecimento à população.
Paulo Borges adianta ainda que, nos dias 11 e 12 de Junho, serão mobilizados os “Esquadrões T”, grupos de jovens com vista a ajudar as pessoas na montagem das armadilhas e que no dia 13 de Junho haverá um dia aberto à comunidade na UAç “para as pessoas verem térmitas à lupa” e perceberem melhor a orgânica deste pequeno insecto.
Alertas resultaram na ilha do Pico
Para já, a mensagem do entomólogo é a seguinte “as pessoas têm de estar atentas às térmitas a partir de agora e entre os meses de Junho a Setembro e alertar as entidades competentes para tal”. Esta foi uma situação que favoreceu, por exemplo, na ilha do Pico: “no Pico, encontrou-se numa freguesia das Lajes, nas Ribeiras, um conjunto grande de casas com térmitas. Felizmente houve uma pessoa que alertou a Câmara Municipal das Lajes – esse é o processo que queremos que as pessoas façam. Qualquer suspeita que tenham que o digam. Neste caso concreto, já se montaram armadilhas naquela zona do Pico para ver se conseguimos erradicar as térmitas naquela pequena freguesia”.
(In Humberta Augusto haugusto@auniao.com)
Armadilhas luminosas de grandes dimensões distribuídas nos centros de cada um dos noves concelhos açorianos são a novidade, este ano, no âmbito da campanha de luta contra as térmitas na região.
Segundo Paulo Borges, da Universidade dos Açores, que coordena o projecto: “vamos instalar nas zonas centrais de cada município umas armadilhas luminosas muito atractivas, para atrair térmitas. Esperamos com isso, encontrar térmitas em sítios onde actualmente não estão referenciadas e sensibilizar as pessoas”.
O docente explica de que consta este novo equipamento: “trata-se de uma armadilha em forma de asa com uma lâmpada fluorescente, no seu interior, com características próprias, de comprimentos de onda para atrair térmitas – com base num estudo feito nos Estado Unidos pela nossa aluna de doutoramento Teresa Ferreira –, e lateralmente possui grandes painéis de cartolina autocolante amarela”.
“Esperamos, com esta armadilha, atrair eventuais térmitas em sítios dos Açores que desconhecíamos e descobrir, pela primara vez, a sua presença”.
Estas armadilhas de grande dimensão serão posteriormente colocadas no cimo de postes.
Para já, estas estruturas estão em fase final de construção, mas durante o mês de Junho a primeira irá ser colocada em Angra do Heroísmo, sendo as restantes colocadas nos restantes municípios durante este Verão.
Disseminar armadilhas
Futuramente, explicou Paulo Borges, a ideia é disseminar estas armadilhas para um combate em “massa” nas ilhas: “se descobrirmos que essa armadilha funciona bem, podemos depois propor às câmaras municipais que construam muitas armadilhas dessas, que as distribuam por vários locais da cidade, para assim matar térmitas em massa no Verão”.
“É um projecto-piloto que, se resultar, poderá ser usado como, digamos, combate, captura em massa de térmitas – é essa a nossa ideia”.
Além desta novidade, em curso estão várias acções de luta contra as térmitas nas ilhas. O docente universitário explicou que este ano, manter-se-á o estudo científico que implica a colocação de armadilhas no interior de cem habitações nos concelhos de Angra do Heroísmo, Ponta Delgada, Horta, Calheta de São Jorge e em vários locais de Santa Maria.
Igual continuidade irá ser dada à monitorização do centro histórico de Angra do Heroísmo com a colocação de armadilhas no exterior de dez ruas. No ano passado, conta: “descobrimos que a Rua de São Pedro é que tinha mais térmitas”.
23 mil armadilhas via postal
Além do projecto-piloto, acima referenciado, outra novidade, já em curso, vai para a recentemente lançada campanha de informação pública sob o lema “Cabem mil numa algibeira, mas destroem a casa inteira”. Campanha que já arrancou na autarquia de Angra do Heroísmo, e que será realizada igualmente em Ponta Delgada, Horta e Vila do Porto, coordenada pela equipa de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores que pretende sensibilizar os cidadãos para aquela que é infestação mais preocupante nas ilhas.
Enquadrada nesta acção, ao longo da próxima semana, serão distribuídas, via postal, 23 mil armadilhas a todos os moradores das zonas afectadas, numa campanha que decorrerá até Outubro.
Paulo Borges acredita que “esta campanha terá um grande impacto” e espera que “haja participação pública” por parte das populações.
Além da entrega de armadilhas, haverá paralelamente, a distribuição de bibliografia diversas junto das juntas de freguesia para um melhor esclarecimento à população.
Paulo Borges adianta ainda que, nos dias 11 e 12 de Junho, serão mobilizados os “Esquadrões T”, grupos de jovens com vista a ajudar as pessoas na montagem das armadilhas e que no dia 13 de Junho haverá um dia aberto à comunidade na UAç “para as pessoas verem térmitas à lupa” e perceberem melhor a orgânica deste pequeno insecto.
Alertas resultaram na ilha do Pico
Para já, a mensagem do entomólogo é a seguinte “as pessoas têm de estar atentas às térmitas a partir de agora e entre os meses de Junho a Setembro e alertar as entidades competentes para tal”. Esta foi uma situação que favoreceu, por exemplo, na ilha do Pico: “no Pico, encontrou-se numa freguesia das Lajes, nas Ribeiras, um conjunto grande de casas com térmitas. Felizmente houve uma pessoa que alertou a Câmara Municipal das Lajes – esse é o processo que queremos que as pessoas façam. Qualquer suspeita que tenham que o digam. Neste caso concreto, já se montaram armadilhas naquela zona do Pico para ver se conseguimos erradicar as térmitas naquela pequena freguesia”.
(In Humberta Augusto haugusto@auniao.com)
sexta-feira, maio 27, 2011
Prevista distribuição de armadilhas e formação de funcionários de juntas
A primeira campanha de informação pública sobre térmitas, com o mote "Cabem mil numa algibeira, mas destroem a casa inteira", tem início hoje e prolonga-se até outubro próximo. A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo associou-se à iniciativa, que nasceu do compromisso assumido pelos municípios das zonas afetadas, Governo Regional e investigadores da Universidade dos Açores permitindo construir uma aliança estratégica de combate às térmitas.No âmbito da campanha, coordenada pela equipa de Comunicação de Risco da Universidade dos Açores, está prevista a distribuição postal de armadilhas aos moradores das zonas afetadas pela praga urbana atualmente mais preocupante na Região.De acordo com a Câmara Municipal de Angra, com este gesto, pretende-se mostrar aos munícipes "como é que, através de uma ação tão simples como a de montar uma armadilha e devolvê-la na respetiva junta de freguesia, se pode contribuir de forma eficaz para o controlo do problema".Para além da oferta de armadilhas, a campanha integra também a distribuição de informação em diversos formatos, assim como formação aos funcionários das juntas de freguesia, de modo a consolidar o apoio e esclarecimentos a prestar à população.Esta ação vai ser igualmente realizada nos concelhos de Ponta Delgada, em São Miguel; da Horta, no Faial, e de Vila do Porto, na ilha de Santa Maria.
(In Diário Insular)
quinta-feira, maio 26, 2011
O PS de Berto Messias garante a descontaminação da Praia!?
Félix Rodrigues (Opinião)
Fico pasmado, quando vejo escrito, pelo líder da bancada socialista na Assembleia Legislativa Regional as razões pelas quais ele e o seu partido entendem que não deve haver uma comissão de acompanhamento de descontaminação de solos e água no Concelho da Praia da Vitória, onde ele vive, com técnicos socialistas e não só, nos moldes propostos por toda a oposição. Para uns isso são politiquices, para outros revela isolamento do PS, obstinação, medo, falta de diálogo e outras coisas mais que poderia aventar ou inventar. Mas afinal tudo o que diz respeito à nossa vida comum não é política?O que é muito estranho é que o senhor Secretário da Presidência, André Bradford, tenha dito que tomou conhecimento de que os solos da Praia da Vitória poderiam estar contaminados apenas em 2008 na sequência das notícias publicadas pelo DI sobre o assunto, e não queira agora ouvir quem o informou do problema, porque, segundo ele, não é pessoa credível. É interessante também perceber que depois da audição do LNEC, que foi dizer, curiosamente a Ponta Delgada e não à Praia da Vitória, o que sempre disse e relatou-o, que existia contaminação de solos, aquífero suspenso e aquífero basal, com potenciais riscos associados, já não parecer ser importante no acompanhamento do processo de descontaminação. Será que deixou de ser credível? Agora o PS já fala em credibilidade e nível nacional e internacional. A nível regional já sabemos que para o PS tal coisa não existe, a nível nacional começa a ter dúvidas. Neste contexto, proponho desde já, que o partido socialista procure uma instituição credenciada e credível a nível extra-planetário, por exemplo "Os amigos de Marte". O mais caricato é que, a defesa da solução de acompanhamento apresentada pelo PS, em alternativa à proposta da oposição, é feita por uma deputada de São Miguel e um deputado da Ribeirinha, quando estavam presentes dois deputados cidadãos do Concelho da Praia da Vitória.É difícil de perceber porque razão este enredo da contaminação da Praia da Vitória deve ser discutido em Ponta Delgada e as alternativas de comissão defendidas por São Miguel quando existem Praienses presentes na bancada socialista!?Comummente vemos nos programas socialistas, a promessa de ouvir e receber contributos da população, principalmente ao nível das questões sociais e questões relacionadas com o desenvolvimento. Será que ouvem?Berto Messias, líder da bancada socialista afirmou, noutro contexto, o do emprego jovem, que as organizações político-partidárias devem estar próximas dos seus cidadãos. Noutro contexto, o das autarquias locais, defende que "A proximidade às populações é crucial para uma actividade política consciente dos reais problemas e das verdadeiras necessidades das nossas comunidades". Retornando à juventude, esse mesmo líder afiança: "Mesmo assim, é necessário introduzir novos paradigmas nas formas de fazer política e de transmitir a mensagem dos políticos para aumentar a participação dos jovens e a proximidade entre eleitores e eleitos reduzindo, assim, as altas taxas de abstenção que ainda existem".Como eleitor que sou, mesmo não votando no senhor Berto Messias, concordo com esses princípios, mas na prática já percebi que este nunca me representaria. Felizmente tenho alguém que o faz.Não cabe aos eleitos, mediante sufrágio universal, directo e secreto, de harmonia com o princípio da representação proporcional e por círculos eleitorais de ilha, representar a sua ilha e o seu Concelho, estabelecendo assim uma proximidade entre eleito e eleitor? Não deve o cidadão aproximar-se do seu eleito, no mínimo com reflexões "sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os sectores da sociedade podem cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais"? Cito apenas regras eleitorais e princípios da Agenda 21.Não deveria ser o senhor Berto Messias a defender as soluções para a sua terra, independentemente de concordarmos ou não com elas, pela proximidade que tem dessa realidade? Vamos ver a falta de lógica em torno dos distintos episódios desta novela sobre as contaminações da Praia:Facto: Os mensageiros foram ridicularizados e chamados de irresponsáveis. Argumento do PS: Partidarismo e populismo. Isso não é científico.Facto: O poluidor (Os Americanos) admite. Argumento do PS: O poluidor não é credível é preciso fazer mais um estudo por uma instituição credenciada e credível. Isso não é lógico nem científico.Facto: Depois de se ler o segundo relatório, o do LNEC, toda a oposição lê que há poluição fora da Base das Lajes e que o aquífero basal está poluído. Argumento do PS: Partidarismo, populismo, alarmismo e erro de leitura. Facto: A oposição propõe uma Comissão de Inquérito. Reacção: O PS chumba. Argumento do PS: Partidarismo, populismo. Passa-se então para uma comissão parlamentar maioritariamente socialista, ouvindo-se apenas o Governo, a Praia Ambiente e o LNEC.Até aqui alguém nota um esforço do PS para ouvir alguém? Se se concorda só se pode estar a pensar nos Camaradas e no LNEC, valha-nos ao menos essa última Instituição, porque o Povo, que na surdina se pronunciou, e as diversas instituições regionais não ligadas ao poder político, não foram ouvidas.Facto: O LNEC reafirma que há poluição do aquífero basal e que isso é a grande conclusão do seu estudo. Argumento do PS- O LNEC veio dizer o que sempre dissemos.Exclamei na altura: Que bom, até que enfim estamos todos de acordo! Vamos lá descontaminar.Facto: Recentemente a oposição faz perguntas relativamente as quais é importante ter respostas, nomeadamente: "O que é uma descontaminação completa no entender do partido socialista?". Ninguém responde. "Quanto custa a descontaminação?". Ninguém responde. "Quando se inicia a descontaminação?". Ninguém responde.Afinal senhor Berto Messias, quando afirma no seu artigo de opinião que "..é tempo de avançar com o processo de descontaminação para evitar problemas no futuro", quando é esse futuro ou esse tempo? Como é que teremos problemas no futuro, se diz não haver qualquer risco no presente? O que é para si a reabilitação de zonas identificadas no relatório do LNEC? Recuperar a confiança ou a consideração pública em quê, se diz não desconfiar de nada e que o que há por aí é ruído de fundo?Parabéns à Praia Ambiente. Já começou com o processo de monitorização da água de consumo.Desconcertante é o acompanhamento que PS e Berto Messias propõem para a descontaminação: Governo Regional e Conselho Regional para o Desenvolvimento Sustentável, se o relacionarmos com a defesa que o líder da bancada socialista faz da política de proximidade. Uma autêntica incoerência. Tenho a impressão que não sabe o que é a Agenda 21. Se sabe, não propõe para essa comissão um grupo de cidadãos do seu Concelho, tal como está subjacente a uma lógica de Agenda 21 Local. A Agenda 21 tem várias esferas de acção: Local, Regional, Nacional e Global. A Agenda 21 é apenas um programa de acção que se constitui numa tentativa de promover, à escala global, um novo padrão de desenvolvimento, conciliando os métodos de protecção ambiental, justiça social e eficiência económica. É essa a lógica que está subjacente ao Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável.Diz-se no plano regional de desenvolvimento sustentável dos Açores que "de acordo com os princípios definidos na Agenda 21, procura-se enquadrar a leitura dos dados numa escala de proximidade, de forma a divisar estratégias de resolução dos problemas identificados com base numa análise directa e local das questões que afectam o dia-a-dia das populações.". O problema da Praia da Vitória não tem nada a ver com o dia-a-dia dos praienses?Ora, o senhor Berto Messias e o PS não propõem o acompanhamento por um grupo da Agenda 21 da Praia da Vitória, mas sim pelo Conselho Regional. Não tenho nada contra o Conselho Regional, mas isso não tem nada a ver com proximidade aos cidadãos. Esse conselho é apenas um órgão criado no âmbito da Agenda 21 Regional, ou seja um órgão consultivo de referência. Se tivesse lido o plano de desenvolvimento sustentável dos Açores veria que aí se refere que para além da auscultação do Conselho Regional do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CRADS) se deve ouvir um painel multidisciplinar de personalidades no que diz respeito às temáticas sócio-económicas e ambientais. O Conselho Regional de Desenvolvimento Sustentável é um órgão para ser auscultado e não para ser informado ou acompanhar seja o que for.Senhor Berto Messias, qual é a coerência da sua proposta e do seu partido? De facto apresentou alternativa, mas essa alternativa não é minimamente coerente com aquilo que diz, misturando alhos com bugalhos. Essa é uma solução de quem não é capaz de dialogar. Esse assunto é sério de mais para que o senhor o trate sem ponderação e responsabilidade.
(In Diário Insular)
segunda-feira, maio 23, 2011
A urna desaparecida
Félix Rodrigues (Opinião)
Esta é uma história que remonta há sete anos, mas que o senhor José Hermínio Machado não nos deixa esquecer. Em qualquer oportunidade faz-nos uma narrativa insólita, estranha e incomum que até hoje não teve resposta e que ocorreu aqui bem perto de nós.
José Hermínio Machado fala-nos, há sete anos, de João Machado, ex-combatente no ultramar, onde morreu, e seu irmão.
Um belo dia, o irmão do ex-combatente foi confrontado com a construção de um jazigo de outra família sobre a campa do seu ente querido. Ao que parece ninguém sabe ou não quer saber onde foram parar os restos mortais de João Machado que aí estavam numa urna de chumbo, na Terra-Chã aquando da construção desse novo jazigo. É caso para tribunal, mas a questão que aqui se coloca não é só esta, prende-se também com afectividade e respeito pela memória.
Ao que tudo indica, o senhor José Hermínio não anda atrás de uma indemnização, anda atrás sim de algo que não se compra nem se vende: a face mais delicada da memória interrompida, da memória dos que nos precederam. O desaparecimento desses restos mortais é entendida como uma negação aos descendentes de uma memória familiar.
A sociedade actual está a dar muita importância à procura de restos mortais das vítimas das guerras do ultramar, especialmente aos da Guiné-Bissau, como que fazendo parte um desejo venerável de lhes dar uma sepultura ou um lugar de descanso. É inconcebível que neste ambiente de preocupação social com os restos mortais de ex-combatentes, se percam os restos mortais de outros, que já cá tínhamos.
Neste caso em apreço houve incúria, falta de respeito ou crime.
Alguém sabe o que aconteceu, a não ser que tenha olhado para os restos de um ser humano que lutou pela pátria como se fossem resíduos. Na nossa sociedade ocidental está subjacente aos restos mortais de alguém pelo menos a dignidade do corpo, o exemplo de vida e o afecto. Assim sendo, é um imperativo moral que se saiba o que aconteceu nessa campa da Terra-Chã. As respostas tardam em chegar porque a investigação criminal, com tutela governamental tem a missão primária, ou mesmo exclusiva, de recolha de provas para tribunal, e é, regra geral, pedida pelo Ministério da Justiça. Parece, que sem levar este caso a tribunal ou formalizar queixa contra alguém, mesmos desconhecidos, que não se crê ser o caso, não se pode iniciar uma investigação criminal que visa apenas dar uma resposta a um cidadão. Parece que os registos desapareceram e ninguém faz esforço para os encontrar. É necessário levar alguém a tribunal para que os registo apareçam? É preciso ter-se que pagar a um advogado para ter uma resposta, quando não há interesse económico no caso?
Precisamos agilizar a resposta a esse caso, pois o que está em causa, além de questões de crenças e efectividades pessoais é uma questão de concepção filosófica, onde um ser humano é visto como um ser dividido entre a razão e a emoção.
José Hermínio Machado fala-nos, há sete anos, de João Machado, ex-combatente no ultramar, onde morreu, e seu irmão.
Um belo dia, o irmão do ex-combatente foi confrontado com a construção de um jazigo de outra família sobre a campa do seu ente querido. Ao que parece ninguém sabe ou não quer saber onde foram parar os restos mortais de João Machado que aí estavam numa urna de chumbo, na Terra-Chã aquando da construção desse novo jazigo. É caso para tribunal, mas a questão que aqui se coloca não é só esta, prende-se também com afectividade e respeito pela memória.
Ao que tudo indica, o senhor José Hermínio não anda atrás de uma indemnização, anda atrás sim de algo que não se compra nem se vende: a face mais delicada da memória interrompida, da memória dos que nos precederam. O desaparecimento desses restos mortais é entendida como uma negação aos descendentes de uma memória familiar.
A sociedade actual está a dar muita importância à procura de restos mortais das vítimas das guerras do ultramar, especialmente aos da Guiné-Bissau, como que fazendo parte um desejo venerável de lhes dar uma sepultura ou um lugar de descanso. É inconcebível que neste ambiente de preocupação social com os restos mortais de ex-combatentes, se percam os restos mortais de outros, que já cá tínhamos.
Neste caso em apreço houve incúria, falta de respeito ou crime.
Alguém sabe o que aconteceu, a não ser que tenha olhado para os restos de um ser humano que lutou pela pátria como se fossem resíduos. Na nossa sociedade ocidental está subjacente aos restos mortais de alguém pelo menos a dignidade do corpo, o exemplo de vida e o afecto. Assim sendo, é um imperativo moral que se saiba o que aconteceu nessa campa da Terra-Chã. As respostas tardam em chegar porque a investigação criminal, com tutela governamental tem a missão primária, ou mesmo exclusiva, de recolha de provas para tribunal, e é, regra geral, pedida pelo Ministério da Justiça. Parece, que sem levar este caso a tribunal ou formalizar queixa contra alguém, mesmos desconhecidos, que não se crê ser o caso, não se pode iniciar uma investigação criminal que visa apenas dar uma resposta a um cidadão. Parece que os registos desapareceram e ninguém faz esforço para os encontrar. É necessário levar alguém a tribunal para que os registo apareçam? É preciso ter-se que pagar a um advogado para ter uma resposta, quando não há interesse económico no caso?
Precisamos agilizar a resposta a esse caso, pois o que está em causa, além de questões de crenças e efectividades pessoais é uma questão de concepção filosófica, onde um ser humano é visto como um ser dividido entre a razão e a emoção.
(In A União)
domingo, maio 22, 2011
“Endividámo-nos para empobrecer”
Defende o regresso à austeridade, como valor moral, diz que acabou o tempo dos “vendedores de algodão doce” e lamenta a ausência de uma aliança pré-eleitoral entre PSD e CDS. Bagão Félix, antigo ministro das Finanças do governo PSD/CDS-PP e atual conselheiro de Estado, em entrevista a DI XL, analisa a situação de um país que se enterrou em dívidas, mas apenas para se tornar mais pobre.
Veio à Terceira para uma conferência que abordou as questões económicas, sociais e éticas do país na atualidade. Que papel desempenha a ética neste cenário?A Ética é central. Se fizermos uma análise das causas que estão na origem da crise, não só portuguesa mas mundial, encontraremos decerto muitas razões técnicas, económicas, mas acho que as principais raízes da crise começam por ser de forte erosão e degradação ética. Isto coloca-se ao nível do comportamento de alguns agentes económicos, de violação de regras não legais, mas éticas, da obsessão pelo curto prazo… Por vezes costuma-se dizer que determinada pessoa atuou muito bem porque respeitou a lei. Isso pode ser verdade, mas essa pessoa, eventualmente, pode estar a agir mal. As grandes questões éticas, quer na nossa vida familiar, como no mundo dos negócios, não estão plasmadas na lei. Não há nenhuma lei que proíba a ganância, a deslealdade, a mentira, as incorreções do ponto de vista das relações entre as pessoas… Como se reintroduz Ética no mundo económico?É difícil. Acho que esta crise encerra em si também uma certa pedagogia. As sociedades têm de aprender com as lições desta crise. Com os senhores “Madoff”, sejam eles internacionais ou nacionais, com a introdução de produtos, designadamente no domínio financeiro, que não tinham qualquer correspondência com o mundo real, os chamados produtos tóxicos, com a venda de falsas promessas e ilusões de ganhar depressa e mal... Todos esses aspetos, com a desvalorização da poupança e a overdose do consumo, levaram a esta situação… Portugal caiu nesse erro: Completa desconsideração da poupança como fator de desenvolvimento e até de solidariedade entre gerações. Pelo contrário, o endividamento surgiu como tópico de atuação. Endividamento para coisas importantes, mas também para coisas fúteis. Isso contém em si uma lição.Vê sinais de que se está a aprender essa lição?Acho que alguma coisa vai ficar, sobretudo para as gerações mais novas. Vamos passar por um período muito difícil. Estamos num estado de emergência. Agora, as dificuldades também contêm a perspetiva de oportunidade. Devemos aprender com os erros, porque todos os cometemos. O erro é inerente à condição humana. Havia um filósofo francês, Paul Valérie, que dizia “Ser competente é cometer erros de acordo com as regras”. Esta crise é uma oportunidade para se perceber que tem de haver um doseamento entre o consumo e a poupança, entre a visão de curto prazo e a de médio e longo prazo, seja na política como nos negócios. Tem de haver respeito entre as diversas gerações, valorização do mérito… A austeridade, uma palavra gasta que tomou recentemente um significado muito negativista, significa termos discernimento e lucidez para distinguir o essencial do acessório, para renunciar a algumas coisas em função de outras, isto começando nas famílias. É um valor moral, ético. Hoje discute-se muito a questão do Estado Social, que não é para amanhã, é para daqui a 20 ou 30 anos… Não podemos consumir hoje deixando as próximas gerações numa situação de penúria. A austeridade é um sinal de respeito pela geração que vem a seguir à nossa. Nesse sentido, sou relativamente otimista. Quero acreditar que alguma coisa há-de resultar desta dolorosa situação.Descreve a situação como de “estado de emergência”. Quais são as principais questões económicas e sociais que identifica?Neste momento enfrentamos cinco grandes questões, sendo que todas elas começam por “d”. Em primeiro lugar, temos a situação financeira do Estado, o elevado défice, e depois a grande dívida, quer pública como externa. Em terceiro lugar, do ponto de vista social, surge um perigoso desemprego e em quarto lugar uma demografia que ameaça o Estado Social: Nasce-se cada vez menos, em Portugal deviam nascer por ano, só para renovar as gerações, cerca 160 mil bebés, sendo que este ano nasceram cerca de 99 mil. Estamos com o défice demográfico. Em quinto e último lugar surge a degradação do que são os nossos principais mercados. Quais as principais soluções? Não há muitas, mas as que há são as certas e todas começam por “p”. A primeira é a produtividade, que não significa simplesmente trabalhar mais, mas trabalhar melhor, gerir melhor… O segundo passo é a poupança. Não há país que resista num endividamento constante. Neste momento estamos a gastar o dinheiro que há-de ser pago por aqueles que ainda não nasceram. O terceiro “p” é procura externa, ou seja, exportações. Para haver exportações, precisamos de ser competitivos e para sermos competitivos é necessária elevada produtividade, que é alcançada também pela capacidade de sermos seletivos, nomeadamente para sabermos escolher os setores de atividade económica que privilegiamos. Em Portugal foram privilegiados os bens não transacionáveis, os que são produzidos e consumidos internamente. Estamos a falar de uma situação em que os mercados são imperfeitos, em que não há pressão de concorrência forte e a tendência é para que haja mais ineficiência. No que diz respeito aos bens transacionáveis, os que exportamos, a concorrência é muito mais forte, exige-se uma competitividade qualitativa muito maior.No campo da produtividade criticam-se os trabalhadores, mas também os empresários… Qual é o caminho para sermos mais produtivos?A produtividade é um desafio constante. Há fatores determinantes e, em primeiro lugar, surge a consciência de que a produtividade é de facto importante. É esse o ponto fundamental. Nós somos excelentes. Num ambiente em que há essa consciência, respondemos notavelmente. É o caso de população nossa que está emigrada ou de experiências apontadas como modelo como a AutoEuropa. Temos ilhas de sucesso em Portugal. Em segundo lugar surge o ensino, com um sistema de formação profissional que não seja meramente formal, apenas para ter uma habilitação formal, mas direcionado para termos trabalhadores com mais qualificações que se traduzem em maior produção. Depois, é necessário um sistema fiscal que não condene o mérito, ao nível das empresas que investem, dos trabalhadores mais capazes e da poupança. Não sou especialista nesta área, mas percebe-se também que o sistema de Justiça tem de jogar a favor da produtividade do país. Um litígio demora anos, o que desincentiva qualquer entidade nacional ou estrangeira a investir. Temos também a questão das leis laborais.A matéria das leis laborais tem estado na ordem do dia…Se quer a minha opinião, acho que ao nível das leis do trabalho pode-se melhorar, obviamente, mas não creio que o problema de Portugal seja solucionado aumentando a liberalização dos despedimentos. Há já uma forma muito expedita de despedir, que é o despedimento coletivo. Para uma empresa com menos de 50 trabalhadores basta dois para ser considerado um despedimento coletivo e para uma com mais de 50 trabalhadores, chegam cinco. Não penso que se deva flexibilizar o despedimento, mas sim a contratação. O mundo laboral português vive entre dois extremos. Por um lado há os que têm um contrato definitivo, com 100 por cento de segurança, e, por outro, os que trabalham com contrato a termo ou a recibos verdes, com 100 por cento de insegurança. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Temos que encontrar algum equilíbrio, mantendo presente, claro, que hoje em dia não há empregos para toda a vida. A rigidez na contratação leva a que muitas vezes as empresas não contratem pessoal. Eu creio que é possível encontrar figuras de trabalho que não deem a tal segurança total, mas que minimizem a insegurança. No fundo, hoje o mundo laboral está bipolar e isso é uma forma de injustiça. Uma das coisas que está no acordo com a Troika, que até percebia num contexto de pleno emprego, é discutível do ponto de vista laboral, que é a redução do adicional que se paga pelas horas extraordinárias que os trabalhadores fazem. Reduzir o custo das horas extraordinárias é dificultar mais a contratação, porque as empresas, como as horas extraordinárias se tornam mais baratas, utilizam mais esse mecanismo, em vez de contratarem e recrutarem mais pessoal. Há outra questão, que se não houver alteração entra em vigor em 2012, que é o Código Contributivo, que diz que com os contratos a termo a entidade patronal passa a pagar mais três pontos percentuais de taxa social única. Isso é ilógico. Pessoas que podiam ter um contrato, deixam de o poder ter, em suma.Qual é o balanço que faz da nossa experiência europeia, tendo em conta nomeadamente os elevados montantes de fundos comunitários que ficaram disponíveis? Foi criada uma ilusão de riqueza?Esta é uma área em que as respostas não podem ser a preto e branco, mas matizadas. Acho que, globalmente, foi bom aderir à União Europeia e estar na moeda única. Apesar de todos os problemas, o balanço é positivo. Os fundos comunitários ajudaram a desenvolver bastante alguns aspetos do país, embora a certa altura se tenha assistido a um excesso de betão. Ao nível da Agricultura, a lógica europeia acarretou algum abandono. Hoje essa é uma questão fundamental. O nosso défice da balança alimentar é superior a três mil milhões de euros por ano. Importamos fruta, legumes, produtos vegetais de todos os pontos do mundo, quando temos condições para os produzir. Esse é um dos fatores que agravam o nosso endividamento externo. Também no campo da formação profissional, podia-se ter feito muito mais e muito melhor. Vieram toneladas de euros e de escudos na altura e muitas ações na área da formação profissional foram pura e simplesmente desperdiçadas, ou porque muitos formandos achavam aquilo uma espécie de coleção de cursos, transformando-se em profissionais da formação, ou porque para outros era um frete, ou porque para algumas empresas era uma forma de ficar com os recursos financeiros por algum tempo… Houve um desvio em relação à essência, ao núcleo do que está subjacente ao Fundo Social Europeu. Tenho também pena que, nos anos de entrada na União Europeia, em que os juros desceram muito, não tenhamos investido de forma a criar riqueza, em vez de nos lançarmos no consumo… Foi um regabofe no país, que está agora a ser pago. Também particularmente nos últimos seis anos o PIB nominal cresceu 20 por cento e a dívida pública aumentou 100 por cento… Passou de 82 mil milhões de euros para quase 170 mil milhões. Endividámo-nos não para enriquecer, mas para empobrecer. Acredita que o acordo estabelecido com a chamada “Troika” foi ao centro da questão?Melhorou em relação à abordagem que foi feita na Grécia. É preciso ver que a situação grega está longe de estar resolvida e é preocupante, também para nós. Agora, o acordo é um pouco melhor porque não olha apenas para a obsessão da consolidação financeira, mas também para algumas ideias para relançar o crescimento. Verdadeiramente, só com crescimento se consolidam as contas públicas. O que foi feito na Grécia? Uma terapia de choque em que o doente morre da cura. Estão com uma recessão e um desemprego insustentáveis. É claro que há aspetos técnicos com que discordo, no âmbito deste acordo estabelecido em Portugal, mas procurou-se ter alguma preocupação do ponto de vista social e de ver a luz ao fundo do túnel em termos de crescimento económico. Ainda assim, Portugal está quase numa situação de protetorado financeiro, que eu ilustrava com este facto singelo, mas simbólico, do acordo com Portugal ter sido assinado em língua estrangeira. Uma pessoa comum portuguesa, que não saiba inglês, não tem acesso ao documento. Não estou a ver os espanhóis a assinarem um acordo destes em inglês.Como encara a taxa de juro já anunciada no âmbito desta intervenção externa?Acho que a Europa está a tentar dar resposta à pressão de alguns países, como a Alemanha, a Finlândia, a Holanda… Há uma certa visão calvinista de que se infringimos as regras agora temos de levar a sanção respetiva. Esta taxa é absolutamente incompatível, não é comportável. Em média será de cinco por cento, o que significa, por ano, cerca de quatro mil milhões de euros. Depois de feitas todas as contas, chega-se à conclusão de que a nossa economia não aguentará essa situação, a não ser que cresça muito, o que não é provável. Essa situação terá de ser revista, o que já aconteceu em relação à Grécia e à Irlanda.
Tempo de verdade
Num texto de opinião, defendeu que acabou o tempo dos vendedores de promessas. O que espera dos políticos portugueses?Já estive na política, embora não seja político de carreira. Em primeiro lugar, não gosto de um hábito comum em Portugal que é o de toda a gente falar mal dos políticos. Os políticos não são todos iguais e não são uma classe à parte em Portugal, são pessoas como nós. Não podemos apenas criticar os outros, porque em primeiro lugar está nas nossas mãos alterar o estado das coisas. Por isso é que o regime é democrático. Nesse sentido, acho que este é o momento crucial para o imperativo da verdade. Este acordo, apesar de tudo, no meio de todas as desgraças, tem uma vantagem, porque nos colocou à frente uma cartilha da realidade, da qual não se pode fugir. Não se podem vender mentiras, ilusões, quimeras ou fantasias. O país está habituado a isso, a que ganhe o aldrabão, o mentiroso, a pessoa que hoje diz sim e amanhã não. Nestas eleições, sejam quais forem os vencedores, não se podem desviar da cartilha. O que está em causa é o caráter, a autenticidade daqueles que nos vão governar, algo completamente diferente das outras eleições, em que se podia ainda vender muito algodão doce. Agora não há algodão doce para vender, ou pelo menos não é doce, é amargo.Em 2010 já dizia que o FMI viria para Portugal. Houve impreparação da nossa classe política para antecipar esta situação?Houve quem na classe política lançasse o alerta. Quem andou sempre num estado de negação foi o atual primeiro-ministro. É preciso ver que este, dois dias antes de pedir a assistência externa, numa entrevista, estava a dizer que isso jamais aconteceria. Por outro lado, mesmo em relação à crise que estalou em 2008, reagiu sempre tarde. A antecipação é uma arma crucial. Não estou a dizer que era possível fazer milagres, mas alguma aderência à realidade teria sido essencial. Acha imprescindível um governo de maioria absoluta?É imperativo. Não é possível concretizar à risca este programa sem haver uma maioria absoluta. Mesmo assim, haverá sempre a dificuldade da rua, do impacto das medidas na população.Ajudou a elaborar o programa eleitoral do CDS. Que papel acha que este partido tem a desempenhar?O CDS vai ter um papel muito importante. Há uns dias coloquei-me a pensar nas possíveis soluções governativas em Portugal: PCP e Bloco de Esquerda estão de fora, eles próprios se autoexcluem, portanto podemos ter só PS ou só PSD, algo improvável, ou um governo a três com o PSD como primeiro partido ou o PS como primeiro partido. Podemos também ter um governo PSD/CDS, PS/CDS ou PS/PSD com o PSD em primeiro ou o PS em primeiro. Temos todas estas hipóteses académicas. O que acho é que PSD e CDS perderam a oportunidade de fazerem uma aliança pré-eleitoral. Se esta aliança existisse, havia um projeto estruturado, bem negociado, com tempo. As alianças pós-eleitorais são feitas com mais pressa. Além disso, se esta aliança pré-eleitoral PSD/CDS existisse, o que se estava agora a discutir era simplesmente se essa aliança tinha ou não maioria absoluta e não quem ficará em primeiro lugar. Esta ausência dessa coligação foi uma espécie de presente para José Sócrates. O que se está agora a debater é quem ganha as eleições. PS ou PSD? É completamente diferente. No estado atual de coisas, se me perguntar, o que gostaria mais que houvesse era uma maioria absoluta de PSD e CDS.
“Situação difícil”
Como acredita que uma Região como os Açores vai enfrentar os próximos anos?Vai enfrentar como o resto do país, porque as medidas são semelhantes. Além disso, vão ter algumas medidas que vão agravar alguns aspetos fiscais, como por exemplo a redução da distância entre as taxas de IRS e de IVA face ao Continente. Vão haver questões relativas ao endividamento. Penso que nos Açores, como em algumas regiões do Continente, por exemplo no interior, as dificuldades poderão ser acrescidas por razões que têm a ver com um grau de pobreza acrescido. Não vai ser fácil.Tem sido muito criticada, sobretudo pelo PS, a possibilidade de privatização de campos como a área social. A presença de privados nesta área, nos Açores, já acontece. Como encara esta questão?Em primeiro lugar, considero essa querela um bocado virtual. Nenhum partido está a colocar em causa o Estado Social. Aliás, o único partido que colocou o Estado Social em causa é o que está no governo, com medidas ao nível das pensões, de medicamentos, abono de família… O que está previsto é uma coisa diferente. Ninguém está a propor a privatização da área social, da saúde, da Escola… Há uma distinção entre produção e provisão. O que interessa preservar é o ensino público obrigatório ou universal e potencialmente gratuito. Mas esta preservação não precisa de ser feita apenas pela escola pública, há escola privada que garante ensino público. No domínio da proteção social, a maior parte das instituições de solidariedade social são privadas. Garantem a produção do bem público. Mesmo no domínio da Saúde já se segue essa tendência, porque uma coisa é o Estado provisionar direitos e outra é ter de ser produtor. Não me preocupa nada que um hospital seja público ou privado, desde que preste os serviços necessários à população. No fundo, a questão é apenas esta.Foi ministro das Finanças. Quem ler esta entrevista pode pensar que também esteve numa posição de poder… Quais foram os principais desafios que encontrou nesse cargo e têm alguns arrependimentos?O principal problema que qualquer ministro, em particular das Finanças, tem é que há sempre uma distância entre aquilo que nós desejamos fazer e o que podemos fazer. Humildemente digo, e honestamente, que houve muitas ideias que queria concretizar mas que não encontrei condições para o fazer. Condições políticas, financeiras, orçamentais, constitucionais… Seja o que for. Temos de saber gerir muito bem essa amargura e por vezes essa frustração de não poder colocar aquilo que pensamos no terreno. Por vezes somos acusados de sermos incoerentes. Mas há casos em que não é incoerência, mas impossibilidade. Fica sempre um certo sabor de trabalho incompleto. Depois, o ministro das Finanças tem um lugar muito difícil, muito só. É o ministro mais incompreendido não só para o exterior, mas dentro do próprio governo, porque corta ilusões, aspirações… Cada um dos ministros quer ter mais dinheiro, mas depois querem que a soma seja inferior à adição das parcelas… É uma impossibilidade. É um trabalho muito desgastante, não é um modo de vida, mas de morte. Não desejo esse cargo mesmo às pessoas de que não gosto. Acho que muito melhor do que ser ministro das Finanças é ter sido ministro das Finanças.Que também é um “cargo”…Sim, também.
* Bagão Félix esteve na Terceira, a 12 deste mês, para uma conferência organizada pelo Departamento de Economia e Gestão da Universidade dos Açores.
* Bagão Félix esteve na Terceira, a 12 deste mês, para uma conferência organizada pelo Departamento de Economia e Gestão da Universidade dos Açores.
(In Diário Insular)
sexta-feira, maio 20, 2011
CDS-PP propõe-se: Divulgar produtos e mais valias dos Açores na República
A candidatura do CDS-PP Açores às Eleições Legislativas para a Assembleia da República do próximo dia 5 de Junho, salientou hoje a disponibilidade que terá para “valorizar os produtos açorianos na República” e para a necessidade “de mobilizarmos” novos nichos turísticos para a Região. Numa acção de pré-campanha, na freguesia dos Biscoitos, concelho da Praia da Vitória, Félix Rodrigues e Graça Silveira, candidatos da lista encabeçada por Artur Lima, destacaram a mais-valia dos produtos regionais e as potencialidades turísticas que a Região está a desperdiçar, como muitas vezes tem afirmado a Universidade dos Açores. No Museu do Vinho, Félix Rodrigues afirmou que “há necessidade de valorizarmos na República os produtos açorianos conjuntamente com os produtos nacionais”, salientando também a “necessidade de mobilizarmos os enoturistas que existem espalhados pelo mundo”. O número dois da lista popular às Eleições para a Assembleia da República indicou que “em termos de estimativas existem quatro milhões de enoturistas praticantes no mundo e cerca de dois milhões de enoturistas eventuais”, ou seja, quis realçar, “o potencial económico associado a este tipo de turismo é enorme”. Os populares açorianos entendem que “há que saber aproveitar” este potencial para “sairmos deste sufoco que é a crise em que nos encontramos”.
O projecto Enoturmac, no qual esteve envolvido a Universidade dos Açores, veio provar que o enoturismo é uma área com grandes potencialidades. Por outro lado, mas ainda na vertente do sector turístico, Félix Rodrigues salientou que ao enoturismo deve e pode-se “adicionar a vertente do turismo rural”, mas em moldes diferentes dos actuais. Isto porque, frisou, “o turismo rural ainda não cumpriu os seus propósitos. Os dinheiros que vieram da Europa serviram para tudo menos para o desenvolvimento do turismo rural. Serviram para que se construíssem as casas de uns e outros. Os objectivos do turismo rural tem que ser equacionados devidamente na perspectiva económica, com sobriedade e com ética, de modo a promover e a desenvolver a sociedade actual”. Valorizar mundo ruralFélix Rodrigues criticou: “o turismo rural não pode servir só para recuperar casas de férias dos seus proprietários”. Segundo os democratas-cristãos, o potencial associado a este tipo de turismo tem que visar a sua essência, isto é, “tem que visar o turista rural que é aquele que vem aprender como se faz. Que vê as pessoas fazerem. Isto só é compatível quando estamos dispostos a trabalhar e a desenvolver o nosso País e a nossa Região”.A candidatura popular destacou ainda as potencialidades da vinha que, “para além da produção de produtos específicos também tem uma paisagem específica. Veja-se a paisagem da cultura da vinha da ilha do Pico que é Património Mundial. É uma mais valia a nível mundial, mas é triste que nós, com estes grandes valores, não consigamos captar turistas para a nossa Região. Veja-se a promoção que se faz com a região do Douro. Porque não se faz igual nos Açores?”, questionou. A terminar, os candidatos do CDS-PP salientaram que “no nosso País não falta trabalho, falta é produtividade”.
(In Correio do Norte)
MOTA AMARAL DESTACA Universidade na "afirmação da identidade" regional
O cabeça de lista do PSD pelos Açores, Mota Amaral, defendeu ontem a importância da universidade do arquipélago na “afirmação da identidade açoriana”, assegurando lutar na Assembleia da República para que a instituição tenha os meios necessários.
“É indispensável que a Universidade dos Açores se fortaleça, abra novos rumos de progresso e contribua para a afirmação da identidade açoriana”, afirmou Mota Amaral em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o reitor do estabelecimento, Avelino Meneses, no quadro da pré-campanha para as eleições legislativas de 05 de Junho.
O candidato social-democrata revelou que a conversa permitiu saber que a instituição “está no bom caminho, prestigiando-se no contexto nacional e internacional”.
“Portugal tem que se projectar para o Atlântico e a universidade, como reserva de massa cinzenta, é um veículo de afirmação dos interesses portugueses”, defendeu.
Nesse sentido, Mota Amaral assegurou que lutará na Assembleia da República para que a Universidade dos Açores “disponha dos meios necessários” para desempenhar as suas funções.
“O financiamento do ensino superior nas circunstâncias graves do Estado provocadas pela política inqualificável do actual Governo é um facto inquestionável”, frisou, acrescentando que a Universidade dos Açores “tem conseguido ultrapassar as dificuldades com criatividade”.
“É indispensável que a Universidade dos Açores se fortaleça, abra novos rumos de progresso e contribua para a afirmação da identidade açoriana”, afirmou Mota Amaral em declarações aos jornalistas no final de um encontro com o reitor do estabelecimento, Avelino Meneses, no quadro da pré-campanha para as eleições legislativas de 05 de Junho.
O candidato social-democrata revelou que a conversa permitiu saber que a instituição “está no bom caminho, prestigiando-se no contexto nacional e internacional”.
“Portugal tem que se projectar para o Atlântico e a universidade, como reserva de massa cinzenta, é um veículo de afirmação dos interesses portugueses”, defendeu.
Nesse sentido, Mota Amaral assegurou que lutará na Assembleia da República para que a Universidade dos Açores “disponha dos meios necessários” para desempenhar as suas funções.
“O financiamento do ensino superior nas circunstâncias graves do Estado provocadas pela política inqualificável do actual Governo é um facto inquestionável”, frisou, acrescentando que a Universidade dos Açores “tem conseguido ultrapassar as dificuldades com criatividade”.
(in A União)
NA ESCOLA DE ENFERMAGEM DE ANGRA Cuidados Paliativos são tema de jornadas
Organização e modelos em cuidados paliativos são algumas das principais temáticas que serão abordadas nas Jornadas Organização de Serviços em Cuidados Paliativos, nos dias 16 e 17 de Junho, na Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, realizadas por esta entidade em parceria com a direcção local da Associação Católica de Enfermeiros Portugueses.O programa do evento integra ainda quatro painéis e três workshops direccionados para profissionais de saúde e demais interessados.As inscrições estão a decorrer até ao próximo dia 31 de Maio.A iniciativa surge da necessidade do desenvolvimento dos cuidados paliativos na Região Autónoma dos Açores, conforme a direcção de Angra do Heroísmo da Associação Católica de Enfermeiros Portugueses, entidade co-organizadora das Jornadas Organização de Serviços em Cuidados Paliativos, que terão lugar nos dias 16 e 17 de Junho, na Escola Superior de Enfermagem de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores (ESEnfAH-UAç).Outras das motivações está directamente relacionada com o Curso de Pós-Graduação em Cuidados Paliativos da ESEnfAH-UAç, e, por isso, as comissões organizadoras consideram oportuna a realização de umas Jornadas subordinadas ao tema “Organização de Serviços de Cuidados Paliativos”. Estas Jornadas contarão com a participação de profissionais de reconhecida idoneidade, a nível nacional e internacional, com formação diferenciada e experiência na referida área, e, ainda, com o patrocínio científico da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos – Núcleo Regional dos Açores.Segundo o texto de apresentação, e de forma a explicar a importância de tais cuidados, “a pessoa com uma doença grave, incurável e progressiva, sobretudo quando em situação avançada e terminal, necessita de um apoio específico, diversificado e articulado, que lhe garanta ajuda no sentido de resolver os múltiplos e complexos problemas que se lhe apresentam” (Pereira, 2010). Assim, durante dois dias, as Jornadas pretendem destacar temas como “Organização de equipas de cuidados paliativos: a realidade internacional, nacional e regional”, sendo esta a conferência inaugural, proferida por Maria Teresa Flor de Lima – presidente NRA-APCP; e Norberto Messias, director da ESEnfAH-Uaç, a partir das 10h00.Ainda no dia 16, o programa prevê a abertura do evento às 9h30 e a apresentação do Painel 1 cujas matérias designam-se por “Modelos organizacionais em cuidados paliativos: alguns exemplos a nível nacional e regional; O Serviço de Cuidados Paliativos do IPO do Porto, por Carolina Monteiro – IPO Porto; “A Unidade de Medicina Paliativa do Hospital de Santa Maria”, por Emília Fradique – Centro Hospitalar Lisboa Norte, Hospital de Santa Maria; “A Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz”, por Nélia Trindade – Hospital da Luz; “A Equipa de Assistência Domiciliária em Cuidados Paliativos do CSAH”, por Celina Ormonde e Fátima Guincho, ambas do Centro de Saúde de Angra do Heroísmo; “A Equipa de Suporte Intra-hospitalar em Cuidados Paliativos do HDES, por Teresa Flor de Lima – Hospital Divino Espírito Santo de Ponta Delgada. A moderação do Painel estará a cargo de Ana Matos do Centro de Saúde de Angra do Heroísmo.
Os diferentes papéis
Já o Painel 2 das Jornadas, com início previsto às 14h00, irá focar as atenções no “Trabalho em equipa interdisciplinar em cuidados paliativos: O papel dos diferentes profissionais da equipa de cuidados paliativos: O líder da equipa”, por Nélia Trindade – Hospital da Luz; “O papel do enfermeiro”, por Emília Fradique – Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria; “O papel do psicólogo”, por António Fonseca – Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa; “O papel do médico”, por Carolina Monteiro – IPO Porto; “O papel do assistente social”, por Alexandra Ramos – Centro Hospitalar de Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria; e “O papel do Assistente Espiritual”, por Padre Júlio Rocha.A moderadora será Sandra M. Pereira, da ESEnfAH-UAç, e o encerramento dos trabalhos está marcado para as 16h00. No que concerne ao segundo dia, 17 de Junho, o arranque será pelas 14h30, com os temas do Painel 3: “Síntese e Partilha dos Workshops”, dinamizador de cada Workshop e Aluno da PGCP, moderado por Rosa Pinto – ESEnfAH-UAç, sendo que o Painel 4, pelas 16h00, tratará “Vivências em cuidados paliativos: experiências no âmbito da formação”, pelos alunos do Curso de PGCP: Aradna Mangi, Catarina Santos, Lara Ávila, Helena Gouveia, Patrícia Ferreira, Pedro Fins, Ricardo Dutra, Tânia Cortês, estando a moderação à responsabilidade de João Enes – Hospital Santo Espírito de Angra do Heroísmo, EPE.
Marketing e Prevenção dão o mote a workshops
Enquanto o primeiro workshop focará as atenções em “Marketing em Cuidados Paliativos”, por Emília Fradique – Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, o segundo abordará o tema “Prevenção do burnout em cuidados paliativos”, por Sandra M. Pereira – ESEnfAH-UAç, e, por fim, o terceiro “Como organizar equipas de cuidados paliativos”, por Carolina Monteiro – IPO Porto, sendo que todos realizam-se dia 17 de Junho, a partir das 14h00. As inscrições estão abertas a todos os profissionais de saúde, assim como a outras pessoas interessadas, os quais podem contactar Isabel Azevedo, da ESEnfAH-UAç, através do telefone 295204410 e do email: aimazevedo@uac.pt.
Os diferentes papéis
Já o Painel 2 das Jornadas, com início previsto às 14h00, irá focar as atenções no “Trabalho em equipa interdisciplinar em cuidados paliativos: O papel dos diferentes profissionais da equipa de cuidados paliativos: O líder da equipa”, por Nélia Trindade – Hospital da Luz; “O papel do enfermeiro”, por Emília Fradique – Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria; “O papel do psicólogo”, por António Fonseca – Faculdade de Educação e Psicologia, Universidade Católica Portuguesa; “O papel do médico”, por Carolina Monteiro – IPO Porto; “O papel do assistente social”, por Alexandra Ramos – Centro Hospitalar de Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria; e “O papel do Assistente Espiritual”, por Padre Júlio Rocha.A moderadora será Sandra M. Pereira, da ESEnfAH-UAç, e o encerramento dos trabalhos está marcado para as 16h00. No que concerne ao segundo dia, 17 de Junho, o arranque será pelas 14h30, com os temas do Painel 3: “Síntese e Partilha dos Workshops”, dinamizador de cada Workshop e Aluno da PGCP, moderado por Rosa Pinto – ESEnfAH-UAç, sendo que o Painel 4, pelas 16h00, tratará “Vivências em cuidados paliativos: experiências no âmbito da formação”, pelos alunos do Curso de PGCP: Aradna Mangi, Catarina Santos, Lara Ávila, Helena Gouveia, Patrícia Ferreira, Pedro Fins, Ricardo Dutra, Tânia Cortês, estando a moderação à responsabilidade de João Enes – Hospital Santo Espírito de Angra do Heroísmo, EPE.
Marketing e Prevenção dão o mote a workshops
Enquanto o primeiro workshop focará as atenções em “Marketing em Cuidados Paliativos”, por Emília Fradique – Centro Hospitalar de Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria, o segundo abordará o tema “Prevenção do burnout em cuidados paliativos”, por Sandra M. Pereira – ESEnfAH-UAç, e, por fim, o terceiro “Como organizar equipas de cuidados paliativos”, por Carolina Monteiro – IPO Porto, sendo que todos realizam-se dia 17 de Junho, a partir das 14h00. As inscrições estão abertas a todos os profissionais de saúde, assim como a outras pessoas interessadas, os quais podem contactar Isabel Azevedo, da ESEnfAH-UAç, através do telefone 295204410 e do email: aimazevedo@uac.pt.
(in Sónia Bettencourt em A União)
Comissão "inquinada" pelo peso da maioria
A descontaminação dos solos da Praia da Vitória voltou a ser debatida por via da apresentação de três propostas de resolução para o acompanhamento do processo por parte do parlamento açoriano.Toda a oposição parlamentar (PSD, CDS/PP, BE, PCP e PPM), subscreveu uma proposta no sentido de ser criada uma comissão técnica para o acompanhamento dos trabalhos de descontaminação a realizar nos locais identificados como poluídos pelo combustível dos militares norte-americanos da Base das Lajes.Essa comissão deveria ser composta por personalidades com capacidade técnica para avaliarem o modo como esses trabalhos serão conduzidos, integrando peritos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Universidade dos Açores e indicados pelo Governo Regional e parlamento açoriano.Os proponentes justificam a necessidade de ser criada essa comissão com o argumento de que o Governo Regional tem assumido uma atitude de inércia em relação ao problema e que essa seria uma forma do parlamento açoriano ser informado, semestralmente, sobre a forma como os trabalhos de descontaminação seriam efetuados.Por outro lado, as proposta de resolução da oposição (o BE apresentou outra relacionada com o mesmo assunto, embora com objetivo diferente), acentuam a necessidade de o processo ser monitorizado de forma eficaz para que não resultem dúvidas na descontaminação dos dois locais indicados no estudo do LNEC e seja considerada a possibilidade de se alargar o âmbito dos trabalhos a outras zonas da Praia da Vitória que possam estar também contaminadas e que não foram ainda suficientemente estudadas.No entanto, a maioria socialista não subscreveu a proposta da oposição, apresentando uma iniciativa sobre o mesmo assunto, mas que vai no sentido de recomendar ao Governo Regional que informe o parlamento açoriano sobre o andamento dos trabalhos de descontaminação.Após a apresentação das propostas de resolução assistiu-se, no parlamento açoriano, a mais um debate acalorado, onde as acusações de manipulação e aproveitamento político do processo foram a tónica comum entre as duas partes.De um lado a oposição clamou pela bondade da sua proposta, enquanto a maioria socialista terá entendido que se tratava de uma manobra para "entalar" o Governo Regional.
Apenas uma comissão...Enquanto deputados de todas as bancadas e o Governo trocam argumentos e algumas acusações, do alto da cabine de imprensa vamos tentando perceber porque é que não houve um esforço para todos se entenderem sobre este assunto.Afinal, o que está em causa é apenas a criação de uma comissão técnica para acompanhar um processo de descontaminação ambiental na Praia da Vitória que se pretende transparente como a água pura.Interessa mesmo é que o problema seja resolvido sem mais demoras e retóricas políticas e que os técnicos comecem, o quanto antes, a trabalhar e que os norte-americanos não fujam às suas responsabilidades quando chegar a hora de pagar a fatura, cumprindo-se assim o princípio do poluidor-pagador.Criar uma comissão técnica, um grupo de trabalho ou outro organismo qualquer para fazer o acompanhamento de um processo que deverá ter alguma complexidade técnica parece ser uma atitude sensata. O PS entende que não há necessidade de ir nesse sentido.Numa matéria em que nem sequer se conhece os seus contornos na sua totalidade, porque existem outras áreas que não foram objeto de estudo do LNEC e que até podem estar contaminadas, quanto mais informação houver disponível melhor será para que não restem dúvidas sobre a real dimensão do problema, caso contrário corre-se o risco de se estar a varrer o lixo para debaixo do tapete.
Apenas uma comissão...Enquanto deputados de todas as bancadas e o Governo trocam argumentos e algumas acusações, do alto da cabine de imprensa vamos tentando perceber porque é que não houve um esforço para todos se entenderem sobre este assunto.Afinal, o que está em causa é apenas a criação de uma comissão técnica para acompanhar um processo de descontaminação ambiental na Praia da Vitória que se pretende transparente como a água pura.Interessa mesmo é que o problema seja resolvido sem mais demoras e retóricas políticas e que os técnicos comecem, o quanto antes, a trabalhar e que os norte-americanos não fujam às suas responsabilidades quando chegar a hora de pagar a fatura, cumprindo-se assim o princípio do poluidor-pagador.Criar uma comissão técnica, um grupo de trabalho ou outro organismo qualquer para fazer o acompanhamento de um processo que deverá ter alguma complexidade técnica parece ser uma atitude sensata. O PS entende que não há necessidade de ir nesse sentido.Numa matéria em que nem sequer se conhece os seus contornos na sua totalidade, porque existem outras áreas que não foram objeto de estudo do LNEC e que até podem estar contaminadas, quanto mais informação houver disponível melhor será para que não restem dúvidas sobre a real dimensão do problema, caso contrário corre-se o risco de se estar a varrer o lixo para debaixo do tapete.
(In HV Diário Insular)
quinta-feira, maio 19, 2011
Sobre a entrevista de um deputado
António Machado Pires (Opinião)
Há dias mostraram-me uma folha arrancada de uma revista (do SNESUP) em que o deputado à Assembleia da República pelos Açores, Prof. Doutor Luís Fagundes Duarte faz, em entrevista, considerações sobre a desnecessária e economicamente discutível presença de Humanidades na Universidade dos Açores: que os Açores deveriam ter cursos e investigações só em áreas específicas (vulcanologia, oceanografia, etc.), que os alunos de Línguas e Literaturas, História, Filosofia, etc. deveriam ter bolsas e irem estudar para Lisboa, Coimbra e Porto, por exemplo. Escreve mesmo: "Não faz sentido que a Universidade dos Açores – eu sou de lá, não sou professor da universidade, mas sou eleito pelos Açores -, na minha opinião pessoal, e eu sei não é politicamente correcto dizê-lo, mas acho que devo dizer, tenha línguas e literaturas modernas, tenha história, tenha filosofia, tal como tem aqui em Lisboa, em Coimbra ou no Porto, tal como nas outras universidades. E falo dos Açores como falo nas outras. A Universidade dos Açores deveria especializar-se nas áreas em que os Açores, em que aquela região geográfica tem particular interesse: vulcanologia, ciências do mar, pescas, meteorologia, enfim. E aquilo que se pouparia em professores, em equipamentos, etc." A consciência da discutibilidade das afirmações vem já na própria entrevista. A invocação de que o que diz pode ser considerado politicamente incorrecto é uma espécie de "sangrar-se em saúde". De resto, a crítica ou a teoria de Fagundes Duarte encontra pela frente uma instituição nacional com 35 anos de história. E, com efeito, podem citar-se nas Humanidades – nomeadamente nas Línguas e Literaturas, caso que conhecemos melhor, alguns exemplos de Congressos Internacionais de referência: IV Reunião Internacional de Camonistas, 1983; Congresso Internacional Anteriano, 1991; Congresso Internacional de Estudos Nemésianos, nos 20 anos de norte de V.N., 1998, todos com a publicação das respectivas Actas. Foram publicadas numerosas obras no domínio da Historiografia, dadas importantes colaborações a organismos científicos nacionais e internacionais, prestadas provas de carreira que envolveram temas de interesse para a História das Ilhas Atlânticas e para a sua relação com a História Nacional. Um prémio nacional Virgílio Ferreira e um prémio PENCLUB foram atribuídos a professores de Humanidades na Universidade dos Açores – que parece que o poderiam ter sido (ou foram mesmo) docentes noutras universidades nacionais. Às obras de Antero, de Nemésio, de Gaspar Frutuoso foi localmente acrescentada alguma coisa. Por via de intercâmbio têm estudantes estrangeiros estudado Humanidades nos Açores. E a formação de professores, que abrangeu mais profunda e localmente os residentes? E o que tudo isso traz de carga cultural? Tenho a maior consideração pessoal pelo meu conterrâneo Prof. Doutor Luís Fagundes Duarte (Professor na Universidade Nova de Lisboa) e deputado pelos Açores à Assembleia da República na capital, ocupando-se frequentemente de assuntos de Educação. Mas gostaria de lhe chamar a atenção para o facto de que já há largos anos se falava no CRUP (Conselho de Reitores) em "áreas de excelência" (no caso dos Açores p. ex. a Vulcanologia, a Oceanografia, alguns aspectos das Ciências Agrárias), sem que deixem de existir ensino e investigação "excelente" naquelas áreas também no Continente (Lisboa, Aveiro, Faro, ISA) – o que significa que não há, nem deve haver, privacidades e coutadas na liberdade de espírito e de interesses que caracteriza o saber universitário. Seria uma visão geográfico-economicista pouco epistemológica … Sobretudo na boca de homens de letras (isto é, admiradores e cultores de pensamento livre e identitário). Pense-se sobretudo ao inverso: de quanto teríamos privado os Açores e os açorianos se não tivesse havido (felizmente ainda hoje há) Humanidades na Universidade dos Açores. Talvez restasse apenas lugar para um conjunto de institutos (mar, vulcanologia, ciências agrárias, etc) que não já uma universidade e à qual aqueles institutos nunca se sentiriam mal ligados. Podem e devem coexistir esses interesses todos sob um tecto universitário. Uma universidade é sempre um "cartão-de-visita" recomendável. Mas então se se quer abrir a porta à existência ou não existência (e preço) de uma Universidade nos Açores, a questão é outra. Poder-se-á mesmo dizer que todo o estudante universitário deverá sair da sua ilha para "amadurecer". Mas isso só se poderá dizer a respeito da mentalidade universitária? E não poderá uma Universidade contribuir para combater esse provincianismo que o Senhor Deputado pelos Açores implícita às suas ilhas? Mas cuidado, que podem vir de arrasto instituições (talvez) mais caras e que o politicamente correcto não aconselha abordar … É melhor deixar ficar tudo tranquilo ou estudar mais a fundo as questões.
(In Açoriano Oriental)
Abertas candidaturas ao programa Estagiar U
Estão abertas, até ao final deste mês, as candidaturas ao programa Estagiar, destinado a proporcionar uma experiência em contexto real de trabalho aos jovens estudantes residentes na Região que se encontrem a frequentar o ensino universitário, de modo a potenciar a sua futura transição para o mercado de trabalho.
Os estágios, com a duração de um mês consecutivo, decorrem entre 15 de julho e 30 de setembro, podendo ser promovidos por empresas e cooperativas.
Aos estagiários que completem o programa de estágios será atribuída uma compensação pecuniária de valor equivalente à remuneração mínima garantida na Região.
As candidaturas podem ser apresentadas junto dos serviços da direção regional do Trabalho, Qualificação Profissional e Defesa do Consumidor, em Ponta Delgada, bem como nas Agências para a Qualificação, Emprego e Trabalho de Angra do Heroísmo e Horta. Os formulários de candidatura podem ser obtidos junto dos referidos serviços, bem como através do portal www.azores.gov.pt.
Os estágios, com a duração de um mês consecutivo, decorrem entre 15 de julho e 30 de setembro, podendo ser promovidos por empresas e cooperativas.
Aos estagiários que completem o programa de estágios será atribuída uma compensação pecuniária de valor equivalente à remuneração mínima garantida na Região.
As candidaturas podem ser apresentadas junto dos serviços da direção regional do Trabalho, Qualificação Profissional e Defesa do Consumidor, em Ponta Delgada, bem como nas Agências para a Qualificação, Emprego e Trabalho de Angra do Heroísmo e Horta. Os formulários de candidatura podem ser obtidos junto dos referidos serviços, bem como através do portal www.azores.gov.pt.
quarta-feira, maio 18, 2011
Uma Região Cheia de Potencialidades
Félix Rodrigues (Opinião)
São várias os especialistas que afirmam que somos uma Região cheia de potencialidades, todavia, não passamos disso mesmo, por incapacidade de nos focarmos naquilo que interessa.
Qualquer um reconhece que temos enormes potencialidades geoestratégicas, marinhas ou marítimas, agrícolas, ambientais e turísticas. Podemos ser os melhores da Europa nessas áreas. Somo-lo?
Quando queremos abarcar tudo, acabamos por perder o rumo, daí que seja necessário cada vez mais centrarmo-nos num ponto e num passo de cada vez.
Todos os dias aparece alguém, que não daqui, a dizer-nos o quanto de bom temos. Sentimos orgulho, até o publicitamos, mas na prática não tiramos daí proveito.
Tomemos como exemplo o facto do site "BootsnAll", uma referência internacional para os turistas amantes de natureza e, também, de caminhadas, ter referido o trilho da Criação Velha, inserido na Paisagem da Vinha da ilha do Pico como um dos oito mais especiais do mundo. Relativamente à qualidade do trilho e da paisagem da Cultura da Vinha do Pico já classificada pela UNESCO, não é nada que já não suspeitássemos. Ou seja, a priori, é suposto que do ponto de vista turístico haja especificidade, singularidade e autenticidade nessa paisagem. A questão que aqui se coloca prende-se com o aproveitamento dessa publicidade gratuita, que segundo me parece, não custou um cêntimo à região, dos cerca de 30 milhões anuais que investimos na publicitação do destino Açores. Em termos de mercado global, a Montanha do Pico capta actualmente um milionésimo do mercado mundial de montanhismo e rende anualmente, baseando-me apenas naqueles que sobem a montanha, cerca de 11 salários mínimos. Será que existe no mundo um milhão de montanhas melhores do que o Pico? Pelos vistos, a Montanha do Pico, sem a qual não havia cultura da vinha ou trilho, estará também ela no oitavo lugar especial do mundo. Não é isso argumento suficiente para mobilizar a National Geographic, sem lhe pagar nada, como muitos outros o fazem, para mostrar algo fantástico e único que possuímos?
Não será esse facto importante para se começar a organizar desde já, pacotes turísticos específicos para potenciar esses recursos?
O turismo de montanha gera a nível mundial entre 47 mil milhões e 60 mil milhões de euros por ano.
A captação de turistas, usando especificamente o trilho da Criação Velha, a paisagem protegida da Cultura da Vinha e o apelativo da Montanha do Pico, não é compatível com a promoção do destino Açores, geograficamente indefinido, assumidamente ecológico mas promocionalmente feito para as massas. Falta-nos iniciativa, especialização e espírito empresarial.
Com umas contas rápidas, poderemos rapidamente, no espaço de dois ou três anos, com essa publicidade gratuita e acordos acertados e realistas com redes de viagens, criar emprego e gerar mais riqueza no Pico e consequentemente nos Açores.
O Pico não é o único exemplo recente de distinção internacional, ainda muito recentemente a revista National Geographic Traveler elegeu o Arquipélago dos Açores, como as segundas melhores ilhas do mundo. E depois! Para que é que isso serve? Fizemos algum roteiro turístico especial para promover em conjunto as três ilhas aí mencionadas: Faial, São Miguel e Terceira?
Temos que fazer um esforço para nos centrarmos nas distintas realidades dos Açores: Ilhas, Grupos e Arquipélago. Cada foco, cada olhar, é turisticamente distinto. Temos que aproveitar aquilo que de positivo nos vai caindo no colo, como fruta madura numa árvore que já há muito tempo deveria ter sido colhida.
Qualquer um reconhece que temos enormes potencialidades geoestratégicas, marinhas ou marítimas, agrícolas, ambientais e turísticas. Podemos ser os melhores da Europa nessas áreas. Somo-lo?
Quando queremos abarcar tudo, acabamos por perder o rumo, daí que seja necessário cada vez mais centrarmo-nos num ponto e num passo de cada vez.
Todos os dias aparece alguém, que não daqui, a dizer-nos o quanto de bom temos. Sentimos orgulho, até o publicitamos, mas na prática não tiramos daí proveito.
Tomemos como exemplo o facto do site "BootsnAll", uma referência internacional para os turistas amantes de natureza e, também, de caminhadas, ter referido o trilho da Criação Velha, inserido na Paisagem da Vinha da ilha do Pico como um dos oito mais especiais do mundo. Relativamente à qualidade do trilho e da paisagem da Cultura da Vinha do Pico já classificada pela UNESCO, não é nada que já não suspeitássemos. Ou seja, a priori, é suposto que do ponto de vista turístico haja especificidade, singularidade e autenticidade nessa paisagem. A questão que aqui se coloca prende-se com o aproveitamento dessa publicidade gratuita, que segundo me parece, não custou um cêntimo à região, dos cerca de 30 milhões anuais que investimos na publicitação do destino Açores. Em termos de mercado global, a Montanha do Pico capta actualmente um milionésimo do mercado mundial de montanhismo e rende anualmente, baseando-me apenas naqueles que sobem a montanha, cerca de 11 salários mínimos. Será que existe no mundo um milhão de montanhas melhores do que o Pico? Pelos vistos, a Montanha do Pico, sem a qual não havia cultura da vinha ou trilho, estará também ela no oitavo lugar especial do mundo. Não é isso argumento suficiente para mobilizar a National Geographic, sem lhe pagar nada, como muitos outros o fazem, para mostrar algo fantástico e único que possuímos?
Não será esse facto importante para se começar a organizar desde já, pacotes turísticos específicos para potenciar esses recursos?
O turismo de montanha gera a nível mundial entre 47 mil milhões e 60 mil milhões de euros por ano.
A captação de turistas, usando especificamente o trilho da Criação Velha, a paisagem protegida da Cultura da Vinha e o apelativo da Montanha do Pico, não é compatível com a promoção do destino Açores, geograficamente indefinido, assumidamente ecológico mas promocionalmente feito para as massas. Falta-nos iniciativa, especialização e espírito empresarial.
Com umas contas rápidas, poderemos rapidamente, no espaço de dois ou três anos, com essa publicidade gratuita e acordos acertados e realistas com redes de viagens, criar emprego e gerar mais riqueza no Pico e consequentemente nos Açores.
O Pico não é o único exemplo recente de distinção internacional, ainda muito recentemente a revista National Geographic Traveler elegeu o Arquipélago dos Açores, como as segundas melhores ilhas do mundo. E depois! Para que é que isso serve? Fizemos algum roteiro turístico especial para promover em conjunto as três ilhas aí mencionadas: Faial, São Miguel e Terceira?
Temos que fazer um esforço para nos centrarmos nas distintas realidades dos Açores: Ilhas, Grupos e Arquipélago. Cada foco, cada olhar, é turisticamente distinto. Temos que aproveitar aquilo que de positivo nos vai caindo no colo, como fruta madura numa árvore que já há muito tempo deveria ter sido colhida.
(In Jornal Terra Nostra)
terça-feira, maio 17, 2011
Personalidades e instituições: 40 condecorações no Dia dos Açores
Quarenta pessoas e instituições serão condecoradas pela Assembleia Regional no Dia dos Açores, a 13 de Junho, na Praia da Vitória.
Os nomes foram revelados ontem pelo parlamento, mas não têm o voto favorável do Partido Popular Monárquico.
Pelo segundo ano consecutivo, o deputado do PPM à Assembleia Regional, vai votar contra a lista de condecorados que serão agraciados no Dia da Região.
Paulo Estêvão é o único deputado que não subscreve todos os nomes que figuram na lista das insígnias honoríficas, a atribuir este ano, no dia da Região, Segunda-feira do Espírito Santo.
O deputado monárquico não concorda com alguns dos agraciados propostos pelo Partido Socialista, mas não quis revelar quais.
A lista definitiva, que será votada no Parlamento na próxima semana, integra 40 personalidades e instituições da Região que distinguiram em benefício dos Açores. É o caso de Avelino Meneses, reitor da Universidade dos Açores, do jornalista Mário Bettencourt Resendes, já falecido, director do Diário de Notícias e de Jaime Sousa Lima, empresário do Grupo Sousa Lima, que serão condecorados com a insígnia autonómica de reconhecimento.
A insígnia de mérito profissional será atribuída a Jorge Monjardino e Mário Lima, dois médicos já falecidos, e ainda a José Lourenço, director do jornal Diário Insular.
Luís Bensaúde, empresário do Grupo Bensaúde, a Casa Agrícola Brum e a Cerâmica Vieira irão também receber insígnias, nesta caso, de mérito industrial, comercial e agrícola.
Na longa lista de condecorados com a insígnia de mérito cívico, estão figuras como o monsenhor Weber Machado Pereira, padre Octávio Medeiros, Vigário Episcopal de São Miguel, Veríssimo Borges, antigo dirigente da Quercus, já falecido, e Jorge Nascimento Cabral, antigo jornalista, também já falecido.
Destaque ainda para a Esquadra dos Pumas e Aviocar da Base das Lajes, a Comissão das Festas do Espírito Santo da Nova Inglaterra e os clubes desportivos Fonte do Bastardo e Ribeirense, que recentemente se sagraram campeões nacionais de voleibol em masculinos e femininos, respectivamente.
(In Correio dos Açores)
segunda-feira, maio 16, 2011
Apresentação à Comunidade Académica do Projeto da Candidatura a Reitor pelo Prof. Doutor Jorge Manuel Rosa de Medeiros
Terá lugar, no próximo dia 16 de Maio, pelas 15h00, no Anfiteatro do Complexo Pedagógico do campus de Angra do Heroísmo (Pico da Urze), a Sessão de Apresentação à Comunidade Académica do Projeto da Candidatura a Reitor pelo Prof. Doutor Jorge Manuel Rosa de Medeiros.
O evento estará aberto a todos os interessados.
O evento estará aberto a todos os interessados.
Mediterrâneo nos Açores
Em Maio de 2013, será realizado pela primeira vez nos Açores, em Angra do Heroísmo, um congresso dedicado aos Estudos Mediterrânicos (http://www.mediterraneanstudies.org/).
“O Mito do Empresário”
Realizou-se no dia 13 de Maio (sexta-feira), pelas 17h00, uma palestra do Dr. Eduardo Cruz, Director da Empresa Formedia – Instituto Europeu de Empresários e Gestores, que nos falou sobre: “O Mito do Empresário”.
A Empresa FORMEDIA é uma empresa de formação de executivos, empresários e gestores especializada em e-learning. Tem actividades regulares nos países de língua portuguesa, em especial Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe, em regime presencial e a distância, online, com recurso à internet e multimédia.
A FORMEDIA beneficia de diversos acordos de cooperação e parcerias:
CEPADE – Universidad Politécnica de Madrid (Espanha)
IUP – Instituto Universitário de Posgrado (Espanha)
IFBM – Instituto de Formação Bancária de Moçambique
ISEGI - Universidade Nova de Lisboa
Universidade Agostinho Neto (Angola)
Instituto Superior Politécnico (S. Tomé e Príncipe)
ISCIM - Instituto Superior de Comunicação e Imagem(Moçambique)
Página online do Ciência & Vinho: http://www.angra.uac.pt/ggcn/cienciaevinho/index.html.
A Empresa FORMEDIA é uma empresa de formação de executivos, empresários e gestores especializada em e-learning. Tem actividades regulares nos países de língua portuguesa, em especial Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e S. Tomé e Príncipe, em regime presencial e a distância, online, com recurso à internet e multimédia.
A FORMEDIA beneficia de diversos acordos de cooperação e parcerias:
CEPADE – Universidad Politécnica de Madrid (Espanha)
IUP – Instituto Universitário de Posgrado (Espanha)
IFBM – Instituto de Formação Bancária de Moçambique
ISEGI - Universidade Nova de Lisboa
Universidade Agostinho Neto (Angola)
Instituto Superior Politécnico (S. Tomé e Príncipe)
ISCIM - Instituto Superior de Comunicação e Imagem(Moçambique)
Página online do Ciência & Vinho: http://www.angra.uac.pt/ggcn/cienciaevinho/index.html.
Do ponto de vista turístico a Montanha do Pico vale pouco
Félix Rodrigues (Opinião)
Como todos sabemos, a montanha do Pico é o ponto mais alto de Portugal, um ícone geográfico importante tanto no contexto nacional como no contexto internacional. Assim sendo, essa montanha produz uma atratividade que deve ser explorada de forma sustentável, ou seja, a sua exploração turística deve equacionar as componentes ambiental, social e económica. O montanhismo, prática de subir montanhas através de caminhadas ou escaladas, é considerado actualmente um desporto ou turismo de aventura ligado ao turismo ecológico, área para a qual temos grande vocação na Ilha Montanha. O montanhismo como atracção turística corresponde entre 15% a 20% do mercado turístico mundial, estimando-se que venha a gerar, em 2020, entre 67 mil milhões e 94 mil milhões de euros por ano. Neste momento o turismo de montanha a nível mundial gera entre 47 mil milhões e 60 mil milhões de euros por ano. Nesse contexto, interessa saber qual é a riqueza que este grande ícone nacional gera e se poderemos ou não potenciá-lo em termos de geração de riqueza.Refira-se que, por exemplo o Teide em Tenerife, no arquipélago canarino, atrai cerca de 4 milhões de turistas por ano. Se compararmos essa atratividade com o Pico, a nossa montanha atrai apenas 0,15% (cerca de 6000 subidas por ano) do mercado do Teide. De facto é muito pouco, em termos comparativos. Assim sendo, o potencial atractor da Montanha do Pico não está devidamente aproveitado.É curioso que um país rico como o nosso não cobre entradas nos seus parques naturais! Nos Estados Unidos, cobram-se em média 17 euros por entrada num parque Nacional, no Canadá cobram-se em média 7 euros, na Argentina 6 euros e na Índia 3 euros, apenas para citar alguns exemplos. Perdemos, pela ausência de cobrança, uma verba que no mínimo seria de cerca de 18 000 euros por ano em entradas, que dariam, na actualidade, para contratar pelo menos uma pessoa a tempo inteiro para registar eficazmente os turistas que sobem a montanha e perceber os seus interesses de modo a adequarmos correctamente a oferta à procura. Se aplicássemos os preços americanos, que pare este caso entendo serem os mais justos, obteríamos uma renda anual de cerca de 102 000 euros por ano, que daria para contratar cerca de seis pessoas por ano, com um salário razoável, ou então, 12 pessoas com o salário mínimo.A maioria dos turistas que sobem a montanha do Pico fazem-no sem guia. Admitindo que apenas 30% dos turistas que sobem a montanha o fazem com guia, a um preço médio de 35 euros por pessoa, a montanha do Pico rende anualmente por essa via, 63 000 euros, ou seja, muito menos do que renderiam as entradas a 17 euros. Esse rendimento é manifestamente reduzido. Ainda se torna mais reduzido quando percebemos que o Governo Regional paga 1200 euros por cada resgato que tenha que ser feito a turistas que teimosamente sobem sem guia. Estima-se que esse montante, de acordo com as últimas notícias, ascende no mínimo a 12 000 euros por ano, isso se não tivermos que mobilizar helicópteros, cujo preço ascende certamente a mais de 10 000 euros por viagem. Anualmente são resgatadas da montanha entre 6 e 10 pessoas. Depois de contas feitas, para o modelo actual de gestão de subidas à montanha do Pico, o rendimento anual que daí se extrai rondará os cerca de 51 000 euros, ou seja, uma média de 3,5 euros de lucro por residente na ilha ao ano. Esse montante é ridiculamente baixo e revela falta de estratégia económica na exploração de um ícone nacional.A procura actual, num modelo equilibrado e justo de exploração turística da montanha do Pico poderia render anualmente 165 000 euros, o que corresponderia a 10 euros por habitante ao ano, mesmo que os que insistem em subir ao Pico sem guia não tenham que pagar o seu próprio resgate. Mesmo assim, esse montante continuaria a ser muito baixo dado que corresponderia a apenas 10 empregos por ano ou cerca de 20 salários mínimos anuais. Assim sendo, há que promover eficazmente esse destino, respeitando a capacidade de carga prevista de 160 pessoas em simultâneo, que corresponderia a um valor provável e aceitável de subidas por ano de cerca de 24 000 pessoas, cujo lucro poderia ascender aos 44 euros por ano e por habitante da ilha, ou seja, cerca de 88 salários mínimos. Em termos de mercado global, o Pico capta actualmente um milionésimo do mercado mundial. Será que existe no mundo um milhão de montanhas melhores do que o Pico? Se não, quer isso dizer que estamos nitidamente aquém das nossas potencialidades. Como é que se entende que estando os trilhos do Pico nos primeiros oito trilhos mais especiais do mundo, só capte um milionésimo do mercado mundial?Mesmo que o preço de entrada para a subida à montanha do Pico fizesse recuar a procura em 30%, cenário muito pouco provável, a montanha renderia mais com esse modelo do que na situação actual.A Montanha do Pico, com enormes potencialidades no mercado turístico de montanha e da natureza, não pode continuar a valer tão pouco num país em crise.
(In Diário Insular)
OPOSIÇÃO QUERIA PERITOS DA SOCIEDADE CIVIL A ACOMPANHAR DESCONTAMINAÇÃO NA PRAIA DA VITÓRIA
Partidos da oposição acusam socialistas de tentarem esconder processo de descontaminação. A Comissão de Assuntos Parlamentares, Ambiente e Trabalho (CAPAT) da Assembleia Legislativa deu parecer negativo, pela maioria socialista, a uma proposta assinada pelos restantes partidos da oposição, sobre a criação de uma comissão técnica de acompanhamento do processo de descontaminação na Praia da Vitória.Ouvida pelo DI, a oposição considera que a atitude demonstra que o partido em maioria tem algo a esconder. A proposta em causa pretendia recomendar ao Governo Regional a criação de uma Comissão Técnica de Acompanhamento constituída por elementos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, da Universidade dos Açores e da Empresa Municipal Praia Ambiente, pelo representante da Região Autónoma dos Açores na Comissão Bilateral e um representante da sociedade civil, eleito pela Assembleia Legislativa. Seria da competência da comissão assegurar a celeridade do processo de descontaminação das áreas afetadas pela ação das forças militares norte-americanas na Terceira e a instituição do princípio da precaução na utilização do espaço açoriano pelas entidades norte-americanas. No entanto, a maioria socialista deu parecer negativo. O grupo parlamentar manifestou-se, em comissão, desfavorável ao projeto de resolução por considerar que "resulta de uma apreciação descontextualizada da realidade , feita pelos partidos da oposição, conforme o atesta o resultado das audições realizadas pela Comissão". PS quer "esconder" A oposição, por seu turno faz uma leitura diferente. Para Artur Lima do CDS-PP, a atitude demonstra "a falta de transparência que o PS quer introduzir neste processo". O líder centrista considera que o partido em maioria tenta esconder "erros gravíssimos" e critica a proposta apresentada pelos socialistas, que classifica de "tendenciosa", por só prever um acompanhamento do Governo Regional e da autarquia. A proposta do PS, que recebeu pareceu positivo do partido na CAPAT, defende um acompanhamento permanente pela Assembleia Legislativa do processo de descontaminação. Desta forma, é recomendado ao Governo que informe a Assembleia sobre a evolução e resultados, através do Relatório do Estado do Ambiente e do Conselho Regional para o Desenvolvimento Sustentável, para além da audição anual em comissão dos membros do governo com competência em matéria de Ambiente e de Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA. O projeto de resolução recomenda ainda ao executivo regional a realização de uma avaliação técnica do estado ambiental das zonas em causa, uma vez terminado o processo de descontaminação e reabilitação. Proposta minimalista Também a deputada do PSD Carla Bretão critica a proposta dos socialistas, que considera "minimalista" e "meramente formal". Diz que o PS tem sido uma "força de bloqueio", que apresenta uma "posição passiva" desde que foram divulgadas as primeiras provas de contaminação e que esta atitude é "lamentável". Para a social-democrata ficou "claro" nas audições da CAPAT que era necessário criar esta comissão. Carla Bretão lembrou mesmo que o próprio responsável pelo estudo do LNEC, Lobo Ferreira, "disse que era essencial e disse que estava disponível para colaborar". De acordo com a deputada, a criação desta comissão é um "importante contributo" e a única forma de garantir que a descontaminação vai repor as condições ambientais e a qualidade de vida das pessoas, bem como assegurar que a migração não ocorre. "Só quem fala a mesma linguagem é que pode avaliar se o que está a ser feito está a ser bem feito", frisa. Carla Bretão voltou ainda a criticar a inexistência até ao momento de um protocolo efetivo entre o Governo Regional e as autoridades norte-americanas. "A parte portuguesa tem que se acautelar. Independentemente da boa vontade dos americanos, é preciso exigir a descontaminação", sublinhou. Já Aníbal Pires do PCP lamenta que o PS não tenha "subscrito" a proposta da restante oposição e que "não tenha querido ir mais além". O deputado classifica a proposta do PS de "minimalista" e diz que a leitura política desta atitude será feita pela sociedade. Opinião semelhante tem Paulo Estêvão do PPM que diz que com esta atitude o PS dá a entender que "tem algo a esconder". O deputado frisou ainda que é preciso garantir que a saúde e a segurança das pessoas está em primeiro lugar. DI tentou ainda ouvir o PS e o Bloco de Esquerda sobre esta questão mas tal não foi possível até ao fecho da edição.
(in Diário Insular)
Formação é melhor defesa dos jovens em tempo de crise
O reitor da Universidade dos Açores (UA), Avelino Meneses, reiterou ontem que a formação continua a ser a melhor defesa dos jovens na sociedade atual e em cenário de crise. "Não é verdade que o desemprego qualificado seja o mais expressivo, mas é verdade que o emprego qualificado é o melhor remunerado", afirmou, na abertura da conferência "Portugal na nova ordem financeira europeia", promovida pelo Departamento de Economia e Gestão da UA."Entendo o sucesso da canção dos 'Deolinda', os protestos da geração à rasca, mas continuo a frisar que a formação é a melhor forma de fazer face aos desafios", frisou.Avelino Meneses apontou várias raízes da crise atual, desde os teóricos, que acreditaram demasiado na capacidade de auto-regulação dos mercados, até à banca, que disponibilizou taxas de juro muito baixas, abrindo as portas ao endividamento. Para além dos reguladores, apontou também baterias aos governos, muitas vezes "mais preocupados com as próximas eleições".Também participou na conferência o diretor do Departamento de Economia e Gestão da UA, Mário Fortuna, que explorou o tema "Como a Europa se propõe controlar as finanças públicas".Mário Fortuna indicou a criação do Mecanismo de Estabilidade Europeu. Este Mecanismo dispõe de uma soma inicial de perto de 500 mil milhões de euros e deverá ser activado em Junho de 2013. O MEE tem por objectivo "assegurar a estabilidade financeira de toda a zona euro".
(In Diário Insular)