sexta-feira, abril 27, 2007

Recuperação do Paul da Praia da Vitória não reflecte a visão científica

O Professor Eduardo Dias, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, garante que o projecto para o Paul da Praia não traduz o estado original daquela zona. O projecto do Parque Turístico/Ambiental do Paul, na Praia da Vitória, não traduz o paul original. O Professor Eduardo Dias, biólogo e professor da Universidade dos Açores assume que nem “se conhece o paul original, até porque a ideia que dele se tem, ligada às imagens do século XIX”, está longe daquilo que poderá ter sido aquele local. “Pelos documentos e referências consultadas, e sobretudo pelas análises ali efectuadas, a ideia que temos é que, na altura do povoamento, o que ali deve ter existido estava mais próximo de uma ria do que de uma lagoa. Esta parece ser o resultado do homem, que terá tentado ali alguma aquacultura durante os séculos XVI e XVII”. Para Eduardo Dias, o projecto - estando em curso a construção - do paul revela o que denomina de “engenharia natural”: “ali vai colocar-se um sistema no lugar de outro”.“Isso é legítimo, mas não se pode declarar que ali vai surgir o paul antigo. A questão - a meu ver - é se ali se quer criar um parque zoológico, então o projecto vai nesse sentido; mas se ali querem um espaço natural com alguma genuinidade, então aquela não é a opção”, explica o biólogo.“Analisando o projecto, fica-se com a ideia de que quem o fez não tem a concepção do que é uma zona húmida”, enfatiza Eduardo Dias. Segundo o biólogo, é possível “outra solução, que procure o paul original”.“É possível recriar esse ambiente, mas não é possível re-naturalizar o espaço”, assume.

AVES AO LONGE...

Para o professor universitário Eduardo Dias - que realizou alguns estudos sobre a zona do paul da Praia da Vitória - outra das ideias que pode não ter resultado (tendo em conta o projecto apresentado) é conseguir no parque uma zona de observação de aves. “As aves migratórias que utilizam aquelas paragens são, por natureza, tímidas, e necessitam de recato para descansar. Daí que concentrar nas imediações um espaço para concertos, zonas de passeio e lazer e um espelho de água, é um erro, porque essas aves procurarão outros locais para descansar”, explica o académico.

PERIGOS...

Eduardo Dias avisa ainda para os perigos que podem surgir naquele local. “As zonas húmidas são, por natureza, locais poluídos. Aliás, as análises que ali foram efectuadas mostraram valores elevados de substâncias tóxicas. Claro que, do ponto de vista natural, esta perigosidade não é má. Mas é preciso ter isso em conta quando se planeia para aquele lugar zonas de lazer, incluíndo uma área de água”, argumenta o professor, que aconselha a cuidados pormenorizados em relação a estas questões. Eduardo Dias adianta que ou se aplicam naquele local os métodos de controlo rigoroso do espaço natural, para evitar problemas, ou então - querendo deixar-se a natureza à sua sorte - o melhor é procurar outras soluções. Na última semana, começaram os trabalhos para a construção do futuro parque ambiental do Paul, na zona Norte da Praia.
PROJECTO EM EXECUÇÃO NÃO REFLECTE VISÃO CIENTÍFICA

O professor universitário Eduardo Dias assume não se rever no projecto para o parque ambiental do paul, na Praia da Vitória.“Não me revejo naquela proposta, assim como não me revejo naquele trabalho, muito menos nos pressupostos científicos”, sublinha, recusando qualquer ideia que defenda a existência de suporte científico da Universidade dos Açores aquele projecto. “Da parte da minha equipa, os trabalhos que realizamos foram abandonados por não terem consequência. Aliás, a proposta da empresa que venceu aquela obra não teve em conta as conclusões a que vários investigadores chegaram no âmbito de alguns estudos”, assume, garantindo que mesmo os estudos realizados careciam de aprofundamento.“Houve alguns trabalhos isolados, mas que não permitiram uma visão global daquela área”, sublinha o académico. Crítico em relação ao projecto para o futuro Parque Turístico/Ambiental do Paul, Eduardo Dias assume, no entanto, que é possível fazerem ali o que bem entenderem, “desde que não se venda a ideia de recuperação do paul original”.


(in Diário Insular)

quarta-feira, abril 25, 2007

Carga parasitária em peixes



Todos os dias toneladas de peixe fresco descarregadas na lota têm de ser destruídas. Cerca de 50 por cento do pescado descarregado em lota tem que ser destruído.
Os motivos que levam a essa destruição são os mais variados; desde a fraca qualidade do pescado, com peixes sem valor comercial, até à detecção pela inspecção sanitária de tumores, bactérias oportunistas e excesso de carga parasitária que fazem com que o pescado seja classificado como “sem condições para consumo humano”. João Pedro Barreiros, professor da Universidade dos Açores e especialista em Biologia Marinha, afirma que “a carga parasitária não é, em si, uma doença, mas pode enfraquecer o organismo do peixe”. Esse especialista diz mesmo que “os parasitas que se encontram em grande número nos peixes marinhos costumam morrer quando o animal é retirado da água salgada”. A Inspecção Higio-Sanitária (que possui cerca de 50 veterinários em permanência junto das lotas) selecciona o pescado sem condições para consumo humano, que passa a ser classificado como subproduto e é destruído através do processo de incineração. No caso de Matosinhos, por exemplo, e em virtude da sua grande dimensão, a armazenagem do peixe rejeitado é feita em contentores refrigerados, sendo a sua recolha diária. O contrato para escoamento dos subprodutos de pescado faz parte de um outro mais abrangente, celebrado com uma empresa que se dedica à recolha de todos os tipos de resíduos, que os entrega, para reciclagem, a outras empresas de cada uma das especialidades. No caso dos subprodutos de pescado, estes são entregues a uma empresa que procede à sua farinação e incineração. No caso dos restantes portos concessionados pela Docapesca, existem contentores frigoríficos que funcionam a uma temperatura de 18 graus centígrados negativos, nos quais se procede à armazenagem dos subprodutos. A armazenagem a uma temperatura que permite manter os subprodutos congelados justifica-se porque, sendo a quantidade produzida diariamente pequena, a sua recolha ocorre semanalmente ou quando se justificar. Para os portos de mais pequenas dimensões foram adquiridas arcas frigoríficas para armazenar os subprodutos.

RISCO MAIOR NO TAMBORIL E NO SARGO

Os peixes que se movem menos são os mais atreitos a grandes cargas parasitárias, afirma João Pedro Barreiros. O professor da Universidade dos Açores aponta como exemplo o tamboril, como uma das espécies de peixes que tem mais cargas parasitárias. Também o sargo pode apresentar vários parasitas, que produzem um branqueamento das escamas e contribuem para a falta de qualidade da carne. Outro dos sinais de problemas nos peixes, embora sem consequências para a saúde pública, é a chamada “opacidade do globo ocular”, que pode significar uma falta de qualidade da carne, em virtude do estado de debilidade do animal. “Quem compra para venda ou revenda faz logo uma primeira triagem da qualidade do pescado”, refere João Pedro Barreiros.

MAIS CONTROLO SANITÁRIO

Uma inspecção realizada pela Comissão Europeia em 2006 concluiu que não existem garantias de que o peixe fresco que entra em Portugal seja controlado ao nível sanitário. Os responsáveis da União Europeia analisaram 11 portos de desembarque de peixe fresco. Este documento mereceu uma violenta reacção do Ministério da Agricultura que contestou as suas conclusões e prometeu reforçar a vigilância em portos e entrepostos comerciais e aduaneiros e elaborar um novo manual de procedimentos.


(in Correio da Manhã)

domingo, abril 22, 2007

Dia da Terra comemorado na ilha do Pico com o filme "Uma verdade inconveniente"

A Ecoteca da ilha do Pico organizou, nos dias 20 e 21 de Abril de 2007, cinco sessões de apresentação do filme "Uma verdade inconveniente", seguida de debate em vários locais da ilha.
O Prof. Félix Rodrigues do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores foi convidado para dinamizar esse debate e proceder a alguns esclarecimentos sobre fenómenos relacionados com as Alterações Climáticas Globais e respectivos impactos nos sistemas naturais e sociais.
As duas primeiras sessões realizaram-se na Escola Básica Integrada e Secundária de São Roque do Pico, no dia 20 de Abril, com alunos do terceiro ciclo e posteriormente com alunos do ensino secundário.
O debate centrou-se na contribuição que cada pessoa poderia dar para mitigar os impactos das alterações climáticas globais. Apesar do contributo de cada um ser reduzido, o somatório desses contributos não o é.
Se pela ilha do Pico passasse a população mundial e cada pessoa levasse uma pequena pedrinha como recordação, a ilha desaparecia. Do mesmo modo, se pela ilha passasse a população mundial, onde cada um trouxesse uma pequena pedrinha, outra ilha seria construída. O contributo reduzido de cada um serve para construir o todo, ou para destruir o todo. É uma questão de escolha.

Na tarde do mesmo dia, 20 de Abril de 2007, a sessão comemorativa do Dia da Terra, decorreu na Escola Básica e Secundária das Lajes do Pico, com alunos do ensino secundário.
Após a passagem de "Uma verdade inconveniente", foi realizado um pequeno inquérito, tendo-se verificado que a maioria dos presentes se demonstravam muito preocupados com as questões levantadas nesse documentário.
O debate centrou-se em torno das questões da globalização quer em termos ambientais quer em termos económicos. Numa economia de mercado, é o consumidor quem decide o sucesso ou o incesso de um produto. Foi acentuada a necessidade de associar as externalidades ambientais ao preço de um produto de forma a contribuir para um mercado justo e ambientalmente saudavel. O contributo de cada um para minorar os impactos das alterações climáticas globais pode passar por uma lógica de não desperdício e por uma escolha criteriosa dos produtos.


À noite do mesmo dia, assistiu-se a "Uma verdade inconveniente" nas instalações da Ecoteca do Pico, na Vila da Madalena. O debate circulou em torno da consciência e ética. Sem consciência ou ética ambiental é impossível contribuir eficazmente para o combate às Alterações Climáticas Globais ou equacionar medidas de mitigação capazes de fazer frente a essa realidade. A consciência é o nosso guia, é a nossa bússola. Por vezes tentamos vacinar-nos contra ela, porque se esta estiver activa deixar-nos-á sem dormir até que sejamos capazes de tomar uma qualquer iniciativa.Na manhã do dia 21 de Abril de 2007, a sessão realizou-se no auditório da sede de Bombeiros da Madalena, com alunos e docentes da Escola Profissional do Pico.
O debate centrou-se na coragem política para a implementação de políticas ambientais para garantir a sustentabilidade ambiental e o combate às Alterações Climáticas Globais. A coragem política é directamente proporcional ao número de votos, daí que parte da acção individual se pode centrar numa escolha correcta dos projectos colocados a sufrágio pelos políticos. Tal participação exige do cidadão uma cidadania activa e uma constante formação.
O slogan das actividades levadas a cabo no Pico, na comemoração do dia da Terra, poderia ter sido:


"Não se vacine contra a sua consciência: A Terra necessita de si."


As estas sessões assistiram mais do que 400 pessoas e todas as escolas são Eco-escolas.
Para mais informações sobre o filme "An inconvenient truth" visite http://www.climatecrisis.net/.

Zonas húmidas - Paúl da Praia da Vitória único nos Açores

Um paul é uma zona húmida. Podem ser considerados cinco tipos de zonas húmidas: as marinhas, as estuarinas, as lacustres, as fluviais e as palustres. Os pauis junto com as turfeiras e os pântanos incluem-se nesta última categoria.
Segundo a definição constante na Convenção de Ramsar, da qual Portugal é signatário desde 9 de Outubro de 1980, uma zona húmida é uma zona de pântano, charco, turfeira ou água, natural ou artificial, permanente ou temporária, com água estagnada ou corrente, doce, salobra ou salgada, incluindo águas marinhas cuja profundidade na maré baixa não exceda os 6m.
“A Convenção sobre Zonas Húmidas constitui um tratado inter-governamental adoptado a 2 de Fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, relativo à conservação e ao uso racional das Zonas Húmidas” (Farinha et al., 2001).
A situação de transição entre o meio aquático e o terrestre confere a estas zonas características muito especiais, nomeadamente uma grande biodiversidade. São tidas, actualmente, como importantes “reservas genéticas, habitats privilegiados de fauna e flora, reguladores bio-climáticos locais, de controle de contaminação, de controle de sedimentos, de educação e investigação, de actividades de lazer, de produção de recursos e de valor patrimonial físico e estético”(Dugan 1990; Skinner&Zalewski, 1995; Farinha & Trindade, 1994 referidos em Barata, 2002).
A escassez deste tipo de zonas a nível mundial (2% do território) e a nível europeu (3% do território) tem transformado a sua conservação num dos objectivos prioritários das políticas actuais de Conservação da Natureza.
O Paul da Praia da Vitória, na ilha Terceira-Açores, é uma lagoa costeira associada à existência de um graben e de um sistema dunar localizada na proximidade do centro urbano da cidade da Praia da Vitória. Como zona húmida que é, o Paul é um ecossistema de elevada produção primária capaz de servir de suporte à vida selvagem nomeadamente a aves que o utilizam como área de refúgio e de nidificação. A enorme importância das zonas húmidas é actualmente um facto aceite e cientificamente fundamentado. Apesar disso e, na sequência de milénios de História, tal importância continua a ser ignorada por uns e relegada para segundo plano por outros, em nome de intervenções que destroem completamente aquele tipo de ecossistema, invocando razões que se prendem com questões de crescimento económico que nunca pode ser confundido com desenvolvimento dada a sua falta de sustentabilidade. O Paul da Praia da Vitória pertence pois a um determinado tipo de ecossistema escasso à escala mundial, europeia e da Macaronésia. Constitui, pela sua localização em pleno Atlântico Norte, a meia distância entre o continente americano e europeu, um ponto estratégico para as aves que, por diversas razões, entram em rotas marginais a quando das suas migrações. Assim, ao longo dos tempos, têm sido registadas presenças de aves quer do continente europeu quer do continente americano .



As zonas húmidas ao longo da História sempre foram consideradas zonas marginais necessitadas de intervenção, que quase sempre se resumia a operações de enxugo, para serem aproveitadas como zonas de cultura dada a riqueza do seu substrato de várzea.
O sucesso do futuro Parque Turístico/Ambiental do Paul (em construção desde segunda-feira), na Praia da Vitória, dependerá da intervenção humana que ali decorra, assume o historiador Francisco Maduro Dias, que, há alguns anos, chamou a atenção para o potencial daquele espaço e, mais tarde, despertou o interesse de uma equipa de cientistas do pólo de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, que realizou diversos estudos sobre aquela zona húmida. Maduro Dias, assume que o Paul da Praia pode tornar-se no exemplo perfeito de “diálogo entre o homem e a natureza”.“Em boa verdade, aquele local não é uma extrema maravilha biológica, comparável às maravilhas incluídas em diversas listagens internacionais. Aquele não é um local onde existam os últimos “pica-paus amarelos”; mas é um local onde se coloca uma oportunidade maravilhosa áquela comunidade humana, é um local capaz de mostrar a inteligência da natureza em surgir diante dos olhos do homem, dando aos praienses algo que mais nenhuma cidade açoriana consegue: espaço verde verdadeiro, natural e capaz de uma dinâmica impressionante”, argumenta.“O Paul da Praia pode ser visto como um jardim, que se lhe forem criadas condições, pode tornar-se exuberante e catalisador da presença humana. Mas tudo isso depende da inteligência humana, nomeadamente em ali criar as condições para que tal aconteça”, sublinha o investigador.

“ESPAÇO ÚNICO...”

A opinião de Maduro Dias é corroborada pelo Professor Paulo Borges da Universidade dos Açores. Este investigador sublinha que o Paul da Praia “é um local único em termos ecológicos, que vive da mistura da água salgada com a água doce”. No entanto, o cientista apela a que “haja cuidado especial na movimentação de terras naquele local, para que não se percam qualidades únicas”. Paulo Borges, contudo, reconhece que a notícia do alargamento da zona de água é importante e aplaudida, “já que de aumenta a disponibilidade hídrica no local para a fauna que ali passa”, particularmente várias espécies de aves migratórias. “Em boa verdade, o projecto que está a ser implementado pela actual Câmara da Praia da Vitória respeita muito daquilo que o grupo de trabalho foi indicando, o que é de salutar, já que o objectivo em mente nessa altura era criar um espaço de interacção entre o homem e a natureza, criando-se condições a esta para que se desenvolva ainda mais”, reconhece Maduro Dias, alertando apenas para a necessidade dos materiais escolhidos serem integrados nesse pensamento.

OBRAS EM CURSO...

Começaram na segunda-feira as obras de construção do que virá a ser (após o final de 2008) o Parque Turístico/Ambiental do Paul, na Praia da Vitória. O projecto contempla locais para a observação de aves, já que o paul é um “hot-spot” para ornitólogos e observadores de aves. Em paralelo, será construído também um centro interpretativo, e serão distribuídos pelos percursos pedonáveis equipamentos com informação, dando ao visitante a possibilidade de adquirir mais conhecimento sobre a importância daquele local. Ao longo do percurso pedonável vão ser construídas zonas dedicadas a várias actividades: um parque infantil e um skate-park (localizados nos espaços onde, hoje, já se encontram equipamentos do género), um miradouro e uma zona de desporto livre, além de todo um conjunto de edifícios de apoio. Este parque está integrado no projecto da marginal da Praia da Vitória.

(in Câmara Municipal da Praia da Vitória e Diário Insular)

quarta-feira, abril 18, 2007

Impactos do azoto nas pastagens de explorações leiteiras

A produção animal, nomeadamente a produção de bovinos leiteiros, baseada num sistema de pastoreio rotacional anual, é o pilar da economia do sector primário açoriano.
Nas últimas décadas, tem-se verificado uma tendência para um sistema de bovinicultura mais intensivo, recorrendo a maiores inputs de adubações. Este sistema utiliza maiores encabeçamentos e maiores produções. Essa intensificação conduz a riscos com efeitos prejudiciais para o ambiente.
Estas são as principais conclusões da tese de Mestrado em Produção Animal de Cristina Maria Rodrigues Melo da Silveira e Silva, orientada pelo Professor Catedrático Alfredo Emílio Silveira de Borba do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Nesse trabalho estudaram-se 15 explorações de bovinos leiteiros na ilha Terceira-Açores, nomeadamente as excreções de azoto e o teor de ureia no leite, o qual é um bom indicador do nível de alimentação proteica da vaca leiteira. Verificou-se que quanto maior é o nível de adubação da pastagem maior é o nível de proteína bruta que entra na nutrição dos animais, podendo-se ultrapassar os níveis nuticionalmente aconselhados a vacas leiteiras se as adubações forem superiores a 40 unidades de azoto por hectar.

Neste contexto, verifica-se que a adubação azotada em doses elevadas onde não é necessária, tem impactos ambientais negativos, essencialmente ao nível da qualidade da água e das emissões atmosféricas de óxidos de azoto.

sábado, abril 14, 2007

Paradigmas do desenvolvimento económico

Realizou-se no dia 9 de Abril, no Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, uma conferência/debate com o Professor Nuno Martins da Universidade Católica Portuguesa.
Após uma abordagem rápida das perspectivas das várias escolas de desenvolvimento económico: a neoclássica, a institucional americana, a austríaca, a keysiana, a neoricardiana e a marxista, o ênfase foi dado às grandes diferenças entre a escola neoclássica e a escola evolucionista.
O Prof. Nuno Martins acentuou que o paradigma neoclássico se baseia em agentes racionais e no pressuposto de que a economia tende para o equilíbrio. Esse mesmo paradigma revê-se numa política monetária centrada no controlo da inflação e numa política de desenvolvimento orientada para a poupança. Sobre o modelo evolucionista foi referido que se tratava de uma abordagem com mais analogias com a biologia do que com a física, procurando uma visão mais interdisciplinar do funcionamento da sociedade e da dinâmica social que tem muito a ver com as interacções e desiquilíbrios entre a tecnologia e as instituições. Ainda que, de acordo com o modelo evolucionista haja que perceber o processo histórico da evolução das tecnologias e instituições, para entender o processo de desenvolvimento.

No debate, os filósofos questionavam se a tecnologia poderia ser determinante do homem e das suas instituições, enquanto que os físicos propunham a adaptação à economia de muitos outros modelos físicos. Os economistas presentes indagaram da pertinência dos vários modelos de análise na definição das políticas nos diversos países do mundo. Os historiadores manifestaram o seu contentamento por terem percebido que a história tinha retomado um papel fundamental na explicação do desenvolvimento económico. Os geógrafos juntaram a dimensão territorial à explicação do desenvolvimento, e os sociólogos, levantaram questões sobre o Banco Mundial e o FMI. Os gestores académicos perguntaram sobre as divergências entre as várias teorias económicas e o Processo de Bolonha.

Prof. Tomaz Ponce Dentinho in A União.

sexta-feira, abril 13, 2007

O Clima do futuro - 2070 Açores

Invernos mais chuvosos e húmidos e um aumento da temperatura média em 2 a 3º C são alguns dos cenários previstos para o Arquipélago dos Açores, decorrentes das alterações climáticas e do aquecimento global do planeta. Os dados estão patentes num estudo, intitulado "Climate Change Scenarios in the Azores and Madeira Islands" (Cenários das alterações climáticas nas ilhas dos Açores e da Madeira), publicado na revista World Resource Review, em 2004.
Este trabalho é da autoria de diversos cientistas, incluindo Eduardo Brito Azevedo, professor e investigador no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores. Os cenários do estudo são construídos para o período 2070-2099 e têm por base comparativa o clima registado no período de controlo, 1961-1990.
No estudo são apresentados os cenários possíveis para a ilha Terceira, cujos aumentos de temperatura simulados são inferiores aos projectados para as regiões continentais de idêntica latitude. A influência moderada do oceano parece, de acordo com os investigadores, proteger a ilha, no final do século XXI, de mais drásticos incrementos de temperatura. Uma das conclusões a que os cientistas chegaram foi a de que o aumento da precipitação no Inverno e redução da mesma na Primavera e no Outono poderão ter um impacto significativo nas ilhas, afectando o desenvolvimento de culturas agrícolas e da flora.
O clima futuro da Terceira, por exemplo, de acordo com os cenários adoptados, poderá vir a ser mais quente, em cerca de 1 a 2º C. A estação das chuvas será menor, concentrando-se principalmente nos meses de Inverno. Os resultados obtidos para S. Miguel são, regra geral, idênticos aos da Terceira. Prevê-se que o Inverno seja mais húmido, num crescimento que varia entre 0% a 25% (ponderação dos dois cenários desenvolvidos), no período 2070-2099. Os verões, no mesmo período, serão mais secos, num crescimento que varia entre os 10% e os 40% (ponderação dos dois cenários desenvolvidos).


O estudo das alterações climáticas nos Açores é de grande importância, referem os investigadores, uma vez que a economia das ilhas depende, em grande parte, dos recursos naturais. O principal efeito estimado do aquecimento global é a alteração da distribuição da precipitação anual, com invernos mais húmidos e chuvosos e as outras estações mais secas. Isto poderá ter um impacto significativo nos recursos hídricos das ilhas, com o aumento da intensidade da precipitação no Inverno e défices de água no Verão. Os deslizes de terras são eventos catastróficos frequentes nos Açores e o aumento da precipitação no Inverno pode vir a agravar este problema. A comunidade científica está alerta "Existem inúmeras publicações científicas sobre causas e consequências das alterações climáticas", afirmam Maria Ventura e Regina Cunha, docentes na Universidade dos Açores e investigadoras do Centro de Conservação e Protecção do Ambiente. "Por exemplo, o PIAC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas) foi criado pela WMO (World Meteorological Organization) e pela UNEP (United Nations Environment Programme), em 1988, com o objectivo de avaliar a informação científica, técnica e socioeconómica, relevante para compreender as alterações climáticas, os seus potenciais impactos, e opções de adaptação e mitigação. " De momento, o painel encontra-se a ultimar o IV Relatório de Avaliação das alterações climáticas, "Climate Change 2007". O financiamento no âmbito do VI Programa-Quadro foi em grande parte dedicado às "alterações climáticas" e esta temática continua a ter grande destaque no actual programa-quadro (FP7).


De: ISABEL ALVES COELHO in Expresso das Nove.

terça-feira, abril 10, 2007

Este mar. ..ainda desconhecido

Desde os ecossistemas costeiros às políticas de gestão dos recursos marítimos, a oceanografia vai estar no centro do XII Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar. Neste encontro internacional, o conhecimento açoriano de docentes da Universidade dos Açores vai levar e trazer contributos do foro académico, bem como prosseguir projectos científicos. São esperados cerca de 3500 congressistas no XII Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar – COLACMAR que no próximo fim-de-semana arranca em Florianópolis, no Brasil. A oceanografia física, química e geológica vai estar no centro dos temas em análise e, nela, a centralidade geográfica dos Açores e os estudos elaborados pela Universidade dos Açores (UA) vão integrar não só o vasto leque de palestras, como a formação que será ministrada ao longo de uma semana, entre 14 e 21 de Abril. Os ecossistemas costeiros, as mudanças climáticas globais, a contaminação ambiental são alguns dos tópicos em debate.

Entre os vários assuntos a debater estará, a “Corrente de Santa Helena: Uma Nova Corrente Marinha no Oceano Atlântico Sul”, será o contributo da investigadora Manuela Juliano do Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia (LAMTEC), oceanógrafa responsável pela descoberta da referida corrente. A docente da UA, refere que a deslocação ao Brasil cumpre dupla função: não só a participação no congresso internacional, como encetar contactos com a Marinha brasileira para uma expedição ao local da corrente. “No fundo, o objectivo é fazer medições in situ” junto da corrente de Santa Helena, aproveitando a colaboração das autoridade e entidades que mais próximas dela se encontram. Depois de ter sido descoberta, conta, resta agora aprofundar os conhecimentos que da corrente de Santa Helena podem ainda ser retirados: “desde a interacção com correntes vizinhas à origem, são vários os estudos que ainda precisam de ser efectuados”, disse ao nosso jornal a investigadora. Para Manuela Juliano a participação no COLACMAR serve essencialmente para “divulgar o trabalho e trocar experiências com outros colegas e encontrar sinergias para trabalho futuros”. “Circulação Oceânica no Oceano Atlântico: uma Visão Integrada” é o tema do mini-curso que Manuela Juliano vai igualmente ministrar no COLACMAR.

Investigar o desconhecido




João Pedro Barreiros, do Departamento de Ciências Agrárias (DCA) é outros dos docentes da UA que marca presença não só como palestrante e formador, mas igualmente como membro da comissão científica do congresso. “Ambientes Pelágicos e Oceano Profundo: Como Investigar os Ecossistemas Mais Desconhecidos do Planeta” é título da sua intervenção e “Amostragem Biológica em Ambientes Intertidais e Pelágicos” o tema do do mini-curso. O docente enfatiza a particularidade da investigação científica feita nas ilhas açorianas e o seu reconhecimento pela comunidade mundial, uma vez que “demonstra que o trabalho que fazemos aqui tem vindo a ser cada vez mais conceituado e apreciado pelos colegas do mundo inteiro”. “Os Açores são uma região estratégica no estudo dos oceanos”, sustentou, acrescentando que a partilha do que é investigado no arquipélago neste congresso internacional é um “sinal de maturidade da UA”. Questionado sobre os contributos que os especialistas açorianos vão poder trazer para a região, João Pedro Barreiros refere que “muitos dos problemas que nós temos podem ser comuns a outros países”. Questões estas que são transversais não só do ponto científico, como da gestão de recursos: “para termos mais base para ajudar e mantermos em alerta os decisores políticos sobre os problemas dos oceanos”.


Para João Pedro Barreiros o estabelecimento de uma rede de recursos costeiros de pequenas dimensões que equilibra os recursos existentes e reactive a pesca, e uma aposta na formação dos pescadores profissionais são as prioridades que aponta necessárias para os Açores. “Os Açores são uma região frágil cujos recursos têm de ser geridos com inteligência”, disse.

Ciências do mar aprofundam saber

As Ciências do Mar estão no centro da programação do XII COLACMAR, promovido pela Associação Latino-americana de Pesquisadores em Ciências do Mar – ALICMAR e a Associação Brasileira de Oceanografia – AOCEANO. Nele, haverá a participação de especialistas ligados às instituições de ensino e de pesquisa latino-americanas, além de profissionais ligados a órgãos ambientais e sectoriais, iniciativa privada e ONG’s de toda a América Latina. “A programação prevê, também, a realização de grandes e importantes palestras e conferências de interesse regional (latino-americano) e mundial, Os temas dessas palestras deverão propiciar aos congressistas o acesso às metodologias e técnicas mais actuais para a ampliação de seus conhecimentos, o “estado d’arte” do conhecimento e as actuais tendências nas diversas áreas do meio oceanográfico, assim como a apresentação das políticas internacionais e regionais directamente relacionadas às Ciências do Mar”, apontam os promotores.

(in A União)

domingo, abril 08, 2007

Sociedade e tecnologia agrícola


“Olhe-se para um país em vias desenvolvimento e para a aplicação de uma determinada tecnologia de produção agrícola. Essa tecnologia pode ter funcionado no Reino Unido ou em França, mas, nesse país vai estar desajustada, por não existir um conjunto de instituições complementares”, explica Nuno Martins, natural da ilha Terceira e professor da Universidade Católica, que realiza, amanhã (9 de Março de 2007), uma conferência no Campus de Angra do Heroísmo intitulada “Uma abordagem evolucionista às mudanças tecnológicas e institucionais”.

Nuno Martins adianta que o que vai estar em debate é a perspectiva evolucionista da relação entre as sociedades e as mudanças tecnológicas. “O pensamento dominante é o neoclássico, que vê as mudanças tecnológicas apenas como algo que é trabalhado no sentido de optimizar a economia. A perspectiva evolucionista defende que a relação entre a inovação tecnológica e as instituições existentes em determinada sociedade não é um processo necessariamente ajustado”.
Outra das problemáticas que vão estar sobre a mesa no dia nove, pelas 20h30, no anfiteatro do pólo da Universidade dos Açores no Pico da Urze, é “ a forma como as instituições e as mudanças tecnológicas se vão relacionando ao mesmo tempo que o contexto social, cultural e económico evolui”.
Nuno Ornelas Martins doutorou-se em 2006 na Universidade de Cambridge, onde leccionou entre 2004 e 2005, especializando-se em áreas como o desenvolvimento humano, ética económica, metodologia da economia e filosofia.
(in Diário Insular)

quinta-feira, abril 05, 2007

O Sol interage com o meio que o rodeia- Ano Heliofísico Internacional



O Professor Miguel Ferreira, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, doutorado em Astrofísica, explica porque é importante a comemoração do Ano Heliofísico Internacional.

Em que consiste o Ano Heliofísico Internacional?
As pessoas têm a ideia que o Sol nasce de manhã, depois desce e põe-se, sempre da mesma forma. O que acontece é que o Sol tem uma actividade muito dinâmica, interage com o meio que o rodeia. Essa interacção dá-se porque o Sol se expande na forma de um vento que pode atingir a Terra. Isto provoca vários fenómenos, alguns com consequências inócuas, como são as auroras boreais, mas também com influências mais concretas. Existe aquilo a que chamamos tempestades, que podem danificar satélites, são perigosas para os astronautas, que naquela altura estiverem a dar um passeio pelo espaço e, em grandes altitudes, já houve casos em que foram danificadas centrais eléctricas.

Estamos a falar de um fenómeno natural…?

São fenómenos naturais. Da mesma forma que a Terra tem sismos, também no Sol existe necessidade de libertar energia. Hoje em dia fala-se em previsão do tempo. Em vez de o fazermos na Terra, queremos fazê-lo no espaço. Numa escala de tempo alargada queremos falar numa climatologia espacial. Em termos históricos há uma ligação entre as pequenas idades do gelo e os ciclos solares.

Como se podem prevenir os estragos provocados por estas tempestades solares?

A baixas altitudes não se pode dizer que exista um grande impacto. A situação mais complicada é com os satélites de comunicação, de investigação… é quase como levar com uma grande dose de raios X. Com esta iniciativa internacional, pretende-se ajudar a perceber melhor esse fenómeno. O que sabemos é que existem períodos mais activos e mais calmos da actividade magnética solar.

INFLUÊNCIA CLIMÁTICA.

De que forma o vento solar afecta a Terra?

A Terra tem uma magnetosfera. O vento solar empurra-a e distorce-a. Quando há uma tempestade altera-se todo o equilíbrio desta camada que protege o planeta.

O que acontece, em termos de clima, quando esse equilíbrio é perturbado?

Se observamos uma imagem do Sol, vemos manchas mais escuras. Essas manchas são as zonas de maior actividade magnética. Houve uma altura, no século dezasseis, em que os chineses verificaram que o Sol não apresentava manchas. Esse período coincidiu com uma pequena idade do gelo, com baixas temperaturas. Existe também outra teoria, segundo a qual a actividade do Sol afecta o que chamamos de raios cósmicos, que são partículas de outras estrelas, de galáxias activas e buracos negros, que chegam até à Terra. O fluxo de partículas depende da actividade solar. Há investigadores que sugerem que existe uma relação entre este fluxo e o processo de formação de nuvens, que afecta a luz solar e a quantidade de chuva no planeta.

Esta iniciativa pode ajudar a desenvolver conhecimento sobre esta área?

Sim. Um dos objectivos da comunidade científica é desenvolver esta área de investigação. O outro é divulgar a relação de interacção entre este astro e o planeta. O cidadão comum deve saber que o Sol não é estático. Depois, tem de perceber como a Terra está ligada ao Sol. Poucas pessoas saberiam que o Sol tem vento e tempestades.

O que se pretende com a realização, nos Açores, do Ano Heliofísico Internacional?

O que se pretende é juntar a Universidade dos Açores às comemorações internacionais. Já pensámos em algumas actividades, embora não estejam totalmente definidas, que vão desde a promoção de palestras, especialmente nas escolas, e tentar também fazer uma exposição do No Campus de Angra do Heroísmo, sito ao Pico da Urze. Existe a possibilidade de trazer até Angra do Heroísmo a exposição que o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto está a organizar sobre esta temática. Essa possibilidade é real ado que colaboro, em termos de investigação com esse centro.
(In Diário Insular)

terça-feira, abril 03, 2007

Rumo à autonomia energética das ilhas

O desenvolvimento das energias renováveis nos Açores está nas mãos dos investidores privados. “Não é de esperar que sejam os governos a fazerem grandes investimentos na área da energia. O Estado tem um papel regulador, deve estabelecer quotas, legislar, criar incentivos fiscais... A mudança vai acontecer pela economia, não porque é imposta por um governo ou pela questão das mudanças climáticas”, garante o director do LAMTec, Mário Alves.

Qual deve ser a maior aposta, em termos de energias renováveis, nos Açores?

A geotermia é um recurso com grande interesse aqui nas ilhas, nomeadamente em São Miguel, mas não em todas. Não porque não esteja disponível, mas porque para tornar a sua exploração economicamente viável é preciso atingir um determinado volume de produção. Essa exploração geotérmica já existe em São Miguel e, em breve, deve estender-se à ilha Terceira. São as ilhas com mais população e com um potencial de produção maior. A geotermia é um investimento na área da electricidade e, no meu ponto de vista, uma aposta bem feita pela EDA.

Essa aposta é suficiente para a Região fazer a transição para as energias renováveis?

A electricidade tem um peso enorme no mundo moderno, mas apenas 20 por cento da energia é consumida dessa forma. Os combustíveis representam o maior volume de consumo. Os transportes não utilizam directamente a electricidade, a indústria utiliza muitos processos em que a electricidade não é a fonte de energia base. Podemos dizer que 80 por cento da energia que utilizamos não é electricidade e parte dessa electricidade é produzida com combustíveis. Por exemplo, parte da electricidade consumida em Portugal continental é gerada a partir do carvão. Nas nossas casas utilizamos grandes quantidades de gás. Há uma partilha desigual entre o que é a utilização de electricidade e o que é o uso de combustíveis. Tendo em conta que a geotermia se traduz na produção de electricidade, não terá reflexos na utilização directa de combustíveis.

O que é preciso fazer na área dos combustíveis?
É preciso recorrer a combustíveis renováveis, como o biodiesel ou o hidrogénio. São essas as soluções que vamos ter de encontrar e que vão ser certamente posta em prática no futuro, em substituição dos combustíveis fósseis, do carvão, do petróleo... O biogás normalmente é produzido através da biodigestão de excrementos animais. É essencialmente constituído por metano, que é também o constituinte principal do gás, mas a concentração é muito menor. Quando o biogás é queimado tem uma capacidade quase idêntica ao do gás natural. O biodiesel é produzido através de óleos vegetais e o bioetanol é, no fundo, o álcool que aparece no vinho, mas purificado. O bioetanol pode ser misturado com gasolina. Podemos ter 80 por cento de gasolina e 20 por cento de álcool. O automóvel anda perfeitamente.

A solução é a conciliação dos combustíveis renováveis com os combustíveis fósseis?

Neste momento é. Por ano, consomem-se no mundo inteiro mais de 3 mil milhões de toneladas equivalentes de petróleo em gasolina. Substituir essa quantidade de combustíveis por álcool e biodiesel é muito difícil. O que se consegue neste momento são porções que correspondem a uma pequeníssima quantidade do volume total de combustíveis. Há países em que isso já está modificado, como é o caso do Brasil, que produz álcool a partir de cana-de-açúcar, que já tem percentagens na ordem dos 15, 20 por cento da quantidade de combustíveis que consome. Aqui nos Açores, é utilizada a beterraba para a produção de açúcar. Essa mesma beterraba pode ser utilizada para a produção de álcool, mas apenas numa pequena percentagem. Até porque o mercado não está preparado ainda para isso. O álcool não está introduzido no nosso sistema de taxação como sendo um combustível. Seria preciso fazer essas alterações legislativas, de forma que o álcool pudesse entrar. Além disso, a produção de álcool é muito cara. Para ser competitivo não lhe pode ser aplicado imposto, ou então sai mais barato encher o depósito de gasolina. Já no caso do biodiesel, existe isenção de imposto até uma produção de cerca de 300 mil toneladas por ano. Uma empresa que atinja esses valores, pode produzir biodiesel, estar quase isenta de imposto, colocar o seu produto no mercado e lucrar. Desta forma, as pessoas conseguem obter biocombustível, sem que lhes saia mais caro do que os combustíveis fósseis. O hidrogénio é outra opção... O hidrogénio surge também como uma solução, mas tecnicamente mais atrasada do que os outros biocombustíveis. O hidrogénio exige alterações na mecânica dos automóveis e nos postos de abastecimento. Se nos dirigirmos a um posto, podemos encontrar gasóleo, gasolina, talvez etanol e biodiesel, sem quaisquer alterações no posto. Mas para o hidrogénio é preciso introduzir um novo posto de abastecimento, que tem de respeitar um conjunto de normas de segurança. Neste momento não é possível comprar um veículo a hidrogénio e abastecê-lo. Mas posso abastecer um veículo a diesel com biodiesel e qualquer automóvel a gasolina com etanol. Além disso, para a utilização do hidrogénio existem muitas soluções, que contribuem para dificultar uma escolha final. Por exemplo, os alemães produziram veículos que utilizam hidrogénio líquido, mas existem outros fabricantes com veículos a hidrogénio comprimido. Cada opção exige tecnologia diferente.


Posto de abastecimento de hidrogénio


Na sua opinião qual seria a melhor solução?

É difícil dizer. Do ponto de vista tecnológico, não existem soluções piores ou melhores. As escolhas vão ser feitas pelos investidores e a força que estes têm para implementar essas soluções no terreno. A solução que surgir com mais força e em maior quantidade será a que vai dominar.Disse recentemente que os Açores se podem tornar independentes a nível de energia, se apostarem nas renováveis.

Como se consegue isso?

Os Açores têm grande abundância de água e de recursos eólicos. A combinação dos dois, utilizando a energia eólica para fazer a produção de hidrogénio, pode levar a quantidades que sejam suficientes para suprir o volume de combustíveis fósseis que utilizamos. A forma como esse hidrogénio vai aparecer no mercado é que é uma incógnita. Os Açores não terão um desenvolvimento diferente do resto do globo e, por conseguinte, vão adoptar as tendências dominantes. Não é viável produzir automóveis unicamente na região para utilizar determinada forma de hidrogénio. Qual é o limite de tempo para essa autonomia energética? Os Açores vão ser autónomos a nível energético. Não consigo dizer é se vai daqui a cinco, 10 ou 20 anos. Tecnicamente pode avançar-se já, mas, na prática, isso vai depender do investimento. Mas penso que será nos anos mais próximos. Todos os temas relativos ao aquecimento global e à dependência face aos combustíveis fósseis estão na ordem do dia. As alterações ao sistema energético estão a processar-se neste momento. A Região não vai ficar, com certeza, de fora. O LAMTec tem trabalhado no sentido de encontrar investidores para virem para os Açores. Estes existem. A área dos biocombustíveis, sobretudo do hidrogénio, é muito atractiva. É tudo uma questão de tempo.

EXPORTAR, É possível exportar?

Sim. Uma das soluções que eu vejo para a autonomia energética nacional passa pela exportação a partir dos Açores. A Região tem capacidade para produzir não só para si, mas também para o resto do território nacional. Temos recursos eólicos suficientes para produzir aquilo que são as necessidades regionais e até para gerar excesso. Em contrapartida, no território continental existe capacidade de produção a partir do solar, do eólico e da energia das ondas, mas é difícil implementar muitas destas soluções, dado o conflito que existe com outras actividades económicas. Uma das zonas onde existe mais vento disponível é na orla costeira, o que entra em conflito com os grandes empreendimentos turísticos. Os turistas não vão querer olhar para grandes aparelhos e as próprias populações também não. Vão haver restrições em relação à quantidade de aparelhos que se podem colocar. Como a quantidade necessária é relativamente grande, é pouco provável que hajam grandes parques de produção. Provavelmente, o que se produzir no Continente não será suficiente para suprir as necessidades de todo o território. No caso dos Açores, que tem vento em grande abundância, podemos utilizar esse recurso eólico para produzir mais do que precisamos e exportar para o continente. Mais depressa os Açores exportam para o Continente do que o contrário. Não só temos condições para sermos autónomos, como exportadores. Não digo que o façamos para todo o mundo, mas o excesso pode ser encaminhado para o resto do território.

As energias renováveis podem ser um motor de desenvolvimento da economia açoriana?

As energias renováveis vão ser a indústria mais poderosa do país. Não tenho a menor dúvida. Atingindo um nível de substituição que permita a autonomia energética do país, a partir do momento em que isso aconteça, estamos a falar de qualquer coisa como 26 milhões de toneladas equivalentes de petróleo por ano. Se fizermos as contas, vemos que, em termos de investimento, é um volume muito grande e, em termos de valor ilíquido anual resultante da transacção desses produtos equivalentes, estamos a falar facilmente de valores próximos dos 10 mil milhões de euros. Além disso, todo o investimento é muito superior a isso e toda a indústria que se cria para produzir e exportar equipamentos dará lucro. Tudo isso significará uma fracção muito significativa do Produto Interno Bruto nacional.

Também se pode tornar na indústria mais poderosa do arquipélago?

Tem potencial para isso. Desde logo, se tornarmos a Região independente em termos energéticos, o volume de negócio anual líquido andará na casa dos 250 milhões de euros. É um volume de negócios que pode ser superior ao da própria indústria turística. Mas tudo tem que ver com os investidores e com o tipo de produtos que se venham a gerar. A solução que vejo para fazer esse salto é, seguramente o hidrogénio, nas suas mais diversas formas possíveis. É em torno do hidrogénio que pode ser montada toda a indústria energética regional e nacional.

Pensa que vai ser esse o caminho escolhido?

É inevitável. Se vai acontecer rapidamente, com que forma ou com que cor, isso é prematuro e especulativo dizer neste momento. Mas é o hidrogénio que vai estar por trás da grande transição para as energias renováveis.Acredita que se vai seguir o caminho das energias renováveis antes de se chegar a uma situação desesperada? Sim. O grande motor destas coisas é a economia. Desde que as soluções sejam economicamente viáveis, aparecem imediatamente investidores. Neste momento, existem muitas oportunidades na área das energias renováveis que são economicamente rentáveis. Se apresentarmos um projecto de energias fósseis e outro de energias renováveis a um investidor, ele provavelmente irá constatar que tem níveis de rentabilidade idênticos ou até mais interessantes. E com menos penalizações, porque não será sancionado por poluir e emitir CO2. A mudança vai acontecer pela economia, não porque é imposta por um governo ou pela questão das mudanças climáticas.

O LAMTecExistem condições para implementar as energias renováveis nos Açores, a nível de apoios e de investigação?

As oportunidades aqui na Região são melhores para os investidores do que nos outros sítios do país. O que é preciso é convencê-los que têm mais a ganhar do que se investirem em outros sítios.

Qual é o nosso cenário?

As iniciativas começam a configurar-se. Existem investidores interessados nos Açores. Alguns são os mesmos que já se encontram na área das energias renováveis no Continente. Foi feito trabalho pelo LAMtec no sentido de mostrar as oportunidades que existem nos Açores, que correu bem. Agora é toda uma questão de se criarem os mecanismos regionais para a entrada dessas empresas e dos seus investimentos. Estou convencido que, nos anos mais próximos, vão surgir iniciativas neste domínio.

O LAMTec tem beneficiado de incentivos regionais?

Este laboratório, como departamento da Universidade dos Açores, tem tido para a Região um enquadramento idêntico ao de qualquer outro laboratório da instituição. É universidade que está na Praia da Vitória. Tem sido encarado como toda a universidade. Temos projectos que foram apoiados por verbas da comunidade europeia e enquadrados em programas regionais, o das Acções Inovadoras, que nos permitiu construir este edifício. Estivemos envolvidos também em programas do Interreg III- B e temos colaborações com empresas privadas, no sentido de desenvolver equipamentos, como o aerogerador que construímos juntamente com uma empresa local. Não considero que tenhamos sido mais ou menos favorecidos.Recentemente, o LAMTec recebeu a visita do líder do PSD, Marques Mendes, que afirmou que reside aqui um grande potencial. Esse tratamento “igual” deste laboratório é suficiente ou devia haver mais investimento? Todos estes investimentos na área da energia, como deixei entrever há pouco nas minhas palavras, são investimentos muito grandes, por isso devem ser veiculados por investidores privados. Não é de esperar que sejam os Estados a fazer investimentos grandes na área da energia. O Estado tem um papel regulador, de estabelecer quotas, legislar, criar incentivos fiscais...É aí que deve intervir. Como estamos integrados na Universidade o laboratório não pode ter um investimento à parte. Tem de ser a instituição a fazer a opção de dizer que considera este sector importante. Agora, já existem dificuldades até para encontrar financiamento para as prerrogativas de base, como a formação de estudantes ou a criação de instalações, quanto mais para financiar um ramo específico de investigação. Tem de ser esse ramo a criar projectos e encontrar financiamentos.A forma do LAMTec crescer será através desses projectos? Será sobretudo através de projectos. Temos materializadas estas instalações através de programas como o Interreg, mas também através de projectos com empresas privadas.

O LAMTec dispõe das condições ideais para fazer investigação?

Foram criadas as condições necessárias para desenvolvermos investigação. É isso que estamos a fazer. Por exemplo o túnel de vento, que é um dos equipamentos que foi adquirido no âmbito do programa regional das Acções Inovadoras, está a ser utilizado intensivamente em experiências de aerodinâmica de pás de geradores. Com esse equipamento, já fizemos testes para empresas privadas. O nosso objectivo era reunir as condições necessárias para fazer formação e investigação. Isso foi conseguido com estas instalações. O próximo passo é a divulgação das energias renováveis, que já estamos a fazer, recebendo visitas de escolas da ilha e também de grupos de escuteiros. O próximo passo é regularizar essas visitas, desenvolver actividades. No fundo, ter uma espécie de aulas sobre as energias renováveis.

Conseguir estas instalações foi um processo demorado?

Sim. Foi preciso percorrer algumas etapas. Mas temos tido uma boa colaboração por parte da Câmara Municipal da Praia da Vitória, que criou as condições de base para as instalações. Houve um bom entrosamento com esta instituição que, obviamente, só tinha beneficiar com a presença da universidade aqui. Também existiu apoio explícito e inequívoco da Universidade dos Açores. Por parte das actividades regionais envolvidas nos programas regionais em que participamos houve também uma excelente abertura para levar isto a bom porto. Agora, estas coisas demoram tempo, não se faz de um dia para o outro. O laboratório foi constituído em Outubro de 2001, decorreram perto de seis anos. As infra-estruturas estão construídas há um ano. Pode-se dizer que 5 anos se calhar é muito, mas não conheço muitos sítios onde as coisas se processem de um a forma mais rápida, a não ser nos países ricos.Existem cidades do país que têm autocarros movidos a biocombustíveis, por exemplo.

O que falta para começarmos a assistir a uma aplicação prática destes projectos nos Açores?

São iniciativas interessantes, que servem para sensibilizar as populações. Têm mais um efeito de marketing. Os projectos que são importantes, e que nós queremos ver implementados no terreno, são os que possam constituir mudança. Essa mudança tem de partir da iniciativa privada, porque os investimentos são demasiado grandes. Agora, o papel do LAMTec é fazer investigação e formação.

Que projectos estão a ser desenvolvidos pelo LAMTec?

Estamos a desenvolver a construção de um aerogerador, que pretende ser uma forma mais económica do que as soluções que estão disponíveis no mercado. Estamos também a fazer estudos para o perfil de pás de aerogeradores, que tem que ver com a definição das pás mais eficientes. Além disso, estamos a fazer trabalho de formação, por exemplo, com pessoas que estão a desenvolver doutoramentos e estão a trabalhar em áreas como o hidrogénio.

Essas pessoas podem ser um motor de desenvolvimento para a Região?
Sim. Se existirem iniciativas privadas aqui nos Açores que tenham que ver com energias renováveis, essas pessoas terão facilmente acesso a lugares nessas empresas.

Qual é o futuro do LAMTec?

Continuará a ser um laboratório da Universidade. Deve permitir, no futuro, uma formação mais no âmbito dos projectos que vão surgir na Região. Podemos coordenar esforços com as empresas, no sentido de formar os quadros que lhes interessam. Quadros que vão estagiar nessas empresas e que serão imediatamente absorvidos. A nível de investigação, podemos seguir o mesmo sistema. Mesmo a nível de equipamentos, alguns deles muito caros, faz mais sentido que o laboratório crie uma parceria para utilizar o que já existe em determinada empresa, do que estar a financiar um equipamento para ser utilizado no laboratório. Não tenho qualquer dúvida que esse será o futuro: Criar sinergias entre o LAMTec e o tecido industrial.ENERGIA DE TODOS. As energias renováveis estão no centro de uma revolução que vai alterar o modelo de produção e distribuição energética tal como o conhecemos. Em causa está a microgeração - produção descentralizada - de energia eléctrica através de instalações de pequena escala como as microturbinas, células de combustível, painéis fotovoltaicos e mini e micro-hídricas. As aplicações destas instalações de pequena escala são múltiplas. No futuro, as zonas residenciais terão uma arquitectura adaptada à energia fotovoltaica, os parques de estacionamento necessitarão de painéis fotovoltaicos para recarregarem as baterias de carros eléctricos e os esgotos urbanos poderão servir para abastecer centrais de biomassa. No caso do hidrogénio, os carros poderão abastecer-se em estações de serviço que produzem o próprio combustível.O estudo da microgeração está já a dar grandes passos em Portugal. A Unidade de Sistemas de Energia do INESC, localizada na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, tem mais de 40 cientistas pioneiros na área e dispõe de parcerias com empresas como a Red Eléctrica de Espanha, a EDP Distribuição, a Electricidade dos Açores (EDA) ou o Operador Nacional do Sistema Eléctrico do Brasil.Segundo o presidente da Associação de Energias Renováveis, António Sá da Costa, em declarações ao jornal “Expresso”, o sucesso dos sistemas de microgeração reside num passo fundamental: o licenciamento. “Tem de se tornar tão fácil instalar um microgerador como uma máquina de lavar a roupa”, disse, acrescentando que devem ser criadas tarifas que interessem aos produtores.As vantagens da produção descentralizada de energia são grandes: reduzir as perdas de energia na rede de distribuição eléctrica, maior resistência aos apagões, quebrar a forte dependência energética de Portugal, melhorar o ambiente, criar novas oportunidades para a indústria nacional de produção de equipamentos do sector eléctrico, gerar empregos e crescimento económico. Mas a maior vantagem é dar mais poder de decisão aos consumidores individuais e às comunidades. Criar uma energia de todos.

(In Diário Insular)

Ambientomania - Projecto do Empreendedorismo na Escola Francisco Ornelas da Câmara

Realizaram-se no dia 30 de Março de 2007, na Escola Básica 2,3 Francisco Ornelas da Câmara da cidade da Praia da Vitória, na ilha Terceira-Açores, palestras sobre "As diferentes energias que utilizamos e como diminuir o seu consumo" com ênfase dado ao hidrogénio como combustível alternativo, sobre "Resíduos sólidos-Como reduzir o consumo de papel" e sobre "A importância da água e como poupá-la", proferidas pela Engenheira Ana Rego do Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, a Mestre Sílvia Quadros do Departamento de Ciâncias Agrárias e o Professor Francisco Cota Rodrigues, também do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, respectivamente.
A ilha Terceira poderá ser responsável pela produção de 5,2 toneladas/dia de hidrogénio. A meta será satisfazer, em 2010, metade das necessidades da Região. O Laboratório de Ambiente Marinho e Tecnologia da Universidade dos Açores, promove a produção de hidrogénio na ilha Terceira, já há alguns anos.
O hidrogénio pode ser usado em todas as aplicações energéticas conhecidas. Desde que para cada aplicação se seleccione a solução correcta não há limitações técnicas: "No entanto é preciso perceber que, quando estamos a falar de sociedade e economia do hidrogénio, o fazemos em sentido lato, isto é, o hidrogénio será o combustível dominante, mas não o único." "Os próprios bio-combustíveis (o biogás , o biodiesel, o bioetanol) ou os derivados do hidrogénio como, por exemplo, os hidrocarbonetos sintéticos, serão parte integrante desta sociedade, embora, sozinhos, não sejam suficientes para suprir mais do que 20% a 30% daquilo que são e serão as necessidades globais em combustível." É preciso ter em conta, por outro lado, que os derivados do hidrogénio serão sempre mais caros do que ele próprio mas, nas aplicações em que tragam vantagens acrescidas, o seu uso será preferencial ao do próprio hidrogénio: "O que temos que perceber é que, embora o produto base seja sempre o mesmo, ou seja, o hidrogénio renovável, a sua apresentação final pode ocorrer de múltiplas formas.".
Os Açores têm potencial para atingir, no futuro, uma produção de cerca de 12 milhões de toneladas de hidrogénio por ano, isto é, cerca de 1,5 vezes o total necessário para todo o País.

Plataforma de produção de hidrogénio


No que se refere ao papel, a reciclagem de papel tem uma história rica e tem sido uma actividade industrial respeitada há mais de um século.
Sob novas regulamentações ambientais, de saúde, de segurança e de transporte transfronteiriço, esta actividade económica adquiriu uma dimensão cívica e legal que, no que concerne ao desenvolvimento de novos regulamentos, exige uma responsabilidade acrescida de todas as partes envolvidas na recuperação e reciclagem de papel.
Uma reciclagem de papel e cartão bem sucedida depende fortemente da qualidade do papel recuperado. À medida que as taxas de recuperação aumentam, há uma tendência para a deterioração da qualidade do material recolhido. Por esta razão, é essencial a existência de uma boa relação de trabalho entre as fábricas, os fornecedores e as restantes partes envolvidas, para assegurar um abastecimento e fornecimento responsáveis de papel recuperado.
Uma recolha de papel e cartão responsáveis, que use uma gestão eficiente e sistemas de controlo de qualidade, exige que todos os parceiros envolvidos reconheçam o valor da matéria-prima secundária com que trabalham. A separação na recolha (dos restantes produtos recicláveis secos) deve ser fortemente encorajada para manter a qualidade do papel recuperado (CEPI, 2006-www.cepi.org).

Papel para reciclar


Em média uma pessoa bebe cerca de 60 mil litros de água durante toda a vida;
Cada português gasta em média 100 litros de água por dia;
Ao lavar os dentes com água a correr gasta, em média, 50 litros de água;
Ao fazer a barba com água a correr gasta, em média, 75 litros de água;
Ao tomar duche de 5 minutos gasta 25 litros de água; num banho de imersão gasta pelo menos 3 vezes mais;
Em cada descarga do autoclismo gasta 10 a 15 litros de água; o consumo deste equipamento representa cerca;
de 40% do consumo doméstico e 230 mil milhões de litros de água no país por ano;
Ao lavar a loiça com água a correr gasta, em média, 110 litros de água;
Uma máquina de lavar loiça gasta por lavagem 60 litros de água;
Uma máquina de lavar roupa gasta por lavagem 150 litros de água;
Uma torneira a gotejar gasta, por dia, 50 litros de água; a perder um fio de água de 12mm gasta, por dia, cerca de 34 mil litros;
Ao lavar o seu carro com balde e esponja em vez de mangueira, poupa cerca de 500 litros de água;
Uma piscina pode perder até 3785 litros de água por mês por evaporação o que abastece uma família de 4 pessoas por cerca de ano e meio; e
Ao regar as suas plantas nas horas de maior calor a água evapora-se rapidamente e se deixar crescer a relva do seu jardim ela fica mais verde e assim necessita de menos água (em http://www.anmp.pt).


Poupar água