segunda-feira, julho 20, 2009

Crianças do 5º ano vão aprender segunda língua

A medida deve arrancar a partir do ano lectivo 2010/2011: as crianças do arquipélago vão ter de aprender, à entrada para o 2º ciclo de ensino, isto é, do 5º ano de escolaridade, uma segunda língua estrangeira.
A informação foi avançada, sábado, pela secretária regional da Educação. Segundo Maria Lina Mendes, esta é uma medida pioneira a nível nacional.

Ainda de acordo com a governante, em declarações aos jornalistas após uma visita à Escola Básica e Secundária Tomás de Borba, em São Carlos, em que acompanhou o comissário europeu para o Multilinguismo, Leonard Orban, esta segunda língua estrangeira será, em princípio, Francês ou Alemão.
Esta avança também que estão já a ser feitos contactos com editoras dos países cujas línguas são estudadas nas escolas dos Açores, para fornecimento de manuais e outro material didáctico.
Maria Lina Mendes adianta que a introdução de uma segunda língua estrangeira logo aos 11 anos, depois de os alunos já terem estudado Inglês, pelo menos desde o primeiro ano do 1º ciclo, visa dotá-los de mais competências, com impacto aos níveis cultural e de emprego.
O professor do Departamento de Ciências de Educação da Universidade dos Açores, Pedro Gonzalez, considera que a introdução de uma segunda língua estrangeira no quinto ano é positiva e afirma não existir qualquer problema em as crianças começarem a aprender várias línguas desde muito cedo.
“Conheço pessoalmente casos de crianças que falam várias línguas sem problema. Mesmo quando são muito novas e ainda estão a aprender a falar, elas já sabem diferenciar. É o que acontece, por exemplo, em países onde se falam duas línguas. As crianças aprendem-nas naturalmente”, avança, adiantando que, quando em causa estão crianças muito novas, “não existem línguas difíceis”.
“A literaturas sobre o tema, os estudos que se fizeram sobre a aprendizagem linguística das crianças, confirmam-nos isso mesmo. Quanto mais cedo melhor. Até posso dizer que se está a começar tarde, o ideal seria já na escola primária”, lança.
A Escola Básica e Secundária Tomás de Borba tem já um projecto de aprendizagem da Língua Inglesa no ensino pré-escolar, facto que o comissário europeu do Multilinguismo considera muito interessante. Leonard Orban lembra que falar duas ou mais línguas estrangeiras é uma mais-valia.

Defende Pedro González, da universidade dos Açores Chinês, árabe ou espanhol seriam bastante mais “úteis”
A inclusão, no currículo do 2º ciclo, de uma segunda língua estrangeira é positiva, mas o ensino de línguas como o chinês, árabe ou espanhol seria mais “útil” do que o das duas línguas escolhidas, o francês e o alemão, defende o professor do Departamento de Ciências de Educação da Universidade dos Açores, Pedro González.
O professor considera que a escolha do francês, sobretudo, tem muito mais que ver com “tradição” do que com uma utilidade futura.
O chinês, o árabe e até o espanhol são actualmente muito valorizados, tendo em conta o peso crescente dos países onde estes idiomas são falados no contexto empresarial e financeiro.
“Se o desenvolvimento económico-financeiro continuar a seguir esta linha, nomeadamente com o grande peso da China na economia mundial, faria sentido que a secretaria regional da Educação ganhasse alguma ‘coragem’ e avançasse para estas línguas”, adianta.
Pedro González admite, no entanto, que reunir um conjunto de docentes habilitados a leccionarem línguas como chinês ou árabe é mais difícil do que no caso do francês e do alemão.
DI falou também com Paulo Farinha, do Instituto Oriental da Universidade Nova de Lisboa, que adiantou que os cursos de coreano, árabe e japonês têm vindo a registar uma cada vez maior adesão. “Muitas são pessoas que precisam destas línguas para a sua vida profissional, de negócios. O mais procurado é japonês, muito por essa razão”.

(in Diário Insular)

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