Campos de golfe provam desacerto ambiental
FILIPE FERNANDES, aluno do Mestrado em Engenharia do Ambiente e membro da Gê-Questa afirma: “É necessário exercer fiscalização, penalizando os prevaricadores, e promover as boas práticas”
A humanidade comemorou ontem mais um Dia Mundial do Ambiente. Os sinais globais não são positivos. Quais os principais problemas que nos podem afectar de forma particular aqui nos Açores e nesta parte do Atlântico?
Em termos globais, podemos falar de alterações climáticas, e os Açores não estão imunes aos efeitos destas. Já se começam a notar alguns dos efeitos, como verões mais secos, maior ocorrência de eventos extremos, tempestades, e mesmo algumas situações de falta de água. Também podemos falar de problemas associados à biodiversidade, com situações de entrada de espécies invasoras que vêm prejudicar o ecossistema da ilha, o nosso ambiente, e mesmo a nossa sustentabilidade económica. Vejam-se os casos de Escaravelho Japonês e das Térmitas.
Continuamos a ouvir falar de aterros sanitários e depois verificamos que são lixeiras a céu aberto… Será assim tão difícil resolver ao menos este problema da recolha e acondicionamento de resíduos?
Difícil não diria, custoso em termos económicos e políticos, sim. É preciso implementar sistemas de recolha de resíduos sólidos, e tratamento destes, melhores, e mais eficientes, que por sua vez têm um custo mais elevado, que é preciso transmitir aos produtores, segundo o princípio do poluidor-pagador. Também é necessário exercer fiscalização, penalizando os prevaricadores, e promover as boas práticas. Todas estas medidas exigem mais dinheiro, que deverá ser bem justificado perante os contribuintes, e dos utilizadores do sistema, e é precisa vontade política para penalizar alguns interesses, e práticas, que se encontram em alguns casos enraizados na nossa cultura.
Já foram divulgadas previsões que apontam para falhas na produção/captação de água para consumo público em quase todas as ilhas. Nuns casos os problemas já se sentem. O que tem falhado?
Diversos são os factores que têm levado à escassez de água. Alterações do regime pluviométrico, menos chuva nos meses de Verão, falhas na captação de água, com insuficiente protecção das zonas de captação e dos aquíferos, falta de investimento nos sistemas de abastecimento de água, com o consequente aumento das perdas na rede e ineficiências do sistema, e finalmente, desperdício de água por parte de alguns consumidores, que ainda consideram a água como um bem inesgotável e barato.
Qual o balanço geral que faz da situação do ambiente nos Açores?
A situação do ambiente nos Açores tem evoluído, de modo geral, de forma positiva. Grande parte da legislação e das estratégias (planos) em matéria de ambiente já se encontram em vigor, mas falta ainda muita implementação. A fiscalização é deficiente, falta transversalidade nas políticas de ambiente, quando uma política em determinada área é elaborada/definida, deveria ter em consideração os seus impactes ambientais, e as suas consequências. Um exemplo desta falta de transversalidade é a decisão da construção de Campos de Golfe em algumas ilhas com manifestos problemas de falta de água, quando se sabe que estas estruturas requerem muita água para o seu funcionamento.
(in Diário Insular)
Etiquetas: Alterações climáticas globais, Alunos, Ambiente, Dia Mundial do Ambiente, opinião, recursos hídricos
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