A pepinela
Joaquim Leça
Este texto foi publicado no dia 31 de Maio de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias. Pepinela, caiota, chuchu... Estas três palavras correspondem à mesma espécie. A primeira designação é usada na Madeira, a segunda nos Açores e a terceira no continente e no Brasil. Localmente, também é conhecida por pimpinela, embora este nome vulgar seja provavelmente uma derivação popular de pepinela, que é a denominação correcta. Segundo o "Elucidário Madeirense" do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses e o "Dicionário da Língua Portuguesa" da Porto Editora, a pimpinela significa uma rosácea e um género das plantas Apiáceas (antigamente, Umbelíferas), como a erva-doce. A pepinela é uma trepadeira herbácea que carece de um suporte, normalmente uma latada. Na Região, ainda é frequente vê-la sobre uma árvore que já tenha secado. A sua propagação é feita através dos frutos inteiros, que se colocam em pequenas covas, em Janeiro e Fevereiro. Ao fim de quatro a cinco meses, colhe-se a pepinela que pode ter forma piriforme, oval ou arredondada, a casca de cor verde ou branca, com espinhos ou "careca", consoante a variedade. É resistente a pragas e doenças, necessitando de regas amiúde na fase de frutificação, alguma fertilização e pouco mais. Esta planta é oriunda da América Central e botanicamente, pertence à família das Cucurbitáceas, onde constam a abóbora, o pepino, a melancia, o melão, entre outras. A Costa Rica é um dos principais países produtores, exportando para a Europa e para os Estados Unidos da América. Actualmente, é cultivada nos cinco continentes e em muitos lugares, é consumida no seu todo, isto é, para além do fruto, aproveitam-se as folhas tenras, os rebentos e a raiz para fins culinários. De acordo com o "Elucidário Madeirense", “a pepinela já existia na Madeira nos princípios do Século XIX, (...)”. Era e é típico observar-se estas trepadeiras nos quintais das casas, no Funchal e, nas zonas rurais, desenvolvendo-se com vigor. A nossa gastronomia utiliza as pepinelas "verdes", cozida em sopas e como acompanhamento com outras "verduras". As "brancas" dão origem a um saboroso e guloso "doce" (compota). É pois, um produto agrícola regional com grande procura ao longo do ano. Contudo, só no período de Maio a Novembro, é que existe oferta local, recorrendo-se à importação nos restantes meses. Estou convencido que a Madeira, pelo seu clima favorável, solo fértil, diversidade de variedades e locais de produção, bem como o "saber-fazer" do agricultor e dos técnicos do sector, possui excelentes condições para produzir pepinela todo o ano, a breve prazo, tornando-a assim mais rentável.
(In Agricultando)
Etiquetas: agricultura, Alunos
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