O brigalhó
Joaquim Leça
Este texto foi publicado no dia 17 de Maio de 2009, na revista "Mais" do Diário de Notícias.
O seu nome desperta curiosidade, mesmo entre nós. É um tubérculo que cresce espontaneamente na freguesia do Curral das Freiras, concelho de Câmara de Lobos. O seu aspecto lembra um inhame pequeno, embora em termos botânicos, sejam espécies distintas. Habitualmente, é colhido nos meses de Abril, Maio e Junho. Em tempos, dada a dificuldade da população daquela localidade em obter alimentos, o brigalhó era por vezes a única alternativa para saciar a fome. Até ao presente, desconhece-se como é que se descobriu a utilidade culinária desta planta. É caso para dizer que, a necessidade despertou a criatividade humana, tal como sucedeu com outras iguarias da gastronomia regional e nacional. Este tubérculo só é comestível depois de cozer 24 horas com "azedas" e bastante água. Essa água é reposta durante a longa cozedura. No passado, cozinhava-se uma determinada quantidade, que era suficiente para uma semana, guardando-se na "loja" (arrecadação), para melhor conservação. Hoje em dia, o brigalhó é cozido ou frito e serve de acompanhamento ao atum de escabeche, sendo ainda aproveitado para a confecção de bolos. Quem quiser provar e saber mais sobre este tubérculo peculiar, tem uma excelente oportunidade para fazê-lo. No último domingo deste mês, irá realizar-se no Curral das Freiras, a VII Mostra do Brigalhó, organizada pela Casa do Povo local, pelo que se aconselha uma visita até lá. De ano para ano, este certame tem contribuído para a diversidade agrícola e gastronómica da nossa Região, pelo interesse que tem suscitado, quer por parte dos madeirenses, quer por parte de muitos turistas. Constata-se também que, ao longo das edições, a população local em geral e os agricultores em particular, têm correspondido a esse entusiasmo. A terminar, uma justa referência para a fundadora deste evento, a D. Arsénia Silva, a quem agradeço, por ter-me facultado informações sobre este produto.
(in Agricultando)
Etiquetas: agricultura, Alunos, Etnobotânica
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