O verdadeiro espírito académico
Fernando Silva
Ajudar o aluno recém-chegado a integrar-se no meio académico, no ambiente universitário, a criar novas amizades e a desenvolver vários espíritos, tais como a camaradagem, são alguns dos objectivos da praxe académica.Muitas vezes ouvimos falar em exageros nas praxes, contudo não podemos generalizar. As praxes fazem com que os recém-chegados se adaptem e se sintam bem naquela que irá ser, durante uns anos, a sua "segunda casa".O aluno que, por sua livre e espontânea vontade não queira aderir às praxes, tem consciência que não poderá usufruir de certos estatutos académicos inerentes ao processo em questão, nomeadamente a queima do grelo e a queima das fitas.As regras existem para serem cumpridas por pessoas civilizadas e de bom senso, proporcionando-nos a todos a vivência num mundo com ordem e justiça. Existem inúmeras leis das quais muita gente discorda, o que não implica que não tenham de ser cumpridas, como é o caso das regras relacionadas com a praxe na Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Agrárias. Estes estatutos foram regidos há muitos anos, tendo sido actualizados devido à implementação do processo de Bolonha e adaptação às novas realidades actuais.Se as pessoas no seu dia-a-dia fazem de tudo para cumprir as leis implementadas na nossa sociedade, questiono-me acerca da razão pela qual não entendem que dentro de uma instituição como a Universidade dos Açores, regras também existem e, logicamente, para serem também cumpridas...No passado dia 10 de Maio, foi realizada a tradicional cerimónia da Bênção das Pastas, que, como vem sendo habitual, provocou um misto de sentimentos: alegria (por finalizarem mais uma etapa da sua vida) e tristeza (por parte daqueles que não são de cá e que deixam para trás boas recordações e amizades). Toda esta lógica vem contrariar um artigo que foi publicado no passado dia 20 de Maio, afirmando ter existido discriminação num dos mais belos e emocionantes processos da vida de um estudante.Não é sério acusar quem quer que seja de discriminação, ainda para mais, porque essa é uma situação que vai no sentido completamente oposto ao designado espírito académico. Contudo, e como já foi referido, existem normas que têm de ser cumpridas, quer uma minoria esteja de acordo ou não.Após muitos anos de praxe nesta Universidade, tal situação nunca tinha ocorrido. O facto de dizerem que foram informados tardiamente acerca das normas académicas, não é uma atitude séria, porque estão a cometer uma grande injustiça perante o resto da comunidade universitária. Além do facto de terem sido informados a tempo e a horas de todas as condicionantes da não adesão à praxe académica, sempre foram contra tudo o que foi dito, nunca sequer procurando qualquer informação.Justiça? Onde? Nunca foi negado o acesso a qualquer tipo de evento quer o estudante participe ou não na praxe, apenas a nível de procedimentos as coisas funcionarão de forma diferente.Pensava que na Universidade eram todos adultos, mas vim a descobrir que infelizmente nãolNão está em causa o poder de autoridade, mas sim a falta de respeito para com os restantes finalistas, ao acharem ter os mesmos direitos que todos os outros que, de uma forma activa, participaram e contribuíram para que o tradicional espírito académico prevalecesse.Vi realmente lágrimas, mas estas eram de orgulho pelos seus entes queridos que acabam o seu cursol!!
(In Diário Insular)
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