quarta-feira, julho 15, 2009

Mobilidade é travada por dinheiro a menos

MARIA MARTINS: “Nem todas as universidades ajudam financeiramente os alunos”

Participou num programa europeu de mobilidade de estudantes. Parece-lhe que se trata de um programa de aprendizagem mesmo ou trata-se mais de um programa formatado para conhecer pessoas e outras realidades?

Frequentei o programa ERASMUS em Madrid, na Universidade Francisco de Vitória e considero que é um programa formatado para que seja possível realizar as duas experiências, quer ao nível de conhecimento, quer ao nível das relações. No meu caso, a parte da aprendizagem era bastante importante, pois não podia faltar às aulas e éramos tratados como os restantes alunos da universidade. Um dos grandes problemas com que me deparei na universidade de acolhimento foi com o facto de a exigência com o idioma ser bastante grande. Mas as experiências culturais e emocionais foram, sem dúvida, muito enriquecedoras.No meu caso específico, foi bastante positivo, pois normalmente a língua oficial dos alunos ERASMUS é o inglês, mas no meu caso foi o espanhol, porque vivia com uma comunidade muito grande de sul-americanos, o que para mim foi óptimo, pois aprendi a falar e escrever fluentemente um idioma novo.
O que mudou em si como consequência da mobilidade que lhe foi proporcionada?
Mudou bastante e aprendi muito. Vivi numa casa com 13 pessoas, criei amizades que ainda hoje duram, pois convivi sobretudo com sul-americanos, fui assaltada, passeei muito, tive a sorte de fazer viagens incríveis e fui a representante dos alunos de ERASMUS nesse ano, 2005/2006.Viver num país estrangeiro é sempre uma fonte de conhecimento, considero que a experiência foi bastante enriquecedora ao nível cultural, aprendi muito.
A União Europeia acaba de lançar um Livro Verde no âmbito do qual pretende encontrar novas formas de mobilidade para aprender. Tem ideias próprias, baseadas na sua experiência, que possam ser contributos para o Livro Verde?
Acho que as universidades deveriam aumentar o número de vagas, bolsas mais atractivas, em que poderiam incluir uma maior ajuda para encontrar residência, mais propaganda, mais sessões de esclarecimentos, mais informações. Poderiam também criar um cartão tipo passe para transportes, com descontos, para que mais pessoas possam aceder ao programa ERASMUS e a outros do género deste.
Apenas 0,3 por cento dos jovens europeus entre os 16 e os 29 anos já participaram em programas de mobilidade. Na sua experiência encontra algo que explique uma taxa tão baixa?
O aspecto monetário. Nem todas as universidades ajudam financeiramente os alunos, por outro lado acho que as pessoas têm receio de enfrentar a barreira da língua, bem como as vagas que as universidades oferecem, que são poucas. Acredito que essa taxa também seja baixa pela falta de iniciativa e de um certo comodismo, mas acredito que esta seja uma situação que já se tem vindo a inverter com o passar do tempo.

(in Diário Insular)

Etiquetas: , ,