A Astronomia na obra de Camões (I)
Realizou-se no dia 9 de Março de 2009, na Escola Básica e Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, em Angra do Heroísmo, uma conferência intitulada “ A Astronomia na Obra de Camões”, proferida pelo professor Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Nessa conferência, organizada pelo Grupo de Físico-Química dessa escola, participaram cerca de 120 alunos do 9ºde Escolaridade.
Nessa conferência, organizada pelo Grupo de Físico-Química dessa escola, participaram cerca de 120 alunos do 9ºde Escolaridade.
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“Ditoso seja aquele que alcançou
poder viver na doce companhia
das mansas ovelhinhas que criou!
Este, bem facilmente alcançaria
as causas naturais de toda a cousa:
como se gera a chuva e neve fria;
os trabalhos do Sol, que não repousa;
e porque nos dá a Lua a luz alheia,
se tolher-nos de Febo os raios ousa;
e como tão depressa o Céu rodeia;
e como um só, os outros traz consigo;
e se é benina ou dura Citereia.
Bem mal pode entender isto que digo
quem há-de andar seguindo o fero Marte,
que traz os olhos sempre em seu perigo.”
poder viver na doce companhia
das mansas ovelhinhas que criou!
Este, bem facilmente alcançaria
as causas naturais de toda a cousa:
como se gera a chuva e neve fria;
os trabalhos do Sol, que não repousa;
e porque nos dá a Lua a luz alheia,
se tolher-nos de Febo os raios ousa;
e como tão depressa o Céu rodeia;
e como um só, os outros traz consigo;
e se é benina ou dura Citereia.
Bem mal pode entender isto que digo
quem há-de andar seguindo o fero Marte,
que traz os olhos sempre em seu perigo.”
Nesse poema Camões aspira a vida de pastor para poder ter tempo para estudar e entender fenómenos físicos naturais como a formação da chuva ou da neve, perceber a razão porque o Sol se move continuamente sem perder energia, perceber “as leis da reflexão” da luz do Sol pela Lua e o movimento de planetas como Vénus (Citereia) ou Marte.
Na obra de Camões, os deuses do Olimpo também podem ser planetas. Tal é muito claro na estrofe 89 do Canto X, onde Camões descreve com exactidão o modelo ptolomaico do universo.
Na obra de Camões, os deuses do Olimpo também podem ser planetas. Tal é muito claro na estrofe 89 do Canto X, onde Camões descreve com exactidão o modelo ptolomaico do universo.
"Debaxo deste grande Firmamento,
Vês o céu de Saturno, Deus antigo;
Júpiter logo faz o movimento,
E Marte abaxo, bélico inimigo;
O claro Olho do céu, no quarto assento,
E Vénus, que os amores traz consigo;
Mercúrio, de eloquência soberana;
Com três rostos, debaxo vai Diana.
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O grande firmamento é a esfera das estrelas fixas, o céu mais afastado, o sétimo céu é o de Saturno, onde orbita esse planeta, Júpiter, no sexto céu, está perto de Saturno, Marte situa-se abaixo de Júpiter no quinto céu, o Sol no modelo geocêntrico ocupa o quarto assento, Vénus o terceiro, Mercúrio o segundo e finalmente a Lua (Diana) ocupa o primeiro céu.
Foram abordadas outras estrofes dos Lusíadas e exploradas do ponto de vista astronómico.
Etiquetas: Ano Internacional da Astronomia, astronomia, Camões, Conferência, divulgação científica, Félix Rodrigues, poesia
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