segunda-feira, maio 05, 2008

Governo deve esclarecer a situação de contaminação

O PSD/Açores exigiu do Governo Regional socialista uma “posição e uma atitude” face à eventual contaminação dos aquíferos da Terceira com combustíveis dos militares norte-americanos da Base das Lajes.“Estamos perante um caso de ameaça à saúde pública e não se compreende que o presidente do Governo Regional, Carlos César, tenha desaparecido e a secretária regional do Ambiente diga que nada tem a haver com o assunto”, sublinhou a porta-voz da Comissão Política Regional dos sociais-democratas para as questões do Ambiente, Carla Bretão.
A dirigente do PSD reivindicou que “se façam análises imediatamente e se procure depois o culpado da situação”.“Importa com urgência apurar se o aquífero base da ilha Terceira e outros ramais estão ou não contaminados com hidrocarbonetos e metais pesados”, frisou. Carla Bretão preconizou uma acção “premente” destinada a “monitorizar as diferentes captações ao nível dos aquíferos e avaliar a possibilidade dos americanos procederem ao tratamento da água de consumo público na Praia da Vitória”. “De acordo com a informação que dispomos, o destacamento militar americano tem capacidade para proceder a esse tratamento que resulta numa água ultra pura”, finalizou
Contudo, o PSD espera que o governo regional identifique as fontes de poluição e os responsáveis pela eventual contaminação.
Face à dimensão do problema os sociais democratas pugnam por uma atitude de "rápida intervenção", exactamente "o inverso do que faz o governo regional" que, segundo o PSD "não pode contestar documentos e relatórios que já têm alguns anos", subsistindo a dúvida, disse Carla Bretão, de "essas informações serem ou não do conhecimento da tutela" e, em caso afirmativo, "as razões de não saber mais sobre o assunto revelam um preocupante desleixo face a uma situação que é grave", acrescentou.
A Comissão Política do PSD/Açores confirmou que “teve acesso a documentos que indiciam situações preocupantes”, exigindo que “o Estado, de acordo com as normas internacionais e nacionais, avalie o estado químico das águas e dos solos da ilha.
Os sociais democratas consideraram ainda de "ridículas as afirmações quer da secretária do Ambiente, quer do representante na comissão bilateral", já que nenhum deles, "e numa realidade em que a publicidade aos actos governamentais é tão célere", adiantou qualquer benefício ao caso, dizendo a governante que "a matéria é da responsabilidade de quem está ligado às questões da base das Lajes", e o representante que "a água não apresenta parâmetros anormais, sendo segura", citou a deputada do PSD.

Especialistas alarmados

Uma notícia divulgada quarta-feira pela Antena 1 Açores avançava que “em quatro zonas existe contaminação dos solos”, de acordo coma análise feita a diversos documentos por peritos da Universidade dos Açores e de instituições privadas.
O investigador da Universidade dos Açores, Félix Rodrigues, confirmou publicamente que tomou contacto com um estudo hidrológico de 2005, efectuado por empresas norte-americanas, cujos valores, no seu entender, “são preocupantes” em termos de contaminação dos solos. André Bradford, representante açoriano na Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo entre Portugal e EUA para utilização da Base das Lajes, explicou à Lusa que “já tinham sido solicitados ao Ministério da Defesa informações sobre documentos que expliquem a localização, estado de conservação e impactos ambientais das infra-estruturas de distribuição de combustíveis na Base das Lajes”. Entretanto, a RTP Multimédia publicou ontem uma reportagem onde antigos trabalhadores da Base das Lajes confirmam, à Antena 1 Açores, que a contaminação dos solos com hidrocarbonetos, na ilha Terceira, “já era conhecida, pelo menos, desde 1995”.
Nos relatos divulgados, Ricardo Vieira, um dos operários, confirmou que muitos trabalhadores portugueses estiveram em obras enterrados em hidrocarbonetos.
"Aparecia diesel misturado com água", disse, explicando que "era solo contaminado".
A mesma fonte disse à Antena 1 “que bastava cavar cerca de dois metros para que essa mistura aparecesse”. "Havia zonas que a gente mal conseguia trabalhar por causa do cheiro de combustível".
Este antigo operário diz mesmo que participou “em testes que confirmaram enormes fugas de combustíveis”

(In A União)

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