domingo, maio 27, 2007

Calonectris diomedea borealis - Cagarro

Durante oito meses, Paulo Henrique Silva partilhou as primeiras horas de parte das suas madrugadas na companhia dos casais de cagarros na costa dos Altares na ilha Terceira.
Da observação de uma colónia de cagarros na costa dos Altares, composta por mais de 70 casais reprodutores (mais de 500 aves) resultou uma instalação de som e imagem, patente no Museu de Angra do Heroísmo, e um disco com esse material.
“Observei, durante a noite, o desenvolvimento de quatro ninhos, fotografando e gravando a actividade de quatro casais reprodutores, desde a sua chegada à colónia ao nascimento e crescimento das crias, passando pela reprodução e nidificação”, explica o investigador.
Dessa observação resultaram as 30 fotos que o autor mostra na instalação, que congrega uma projecção multimédia e a apresentação dos sons destas aves durante aquele período.
“O disco comporta mais de 160 fotos, 27 minutos de som, com os cantos emitidos pelos cagarros no período nupcial, um texto do professor da Universidade dos Açores Félix Rodrigues, as minhas notas de campo, além de estatísticas e mapa de localização desta sub-espécie”, adianta o autor.

FASCÍNIO

Uma das questões que se impõe na conversa com o autor é saber o porquê de abdicar de horas de sono para partilhar com os cagarros o período nocturno. Paulo Henrique Silva ri com a questão. E responde de imediato: “fascínio”. “Tenho um fascínio pelos cagarros. Aliás, acho que ninguém consegue ficar indiferente aos cantos dos cagarros aqui nos Açores. Até aos meus 13 anos, nunca ouvi falar de cagarros, nem os conheci. Aos 15 anos, numa viagem a São Jorge, onde fui passar umas férias a casa de um familiar na Ribeira Seca, ouvi, durante a noite, os cantos dos cagarros. Nessa noite nem dormi. E na manhã seguinte, explicaram-me tratar-se de cagarros, uma ave que não conhecia. Aí ficou o fascínio por essa espécie, sobretudo pelos seus cantos”, recorda.
Anos mais tarde, usando as suas capacidades técnicas – Paulo Henrique é técnico de som na delegação da Terceira da RDP/Açores – o investigador tem vindo a gravar os cantos dos cagarros.
“Em 2005, juntando esses trabalhos experimentais e o gosto pela observação de aves, decidi fazer algumas incursões em colónias de cagarras, para tentar perceber onde fazem os ninhos, que espaço ocupam, etc. Já nessa altura, tinha a ideia de realizar um trabalho desta natureza. Um ano depois, avancei decididamente para o terreno, tendo este trabalho resultado de oito meses de observações regulares em ninhos da colónia na orla costeira dos Altares”, explica Paulo Henrique Silva. O resultado desse fascínio está patente ao público no Museu de Angra do Heroísmo até Setembro deste ano. “Esta instalação liberta-nos dos parâmetros habituais de uma exposição. Podemos estar a ver fotografias retro-iluminadas, onde o som sai da própria imagem, como se de um filme se tratasse. Cria-se assim uma envolvência cénica que nos dá maior liberdade, criando-se também outra perspectiva para quem visita o espaço”, explica o autor das imagens e do som.
Além deste trabalho, as imagens e os sons destas expedições estão inseridas num disco, que conta ainda com as notas de campo do autor e vários textos de suporte. Uma das “proezas” deste trabalho é a gravação sonora dos cantos nupciais dos cagarros. “Possivelmente, pelos contactos que estabeleci, esta foi a primeira vez que se fez um registo de som completo de todo o processo de nidificação e reprodução do cagarro”, explica Paulo Henrique Silva.

ESPÉCIE PROTEGIDA

“Actualmente, penso que os açorianos já interiorizaram a protecção do cagarro. Aliás, os resultados da campanha SOS Cagarro – e a sua própria existência – parecem-me prova disso. No entanto, é preciso não esquecer que esta espécie já sofreu muito com a predação humana”, explica Paulo Henrique Silva.
Os cagarros, desde o povoamento, eram mortos para fazer das penas o interior das almofadas, para comer – “há uma série de receitas no receituário tradicional em algumas ilhas do arquipélago que usam cagarro, caso de Santa Maria ou da Graciosa” – para servir de isco na pesca, etc.
Félix Rodrigues, num texto científico inserido no disco que complementa o trabalho de Paulo Henrique Silva, exemplifica: “A predacção humana ao cagarro iniciou-se logo aquando do povoamento das ilhas açorianas. Gaspar Frutuoso refere que na ilha de Santa Maria “os tomavam com paus às trochadas, enchendo assim sacos deles, de que faziam muita graxa (gordura) e outros escalavam e punham a secar como pescado para depois comerem”. Dos cagarros a gente de Santa Maria aproveitava também as penas para encher almofadas e colchões. Afirma-se informalmente, na ilha de Santa Maria, que o cagarro era ainda há poucos anos um prato muito apreciado que só perdeu interesse com a proibição de apanha dessa ave. A carência de recursos nutricionais na Região Açores levou a que se adquirissem novos hábitos alimentares e se dessem utilizações específicas aos produtos derivados das aves marinhas”.
Os cagarros – conta Paulo Henrique Silva – eram também usados como cura medicinal, particularmente a sua gordura, uma matéria-prima muito preciosa pelas suas alegadas qualidades medicinais. “Havia uma exploração do azeite de cagarro. As pessoas iam aos ninhos, retiravam as crias em fase de crescimento, viravam-nos para baixo e o óleo estomacal das crias era derramado num recipiente. Esse óleo tinha qualidades medicinais e era considerado milagroso. Era usado em feridas de animais, em feridas humanas, em entorses, em lesões musculares. Há 20 anos atrás, um quarto de litro de azeite de cagarro custava mil escudos. Aliás, nessa época havia quem considerasse a época dos cagarros como uma segunda vindima. Claro que, no caso da recolha do óleo, as pessoas recolocavam as crias nos ninhos, voltando quatro ou cinco dias depois para nova recolha”, recorda o investigador terceirense. Aliás, durante as observações de Paulo Henrique Silva, as alegadas qualidades medicinais do seu óleo estomacal podem tem ser observadas: “em Setembro, observei uma cria que tinha uns tumores no bico. Enviei essas imagens a alguns especialistas do Departamento de Oceanografia e Pescas, que me disseram desconhecer o problema, assumindo poder tratar-se de algum tumor. O que é certo é que, passado algum tempo, esses tumores desapareceram por completo. Daí que possa haver alguma ligação entre esse facto e as propriedades medicinais do seu conteúdo estomacal”.
“Era crença popular que tais propriedades do azeite do cagarro, quase milagroso, também eram reconhecidas por médicos veterinários, que afirmavam sará-los rapidamente. De facto, alguns óleos de peixe têm propriedades anti-inflamatórias, reduzem a dor e têm na sua composição substâncias orgânicas capazes de sarar feridas. Não existe no entanto um estudo científico aprofundado sobre a composição do azeite de cagarro e das enzimas que lhes estão associadas que permita afirmar com objectividade que essas aplicações efectivamente funcionavam”, complementa o professor universitário Félix Rodrigues. Actualmente, a maior ameaça à espécie são os carros. Mesmo assim, os números não revelam alarmismo.“Apesar de não haver estudos pormenorizados sobre o impacto de cada uma das ameaças anteriormente referidas, crê-se que a percentagem de indivíduos mortos por colisão ou atropelamento nos Açores seja muito reduzida em termos percentuais ou mesmo em termos absolutos, e que a captura por vandalismo ou para isco, seja marginal e difícil de praticar dada a sensibilidade da população local para esta questão. Relativamente à destruição de habitats, a ocorrer não é predominantemente nas zonas de falésia onde normalmente estas aves nidificam ou nas Zonas de Protecção Especial das ilhas açorianas. A actual predacção humana a esta espécie é muito reduzida comparada com o passado recente”, revela Félix Rodrigues.

APROVEITAMENTO TURÍSTICO


Paulo Henrique Silva, assume que a predominância dos cagarros nos Açores pode ser uma mais-valia para o arquipélago. Contudo, realça que ainda não é tempo de aproveitar essa potencialidade em termos turísticos. “Na observação de aves, uma das acções mais fascinantes é a observação de colónias de aves marinhas. Porque podemos observá-las nos seus habitats terrestres, da sua nidificação e reprodução. Isso é muito importante para os ornitólogos, ou seja, para quem observa e estuda as aves. Ora, os Açores têm uma riqueza enorme sobre esse ponto de vista. Entre Fevereiro e Março temos a maior parte das nossas encostas habitadas por espécies marinhas”, reconhece. No entanto, sublinha: “Discordo que, neste momento, se aproveite turisticamente essa potencialidade no arquipélago. Uma coisa será observar a aproximação dessas aves à ilha, os seus cantos, etc. Outra coisa será observar o seu quotidiano no terreno. Ora, aceito que se faça o aproveitamento da primeira parte, mas discordo da segunda, apenas porque, neste momento, não há qualquer monitorização da sua presença nos terrenos que ocupam. Sem esse conhecimento, e sem uma fiscalização eficaz, será impossível protegê-los da presença humana, mesmo que esta nem tenha intenção de os afectar. Mas, a partir do momento, que haja esse conhecimento, acredito que seja possível aproveitar essa potencialidade”, assume o investigador terceirense, embora argumente que essa observação turística terá de ser pontual em determinadas colónias, para evitar o contacto excessivo com a espécie, com os problemas inerentes a essa situação”.
O observador de aves reconhece que as ilhas têm potencial natural capaz de justificar o aproveitamento turístico. “Há uma enorme diversidade, desde a flora à geologia, que pode ser usada como atractivo turístico. Neste momento, está-se a falar e a pensar nisso”, assume. “Há gente que cá vem para apanhar sol – o turista-camarão. Mas o turista-camarão, se tiver hipótese de conhecer outras coisas além do sol e da praia, ele aceita essa oferta e vai conhecer outras coisas. Mas é preciso que as coisas estejam preparadas para isso. Sei que se está a pensar nisso, porque ouço falar nisso”, sublinha. “É preciso não esquecer que, até há pouco tempo, a promoção da imagem dos Açores no exterior era feita à custa de espécies infestantes ou espécies importadas: a hortênsia (oriunda do Japão), a roca-de-velha (trazida dos Himalaias) e a gaivota (uma espécie necrófaga). Portanto, isso é revelador do pensamento que existia. Acho que as coisas têm vindo a mudar, sobretudo as mentalidades. Vamos a ver onde tudo isto vai dar”, refere.

CAGARROS NO MUNDO

Segundo Félix Rodrigues, “Cagarro ou cagarra é uma palavra que designa maioritariamente a ave Calonectris diomedea borealis, da família Procellariidae e ordem procellariiformes, comum às ilhas dos Açores, Berlengas, Canárias e Madeira. Cagarra também pode querer designar a Pardela-de-bico-amarelo (Calonectris diomedea diomedea) cuja distribuição está associada a zonas temperadas e subtropicais do Atlântico Norte e Mediterrâneo”. “Na Europa – escreve o professor universitário, existem duas subespécies de cagarros com distribuições espaciais distintas: a Calonectris diomedea diomedea, no Mediterrâneo, nomeadamente na Croácia, Espanha, França, Grécia (ilha de Kos), Itália (Sicília), Malta e Turquia e a Calonectris diomedea borealis, de constituição mais robusta do que a primeira que se reproduz essencialmente nas ilhas anteriormente referidas”. Estima-se que, actualmente, existam nos Açores cerca de 188 mil casais reprodutores da subespécie C. d. borealis, o que representa 64,7 por cento do total de casais reprodutores a nível mundial da espécie Calonectris diomedea e 75,7 por cento do número de casais reprodutores a nível mundial da subespécie Calonectris diomedea borealis. Esta espécie está protegida nos Açores por diversa legislação. A costa da ilha do Corvo, a costa sul, sudoeste e nordeste da ilha das Flores, os Capelinhos na ilha do Faial, as Lajes do Pico, Ponta da Ilha e Santo António na ilha do Pico, o Ilhéu do Topo e costa adjacente em São Jorge, o Ilhéu de Baixo e Ilhéu da Praia na Graciosa, a Ponta das Contendas e Ilhéu das Cabras na ilha Terceira, e o Ilhéu da Vila e costa adjacente em Santa Maria são as áreas regionais onde as zonas de nidificação do cagarro estão protegidas por lei.

(In Diário Insular -27-05-2007 - Rui Messias)

sexta-feira, maio 25, 2007

As Forças centrífugas podem combater as forças centrípetas da centralização

A afirmação dos Açores ou de pequenas regiões periféricas e ultraperiféricas no exterior poderá passar pela sua constituição como pivot de uma rede de conhecimentos partilhada numa determinada área temática. Essa ideia foi defendida ontem, em Angra do Heroísmo, pelo Professor Américo Mendes, da Universidade Católica Portuguesa do Porto, numa conferência sobre a “Estratégia de Lisboa para o Crescimento e Emprego”, promovida pelo Centro de Informação Europe Direct - Açores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores em parceria com a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.



Numa intervenção sobre a “Microeconomia da (Des)Concentração Geográfica”, Américo Mendes considerou que a geotermia, a sismologia ou a oceanografia são algumas das áreas em que o arquipélago poderá apostar, no âmbito da criação de uma rede de conhecimentos partilhada a nível europeu ou mesmo mundial. Para isso, disse, a Região deverá “investir na organização dessa partilha de conhecimentos”, nomeadamente na “excelência na montagem de projectos e eventos científicos”, como colóquios, expedições e congressos, entre outros. Neste contexto, os Açores deverão ainda “tirar partido das forças centrífugas que contrariam a tendência de concentração geográfica da actividade económica”, designadamente da “descentralização política” e das “actividades ligadas aos recursos naturais”, acrescentou. Sustentando que “ser periférico não é uma condenação eterna”, Américo Mendes referiu o exemplo do European Forest Institute, a maior rede de investigação florestal da Europa e uma das maiores do mundo, com mais de 130 unidades de investigação, que nasceu numa pequena localidade situada a mais de 200 quilómetros a norte de Helsínquia, na Finlândia. “Trata-se de uma região desfavorecida pela sua localização geográfica, pelos custos de transporte e pela pouca atractividade como residência, onde nasceu uma iniciativa baseada na partilha de conhecimento e não tanto na sua produção, nomeadamente através da excelência na organização de eventos científicos”, explicou, sublinhando que, também no caso deste projecto, “a descentralização política tem sido muito importante para o seu lançamento e expansão”.



A conferência “Estratégia de Lisboa para o Crescimento e Emprego” contou ainda com a intervenção da Drª Ana Margarida Reis, da Direcção Regional de Apoio à Coesão Económica e Social, que referiu as políticas do Governo regional para combate à descentralização e ao equilíbrio económico-social das v´´arias ilhas do Arquipélago dos Açores.



(In Diário Insular)

A Intervenção em Educação Ambiental: Inovação ou Indiferença?

Na tese de Mestrado em Educação Ambiental dos Departamentos de Ciências Agrárias e Edudação da Universidade dos Açores,“A Intervenção em Educação Ambiental dos Educadores de Infância do Arquipélago dos Açores: Inovação ou Indiferença?”, Carina Raquel Macedo Rocha Terroso, orientada pelo Professor Paulo Borges e pelo Professor Pedro Gonzalez, ambos do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, pretendeu dar a conhecer as preocupações que os educadores de infância, do arquipélago dos Açores, apresentam face à temática da educação ambiental e que representações têm das suas práticas ambientais nas escolas.
Tentou perceber quais as motivações que os levam, ou não, a desenvolverem e/ou estimularem a educação ambiental no jardim-de-infância, tais como as experiências pessoais, a preparação que receberam ou mesmo obstáculos que possam surgir.
O estudo representa todas as ilhas do arquipélago dos Açores e na sua maioria corresponde ao género feminino.
De um modo geral, os educadores inquiridos disseram suportar e incluir a educação ambiental nas suas aulas de jardim-de-infância, tendo-se verificado que a idade e as experiências pessoais poderão influenciar a ênfase que dão a esta temática. Também verificou que surgem obstáculos quando trabalham a educação ambiental, contudo mostraram que tentam de alguma forma ultrapassar os mesmos. Por exemplo, quando referiram que receberam uma formação pobre na área de educação ambiental revelaram que as acções de formação, as leituras pessoais, entre outras podem ajudar a colmatar esta lacuna.

Registou, na maioria dos inquiridos a crença que a educação ambiental deverá estar presente em quase todos os projectos de jardim-de-infância, uma vez que, a mudança para uma relação mais equilibrada com o planeta e com as outras espécies depende de todos, independentemente da sua idade. Logo o jardim-de-infância será um bom ponto de partida para que as crianças percebam e transmitam (mais tarde) que ao conservar a natureza estão a conservar-se também.

quarta-feira, maio 23, 2007

Gestão e Conservação do Elefante Africano

Dora Neto defendeu a tese de Mestrado em Gestão e Conservação da Natureza do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores , com o título "Contributo para a Gestão e Conservação do Elefante Africano na Reserva do Maputo em Moçambique". A tese foi orientada pelo Professor João Pedro Barreiros do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e pelo Professor Pedro Ntumi da Universidade Eduardo Mondlane de Moçambique.

Nessa tese desenvolveram-se modelos que estudam a interacção entre o número de elefantes e o meio ambiente e permitem estimar o padrão de distribuição espacial da espécie, possibilitando uma melhor gestão e uma maior mitigação dos conflitos entre a vida selvagem e a humana. Formulam-se e calibram-se modelos de distribuição espacial do elefante africano na reserva do Maputo para o inverno e para o verão.
O primeiro modelo consistia numa regressão logística calibrada pelas presenças estimadas por dados obtidos por satélite e pseudo-ausências simulados aleatóriamente. As variáveis com maior poder preditivo foram a proximidade dos humanos, a distância à água e a distância às estradas. A vegetação não tem significado estatístico no modelo utilizado. O modelo logístico revelou uma excelente capacidade de discriminação, indicando onde é possível encontrar elefantes, mas pouca acuidade na previsão do local das populações de elefantes.


O segundo modelo baseou-se em sistemas de células autómatas para simular o movimento das manadas de elefantes tendo em consideração hipóteses sobre a disponibilidade de alimento, tempos de regeneração, localização inicial da manada combinado com regras simples cujo efeito é analizado nas simulações. Os resultados permitem intuir que alguma zonas de baixa probabilidade funcionam como barreiras ao movimento dos elefantes ao mesmo tempo que a redução da disponibilidade de alimento aumenta a mobilidade. Este modelo permite identificar zonas do Parque de Maputo mais vocacionadas para a dispersão de manadas.

terça-feira, maio 22, 2007

Inter-Regiões (INTERREG III B)


Este programa esteve em análise, durante três dias, em Angra do Heroísmo. O secretário regional adjunto do vice-presidente, Carlos Corvelo, disse, em Angra do Heroísmo, que o Programa de Iniciativa Comunitária INTERREG III B Açores, Madeira e Canárias 2000-2006 “constituiu uma aposta ganha na cooperação transnacional, estimulando um desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável do conjunto do espaço comunitário”.

O governante apresentava uma comunicação subordinada ao tema “O INTERREG e a Cooperação Territorial, Açores, Madeira e Canárias”, no Congresso Internacional de Investigação Científica em Enfermagem do Projecto ICE do INTERREG III B, que decorreu, durante três dias, na cidade património mundial.

Esta cooperação, acrescentou, impôs-se como um elemento de valor para o “desenvolvimento integrado das três regiões envolvidas e das mesmas com os países limítrofes”, através de propostas de actuações estruturadas em eixos e medidas. O programa abrangeu dezena e meia de áreas de intervenção, agricultuta, vitivinicultura, turismo, clima e saúde. É nesta última área, saúde, que se insiria o projecto ICE, objecto de análise no congresso de Angra do Heroísmo.

sexta-feira, maio 18, 2007

Saúde, bem estar e investigação, combatem o exodo insular

Iniciou-se ontem, 17 de Maio de 2007, e continua hoje, 18 de Maio, o Congresso Internacional de Investigação Científica em Enfermagem, no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, Terceira-Açores.



A Coordenacção do Congresso esteve a Cargo da Escola Superior de Enfermagem do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores.
A evolução da enfermagem, “enquanto disciplina e profissão do cuidar” só será efectiva “através da aquisição consistente de saberes e competências ou da renovação destes, advindos de uma base científica”, afirma o Secretário Regional da Saúde, Dr. Domingos Cunha.
A qualidade de vida e o bem estar são factores fundamentais para a fixação das populações insulares, passando por aí o combate ao exodo insular, que tem contribuído para o aumento da desertificação humana de algumas ilhas açorianas
Segundo Domingos Cunha, o enfermeiro é hoje “um profissional que incorpora muitos conhecimentos, cuja complexidade conduziu ao longo dos tempos a uma necessidade de actualização constante” e, por isso, a qualidade do Congresso de Angra do Heroísmo é “um acontecimento de enorme prestígio para a profissão de enfermagem e para esta Região”, proporcionando uma “mistura de culturas, conhecimentos e vivências científicas”.
O enfermeiro, “com um campo de intervenção dirigido, não só para a doença em si, mas principalmente para a saúde de cada indivíduo, família e comunidade”, num projecto “a desenvolver ao longo do ciclo vital”, é outra das razões apontadas por Domingos Cunha para que se espere dos enfermeiros, “cada vez mais, a participação activa nos processos de mudança e actualização da enfermagem, de forma a darem a real dimensão social e humana da sua profissão”. O enfermeiro poderá ser um motor de desenvolvimento da cidadania.
Nesse sentido, considerou, que a investigação científica “tem-se afirmado, sem dúvida, como uma excelente valia no desenvolvimento de competências dos profissionais”, como um contributo “crucial” para o conhecimento em termos da optimização dos cuidados de saúde dirigidos aos cidadãos. “É, pois, um investimento para a produção do conhecimento e um instrumento para a evolução do cuidar em saúde com competência, eficácia, eficiência e, acima de tudo, com qualidade”, salientou, exemplificando com o congresso em curso, “que congrega um manancial de testemunhos científicos que aqui serão apresentados e que, estou certo, contribuirão para a partilha de experiências e conhecimentos”.
O Congresso Internacional de Investigação Cientifica em Enfermagem conta com a presença de investigadores da área da enfermagem das Universidades da Macaronésia (Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde), de Institutos Politécnicos e outras entidades, num total que ultrapassa o meio milhar de congressistas. Domingos Cunha destacou, ainda, de entre o conjunto de trabalhos que constituem o programa do evento, o Projecto ICE – Investigação Científica em Enfermagem, de que beneficiaram os Açores, Madeira e Canárias, no âmbito do programa comunitário INTERREG III B. Este projecto teve como finalidade determinar a prevalência de Úlceras por Pressão a nível dos arquipélagos da Macaronésia, “sendo que os resultados do mesmo são, indubitavelmente, uma mais valia para a reflexão sobre os cuidados de enfermagem nesta área de actuação, bem como para a programação de acções integradas, formação específica conducente à intervenção profissional e, acima de tudo, para a formulação de mais uma evidência”, disse ainda, antes de concluir fazendo votos de boa aos congressistas visitantes.
(Adaptado do Jornal a União)

quarta-feira, maio 16, 2007

Assembleia Geral da rede europeia de excelência, Marbef, na Polónia

Decorre em Sopot, na Polónia, a Assembleia Geral da rede Marbef.


O trabalho desta rede europeia de excelência, está dividido em dezasseis pequenos projectos de investigação organizados em três grandes temas e suportados por uma boa organização e divulgação.
O três temas que aborda são:
1) a Taxonomia, onde se descobrem, descrevem e cartografam novas espécies marinhas;
2) o Funcionamento dos Ecosssistemas Marinhos, onde se tenta perceber a relação entre o meio ambiente e a biodiversidade, e,
3) os Aspectos Socio-Económicos da Biodiversidade Marinha.


No Tema 1 e 2 participam os Professores Filipe Porteiro, Ricardo Serrão Santos e João Gonçalves do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, e na terceira, o Professor Tomaz Dentinho do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores.
Estes docentes acabam por representar a maior Zona Económica Exclusiva da Europa, que são as água territoriais açorianas.
O tema da Taxonomia tem oito projectos. Um estuda a evolução da biodiversidade a longo prazo tentando perceber a influência de fenómenos como a variação da temperatura global. O segundo analisa as consequências das variações da biodiversidade no volume de pescas. O terceiro projecto analisa apenas o comportamento do Oceano Ártico em termos de biodiversidade. Um quarto, onde o DOP está muito integrado, analisa o impacto de eventos extremos nos padrões da biodiversidade dos mares profundos. O quinto tenta construir cartas de biodiversidade marinha à escala europeia juntando várias bases de dados. Um sexto constroí uma base de dados para taxonomistas marinhos. O Sétimo é sobre a integração de diferentes métodos para estudar alterações da biodiversidade ao longo da Cordilheira Atlântica. Finalmente o oitavo é sobre a biodiversidade bacteriana onde se discute se o número de espécies não deve ser substituido pelas funções das espécies em termos de quantificação da biodiversidade. O tema 2, sobre o Funcionamento dos Ecossistemas Marinhos, tem sete projectos: 1) Biodiversidade Genética; 2) Espécies invasoras e espécies engenheiras; 3) Biodiversidade em Zonas Costeiras; 4) O impacto da biodiversidade na estabilidade dos ecossistemas; 5) O funcionamento de cadeias tróficas marinhas; 6) Microorganismos e funcionamento dos ecossistemas; e 7) Bioquímica e biodiversidade marinha. Finalmente o tema 3 tem apenas um projecto que trata de um desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão para gerir a biodiversidade marinha. Nessa Assembleia verifica-se que já existem alguns investigadores com resultados, outros apenas desenharam novas metodologias, outros ainda já apresentaram novos projectos.
(Prof. Tomaz Dentinho in A União)

terça-feira, maio 15, 2007

Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde devem aproximar-se

O Primeiro-Ministro de Cabo Verde, em visita ao Arquipélago dos Açores defende um reforço da aproximação das ilhas atlânticas (Açores, Madeira, Canárias e do arquipélago africano de Cabo Verde), assumindo tratar-se de um passo importante para um maior crescimento e competitividade. “É fundamental um reforço das relações entre as ilhas da plataforma macaronésia para que possamos atingir um maior crescimento de cooperação, competitividade e desenvolvimento”, argumenta José Maria Neves, que, iniciou na passada segunda-feira, uma visita de quatro dias aos Açores.
Para o primeiro-ministro cabo-verdiano, uma boa relação entre aquelas ilhas do Atlântico pode também ajudar a promover “um corredor para a paz, estabilidade e segurança”. A parceria especial entre Cabo Verde e a União Europeia (UE) foi outro dos assuntos que o chefe do governo cabo-verdiano afirmou que já se está a concretizar já se vendo “luz ao fundo do túnel”.“
Relativamente à parceria especial com a UE, José Maria Neves reconheceu que embora se tenham registado avanços durante a Presidência alemã da União Europeia, Cabo Verde espera que seja durante a Presidência portuguesa (no segundo semestre deste ano) “que irá haver um enorme impulso”.
José Maria Neves iniciou o seu périplo pela ilha Terceira, na segunda-feira de manhã, altura em que, em Angra, recebeu as chaves da cidade e o diploma de cidadão honorário da cidade. À tarde, o chefe do governo cabo-verdiano visitou a Memória e participou na inauguração das novas instalações do Instituto Açoriano da Cultura. De seguida, José Maria Neves reúne com Carlos César e com o secretário regional dos Assuntos Sociais para discutir a política de imigração. Neste périplo, o gabinete do primeiro-ministro de Cabo Verde já fez saber que é esperado o debate sobre a cooperação em áreas como a Educação e Ensino Superior, Ciência e Formação Profissional, onde estará envolvida, obviamente a Universidade dos Açores.
“Sendo uma região turística por excelência, os Açores poderão beneficiar o sector do turismo cabo-verdiano, bem como o fomento da cooperação a nível das pescas, agricultura e a nível do ensino superior entre as Universidades de Cabo Verde e dos Açores”, diz uma nota do gabinete de José Maria Neves.


Depois da passagem pela ilha Terceira, o primeiro-ministro de Cabo Verde estará em São Miguel, onde, na Universidade dos Açores, proferirá uma oração de sapiência sobre “A Parceria Especial com a União Europeia e a Inserção Competitiva de Cabo Verde no Espaço Macaronésia”.

domingo, maio 13, 2007

Madrugada das Cagarras

Fotografia de Paulo Henrique Silva em "A madrugada das Cagarras"

A Madrugada das Cagarras é o título de uma instalação de som e imagem que o Museu de Angra do Heroísmo inaugurou na passada sexta-feira, dia 11, no seu auditório.
A acompanhar a instalação, está disponível um CD-Rom, com a mesma designação, cujos conteúdos são da responsabilidade do ornitólogo amador Paulo Henrique Silva (som, imagem e notas de campo) e do Professor Félix Rodrigues, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, também ornitólogo amador, que produziu um documento intitulado: Contributo para o conhecimento da espécie Calonectris diomedea borealis.
A direcção do Museu entendeu, após o primeiro contacto com os materiais recolhidos e disponibilizados por Paulo Henrique Silva, que o que inicialmente seria uma exposição de fotografia se convertesse numa instalação de som e imagem, tendo em conta a qualidade das fotografias e dos registos de som captados ao longo de muitas horas de observação da espécie em foco.
Esta instalação pretende recriar a ambiência na qual os cagarros nidificam proporcionando, ao visitante, uma experiência marcante e diferente daquilo que é hábito vivenciar-se num Museu.
Neste contexto, o Serviço Educativo do Museu de Angra do Heroísmo prepara actividades que assumem a promoção do conhecimento da espécie como um imperativo, criando ou aprofundando, no público mais jovem, um espírito cívico em relação às necessidades da espécie.
As actividades lúdicas estão disponíveis para públicos escolares e pré-escolares, sendo que o ambiente acolhedor da instalação proporciona, às turmas do ensino secundário e restantes visitantes, um percurso autónomo e reflexivo.
A instalação de som e imagem "A Madrugada das Cagarras", inaugurada no dia 11 de Maio, pelas 21 horas, estará patente ao público até ao dia 30 de Setembro de 2007.
No dia 12 de Maio, realizou-se na Sede dos Montanheiros-Sociedade de Exploração Espeleológica, em Angra do Heroísmo, uma mesa-redonda sobre a observação de cagarros, coordenada pelo Dr. Jorge Paulus Bruno, com a participação do Professor Félix Rodrigues, de Paulo Henrique Silva, autor do CD e instalação "A Madrugada das Cagarras" e o Médico Ornitólogo Francis Zino, que observa, há mais de 30 anos, a maior colónia de cagarros do mundo, na Selvagem Grande, na Região Autónoma da Madeira.
O CD áudio e multimédia "a madrugada das cagarras" contém uma apresentação do Dr Jorge Paulus Bruno (Director do Museu de Angra do Heroísmo), 160 fotografias de cagarros (Calonectris diomedea borelis) da autoria de Paulo Henrique Silva, um filme e gravação de som, com uma duração de 25 minutos e cerca de trinta notas de campo, também da autoria de Paulo Henrique Silva, um documento intitulado: Contributo para o conhecimento da subespécie Calonectris diomedea borealis e outros dois escritos (Procissão do entardecer e Ser cagarro é ser livre) da autoria do Professor Félix Rodrigues e ainda um poema de Rosa Silva intitulado: "Ai se eu fosse Cagarro".

Fotografia de Paulo Henrique Silva em "A Madrugada das Cagarras"
A edição do CD-Rom áudio-multimédia esteve a cargo do Museu de Angra do Heroísmo e da Ecoteca da Terceira. A cordenação foi da responsabilidade do Dr. Jorge Paulus Bruno, a execução da Drª Helena Ormonde e a concepção gráfica e multimédia a cargo da Drª Cecília Matos.
A edição teve o patrocínio de "Os Montanheiros-Sociedade de Exploração Espeleológica", da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar e da Presidência do Governo Regional dos Açores (Direcção Regional da Cultura).

sexta-feira, maio 11, 2007

Mergulhar as crianças nas riquezas do mar


Decorrem, no próximo sábado, na zona da Marina da Praia da Vitória, diversas actividades ligadas ao mar, através de uma acção promovida por um grupo de alunas da Licenciatura em Educação da Infância da Universidade dos Açores, Campus de Angra do Heroísmo . Trata-se de desenvolver um projecto de Animação Sócio-Educativa, denominado “Vamos Mergulhar nas Riquezas do Mar”, que decorre durante a manhã e a tarde de sábado. O projecto está direccionado para toda a comunidade e as crianças certamente irão passar “um dia diferente”, através de actividades como pinturas faciais, actividades artesanais, passeios de barco, canoagem, jogos de praia, histórias e aventuras do mar e actividades de expressão plástica. As promotoras dessas actividades são: Vera Pereira, Sofia Fragoso, Paula Costa, Isabel Faria, Diane Aguiar e Benilde Viveiros. Para estas jovens alunas trata-se de um projecto de as preparará para o futuro, e para as crianças e familiares que ali se deslocarem, uma oportunidade de terem momentos de descoberta.

quarta-feira, maio 09, 2007

Dia da Europa

Em 9 de Maio de 1950, Robert Schuman apresentou uma proposta de criação de uma Europa organizada, requisito indispensável para a manutenção de relações pacíficas. Esta proposta, conhecida como "Declaração Schuman", é considerada o começo da criação do que é hoje a União Europeia.
Actualmente o dia 9 de Maio tornou-se um símbolo europeu (Dia da Europa) que, juntamente com a bandeira, o hino, a divisa e a moeda única (o euro), identifica a identidade política da União Europeia. O Dia da Europa constitui uma oportunidade para desenvolver actividades e festejos que aproximam a Europa dos seus cidadãos e os povos da União entre si. O Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores comemorou o Dia da Europa com várias actividades que envolveram alunos do ensino Pré-escolar e do Primeiro Ciclo do Ensino Básico.

Com o patrocínio do Europe Direct, foi organizado por Sandra Brás Pereira, funcionária do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, um desfile, na Rua da Sé em Angra do Heroísmo, com crianças do Pré-Escolar do Colégio de Santa Clara.
A Professora Emiliana Silva, abordou, com duas turmas do terceiro ano do colégio de Santa Clara, que visitaram as instalações da Universidade dos Açores em Angra do Heroísmo (Pico da Urze), o tema "A União Europeia de Hoje". Nessa apresentação referiu a composição da Europa, os símbolos e algumas curiosidades.
Houve uma grande evolução do número de mebros da União Europeia. Em 1957 era constituída por 6 países, sendo na actualidade constituída por 27 países. Os alunos do primeiro ciclo do ensino básico ainda visitaram uma pequena exposição de cartazes alusivos ao dia da Europa e também organizada pela Professora Emiliana Silva.

Alunos do projecto EuroLifeNet visitam a Universidade dos Açores

Os alunos da Escola Básica e Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, participantes no Projecto EuroLifeNet, visitaram o Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, conjuntamente com a Drª Tânia Fonseca, afim de discutirem com o Professor Félix Rodrigues questões relacionadas com processos de emissão, classificação, composição e efeitos na saúde pública de partículas atmosféricas PM2,5.



O objectivo do programa EuroLifeNet é testar uma metodologia inovadora de recolha de dados (ex. exposição pessoal a partículas, poluente atmosférico com graves efeitos na saúde), em condições que satisfaçam as necessidades dos cientistas, técnicos e decisores políticos, no que respeita a rigor e fiabilidade dos dados, com cobertura estatística adequada; mas também sustentável (em termos económicos e institucionais), para recolha em regime regular, não apenas em projectos piloto; e que contribuam para a consciencialização cívica dos cidadãos, em especial os jovens, da sua responsabilidade social no problema e na sua solução.
A incidência de doenças respiratórias na União Europeia tem crescido a níveis preocupantes, daí ser fundamental aprofundar os estudos sobre a poluição do ar e os seus efeitos, e obter o apoio esclarecido dos cidadãos para politicas mais rigorosas em defesa do ambiente. Para tal é necessário co-relacionar índices de poluição do ar exterior, com dados sobre o ar interior e sobretudo de exposição pessoal - e com os indicadores de saúde pública.

Os modelos tradicionais de sensibilização dos cidadãos (via mass media e campanhas de divulgação científica) têm tido um efeito limitado. Envolver cidadãos neste estudo suscita uma oportunidade de conseguir uma maior receptividade. O Programa EuroLifeNet é uma cooperação inovadora entre cientistas, técnicos, estudantes e professores que, em estreita colaboração, e recorrendo às mais sofisticadas tecnologias, estão a medir a qualidade do ar (partículas), estando 3 regiões de Portugal (Viana do Castelo, Açores e Lisboa e Vale do Tejo) e uma de Itália (Milão – Lombardia) entre as pioneiras de um estudo à escala da União Europeia. No mapa seguinte, encontram-se assinaladas a azul, as instituições participantes.(in Pedro Ferraz de Abreu-Director do Projecto).

Leite produzido em pastoreio garante sustentabilidade

O leite e derivados produzidos nos Açores, a partir de bovinos alimentados à base de pastagem, possuem mais 250 por cento de ácido linoleico conjugado - um poderoso agente que actua na prevenção do cancro. O professor da Universidade dos Açores, Oldemiro Rego, defende que chegou o momento de apostar numa campanha de marketing que informe os consumidores desta característica única. “Isto porque o leite dos Açores é um dos melhores do mundo”, garante.
Quais são as características que diferenciam o leite dos Açores?

O facto da vaca leiteira nos Açores ser alimentada à base de pastagem traz características específicas ao leite produzido na Região e aos derivados, quer ao queijo, como à manteiga. O mesmo acontece no caso da carne. Existem várias características que diferenciam esses produtos, que têm que ver, essencialmente, com a composição a nível dos ácidos gordos. A nível do metabolismo do colesterol, existem os ácidos gordos hipercolesterolémicos e hipocolesterolémicos. Estes últimos têm efeitos benéficos. Quando comparamos o nosso leite com o produzido em condições intensivas, com silagens e suplementos, os valores deste último tipo de ácido são muito superiores. Isto é importante, visto que os Açores e a Nova Zelândia são as únicas regiões que mantêm vacas em pastagem durante todo o ano. Existem países da Europa que o fazem sazonalmente, como a Irlanda ou a Holanda, mas, durante o Inverno, os animais têm de ser mantidos em estábulos.

Na prática, de que benefícios estamos a falar?

A alimentação dos bovinos à base de pastagem diminui cerca de 30 a 40 por cento dos ácidos gordos saturados, que são prejudiciais, e aumenta de 30 a 40 por cento os ácidos gordos insaturados. Além disso, o ácido linoleico conjugado aumenta em 250 por cento, duas vezes e meia, bem como o ómega 3. Na prática, um dos efeitos benéficos mais importantes é a prevenção do cancro. Isto é algo que se encontra amplamente estudado em modelos animais e em células humanas cancerígenas cultivadas “in vitro”. Na minha opinião, estas características do nosso leite e derivados, bem como da carne, diferenciam esses produtos positivamente em relação aos outros que se encontram no mercado. É uma mais-valia para os produtores e para a indústria, que pode ter impacte em toda a cadeia do leite na Região.

Estas características “anti-cancerígenas” são específicas das nossas pastagens, ou podem ser encontradas em outras partes do globo?

São efeitos que se fazem sentir em todos os sítios onde se criam bovinos à base de pastagem. A nossa grande vantagem é sermos uma das duas regiões do mundo - a outra é a Nova Zelândia - que utiliza o sistema de pastoreio durante todo o ano. Isto porque temos um clima único. Nos outros países, que apenas utilizam a alimentação à base de pastagem durante o período Primavera/Verão, os níveis de ácido linoleico conjugado variam, descendo drasticamente no Inverno. Nos Açores, temos a possibilidade de lançar um produto uniforme no mercado, durante todo o ano. Além disso, pode-se dizer que as únicas fontes existentes na dieta humana para obter este tipo de ácido são o leite, derivados e carne de ruminantes, no nosso caso com especial expressão para os bovinos. Apostar forte no marketing “É preciso levar a informação em massa ao consumidor”.

Numa altura em que se lança a carne de Identificação Geográfica Protegida (IGP) dos Açores e se debate a gestão da “imagem de marca” de produtos como o leite, esta informação poderia ser valorizada a nível do marketing…

É essa a minha perspectiva. Só existe uma forma de valorizar esta informação: é levá-la até ao consumidor, em massa. Por parte da Universidade dos Açores, o trabalho de investigação está feito, existem dados concretos. Agora, cabe aos responsáveis pela fileira do leite e da carne, às associações de produtores, indústria e Governo Regional, apostarem numa campanha de marketing bem-feita e com um bom alcance. Tenho a certeza de que uma iniciativa como essa teria resultados económicos. Existem, pelo menos, nichos de mercado que, devidamente informados, estão disponíveis para escolher o leite dos Açores em detrimento dos outros e, até, a pagar mais por isso. Agora, é preciso ter noções de marketing. O leite da Região aparece, actualmente, misturado com marcas “brancas” nas prateleiras dos hipermercados, sem diferenciação. Ninguém sabe que é um dos melhores leites do mundo, mais saudável e mais equilibrado em termos dietéticos.

Tendo em conta este cenário, como justifica ainda não ter sido lançada uma campanha publicitária que aposte nessas características únicas?
A informação existe e os responsáveis governamentais, indústria e produtores têm conhecimento dela. Uma campanha desta natureza, feita por técnicos competentes, tem custos elevados. A questão está em saber quem está disposto a suportá-los, porque as provas científicas existem. Do ponto de vista dos produtores, embora estes sejam os mais directamente beneficiados, tenho sérias dúvidas de que exista poder económico para levar um projecto como este em diante. Já da parte da indústria, esse poder existe, mas parece-me que esse sector não está muito sensibilizado, por razões que desconheço. Resta o Governo Regional. É uma questão destas três entidades chave se moveram nesse sentido.


Existem condições, nos Açores, para se apostar na exportação de leite, carne e derivados a produzidos com bovinos criados em pastoreio?

Não é uma questão de criar condições - é preciso que se perceba isso - mas de valorizar aquilo que já existe. Já se criam vacas em pastoreio e os estudos realizados pela Universidade dos Açores foram feitos com base nas condições actuais. Além disso, a pastagem é o alimento mais barato que existe, torna o custo de produção muito mais leve. Trata-se apenas de dar continuidade a uma tradição que já é ancestral, que nasce do nosso clima único, suave e húmido, ideal para as pastagens, e de valorizar as características de saúde, qualidade e sabor dos nossos produtos.

A realizar essa campanha de marketing, qual seria o caminho?

Os nichos de mercado ou a comercialização em massa? Existem condições para seguir os dois rumos. Pode-se apostar nos nichos de mercado, num consumidor com mais poder de compra, e aumentar o preço ao produto, colocando-o no mercado em menor quantidade. Mas também se pode massificar a comercialização, com um preço moderado, mas maior número de vendas. É, também, preciso apostar nas questões da higiene e do sabor, que já estão, em grande parte ultrapassadas. Todas as opções são válidas, mas uma coisa é necessária: massificar a informação. É esse o principal caminho que tem de ser percorrido.

(in Diário Insular)

terça-feira, maio 08, 2007

Balanço térmico de animais em pastoreio

A produção de leite e de carne, a partir de animais criados à base de erva, passa por apostar nas raças mais pequenas como a “Jersey”. Em causa estão o lançamento destes produtos em nichos de mercado e a criação de uma “marca Açores”, defende o professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Luís Souto.
Há desde logo uma primeira questão que se põe cada vez que falamos de agro-pecuária: a opção deve ser a exploração extensiva ou intensiva. O seu estudo abordou essa questão?

Não estudei isso, mas o regime extensivo, a todos os níveis, é um negócio muito melhor. Em termos de comportamento social, conforto e bem-estar, num ambiente em que os animais não têm frio, podem ter é calor, o regime extensivo é uma produção muito mais saudável, muito mais ecológica. Também olhei para a questão das vacas mais leves ou mais pesadas...

Existe uma discussão a esse nível, que pretende determinar qual é a melhor vaca para os Açores. Quais foram as conclusões?

Estamos a falar de raças mais pesadas ou menos pesadas, de uma Holstein, com 600 a 750 quilos a uma Jersey, mais leve, 400, 450 quilos. Tendo em conta o mesmo modelo, desta vez em termos de alimentação, os animais mais leves podem assegurar as suas necessidades de produção e manutenção com maior quantidade de erva em relação aos alimentos suplementares, quer seja silagem como os concentrados comerciais. Esse é um aspecto positivo para esse tal debate de qual é a melhor vaca.

Os animais mais leves são mais indicados para a produção com alimentação à base de erva?

No sistema extensivo, que existe, por exemplo, na Nova Zelândia, onde não existem subsídios e se produz quantidades enormes e onde os animais vivem em pastoreio, as raças mais pequenas são as utilizadas. Produzir um quilo de leite com erva, é muito mais barato do que com suplementos. Por quilo, em termos médios, poupa-se, na moeda antiga, cerca de dois escudos. Isto quando, às vezes, se andam a mendigar cêntimos. Este é um dado especialmente importante quando se fala na aposta em nichos de mercado, na venda de produtos de qualidade, com a”imagem Açores”. Essa imagem “Açores” também pode ser explorada em termos de turismo…Sim. Em termos de comparação com os animais criados em estábulos, as vacas criadas em pastoreio são sempre muito mais bonitas, mais saudáveis. Nesse aspecto, a raça mais pequena, a Jersey, é mais rústica, pode ser mais atractiva. Também o leite que produz é mais rico em gordura, ideal para a indústria. Além disso, existem outros problemas associados com as vacas de alta produção quando estas são transportadas para este tipo de ambiente. Essas são vacas concebidas para viver em ambientes muito mais controlados. É a mesma coisa que colocarmos um Ferrari e um Fiat Punto nas estradas da Terceira. Ambos vão andar a 60 à hora e o Fiat Punto vai dar muito menos problemas. São vacas que gastam muito mais em termos manutenção e têm muitos problemas de saúde.


É sustentável criar uma economia só à base de vacas criadas em pastoreio?

Tornar-se-ia muito caro, visto que os estábulos possibilitam uma muito maior concentração de animais e uma produção em massa. A nossa economia teria de ser mais forte. Mas pode-se em nichos de mercado e na exportação para o estrangeiro…
“Balanço energético de vacas leiteiras em pastoreio nos Açores”A tese de doutoramento. Em que se baseou a sua tese de doutoramento?
Foi uma tese que assentou em trabalho experimental. Fez-se um ensaio numa granja universitária, num terreno grande de pastagem, com dois cilindros que, termicamente, se comportam como se fossem uma vaca. Estão a 39 graus, tal como a temperatura interna do animal. Para o equipamento manter a temperatura, vai responder termicamente da mesma forma que o bovino e assim podemos saber, para o clima dos Açores, as necessidades de produção de energia do animal.

Quais eram os objectivos práticos?

Tentei olhar para a questão da produção de energia, tendo em conta o balanço térmico, uma componente que ainda não tinha sido estudada, quer aqui como no resto do país. Um dos factores importantes na produção de energia é saber se o animal precisa de produzir calor para se aquecer, o que vai desviar energia da produção de leite, de carne…
Isso tem um impacto directo na qualidade do produto?
Na qualidade nem tanto. Isso tem mais a ver com a nutrição. O que observámos foram dois equipamentos, um no pasto e outro junto a uma sebe. O modelo que utilizámos, o TERCOW, foi desenvolvido com base no criado por James Bruce, professor na Escócia, que implica as componentes nutricional, térmica e genética. Tivemos de corrigir os parâmetros para o clima em causa. Chegámos à conclusão que o elemento térmico, especialmente o clima frio, não tem grande peso em termos de produção. Se olharmos para o calor que a vaca produz e aquele que ela perde por influência do clima, este último elemento é sempre inferior. Existe mais necessidade de dissipar calor do que conservá-lo. Uma vaca de alta produção pode produzir mil watts, é como se tivesse um aquecedor a óleo no seu interior.

Existia uma ideia estabelecida de que as mudanças térmicas tinham um grande impacto?

Essa ideia existia e é errada. O único impacto significativo tem a ver com os bovinos recém-nascidos, que são logo colocados no campo. Isso não é bom, por que esses animais não têm um sistema desenvolvido em termos térmicos. Não têm muitas reservas, têm pouca gordura, e área grande em relação ao volume, o que implica grandes percas térmicas. Além disso, o vitelo come menos, e produz pouco calor. Principalmente nos primeiros 15 dias seria bom estarem em estábulo, o ideal seria até deixarem de mamar. Podem não morrer, mas são afectados no seu bem-estar e saúde. Nessa fase é preciso ter cuidado em termos de estabulação, principalmente em termos de correntes de ar.
(in Diário Insular)

segunda-feira, maio 07, 2007

Problemas fitossanitários em proteas

Realizou-se de 1 a 4 de Maio de 2007, no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, uma acção formativa, dirigida essencialmente aos produtores da Região Açores e aos técnicos que exercem a sua actividade profissional neste subsector da floricultura.
A formação foi ministrada pelos investigadores espanhóis Prendes Ayala e Lorenzo Bethencourt da Universidade de La Laguna, Canárias.
O principal objectivo da formação foi o de conhecer melhor e dominar as pragas que afectam a cultura, em especial o caso dos fungos e determinadas metodologias de combate aos diversos problemas fitossanitários.
A iniciativa integra-se nos propósitos do projecto INTERFRUTA II, do qual o Departamento de Ciiências Agrárias da Universidade dos Açores é parceira, e que visa desenvolver e fomentar o conhecimento, a vulgarização e a promoção das actividades horto-fruti-florícolas, facilitando cada vez mais o apoio técnico aos produtores e suas explorações, e estimular a diversificação da produção agrícola regional.
Há cada vez maior necessidade de se tomarem medidas fitossanitárias de erradicação de pragas de modo a evitar os impactos sócio-económico e ambientais devastadorres em ecossistemas debeis, como são exemplo os ecossistemas naturais açorianos.
As Proteas são da familia dos fynbos, flores bonitas e exóticas orignárias da África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, ecossistemas distintos dos que se encontram nos Açores.
A mais famosa das variedades de proteas existentes é a King Protea (ProteaCyranoides) a flor nacional da África do Sul.
Crescem geralmente em solos pobres e predominantemente em regiões montanhosas. Porém algumas crescem em solos arenosos particularmente ao logo das regiões costeiras. O pH destes solos são normalmente ácidos, como é o caso dos solos açorianos, embora algumas áreas sejam alcalinas com um pH superior a 8,0.

sexta-feira, maio 04, 2007

Modelo de Interacção Espacial para a Ilha do Corvo

A Mestre Joana Gonçalves e o Professor Tomaz Dentinho do Gabinete de Gestão e Conservação da Natureza do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores são responsáveis por um capítulo do livro "Modelling Land-Use Change: Progress and Applications" (Modelação das Alterações do Uso da Terra: Progressos e Aplicações), publicado recentemente pela editora internacional Springer.


Nesse capítulo explica-se a construção e aplicação à ilha do Corvo de um modelo de interacção espacial com interesse agrícola.
O modelo exposto foi construído de modo a simular o uso histórico da terra na mais pequena ilha do Arquipélago Açoriano. Tem como principais variáveis a atractibilidade local de diversos usos da terra e os censos históricos da população da ilha, desde 1590 a 2001.
O modelo é capaz de de prever a distribuição do emprego na ilha, das habitações e das respectivas superfícies agrícolas. É ainda capaz de gerar os padrões históricos do uso da terra nessa ilha. Nesse contexto, o modelo contribui para uma melhor compreensão das relações históricas do homem com o ambiente.


Os modelos de inteacção espacial são ferramentas apropriadas para a análise das relações entre o homem e o ambiente na medida em que conseguem captar com alguma fiabilidade as interdependências entre a ocupação de um espaço e o seu uso, por exemplo, o modelo proposto para o Corvo permite entender o colapso ambiental que ocorreu no início do século XIX, quando esta ilha foi completamente desflorestada.

Vila Nova do Corvo em 1953

quarta-feira, maio 02, 2007

O mundo das energias alternativas passará pela Terceira-Açores

O Laboratório de Ambiente Marinho do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, organizará em Outubro de 2009, o World Renewable Energy Congress, colocando desta forma, de acordo com o Professor Mário Alves, esta pequena ilha dos Açores "no mapa internacional" das energias renováveis.
De acordo com o mesmo investigador, "não é de estranhar que dentro de 5 anos, os Açores tenham uma forte independência dos combustíveis fósseis na ordem dos 40% a 50%". Ainda optimista, o Professor Mário Alves afirma que "tecnicamente os Açores tem capacidade para que daqui a 10 anos estejam 100% independentes em termos energéticos, havendo necessidade de investimento de empresas privadas, uma vez que já há condições tecnológicas para o fazer".

Central Geotérmica da Ribeira Grande - S. Miguel Açores

A World Renewable Energy (afiliada da UNESCO) tem por missão o apoio e a promoção da utilização e implementação de energias renováveis que são favoráveis ao ambiente e sustentáveis do ponto de vista económico. Esta instituição desenvolve o seu trabalho através de uma rede de agências, laboratórios, instituições, companhias e entidades que, em conjunto, trabalham para a difusão internacional das energias renováveis. Até à data a WREN contabiliza a sua presença em 168 países.


Furnas do Enxofre - Terceira, Açores

Prevêem-se que estejam presentes nessa conferência Internacional cerca de 400 especialistas e estudiosos de vários países. A candidatura dos Açores superou as propostas apresentadas por Banquecoque ou os Emirados Unidos.