As Forças centrífugas podem combater as forças centrípetas da centralização
A afirmação dos Açores ou de pequenas regiões periféricas e ultraperiféricas no exterior poderá passar pela sua constituição como pivot de uma rede de conhecimentos partilhada numa determinada área temática. Essa ideia foi defendida ontem, em Angra do Heroísmo, pelo Professor Américo Mendes, da Universidade Católica Portuguesa do Porto, numa conferência sobre a “Estratégia de Lisboa para o Crescimento e Emprego”, promovida pelo Centro de Informação Europe Direct - Açores do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores em parceria com a Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo.
Numa intervenção sobre a “Microeconomia da (Des)Concentração Geográfica”, Américo Mendes considerou que a geotermia, a sismologia ou a oceanografia são algumas das áreas em que o arquipélago poderá apostar, no âmbito da criação de uma rede de conhecimentos partilhada a nível europeu ou mesmo mundial. Para isso, disse, a Região deverá “investir na organização dessa partilha de conhecimentos”, nomeadamente na “excelência na montagem de projectos e eventos científicos”, como colóquios, expedições e congressos, entre outros. Neste contexto, os Açores deverão ainda “tirar partido das forças centrífugas que contrariam a tendência de concentração geográfica da actividade económica”, designadamente da “descentralização política” e das “actividades ligadas aos recursos naturais”, acrescentou. Sustentando que “ser periférico não é uma condenação eterna”, Américo Mendes referiu o exemplo do European Forest Institute, a maior rede de investigação florestal da Europa e uma das maiores do mundo, com mais de 130 unidades de investigação, que nasceu numa pequena localidade situada a mais de 200 quilómetros a norte de Helsínquia, na Finlândia. “Trata-se de uma região desfavorecida pela sua localização geográfica, pelos custos de transporte e pela pouca atractividade como residência, onde nasceu uma iniciativa baseada na partilha de conhecimento e não tanto na sua produção, nomeadamente através da excelência na organização de eventos científicos”, explicou, sublinhando que, também no caso deste projecto, “a descentralização política tem sido muito importante para o seu lançamento e expansão”.
A conferência “Estratégia de Lisboa para o Crescimento e Emprego” contou ainda com a intervenção da Drª Ana Margarida Reis, da Direcção Regional de Apoio à Coesão Económica e Social, que referiu as políticas do Governo regional para combate à descentralização e ao equilíbrio económico-social das v´´arias ilhas do Arquipélago dos Açores.
(In Diário Insular)
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