quarta-feira, abril 16, 2008

Secretaria do Ambiente relega responsabilidades

A secretaria regional do Ambiente rejeita responsabilidade na resolução do problema da “pluma de combustível” que está a afectar o primeiro nível do aquífero das Lajes, remetendo essa mesma responsabilidade para o representante dos Açores da Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo das Lajes, André Bradford, visto que se suspeita que a mancha de poluição tenha origem em derrames dos tanques de combustível no passado existentes no Posto Um.
Entretanto, já em Setembro de 2003, a secretaria regional do Ambiente tinha contactado a Base das Lajes, conforme foi noticiado em DI, para “esclarecer” o problema da “pluma de combustível” que, então, se pensava poder contaminar os aquíferos locais. A assessora de imprensa da secretaria regional recusa que esta tomada de posição do organismo governamental em 2003 signifique que a responsabilidade na matéria é da secretaria do Ambiente. “Estamos a falar de uma data em que os responsáveis não eram os mesmos. A nossa posição é de que esta é uma matéria da responsabilidade de quem está ligado a questões associadas à Base das lajes”, esclareceu. Recorde-se que, no passado sábado, DI avançou com declarações do professor do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, Cota Rodrigues, que denunciou o facto do aquífero estar já poluído no seu nível mais superficial e alertou para a necessidade de realizar um estudo que determine a geometria dessa mancha de poluição e torne claros os contornos do problema. Cota Rodrigues ressalvou que a poluição não afecta ainda o nível mais profundo do aquífero, não interferindo com a qualidade da água que consomem os habitantes do concelho da Praia da Vitória, mas reiterou que “ninguém pode garantir que essa poluição não chegue aos níveis mais profundos”. Depois de determinada a extensão do problema, existem técnicas para descontaminação da água. “Essas medidas existem, porque este não é um problema exclusivo da Terceira, mas algo observado em vários locais onde há bases militares”, afirmou. As consequências desta contaminação são claras: “A consequência é surgirem hidrocarbonetos, o que inviabiliza a exploração da água”. Face a este cenário, o delegado de Saúde da Praia da Vitória já se manifestou, defendendo que as entidades governamentais responsáveis pelo Ambiente devem mover uma investigação e aplicar a devida multa ao prevaricador, obrigando-o ainda a pagar os procedimentos necessários para a descontaminação do aquífero. Esta é uma matéria em que o Governo Regional, nomeadamente o Ambiente, tem uma clara responsabilidade de agir” sustentou, adiantando que apoia a opinião de Cota Rodrigues, de que deve ser feito um estudo sobre que determine a extensão da “pluma de combustível”. “Não é do nosso conhecimento que exista qualquer risco, nomeadamente através das análises que são feitas à água que é consumida no concelho. Mas penso que essa mesma água deve começar a ser alvo de análises mais pormenorizada”, acrescentou.
SALINIZAÇÃO
De acordo com Cota Rodrigues, professor da Universidade dos Açores, a existência de uma mancha de poluição não é o único problema que afecta a água do aquífero das Lajes. “Os americanos e a Praia Ambiente exploram uma série de poços. Qualquer um tem problemas de intervenção salina, que modificam a qualidade da água. Isto é um problema que se pode combater com a mistura dessa água com outra”. Esta opinião é secundada pelo delegado de Saúde da Praia, que defende que é preciso determinar quem tem legitimidade para explorar esses furos.
(In Diário Insular)

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