segunda-feira, abril 14, 2008

Aquífero da Praia Vitória poluído

Os aquíferos que abastecem a Praia da Vitória estão a dar sinais perigo de poluição e a origem estará em infiltrações de resíduos de combustíveis. Por enquanto ainda estarão a um nível que não afectam directamente a qualidade da água, mas não se afasta a hipótese de isso vir a acontecer a curto prazo. Os técnicos suspeitam da origem - derrames na tancagem de combustíveis da Base das Lajes, que já desapareceram, mas que terão deixado no sub-solo restos de combustíveis que, infiltrados, estarão a escorrer até ao paul.Estas mesmas suspeitas já o “DI”, em 2003, tinha trazido à luz, baseado em estudos da Universidade dos Açores. Pelos vistos ninguém as levou a sério, até agora que pode estar em perigo efectivo a contaminação dos efluentes. Mas, à frente que se faz tarde! A questão que se põe agora é apurar a origem, imputar responsabilidades e pôr os autores a pagar as medidas para debelar os perigos, antes que sejam irreversíveis, se é que não são já.É que nestas matérias deveríamos ser implacáveis, porque é a saúde pública que está em jogo e porque pode ser comprometida a qualidade de vida de gerações. Hoje existem recursos técnicos simples que controlam estas situações e não faz sentido que só agora é que damos conta dessas ocorrências, quando elas deveriam estar controladas à partida. Quase nos atreveríamos a dizer que as autoridades portuguesas (camarárias, por exemplo) têm acesso vedado às instalações militares, mormente à zona de tancagem de combustíveis, quando essa inspecção deveria ser periódica e sendo-o derrames continuados seriam detectados, prevenidos e responsabilidades assacadas. Se o acesso é livre e essas inspecções são feitas com regularidade, então a culpa estará do lado de quem as faz e não dá conta.

(in Diário Insular Editorial)


O aquífero das Lajes, que abastece o concelho da Praia da Vitória, já está afectado, no nível mais superficial, por uma mancha de poluição que terá sido provocada pelo derrame de combustível proveniente de depósitos anteriormente existentes junto ao Posto Um. A situação é denunciada pelo professor da Universidade dos Açores, Cota Rodrigues, que defende ser urgente a realização de um estudo para determinar quais são os contornos do problema.“Este aquífero das Lajes tem três níveis de água sobrepostos e a poluição está no mais superficial. O nível mais profundo é o que está actualmente a ser explorado. O que é necessário determinar é a geometria desta mancha de poluição e, se for necessário, avançar com medidas de descontaminação, que existem, porque este não é um problema exclusivo da Terceira, mas algo observado em vários locais onde há bases militares”, explica.Em causa está um estudo que implica um grande investimento, mas as técnicas estão disponíveis. “É fácil delimitar a pluma de poluição”, reitera.Quanto às consequências que esta “mancha” pode ter, Cota Rodrigues é claro: “A consequência é surgirem hidrocarbonetos, o que inviabiliza a exploração da água”.Entretanto, a direcção regional dos Recursos Hídricos adiantou a DI que não tem conhecimento da situação e que vai enviar um ofício a Cota Rodrigues, pedindo que este disponibilize a informação de que dispõe, para que a entidade possa actuar.Recorde-se que, em 2003, a secretaria regional do Ambiente tinha já contactado a Base das Lajes para esclarecer o problema da “pluma de combustível”. O professor universitário adianta que existem mais problemas associados à água do concelho: “Os americanos e a Praia Ambiente exploram uma série de poços. Qualquer um desses poços têm problemas de intervenção salina, que modificam a qualidade da água. Isto é um problema que se pode combater com a mistura dessa água com outra, de outras proveniências”.Em relação a este assunto, a direcção regional dos Recursos Hídricos não quis avançar com quaisquer declarações, à excepção das já publicadas no DI no final do ano passado. Na altura, a entidade avançava que continuava sem solução o licenciamento dos furos geridos pelos militares norte-americanos, visto que o pedido de dados técnicos ao comando americano permanecia sem resposta.

(In Diário Insular)

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