Abertura na base da gaiola reduz calor e beneficia o toiro
A pintura com cores claras, a colocação à sombra e a existência de aberturas de arejamento no topo e na parte inferior das gaiolas são pormenores fundamentais para melhorar a permanência dos toiros nos arraiais da ilha durante as touradas à corda. Os conselhos partem de Susana Ferreira, finalista do curso de Engenharia Zootécnica no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores (UA). A estudante, filha e neta dos proprietários da Casa Agrícola José Albino Fernandes, demonstra com dados concretos os seus conselhos. Estes resultam de um estudo que está a realizar no âmbito da tese final de curso. Os dados preliminares desse trabalho foram apresentados, ontem de manhã, no último dia das primeiras jornadas açorianas de gado bravo, numa palestra intitulada “Contributos para a melhoria do conforto térmico e do bem-estar do toiro, durante a tourada à corda”.“Na análise realizada para as condições piores e para a introdução de pequenas melhorias, detecta-se que com pequenas alterações é possível melhorar consideravelmente o conforto do animal dentro da gaiola, nomeadamente em termos de temperatura”, explicou Susana Ferreira à assistência.Reduzir o calor
Segundo a futura engenheira zootécnica, na experiência efectuada ficou provado que acima dos 33 graus de temperatura no interior, o toiro entra na fase de maior desconforto, quer na transpiração quer na respiração. E, acima dos 37 graus, passa a ter a vida em risco.Susana Ferreira garante que com medidas pequenas, os ganadeiros podem melhorar consideravelmente a estadia dos seus animais nas gaiolas.O estudo comprova que, por exemplo, usando a cor branca na pintura da gaiola, a temperatura interior pode baixar até quase cinco graus.“Sei que a cor das gaiolas identifica o ganadeiro, mas há formas de se ultrapassar isso. O que é certo é que as gaiolas com cores claras contribuem para a diminuição da temperatura interior, o que é muito benéfico para o rendimento do animal no arraial e para o seu conforto após a corrida”, explicou Susana Ferreira.De igual modo, a existência de aberturas de respiração na base e no topo da gaiola pode baixar a temperatura interior em sete graus.“Outro dos procedimentos que contribuem para a diminuição da temperatura no interior da gaiola é a colocação numa zona de sombra. Isto pode reduzir o calor interno em dois graus. E, actualmente, há formas simples de criar essa sombra artificialmente”, garante Susana Ferreira.“As nossas medições foram realizadas com temperaturas exteriores de 25, 27 e 30 graus, valores que, com o aquecimento global, podem passar a ser frequentes nos nossos arraiais”, sublinha.
Todos de acordo
Após as explicações, um dos veterinários presentes alertou para a necessidade de, neste tipo de estudos, se proceder à avaliação da permanência das fezes e da urina no interior das gaiolas, já que o amoníaco libertado pode ser tóxico para o animal.Outro dos veterinários sugeriu a criação, no topo das gaiolas, de caixas de ar, que evitariam o calor directo sobre a gaiola, situação que, devido à existência de postigos no topo das gaiolas requer algumas atenções. Para Fátima Albino, ganadeira terceirense, a criação de aberturas na base e no topo das gaiolas é importante, desde que as duas não existam no mesmo lado, “para evitar uma circulação de ar agressiva para o animal”.Os trabalhos encerraram com uma palestra de Vasco Lucas sobre o toiro bravo em Portugal. Seguiu-se uma visita ao interior da ilha, no âmbito da futura Rota do Toiro.
(In Diário Insular)
Etiquetas: bem-estar, Produção animal, Susana Ferreira, toiros, zootecnia
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