domingo, janeiro 13, 2008

Governo Regional deveria defender a Universidade dos Açores

O reitor da Universidade dos Açores, Avelino Meneses, lamentou ontem, em Angra do Heroísmo, que alguns sectores do poder político de Lisboa não entendam que a Universidade dos Açores tem especificidades decorrentes da tripolaridade. Num discurso proferido no novo Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, no âmbito da sessão solene comemorativa do 32º aniversário da Universidade dos Açores, Avelino Meneses referiu que o Governo Regional deve envolver-se na campanha de sensibilização que é necessário efectuar em Lisboa sobre as especificidades do ensino superior no arquipélago.“Estamos numa situação em que temos esperanças que os problemas com o financiamento das instalações universitárias da Terceira e Horta estão resolvidos e isso deve-se ao facto de o Governo Regional ter assumido um papel activo nesse sentido. Gostaríamos que em relação às despesas de funcionamento e aos custos acrescidos relacionados com a tripolaridade houvesse o mesmo apoio do Governo Regional”, afirmou em declarações ao DI. Segundo Avelino Meneses, o pedido de apoio do executivo açoriano pode não passar por financiamento, mas por uma acção no sentido de sensibilizar Lisboa para reconhecer os custos acrescidos da Universidade dos Açores.Nesse sentido, considera essencial produzir pensamento na Região em torno da Autonomia em termos que possam sustentar os argumentos no sentido da diferenciação da Universidade dos Açores. Avelino Meneses abordou no seu discurso a necessidade combater “os tecnocratas que apenas fazem continhas e não compreendem a realidade das ilhas e da Autonomia”. Por outro lado, defendeu uma maior aproximação da Universidade dos Açores ao mundo empresarial e à sociedade civil e a necessidade da academia se adaptar às regras decorrentes da revisão estatutária em curso ditada pela mudança da legislação que regulamenta o ensino superior em Portugal. Os novos estatutos da Universidade dos Açores estão a ser elaborados por uma assembleia eleita em Novembro de 2007 e deverão ser aprovados até Junho desde ano.
Para além do discurso do reitor, a sessão solene do 32º aniversário da Universidade dos Açores contou com uma oração de sapiência sobre o tema “O solo, suporte da vida”, proferida pelo docente do departamento de Ciências Agrárias, Jorge Pinheiro e as actuações da cantora lírica terceirense Cristina Meireles, acompanhada ao piano por Gustav Van Manen, tunas académicas e Filarmónica de Nossa Senhora do Milagres da Serreta. O programa paralelo das comemorações do 32º aniversário contou com o baptismo de uma embarcação de apoio à investigação científica nas instalações universitárias do Pico da Urze e de uma reunião do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, realizada na segunda-feira.Com cerca de três mil alunos e pólos em São Miguel, Terceira e Horta, a Universidade dos Açores foi fundada em 1976 com a designação de Instituto Universitário dos Açores.

” O presidente do Governo Regional, Carlos César, defendeu ontem que a Universidade dos Açores deve desenvolver “um esforço muito rigoroso” de gestão, que possa constituir um meio de “persuasão” junto do Governo da República para os seus problemas financeiros.“A Universidade, sem prejuízo das obrigações que ao Estado cabe e da melhoria de tratamento que deve ter por parte do Governo da República, também tem que fazer um esforço muito rigoroso e muito cuidadoso para que a sua gestão seja exemplar e um instrumento de persuasão junto do Governo da República”, sublinhou Carlos César, em Ponta Delgada. Questionado pelos jornalistas sobre as dificuldades orçamentais da instituição, Carlos César disse que o executivo açoriano tem intervido junto do Governo da República nesta matéria, o que tem permitido “resolver muitos e inúmeros problemas”.“Temos um relacionamento baseado na discrição e na eficiência com a Universidade. Não fazemos comunicados nem conferências de imprensa sobre os sucessos da nossa intervenção junto do Governo da República a favor da instituição”, argumentou Carlos César que prometeu continuar a sensibilizar Lisboa para os custos acrescidos com a tripolaridade.
(In Diário Insular)

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