quinta-feira, janeiro 10, 2008

As Universidades têm especificidades, como tal devem ser vistas numa óptica diferenciadora

O modelo tripolar da Universidade dos Açores deve ser reconhecido pelo Governo da República e deve estar reflectido no financiamento público do estabelecimento de ensino. A opinião parte do presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas.
Seabra Santos, que está na ilha Terceira a presidir à reunião da entidade (a reunião decorre hoje no pólo universitário de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores), justifica esse comentário com a necessidade de esse modelo contribuir para o desenvolvimento equilibrado da Região. “Temos que ter em consideração a especificidade de cada uma das instituições do nosso País. E uma região como os Açores tem, naturalmente, especificidades próprias. Como o arquipélago é formado por nove ilhas, com necessidades de desenvolvimento próprias, esse cenário leva-me a ver com simpatia a necessidade de não concentrar recursos apenas num ponto, porque há aqui questões de desenvolvimento regional equilibrado que é preciso ter em consideração”, explica o Reitor da Universidade de Coimbra. “Não me compete entrar nos detalhes desta questão. Isso compete à Universidade dos Açores, ao Governo da República e ao Governo Regional dos Açores. Mas as universidades são diferentes isso não pode ser esquecido”, sublinha o académico.
O financiamento do Ensino Superior foi um dos temas em discussão no encontro dos reitores das universidades portuguesas.
O encontro, explica o Reitor Seabra Santos, é mais uma reunião ordinária mensal da entidade. “A maior parte do tempo será ocupada com assuntos da gestão corrente. No entanto, teremos um espaço reservado para o debate das questões ligadas à entrada em vigor do regime jurídico das universidades, e da necessidade de novos estatutos, além do seu financiamento”, refere Seabra Santos.
Ao que DI apurou, o cenário de crise financeira da Universidade dos Açores (UA) poderá ser debatida, nomeadamente na discussão dos problemas ligadas ao sub-financiamento das universidades portuguesas.
A reunião do Conselho de Reitores das Universidades Portugueses ocorre numa altura em que a Universidade dos Açores se vê a braços com um embate com o Governo da República por causa do seu financiamento. A instituição terminou 2007 com um défice de 1,8 milhões de euros. E a situação só não foi pior porque a UA terá recorrido a reservas financeiras próprias. Mas, as previsões apontam para uma dívida este ano a rondar os 4,4 milhões de euros. Perante este cenário, Lisboa propôs um programa de saneamento financeiro da UA, ficando sob comando dos ministérios das Finanças e do Ensino Superior. O programa - entretanto rejeitado pelo Reitor Avelino Meneses - impõe um modelo de receitas iguais às despesas e a possível redução de 25 por cento do efectivo da universidade. Na origem desta situação está o modelo tripolar da Universidade dos Açores - a instituição tem um quotidiano dividido nos pólos de Ponta Delgada, de Angra do Heroísmo e da Horta, estando este dedicado à investigação do mar. A tripolaridade, associada à insularidade, eleva os custos de funcionamento da UA em mais de três milhões de euros. A falta de alunos é outra das razões para as recorrentes dificuldades económicas da UA.
(In Diário Insular)

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