Internet pode mitigar a solidão dos idosos
CLARA GASPAR E CARLOS LEAL, Doutoranda e Mestrando no Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores: “Tivemos o cuidado de garantir que os participantes iniciam a formação com muito pouca ou nenhuma experiência”.
Que objectivos têm em mente ao organizar um curso de iniciação à informática destinado sobretudo a pessoas com mais de 50 anos?
O acesso generalizado a computadores e à internet é muito recente em Portugal. Enquanto o público mais jovem se adaptou facilmente às novas tecnologias e foram criados programas para ensinar e incentivar os jovens a utilizá-las, não foram dadas muitas oportunidades a outras faixas etárias para acompanhar esse desenvolvimento. Com esta iniciativa, pretende-se contribuir para a aproximação do público sénior às novas tecnologias, oferecer novas valências que poderão ser úteis no seu quotidiano, promover o espaço de acesso gratuito à internet (CINET) do CCAH, e fomentar neste escalão etário o interesse pela Ciência e Tecnologia e a participação nas actividades do Centro.
As cinco semanas do vosso curso não serão insuficientes para que gente que não nasceu nem viveu com os computadores possa ter um apoio minimamente útil?
O curso está limitado a 12 participantes, correspondendo ao número de computadores disponíveis, o que possibilita uma aprendizagem individual e prática, passo a passo. Contará com dois formadores, o que permite um acompanhamento ainda mais personalizado. Trata-se de um curso de iniciação, e tivemos o cuidado de garantir que os participantes iniciam a formação com muito pouca ou nenhuma experiência. Para além do mais, durante e após o curso, os participantes serão incentivados a utilizar o espaço livremente para treinarem com o apoio de um dos formadores. Este é, aliás, um dos nossos objectivos: atrair público de todas as faixas etárias ao CCAH, onde podem aprender Ciência e Tecnologia de forma didáctica, interactiva e divertida.
A infoexclusão entre a população com mais idade pode ser encarada como um factor de limitação ao exercício pleno da cidadania?
Há cada vez mais serviços disponíveis na internet, evitando muita burocracia e filas de espera. A participação em fóruns de discussão, o acesso a legislação e o envio de documentos por via electrónica, por exemplo, permitem ao cidadão sentir-se mais facilmente integrado e activo na sociedade. Contudo, julgamos que continua a ser possível o exercício da cidadania de forma mais tradicional. O que pretendemos é, de certa forma, contribuir para que algum público sénior possa alargar o conjunto de ferramentas ao seu dispor para um exercício mais rápido da cidadania.
Poderá um computador constituir, para um idoso, um instrumento capaz de mitigar uma eventual vida de solidão?
Pensamos que sim. A internet oferece, hoje em dia, múltiplas formas de comunicação à distância e interacção entre as pessoas, seja através de fóruns, comentários em blogs, correio electrónico, ou mesmo em tempo real, com suporte de som e imagem. Estas potencialidades são uma importante componente, que acreditamos que será um ponto alto neste curso e uma mais-valia para mitigar o isolamento. O próprio curso pretende também incentivar o convívio entre os participantes. Além disso, existe uma enorme variedade de informação interessante para cada um dos formandos na internet, o que contribuirá para a ocupação do tempo.
(in Diário Insular)
Etiquetas: Aprendizagem ao longo da vida, cursos, formação
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