Uma visão comprometida com a açorianidade
Segunda-feira, dia 09, às 21h00, na igreja do Castelo de São João Baptista, são apresentados os dois volumes da História dos Açores, o primeiro registo escrito que sintetiza, monográfica e ensaísticamente, os principais aspectos da vivência nas ilhas do povoamento ao início do século XXI.Em 1432 páginas (ver texto abaixo), cerca de três dezenas de especialistas reflectem sobre vários aspectos da vida açoriana, das formas de organização no território das ilhas ao predomínio da Agricultura e a emergência do Turismo, passando pelo papel da Igreja no arquipélago, pelas estruturas do poder, a população e as migrações, o posicionamento geoestratégico da Região, a Cultura, a Economia, a Universidade e a Autonomia.“[Quem adquirir a obra] encontra toda a história dos Açores, desde a descoberta das ilhas, até ao ano 2000. E encontra também um capítulo sobre a geografia física do arquipélago. Acima de tudo, adquire um manancial de conhecimento, um suporte condensado do mais actualizado conhecimento que se tem dos Açores, ao nível cientifico, do que respeita à sua história”, adianta Jorge Bruno, presidente do Instituto Açoriano de Cultura (IAC), entidade promotora da obra.“Reúne trabalhos de cerca de 30 colaboradores. Cada um dos investigadores e professores universitários que colaborou com ela escreve sobre um determinado tema. E, nesse capítulo, reflecte a sua perspectiva em relação a esse tema. Quanto a nós, essa diversidade enriquece este projecto, conferindo-lhe leituras distintas. Há cinco ou seis anos, no início deste projecto, colocou-se a possibilidade de esta História dos Açores ser escrita por um só investigador. Mas, pouco depois, entendeu-se que essa opção era redutora. Além disso, uma História dos Açores com o nível de profundidade que esta tem – que é muito grande – dificilmente seria escrita por uma só pessoa”, sublinha.
Desafios
Para o presidente do IAC, o lançamento da História dos Açores representa alguns desafios para o futuro: a sua disponibilização na Internet (“nesta versão ou numa preparada para tal, ou seja, com mais imagens”), uma versão em CD-Rom (“que nos permite chegar a outros públicos”), e, acima de tudo, uma edição bilingue (“traduzir este texto para inglês será uma mais-valia considerável”).
Açorianidade
A História dos Açores foi orientada por uma direcção científica composta pelos professores Avelino Meneses, Artur Teodoro de Matos e José Guilherme Reis Leite.“Esta é a história do nascimento e da afirmação da Açorianidade. É uma leitura da sociedade insular feita pelos olhos de quem a ela pertence, a leitura de uma sociedade isolada fisicamente, mas integrada na história do Atlântico, da Europa e dos Estados Unidos da América. Foi essa perspectiva que delineamos para este projecto”, revelava José Reis Leite, em declarações ao DI em Janeiro.“Esta é uma síntese actualizada da História dos Açores, desde o povoamento até à era autonómica. É a síntese possível, na perspectiva dos seus directores científicos. Mas podem surgir outras perspectivas. Por exemplo, em Portugal, temos várias Histórias de Portugal publicadas. Aliás, ficaria muito contente se esta ficasse rapidamente desactualizada. Isso significaria que a investigação sobre o arquipélago não tinha parado”, sublinhou Avelino Meneses, na mesma altura.A História dos Açores é apresentada pelo professor Eugénio dos Santos na Terceira. Na terça-feira, os dois volumes são apresentados na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, e, na quarta-feira, na sede da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em Lisboa. Percurso do arquipélagodo povoamento ao ano 2000
A História dos Açores, patrocinada pelo Instituto Açoriano da Cultura (IAC) está dividida em dois volumes: o primeiro tem 668 páginas; o segundo, 764 páginas.Cada volume, a que DI teve acesso, está dividido em três partes: “Génese e afirmação de uma nova sociedade (1450-1642)”, “A estagnação e o desinteresse pelos Açores (1642-1766)” e “Unir para dominar: a centralidade administrativa (1766-1836)” no primeiro volume; “A liberdade e os proveitos (1836-1895)”, “Monarquia, República e Estado Novo: a adaptação às mudanças e o inconformismo com as diferenças (1895-1976)” e “O triunfo da autonomia (1976-2000)” no segundo volume.A primeira parte do primeiro volume aborda o descobrimento e povoamento do arquipélago, as formas de organização no espaço, recursos disponíveis e carências, o papel da Igreja, o emergir das ilhas como escala no oceano e a convivência de açorianos, espanhóis e continentais.Na segunda, a subsistência, o relacionamento exterior, o poder civil e militar, a cultura, a religiosidade e a estratificação social são temas desenvolvidos.Na terceira parte do primeiro volume surgem textos sobre as novas e velhas estruturas de poder, a procura da viabilidade económica, as finanças, moeda e fiscalidade nas ilhas, a população e migrações, as elites insulares, a aprendizagem e o Liberalismo no arquipélago.No segundo volume, a primeira parte analisa as novas formas de governação, a economia, as ligações ao continente, os comportamentos sociais, o ensino e a cultura fora da Igreja e a consciência para uma identidade própria.A segunda parte conta com textos sobre a Monarquia e o Estado Novo, a Autonomia, a pobreza, as ilhas nas estratégias no Atlântico, os destinos da emigração, a afirmação de uma cultura própria, a revolução económica e a religiosidade e o Estado.Na terceira parte, a criação da Autonomia, os poderes regional e central, o desenvolvimento das ilhas, a economia na Autonomia, a população e a universidade são temas em análise.“Os capítulos do primeiro volume não comportam grandes novidades, até porque, nos últimos anos, não surgiram documentos que viessem alterar o que já se conhecia. Nos capítulos sobre a história mais recente surgem leituras que podem significar novidades. Além disso, os capítulos sobre a moeda e a fiscalidade no arquipélago inéditos, já que eram áreas sem grande investigação”, explica Jorge Bruno, presidente do IAC.A edição foi patrocinada pelo INTERREG e pela FLAD.A primeira edição da obra é de dois mil exemplares. O conjunto dos dois volumes será vendido por 50 euros.
(In Diário Insular)
Desafios
Para o presidente do IAC, o lançamento da História dos Açores representa alguns desafios para o futuro: a sua disponibilização na Internet (“nesta versão ou numa preparada para tal, ou seja, com mais imagens”), uma versão em CD-Rom (“que nos permite chegar a outros públicos”), e, acima de tudo, uma edição bilingue (“traduzir este texto para inglês será uma mais-valia considerável”).
Açorianidade
A História dos Açores foi orientada por uma direcção científica composta pelos professores Avelino Meneses, Artur Teodoro de Matos e José Guilherme Reis Leite.“Esta é a história do nascimento e da afirmação da Açorianidade. É uma leitura da sociedade insular feita pelos olhos de quem a ela pertence, a leitura de uma sociedade isolada fisicamente, mas integrada na história do Atlântico, da Europa e dos Estados Unidos da América. Foi essa perspectiva que delineamos para este projecto”, revelava José Reis Leite, em declarações ao DI em Janeiro.“Esta é uma síntese actualizada da História dos Açores, desde o povoamento até à era autonómica. É a síntese possível, na perspectiva dos seus directores científicos. Mas podem surgir outras perspectivas. Por exemplo, em Portugal, temos várias Histórias de Portugal publicadas. Aliás, ficaria muito contente se esta ficasse rapidamente desactualizada. Isso significaria que a investigação sobre o arquipélago não tinha parado”, sublinhou Avelino Meneses, na mesma altura.A História dos Açores é apresentada pelo professor Eugénio dos Santos na Terceira. Na terça-feira, os dois volumes são apresentados na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, e, na quarta-feira, na sede da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em Lisboa. Percurso do arquipélagodo povoamento ao ano 2000
A História dos Açores, patrocinada pelo Instituto Açoriano da Cultura (IAC) está dividida em dois volumes: o primeiro tem 668 páginas; o segundo, 764 páginas.Cada volume, a que DI teve acesso, está dividido em três partes: “Génese e afirmação de uma nova sociedade (1450-1642)”, “A estagnação e o desinteresse pelos Açores (1642-1766)” e “Unir para dominar: a centralidade administrativa (1766-1836)” no primeiro volume; “A liberdade e os proveitos (1836-1895)”, “Monarquia, República e Estado Novo: a adaptação às mudanças e o inconformismo com as diferenças (1895-1976)” e “O triunfo da autonomia (1976-2000)” no segundo volume.A primeira parte do primeiro volume aborda o descobrimento e povoamento do arquipélago, as formas de organização no espaço, recursos disponíveis e carências, o papel da Igreja, o emergir das ilhas como escala no oceano e a convivência de açorianos, espanhóis e continentais.Na segunda, a subsistência, o relacionamento exterior, o poder civil e militar, a cultura, a religiosidade e a estratificação social são temas desenvolvidos.Na terceira parte do primeiro volume surgem textos sobre as novas e velhas estruturas de poder, a procura da viabilidade económica, as finanças, moeda e fiscalidade nas ilhas, a população e migrações, as elites insulares, a aprendizagem e o Liberalismo no arquipélago.No segundo volume, a primeira parte analisa as novas formas de governação, a economia, as ligações ao continente, os comportamentos sociais, o ensino e a cultura fora da Igreja e a consciência para uma identidade própria.A segunda parte conta com textos sobre a Monarquia e o Estado Novo, a Autonomia, a pobreza, as ilhas nas estratégias no Atlântico, os destinos da emigração, a afirmação de uma cultura própria, a revolução económica e a religiosidade e o Estado.Na terceira parte, a criação da Autonomia, os poderes regional e central, o desenvolvimento das ilhas, a economia na Autonomia, a população e a universidade são temas em análise.“Os capítulos do primeiro volume não comportam grandes novidades, até porque, nos últimos anos, não surgiram documentos que viessem alterar o que já se conhecia. Nos capítulos sobre a história mais recente surgem leituras que podem significar novidades. Além disso, os capítulos sobre a moeda e a fiscalidade no arquipélago inéditos, já que eram áreas sem grande investigação”, explica Jorge Bruno, presidente do IAC.A edição foi patrocinada pelo INTERREG e pela FLAD.A primeira edição da obra é de dois mil exemplares. O conjunto dos dois volumes será vendido por 50 euros.
(In Diário Insular)
Etiquetas: Avelino Meneses, História, Livro
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