Só se a casa cair
O reputado professor e investigador do Departamento de Universidade dos Açores, Paulo Borges, especialista em insectos e que mais se tem dedicado à questão das térmitas nos Açores, em particular em Angra do Heroísmo, acaba de denunciar que, volvidos anos sobre a detecção da praga, consequente estudo, e anúncio de intenções por parte das autoridades municipais e governo, continuamos sem plano integrado de combate à praga. No entender daquele investigador, as medidas até agora implementadas são pontuais e insuficientes para controlar o problema. Tudo leva a crer que ainda não levámos suficientemente a sério a praga e isto porque como as estruturas em madeira são minadas de dentro para fora, mantendo durante todo o processo, um aspecto exterior praticamente inalterado, continuamos a assobiar para o lado como se nada se passasse. A conclusão que se tira é que, se calhar, estamos à espera que alguma casa se desmorone e magoe alguém, para depois irmos, todos, a correr, lamentar primeiro e a tomar as decisões depois. Que foi feito do trabalho realizado, há anos, quando se detectaram os primeiros casos sérios da praga? Fizeram-se palestras com cientistas internacionais e cá de casa, municípios e Governo mandaram fazer estudos e foi produzida legislação quanto a apoio, alguma da qual produziu polémica, como é normal nestas circunstâncias. Mas, a partir daí, e paulatinamente, o assunto foi morrendo. Vem agora, quem percebe profundamente da matéria e esteve nele envolvido desde o início, dizer que, afinal, não há plano integrado nenhum, a nível regional, com uma estratégia ordenada para, pelo menos, diminuir a infestação. Não nos espantam estas notícias. Enquanto a casa não nos cair em cima não somos capazes de dar um passo, ou forçar outros a dá-lo. Sem um plano, nada feito, dado que qualquer intervenção isolada não resulta.
Câmara de Angra ameaça térmitas com comissão
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo está a criar uma comissão, para trabalhar o problema da infestação das térmitas na cidade. A informação foi dada pela vereadora da autarquia, Sofia Couto, que acrescenta que o processo, neste momento, está ainda em desenvolvimento. A infestação de térmitas foi detectada pela primeira vez nos Açores, em 2002, na cidade património mundial, aparecendo mais tarde nas ilhas de São Miguel, Santa Maria e Faial. O problema desenvolveu uma dimensão de tal ordem, que em 2005 o Governo Regional dos Açores criou um apoio financeiro, em regime excepcional, para os proprietários mais afectados. O Diário Insular noticiou que até à data ainda não existe um plano de combate às térmitas. Uma medida defendida por Paulo Borges, especialista em insectos da Universidade dos Açores, que considera o apoio financeira insuficiente no combate à praga. O líder do projecto “Envolvimento dos Cidadãos no Controlo das Térmitas Urbanas nos Açores”, financiado pelo Governo Regional, defende ainda a intervenção do executivo na alteração da legislação, de forma a permitir a fumigação no arquipélago, assim como a intervenção do governo ou das autarquias na oferta de serviços para móveis, destinados ao grande público. O Diário Insular contactou a Direcção Regional da Habitação, que remeteu o caso para a Secretaria do Ambiente e do Mar. No entanto, não foi possível obter uma reacção do secretário regional, uma vez que Álamo Meneses esteve em reuniões até ao fecho da edição.
(In Diário Insular)
Etiquetas: Álamo de Meneses, combate, Legislação, Paulo Borges, Praga, Térmitas
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