Falta de água no Verão Terceirense
Uma ruptura numa zona de derivação junto da nascente da Nasce Água obrigou a que as zonas de São Carlos, Bicas de Cabo Verde e Pico da Urze ficassem sem abastecimento de água durante grande parte do dia de ontem.
Quarta-feira de manhã os Serviços Municipalizados de Angra do Heroísmo (SMAH) foram alertados para a ruptura na zona de derivação da Nasce Água, tendo procedido à reparação da mesma já que se trata “ de uma zona com um forte caudal e onde se estava a perder grande quantidade de água”, esclareceu Sofia Couto, presidente dos SMAH.
Os serviços municipais afirmam ainda “não ter uma explicação” para esta avaria, garantindo não ter tido outra alternativa que não a suspensão do abastecimento de água na zona de São Carlos, um dia depois desta zona ter ficado sem água ao abrigo do plano de cortes camarário.
“A água foi ligada em S. Carlos no horário normal (entre as 21h20 e as 24h de terça-feira) e depois novamente cortada porque não podíamos fazer a reparação sem suspender o abastecimento”, justifica Sofia Couto.
A responsável dos serviços municipais afirmou também que o número de avarias na rede neste período de cortes de água “tem sido o habitual. Temos todos os dias pequenos trabalhos de reparação mas que não obrigam à interrupção no fornecimento e esse número não aumentou”.
Félix Rodrigues, investigador da Universidade dos Açores, prevê que caso não chova no próximo mês a situação do abastecimento de água no concelho de Angra do Heroísmo “comece a ficar preocupante, com cortes mais acentuados do que os que temos tido até agora”.
O professor universitário diz mesmo ser esta a única solução para o problema, mostrando-se céptico em relação às medidas avançadas pela autarquia.
“A Câmara diz que está a tornar operacionais mais furos para o abastecimento da rede pública, mas não creio que seja o suficiente, neste momento. É necessário que chova e não pode ser apenas dois ou três milímetros, terá que ser um pluviosidade superior a esta para conseguir repor os níveis de água no solo e nos aquíferos”.
Félix Rodrigues entende que este problema surgiu “por vários factores, que passam pelas condições climatéricas, pelo aumento do consumo, mas também pela gestão dos recursos. O docente da Universidade dos Açores defende mesmo que a gestão dos recursos hídricos na Praia da Vitória “tem sido mais eficaz. O concelho da Praia da Vitória é abastecido maioritariamente por furos, que é uma água com menor qualidade mas que tem permitido um abastecimento sem problemas, enquanto em Angra se tem privilegiado as captações de nascentes”.
Em relação às condições climatéricas, Félix Rodrigues afirma que se está a viver uma situação anormal, sendo este o Verão com o mais baixo nível de pluviosidade entre Julho e o fim de Agosto dos últimos 15 anos, o que vem de encontro às previsões que apontam para um clima cada vez mais seco no arquipélago, nos vários cenários de alterações climáticas que tem sido estabelecidas para o Arquipélago. O futuro poderá ser assim..
“Nos vários cenários de alterações climáticas estabelecidos para o Arquipélago refere-se a tendência para termos temperaturas mais elevadas, apontando as previsões para mais 2ºC em média, o que é significativo no Verão açoriano e acarreta mais humidade relativa nessa estação. No Inverno a tendência é para termos mais precipitação concentrada”.
No entanto, explica o académico, uma grande parte da precipitação no Inverno não significa um reforço dos lençóis de água para os meses mais secos, já que “o período de permanência das águas nos aquíferos é relativamente curto, uma característica dos aquíferos dos Açores. Os caudais ficam muito altos após as chuvadas e vão diminuindo rapidamente”.
Desta forma, Félix Rodrigues defende que serão necessários mais furos que explorem o aquífero basal – película de água doce que sobrenada a água salgada que se encontra debaixo da ilha e onde a água da chuva se vai infiltrando muito lentamente, não sofrendo tantas variações sazonais – apesar de ser um processo algo dispendioso e ter o “handicap” de “quanto mais perto um furo estiver do mar, pior é a qualidade da água”.
O professor universitário defende ainda que os recursos hídricos na Terceira deveriam ser geridos por uma só entidade, deixando de lado as divisões administrativas, “pois assim poderíamos ter uma gestão global dos recursos e fazer uma melhor distribuição dos mesmos”.
Quarta-feira de manhã os Serviços Municipalizados de Angra do Heroísmo (SMAH) foram alertados para a ruptura na zona de derivação da Nasce Água, tendo procedido à reparação da mesma já que se trata “ de uma zona com um forte caudal e onde se estava a perder grande quantidade de água”, esclareceu Sofia Couto, presidente dos SMAH.
Os serviços municipais afirmam ainda “não ter uma explicação” para esta avaria, garantindo não ter tido outra alternativa que não a suspensão do abastecimento de água na zona de São Carlos, um dia depois desta zona ter ficado sem água ao abrigo do plano de cortes camarário.
“A água foi ligada em S. Carlos no horário normal (entre as 21h20 e as 24h de terça-feira) e depois novamente cortada porque não podíamos fazer a reparação sem suspender o abastecimento”, justifica Sofia Couto.
A responsável dos serviços municipais afirmou também que o número de avarias na rede neste período de cortes de água “tem sido o habitual. Temos todos os dias pequenos trabalhos de reparação mas que não obrigam à interrupção no fornecimento e esse número não aumentou”.
Félix Rodrigues, investigador da Universidade dos Açores, prevê que caso não chova no próximo mês a situação do abastecimento de água no concelho de Angra do Heroísmo “comece a ficar preocupante, com cortes mais acentuados do que os que temos tido até agora”.
O professor universitário diz mesmo ser esta a única solução para o problema, mostrando-se céptico em relação às medidas avançadas pela autarquia.
“A Câmara diz que está a tornar operacionais mais furos para o abastecimento da rede pública, mas não creio que seja o suficiente, neste momento. É necessário que chova e não pode ser apenas dois ou três milímetros, terá que ser um pluviosidade superior a esta para conseguir repor os níveis de água no solo e nos aquíferos”.
Félix Rodrigues entende que este problema surgiu “por vários factores, que passam pelas condições climatéricas, pelo aumento do consumo, mas também pela gestão dos recursos. O docente da Universidade dos Açores defende mesmo que a gestão dos recursos hídricos na Praia da Vitória “tem sido mais eficaz. O concelho da Praia da Vitória é abastecido maioritariamente por furos, que é uma água com menor qualidade mas que tem permitido um abastecimento sem problemas, enquanto em Angra se tem privilegiado as captações de nascentes”.
Em relação às condições climatéricas, Félix Rodrigues afirma que se está a viver uma situação anormal, sendo este o Verão com o mais baixo nível de pluviosidade entre Julho e o fim de Agosto dos últimos 15 anos, o que vem de encontro às previsões que apontam para um clima cada vez mais seco no arquipélago, nos vários cenários de alterações climáticas que tem sido estabelecidas para o Arquipélago. O futuro poderá ser assim..
“Nos vários cenários de alterações climáticas estabelecidos para o Arquipélago refere-se a tendência para termos temperaturas mais elevadas, apontando as previsões para mais 2ºC em média, o que é significativo no Verão açoriano e acarreta mais humidade relativa nessa estação. No Inverno a tendência é para termos mais precipitação concentrada”.
No entanto, explica o académico, uma grande parte da precipitação no Inverno não significa um reforço dos lençóis de água para os meses mais secos, já que “o período de permanência das águas nos aquíferos é relativamente curto, uma característica dos aquíferos dos Açores. Os caudais ficam muito altos após as chuvadas e vão diminuindo rapidamente”.
Desta forma, Félix Rodrigues defende que serão necessários mais furos que explorem o aquífero basal – película de água doce que sobrenada a água salgada que se encontra debaixo da ilha e onde a água da chuva se vai infiltrando muito lentamente, não sofrendo tantas variações sazonais – apesar de ser um processo algo dispendioso e ter o “handicap” de “quanto mais perto um furo estiver do mar, pior é a qualidade da água”.
O professor universitário defende ainda que os recursos hídricos na Terceira deveriam ser geridos por uma só entidade, deixando de lado as divisões administrativas, “pois assim poderíamos ter uma gestão global dos recursos e fazer uma melhor distribuição dos mesmos”.
(In A União)
Etiquetas: Alterações climáticas globais, Câmara Municipal, Falta de água, Félix Rodrigues
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