Especialista nega contaminação
"Ao longo de duas décadas e meia de análises às águas de consumo público na ilha Terceira nunca foram detectados hidrocarbonetos ou metais pesados", disse à Lusa Adelaide Lobo, professora de toxicologia e eco-toxicologia da Universidade dos Açores.
"Foram realizadas análises rigorosas até 2005 nos aquíferos profundos e águas superficiais, incluindo no Instituto Fresenius [Wiesbaden-Alemanha], por cromatografia gasosa, e nunca foi detectada a presença daqueles produtos poluidores", sublinhou.
Segundo Adelaide Lobo, "o laboratório Fresenius é acreditado internacionalmente e a ele recorrem a maioria dos laboratórios portugueses para análises mais complexas".
Em declarações à agência Lusa, Adelaide Lobo apenas refere "a detecção de uma contaminação por hidrocarbonetos resultante de um derrame acidental na lavagem de tanques efectuada por norte-americanos".
"Foi um derrame verificado, acompanhado e com o decorrer do tempo podem considerar-se [os hidrocarbonetos] inexistentes", precisou.
Para a professora universitária, se alguma contaminação existisse não só as autarquias o sabiam como o Instituto Regulador das Águas e Resíduos (IRAR) o sabia porque são "exigentíssimos".
Adelaide Lobo justifica a inexistência de hidrocarbonetos e metais pesados nas águas e solos da ilha pelo facto de "os solos serem vulcânicos o que permite uma absorção elevada à superfície o que impede qualquer contacto com os aquíferos ou nascentes".
"Desconheço em absoluto de onde vem essa ideia inconcebível e sem cabimento", realçou a professora da universidade dos Açores, especialista doutorada em Mesologia - estudo da poluição ambiental.
Adelaide Lobo revela que apenas "o furo do Farroco [Angra do Heroísmo] apresenta valores de poluição acima dos permitidos por lei [Lei 236/98], por isso a sua água não é usada para consumo".
"É um furo especial que está metido numa bolsa magmática e por isso não é utilizado", explicou.
Adelaide Lobo afiança que, excepto neste caso [Farroco] "não há contaminação nem em aquíferos profundos ou superficiais de nascente".
No caso específico da Zona do Paul (Praia da Vitória), a professora da universidade dos Açores admite "poluições transitórias superficiais" devido "a situações de escorrimento das águas da chuva".
Porém, como "nunca foi estudado o tempo que a zona permanece poluída" adianta que a sua "convicção é de que é, quase de certeza, por pouco tempo, e que nunca, mas nunca atinge os aquíferos".
A contaminação dos aquíferos e solos da ilha Terceira por combustíveis norte-americanos de tanques localizados na Base das Lajes foi levantada publicamente na passada semana.
A Câmara Municipal da Praia da Vitória, com o apoio da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, que já disponibilizou verbas, escolheu o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para realizar um estudo alargado aos solos e águas do concelho.
JAS.
Lusa/fim
Etiquetas: Adelaide Lobo, aquífero, Base das Lajes, Poluição
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