terça-feira, maio 13, 2008

Bio-combustíveis podem dar uma ajuda à agricultura

Os Açores podem vir a produzir cereais para fornecer o mercado dos biocombustíveis. Quem o afirma é o secretário regional da Economia, Duarte Ponte, que acredita que a entrada neste circuito pode dar um “novo impulso” à agricultura do arquipélago. “Há uns tempos atrás, cada vez menos pessoas se dedicavam ao sector da agricultura. Hoje, ela começa, lentamente, a renascer. Isto porque o preço começa a aumentar. Leite e cereais sobem de valor. Podemos ser moralistas e dizer que não devemos produzir cereais para os biocombustíveis, mas, no mundo em que vivemos, a produção depende apenas das receitas que se obtiverem”, adianta. Duarte Ponte falava, ontem, no pólo universitário da Universidade dos Açores ao Pico da Urze, em Angra do Heroísmo, na abertura da sessão de apresentação do CLIMARCOST, um projecto na área do clima marítimo e costeiro, financiado pelo Interreg e desenvolvido pela Universidade dos Açores. Ponte chama a atenção do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores em Angra do Heroísmo para as oportunidades que a entrada dos Açores na produção de cereais para o mercado dos biocombustíveis pode trazer para a instituição. “Este departamento tem muito a percorrer neste caminho”, considera.

Imoral?
Recorde-se que, em Junho de 2006, a Royal Dutch Shell, a maior comerciante mundial de biocombustíveis, considerava “moralmente inadequada” a utilização de produtos agrícolas utilizados na alimentação para o fabrico de combustíveis renováveis, lembrando que milhões de pessoas passam fome por todo o globo. “Achamos que é moralmente inadequado, porque o que estamos a fazer é usar alimento, transformando-o em combustível. Se olhar para a África, ainda há falta de comida, pessoas a passar fome, e, pelo facto de sermos mais ricos, usamos comida para fabricar combustível. Isso não é o que eu gostaria de ver”, afirmava, em entrevista publicada num site brasileiro, Eric Holthusen, gerente de Tecnologia de Combustíveis para Ásia e Pacífico, que admitia, porém, que “às vezes o mercado força a fazer isso”. O secretário regional da Economia esteve ontem pela primeira vez no pólo universitário do Pico da Urze, onde defendeu que um dos factores mais importantes do futuro da Região é a energia. “Nos próximos dez anos, vamos assistir à alteração do paradigma da energia barata proveniente dos combustíveis fósseis nos transportes. Surgirá uma nova tecnologia, que os Açores, e a universidade, devem acompanhar”.

(In Diário Insular)

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