Cota Rodrigues confirma qualidade da água da Praia
A água para consumo disponibilizada pela empresa municipal Praia Ambiente está dentro de todos os parâmetros de qualidade exigidos pela legislação em vigor no país. “As análises realizadas nas captações actualmente existentes mostram ausência de contaminação” reconhece Cota Rodrigues, um investigador do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores com diversos trabalhos publicados sobre a matéria. O docente universitário, em entrevista a um grupo de finalistas do Curso de Ciências do Ambiente (que publicamos abaixo), alega que a água proveniente do aquífero de base não apresenta indícios de contaminação nos pontos onde é captada. O investigador diz ainda ter conhecimento que alguns lençóis de água, mais superficiais foram poluídos, “pelo menos pontualmente”, porém, assegura que a esse nível não existe captação de água para consumo e que não há um diagnóstico claro do problema.
A existência de plumas de poluição por hidrocarbonetos na Base das Lajes e suas imediações, supostamente associado a derrames de combustíveis, tem agitado a comunicação social açoriana e preocupado as autoridades regionais. Estas manchas poluentes, no seu processo evolutivo natural, podem afectar a qualidade da água captada. Quisemos conhecer melhor os contornos deste problema consultando o Prof. Cota Rodrigues, docente na Universidade dos Açores.
Recentemente foi divulgada a presença de plumas de poluição nas imediações da base das Lajes. Essas plumas há quanto tempo existem e são constituídas por que substancias?
A poluição dos solos nas imediações da Base das Lajes, nomeadamente da área do Posto 1, é conhecida há vários anos e tem sido frequentemente referida na comunicação social. Neste caso especifico o líquido poluente é constituído por hidrocarbonetos usados como combustíveis.
São substâncias perigosas, portanto?
A existência de plumas de poluição por hidrocarbonetos na Base das Lajes e suas imediações, supostamente associado a derrames de combustíveis, tem agitado a comunicação social açoriana e preocupado as autoridades regionais. Estas manchas poluentes, no seu processo evolutivo natural, podem afectar a qualidade da água captada. Quisemos conhecer melhor os contornos deste problema consultando o Prof. Cota Rodrigues, docente na Universidade dos Açores.
Recentemente foi divulgada a presença de plumas de poluição nas imediações da base das Lajes. Essas plumas há quanto tempo existem e são constituídas por que substancias?
A poluição dos solos nas imediações da Base das Lajes, nomeadamente da área do Posto 1, é conhecida há vários anos e tem sido frequentemente referida na comunicação social. Neste caso especifico o líquido poluente é constituído por hidrocarbonetos usados como combustíveis.
São substâncias perigosas, portanto?
Essas são substâncias que podem envolver perigosidade quando contactam massas de água subterrânea que são captadas para abastecimento público.
Isso significa que os aquíferos captados não estão poluídos?
Isso significa que os aquíferos captados não estão poluídos?
Isso pode significar que as zonas do aquífero onde se está a captar água não foram ainda atingidas. Refira-se que as análises feitas nas captações actualmente existentes mostram ausência de contaminação.
As populações abastecidas podem portanto estar tranquilas?
Não se trata aqui de tranquilizar ou não as populações. Trata-se de constatar uma realidade: a água que é disponibilizada para abastecimento público no concelho da Praia da Vitória apresenta boa qualidade, como recentemente reconheceu o Instituto Regulador de Águas e Resíduos.
Na sua opinião, de onde proveio esta poluição?
Sem estudos de pormenor não é possível identificar as fontes poluentes. A presença de agentes poluentes nas imediações pode ser uma boa pista.
Este facto, ultimamente muito referido na imprensa, tem preocupado as autoridades regionais e autárquicas. Existem razões para isso?
Essas preocupações são naturalmente legítimas uma vez que não existe um diagnóstico claro do problema.
Há a possibilidade dos recursos hídricos da zona serem qualitativamente afectados?
Existem nas zonas afectadas por estas manchas poluentes - massas de água subterrânea ou lençóis de água, utilizando uma linguagem mais comum. Pelos dados que possuo uma dessas massas hídricas, a mais superficial, foi afectada, pelo menos pontualmente.
Esse é um dos níveis captados?
Esse nível não é captado. Actualmente na zona do Ramo Grande apenas se explora o nível mais profundo, o chamado aquífero de base, localizado a cotas próximas do nível do mar. Pelo menos nas zonas onde é explorado, esse aquífero não está contaminado.
Foram recentemente publicadas análises, retiradas de um relatório elaborado por entidades norte-americanas, onde se demonstra que essa massa de água mais profunda, captada por alguns furos, já apresenta contaminação. Quer comentar esta notícia?
Como já referi, a água proveniente do aquífero de base não apresenta indícios de contaminação nos pontos onde é captada. As análises mensalmente efectuadas por um laboratório independente provam-no claramente. Isto não significa que não existam sectores deste aquífero que não estejam afectados como esses dados parecem indiciar.
Que soluções existem para resolver esta situação?
Só é possível apontar soluções depois de se conhecer a efectivamente a dimensão do problema. Existem na actualidade técnicas capazes de eliminar ou controlar fenómenos de poluição por hidrocarbonetos, que têm sido aplicadas com sucesso em várias partes do mundo. Este tipo de problemas associados à presença de instalações militares é muito frequente, existindo por isso um vasto conhecimento na sua mitigação.
A exploração exagerada de água por parte das Forças Armadas Americanas nas imediações da Base das Lajes é apontada como um factor de degradação da qualidade da água captada para abastecimento público em parte do concelho da Praia. Concorda com esta suposição?
O sistema aquífero captado através de furos pelos portugueses e americanos na zona do Ramo Grande é o mesmo. Este possui a particularidade de contactar directamente com a água do mar, estando por isso sujeito a intrusão salina. Quanto maiores forem os caudais extraídos mais se faz sentir este fenómeno.
Isso significa que as captações americanas incrementam a salinização?
Qualquer extracção de água neste aquífero incrementa a salinização. É evidente que todos necessitamos de água, os munícipes da Praia da Vitória e os nossos hóspedes americanos.
Acha então que este é um problema de difícil solução?
A extracção de água de aquíferos com processos de salinização implica em casos extremos o tratamento das águas captadas através de processos normalmente onerosos e eficácia duvidosa. Julgo que a melhor solução passa por uma racionalização da exploração, associada à captação de nascentes onde não existe intrusão salina.
Em termos práticos, essa racionalização significa o quê?
Em termos práticos isso significa que o processo de captação deve ser integrado, ou seja, deve englobar todas as partes interessadas, de forma a garantir uma salinização mínima. Por outro lado existem na ilha outras fontes, onde a água tem teores de sais baixos. A mistura destes caudais permite água com níveis de qualidade melhores.
Isso significa que os aquíferos devem ser explorados apenas por uma entidade?
A situação ideal é existir uma gestão única.
E ao nível institucional, como acha que devem ser equacionadas estas questões que, para além de envolverem um município, respeitam também as Forças Armadas Americanas?
Esse problema compete aos políticos resolver.
As populações abastecidas podem portanto estar tranquilas?
Não se trata aqui de tranquilizar ou não as populações. Trata-se de constatar uma realidade: a água que é disponibilizada para abastecimento público no concelho da Praia da Vitória apresenta boa qualidade, como recentemente reconheceu o Instituto Regulador de Águas e Resíduos.
Na sua opinião, de onde proveio esta poluição?
Sem estudos de pormenor não é possível identificar as fontes poluentes. A presença de agentes poluentes nas imediações pode ser uma boa pista.
Este facto, ultimamente muito referido na imprensa, tem preocupado as autoridades regionais e autárquicas. Existem razões para isso?
Essas preocupações são naturalmente legítimas uma vez que não existe um diagnóstico claro do problema.
Há a possibilidade dos recursos hídricos da zona serem qualitativamente afectados?
Existem nas zonas afectadas por estas manchas poluentes - massas de água subterrânea ou lençóis de água, utilizando uma linguagem mais comum. Pelos dados que possuo uma dessas massas hídricas, a mais superficial, foi afectada, pelo menos pontualmente.
Esse é um dos níveis captados?
Esse nível não é captado. Actualmente na zona do Ramo Grande apenas se explora o nível mais profundo, o chamado aquífero de base, localizado a cotas próximas do nível do mar. Pelo menos nas zonas onde é explorado, esse aquífero não está contaminado.
Foram recentemente publicadas análises, retiradas de um relatório elaborado por entidades norte-americanas, onde se demonstra que essa massa de água mais profunda, captada por alguns furos, já apresenta contaminação. Quer comentar esta notícia?
Como já referi, a água proveniente do aquífero de base não apresenta indícios de contaminação nos pontos onde é captada. As análises mensalmente efectuadas por um laboratório independente provam-no claramente. Isto não significa que não existam sectores deste aquífero que não estejam afectados como esses dados parecem indiciar.
Que soluções existem para resolver esta situação?
Só é possível apontar soluções depois de se conhecer a efectivamente a dimensão do problema. Existem na actualidade técnicas capazes de eliminar ou controlar fenómenos de poluição por hidrocarbonetos, que têm sido aplicadas com sucesso em várias partes do mundo. Este tipo de problemas associados à presença de instalações militares é muito frequente, existindo por isso um vasto conhecimento na sua mitigação.
A exploração exagerada de água por parte das Forças Armadas Americanas nas imediações da Base das Lajes é apontada como um factor de degradação da qualidade da água captada para abastecimento público em parte do concelho da Praia. Concorda com esta suposição?
O sistema aquífero captado através de furos pelos portugueses e americanos na zona do Ramo Grande é o mesmo. Este possui a particularidade de contactar directamente com a água do mar, estando por isso sujeito a intrusão salina. Quanto maiores forem os caudais extraídos mais se faz sentir este fenómeno.
Isso significa que as captações americanas incrementam a salinização?
Qualquer extracção de água neste aquífero incrementa a salinização. É evidente que todos necessitamos de água, os munícipes da Praia da Vitória e os nossos hóspedes americanos.
Acha então que este é um problema de difícil solução?
A extracção de água de aquíferos com processos de salinização implica em casos extremos o tratamento das águas captadas através de processos normalmente onerosos e eficácia duvidosa. Julgo que a melhor solução passa por uma racionalização da exploração, associada à captação de nascentes onde não existe intrusão salina.
Em termos práticos, essa racionalização significa o quê?
Em termos práticos isso significa que o processo de captação deve ser integrado, ou seja, deve englobar todas as partes interessadas, de forma a garantir uma salinização mínima. Por outro lado existem na ilha outras fontes, onde a água tem teores de sais baixos. A mistura destes caudais permite água com níveis de qualidade melhores.
Isso significa que os aquíferos devem ser explorados apenas por uma entidade?
A situação ideal é existir uma gestão única.
E ao nível institucional, como acha que devem ser equacionadas estas questões que, para além de envolverem um município, respeitam também as Forças Armadas Americanas?
Esse problema compete aos políticos resolver.
Relatório secreto divulgado na Internet
O relatório americano sobre a eventual poluição dos aquíferos do Ramo Grande está disponível na Internet por pouco mais de 38 dólares. Este estudo hidro-geológico, com 216 páginas, está disponível no sítio http://www.stormingmedia.us/02/0214/A021454.html e data de 2005. O documento relata as investigações em aquíferos identificados e suspeitos de contaminação, com vista a determinar eventuais riscos para as forças militares americanas na Base das Lajes.
(In A União)
O relatório americano sobre a eventual poluição dos aquíferos do Ramo Grande está disponível na Internet por pouco mais de 38 dólares. Este estudo hidro-geológico, com 216 páginas, está disponível no sítio http://www.stormingmedia.us/02/0214/A021454.html e data de 2005. O documento relata as investigações em aquíferos identificados e suspeitos de contaminação, com vista a determinar eventuais riscos para as forças militares americanas na Base das Lajes.
(In A União)
Etiquetas: aquífero, Base das Lajes, Cota Rodrigues, Poluição, Qualidade da água
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