quarta-feira, maio 14, 2008

Posição da Força Aérea Portuguesa

O Departamento de Relações Públicas da Força Aérea Portuguesa (FAP) admitiu hoje, num esclarecimento, que “existem identificados na Base Aérea das Lajes (Ilha Terceira) solos contaminados com hidrocarbonetos mas superficialmente e pouco preocupantes”.
De acordo com o esclarecimento da FAP “seria de esperar de uma infra-estrutura com estas características nalguns locais muito específicos, onde estiveram ou estão instalados tanques de combustível ou linhas de abastecimento que existam solos contaminados com hidrocarbonetos”. Porém, “há já alguns anos que decorrem planos e acções concretas para correcção da situação, referidos em vários relatórios sobre os quais não existe nenhuma intenção conhecida, quer das autoridades portuguesas ou norte-americanas em mantê-los secretos”, acrescenta o esclarecimento. A nota da FAP enviada à Agência Lusa surge na sequência de notícias públicas que apontam para a existência de solos e aquíferos, de abastecimento público de água no concelho da Praia da Vitória (ilha Terceira), contaminados com hidrocarbonetos e metais pesados. Os responsáveis da autarquia, o governo regional e a consulesa norte-americana nos Açores negaram qualquer contaminação das águas de consumo público baseados nas análises que a autarquia realiza regularmente. A Força Aérea Portuguesa assegura que “tem procedido como medida cautelar, ao acompanhamento dos estudos e realizado a supervisão de desmantelamento de tanques e linhas de combustível que já não estão em uso”. Salientam, no documento, que desde 2005 “têm sido instalados furos de monitorização em locais estratégicos, abatidos depósitos e removido combustível do interior das tubagens, nomeadamente 14 mil galões (52.990 litros) no ano passado”. A Força Aérea garante que são efectuadas monitorizações por amostragens e que está a ser projectado um edifício, no interior da Base das Lajes, destinado ao tratamento de solos que deverá começar a funcionar no próximo ano. Estão também previstos “estudos adicionais, por empresas independentes que vão avaliar o risco dos solos e aquíferos para aquilatar da necessidade da sua real remediação”. Porém, adiantam, “até ao momento as redes da água do interior da Base das Lajes oriunda de furos hertezianos (americanos) e de nascente (portugueses) tem-se demonstrado, sempre, em análises regulares, próprias para consumo”. Quanto às águas subterrâneas do aquífero basal adiantam que “as análises e os estudos demonstram que não existe, até à presente data; qualquer evidência ou prova factual que suporte a ideia de contaminação”. “O estudo hidrológico realizado em 11 de Fevereiro mostra que o sentido de escoamento do aquífero basal das zonas supostamente contaminadas, se dirige para Nordeste, na direcção exactamente oposta dos furos de captação de água localizados no concelho da Praia da Vitória”. Esta problemática levou a que o presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória, com o apoio financeiro do governo regional, anunciasse que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) “vai efectuar um estudo hidro-geológico nas zonas suspeitas de contaminação com hidrocarbonetos e metais pesados”. O executivo regional, segundo Roberto Monteiro, disponibilizou ao município através da Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, os meios financeiros necessários “para a elaboração do estudo” que visa “clarificar a situação”. “As análises que a câmara faz, tal como todas as câmaras do país, não indicam qualquer contaminação da água para consumo pelas populações”, sublinhou o autarca. Roberto Monteiro sustenta ser “fundamental avaliar se há ou não contaminação, o grau de risco e quais os processos para a sua correcção”. “Após o estudo, sejam quais forem as conclusões, as partes serão responsabilizadas e usaremos todos os meios ao nosso alcance, e até às últimas consequências, para que tal seja feito”, garantiu o autarca. Roberto Monteiro admite que no concelho “sempre houve reticências sobre eventuais poluições com a montagem e desactivação de tanques de combustíveis”. “É por isso que o que vai ser feito agora já há muito que deveria ter sido realizado”, acrescentou. O presidente do município praiense disse ainda que “mesmo que a contaminação venha a revelar-se apenas ao nível superficial dos solos a questão põe-se na alimentação humana uma vez que os animais de leite e carne são alimentados, sobretudo, de erva das pastagens”. “Todavia vamos evitar especulações e aguardar as conclusões do estudo para então apurarmos responsabilidades e encontrar soluções para o problema”, finalizou.
Lusa/AO

(In Açoriano Oriental)

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