quinta-feira, abril 17, 2008

Pluma de combustíveis no Aquífero das Lajes

O representante dos Açores na Comissão Bilateral de Acompanhamento do Acordo das Lajes recusa envolver-se na resolução do problema da mancha de combustível que estará a afectar o nível mais superficial do aquífero das Lajes até que sejam apresentadas provas concretas quer de que essa “pluma de combustível” de facto afecta o aquífero, como de que essa poluição se deve a tanques de combustível pertencentes aos Estados Unidos da América, anteriormente existentes no Posto Um.A posição de André Bradford surge depois da denúncia por parte do professor da Universidade dos Açores, Cota Rodrigues, que defende um estudo urgente do problema, para que se determinem os contornos exactos da situação.Em declarações a DI, Bradford defende que Cota Rodrigues deve apresentar as provas que tem à secretaria regional do Ambiente, pois só assim o organismo pode actuar. “Toda a gente se esquece de mencionar que Cota Rodrigues é também responsável pela Praia Ambiente, a empresa que gere a água que se consome na Praia da Vitória. Se este responsável tem provas concretas de que esta mancha de poluição existe, deve apresentá-las de imediato, para que o organismo responsável pelo Ambiente possa actuar”, fundamenta. “Quem faz a monitorização da água que é consumida são as câmaras municipais, ou, nesta caso, a empresa municipal Praia Ambiente. Se esta entidade detectar algo fora dos parâmetros normais, deve pedir a intervenção da secretaria regional do Ambiente, o que não aconteceu. Só agora, face às notícias que têm vindo a ser veiculadas, este organismo oficiou o professor Cota Rodrigues, para ele disponibilize toda a informação de que dispõe. Até agora, parece que não existem análises que comprovem nada do que este veio a público dizer. Se existirem essas provas, a secretaria fará uma contra-análise e multará o culpado”, adianta.Quanto a quem é o culpado da possível contaminação do nível superficial do aquífero das Lajes, André Bradford lembra que nem isso está provado e recusa-se a avançar se, uma vez confirmado que a poluição foi originada pelos tanques de combustível norte-americanos, se irá envolver no processo. “Não equaciono qualquer hipótese de momento”, afirma.Outro aspecto que Bradford considera necessário ressalvar é de que a água actualmente a ser consumida não apresenta parâmetros anormais, sendo segura. “É preciso evitar alarmismos, porque estamos a falar de algo que preocupa e assusta facilmente as pessoas”. Como já foi veiculado por DI, a mancha de poluição só estará a afectar o nível mais superficial do aquífero, de onde não é captada água para consumo.PROVAS... Contactado por DI, Cota Rodrigues, doutorado em hidro-geologia da Terceira, contrapõe que as provas de que a contaminação existe são claras: “Sempre que se fazem escavações no local, surge solo contaminado com combustível e também água misturada com combustível”.Já quanto a não ter informado directamente a secretaria regional do Ambiente, Cota Rodrigues lembra que o assunto é do domínio público desde a década de 90 e que já foi tratado em vários jornais regionais, incluindo pela imprensa de São Miguel, mas garante que, face a ter sido oficiado, se encontra já a enviar toda a informação disponível às entidades responsáveis. Acrescenta também que a mancha de poluição tem, provavelmente, uma carga pontual, sendo possível determinar que o derrame foi feito naquela zona exacta. VERDADEIRO PROBLEMACota Rodrigues defende ainda que o verdadeiro problema que deve causar preocupação é a exploração exagerada de vários furos por parte dos norte-americanos, que estará a provocar a salinização da água do concelho. André Bradford recorda que está em curso um processo de licenciamento, mas não avança datas para a sua conclusão.

(In Diário Insular)

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