sábado, novembro 10, 2007

Saber nos Açores é igual ao que se faz de melhor

A Associação para o Desenvolvimento da Viticultura do Douro decidiu premiar o Centro de Biotecnologia dos Açores.
Diário Insular (DI)-Tem algum significado especial esse prémio?
Artur Machado (AM)-Sem dúvida que tem um significado muito especial, pois é o reconhecimento do nosso trabalho por uma Associação que tem como objectivo o desenvolvimento da viticultura na Região do Douro.
DI-Melhor do que ninguém, sabem das necessidades do sector e, por consequência, sabem avaliar a utilidade do trabalho realizado por nós. O que tem feito o Centro pela vitivinicultura açoriana?
AM-Considero o nosso reportório tecnológico capaz de oferecer variadíssimas soluções para alguns problemas específicos da viticultura. Há já algum tempo, apresentámos à Direcção Regional de Agricultura alguns projectos nesta área. Infelizmente não foram concretizados, porque, provavelmente, não foram considerados oportunos. Penso, no entanto, que há muito por fazer na área da viticultura nos Açores.
DI-Há a impressão de que Centros como o vosso pouco interesse têm para a vida dos açorianos…
AM-Esta é uma impressão da qual eu discordo em absoluto. É óbvio que, por vezes, a investigação, principalmente se nos referirmos à investigação fundamental, não chega de uma forma “espectacular” ao público. A Universidade dos Açores e os seus Centros são instituições que estão de igual para igual com quaisquer outras universidades, sejam elas americanas, europeias ou asiáticas. Daí que a qualidade da nossa investigação seja avaliada por parâmetros internacionais, dos quais depende o nosso próprio financiamento e a angariação de novos projectos. Agora, o que é facto é que não existe uma tradição científica nos Açores. A investigação é um fenómeno recente que apareceu com a própria Universidade, pelo que talvez a sociedade açoriana ainda não aprendeu a lidar com esta nova realidade de conhecimento.
DI-A Universidade não sabe chegar ao grande público?
AM-É provável que tenhamos falhas. A nossa especialidade não é marketing, daí que com certeza que não fazemos passar a nossa mensagem da melhor forma. Mas, dou-lhe um exemplo, que contraria, de certa forma, as possíveis falhas cometidas por nós. Há aproximadamente dois anos, o Centro de Biotecnologia organizou um Ciclo de Conferências, intituladas “Biotecnologia e Sociedade”. Foi nossa preocupação organizar temas de grande relevo social e, ao mesmo tempo, trazer até nós oradores que fossem conhecidos publicamente pela sua capacidade de comunicação. Assim, trouxemos pessoas como Professor Doutor Sobrinho Simões, Professor Doutor Herman Katinger, o antigo Comissário Europeu para a Agricultura, Franz Fischler e, muitas outras personalidades de destaque. É evidente que os temas eram de grande relevância e foram discutidos de uma forma informal e clara. Infelizmente, a assiduidade do público foi reduzida e tenho a certeza que cada uma destas individualidades tinha imenso para nos transmitir. Se me ajudar a perceber porque é que a sociedade em geral não participou neste evento, fico-lhe muito grato, fazendo-me compreender os fenómenos acima descritos.
(In Diário Insular)

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