Terceira com projeto-piloto para testar carros elétricos

Depois de uma fase que consistiu na "caracterização de recursos", o "Green Islands" está a transitar para projetos-piloto em várias áreas, incluindo um na Terceira que incidirá na área das viaturas movidas a energia elétrica. A informação foi adiantada a DI por José Maria Oliveira, da ARENA (Agência Regional de Energia e Ambiente da Região Autónoma dos Açores), que espera que estejam reunidas as condições para a avançar na ilha dentro de sensivelmente um mês.Este projeto na área da mobilidade elétrica está neste momento candidatado a financiamento do programa "Proconvergência", dependendo disso a sua colocação no terreno.Recorde-se que o "Green Islands" é um mega-projeto na área das energias renováveis nos Açores, que arrancou em 2010, tendo como entidades envolvidas o MIT-Portugal, a ARENA, o Governo Regional, através da direção regional de Energia, e a Universidade dos Açores.À frente deste projeto-piloto de mobilidade elétrica está o professor da Universidade dos Açores Tomaz Dentinho, que explicou a DI que esta já tinha sido uma área estudada, também com a sua liderança, aquando da primeira fase do "Green Islands". Na altura foi apurado que o espaço ilhéu é mais propenso à utilização de carros elétricos, devido à curtas distâncias a percorrer, que permitem lidar de melhor forma com a autonomia limitada das viaturas. "Chegámos à conclusão de que as ilhas com mais apetência seriam as de média dimensão e mais 'redondas' como a Terceira e o Faial".Através de um inquérito a 376 pessoas de oito ilhas, chegou-se também à conclusão de que "pelo menos 10 por cento" dos terceirenses estariam disposto a mudar para viaturas elétricas.
Testar a satisfaçãoA componente mais prática do projeto-piloto assentará na concessão de incentivos para a contratualização com várias entidades a aquisição de cinco viaturas elétricas. "Temos já diversas empresas interessadas. Queremos colocar viaturas em 'rent-a-car's' ou em empresas de grande dimensão, como as grandes superfícies comerciais. Depois, iremos monitorizar o desempenho dessas viaturas, por exemplo em termos de consumo, e o grau de satisfação de quem se desloca com elas".Serão ainda colocados postos de carregamento "baratos" em vários pontos da ilha.
Problema de autonomiaSegundo Tomaz Dentinho uma segunda componente incidirá no estudo das soluções para resolver o problema de autonomia dos carros elétricos "Sabe-se que, dentro de 30 a 40 anos, este tipo de viaturas terá uma autonomia semelhante ao dos carros movidos a combustíveis fósseis, nos 600 Km. Mas, enquanto isso não acontece, temos de estudar alternativas. Temos já dois engenheiros espanhóis, através do programa Eurodisseia, connosco a trabalhar nesta área".De acordo com o professor universitário as soluções estudadas indicam até a possibilidade de utilizar baterias em atrelado, quando a inicialmente colocada perder a sua autonomia.Quanto ao facto de fabricantes europeus de automóveis estarem já a definir um custo mensal cobrado pelas baterias para estas viaturas que se aproxima dos 50 euros, Tomaz Dentinho lembra que o custo por quilómetro dos carros elétricos é 10 vezes inferior, rejeitando a necessidade de apoios governamentais que impulsionem a transição para estas viaturas. "O inquérito que realizámos demonstra que a apetência por carros elétricos já existe", conclui o professor da Universidade dos Açores.

(In Diário Insular)