quinta-feira, junho 02, 2011

"Portugal está no desemprego"


O economista Nuno Martins, atualmente professor no pólo de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, defende que, neste momento, "Portugal está desempregado", visto que ainda não "sabemos o que vamos produzir de modo a sermos competitivos".Segundo Nuno Martins, o grande desafio que se coloca à União Europeia é a integração económica, nomeadamente no que diz respeito à Zona Euro. "A questão é saber como vamos construir uma Zona Euro na qual as várias economias têm um lugar e um papel. Há economias que não conseguiram encontrar uma situação que lhes permitisse ter uma balança comercial equilibrada (diferença entre importações e exportações)", especificou.Nuno Martins falava no colóquio "Europa- Que Futuro?", que decorreu terça-feira no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo. O evento foi organizado por um grupo de alunos (Soraia Cunha, Sara Coelho, Tomé Gomes e José Sousa), do "12º E" da Escola Secundária Jerónimo Emiliano de Andrade, em Angra, no âmbito da disciplina Àrea Projeto. Foram coordenados pela professora Teresa Valadão.A agravar a situação, explicou, está o facto de a entrada na Zona Euro ter despido os países de anteriores mecanismos utilizados para lidar com cenários de crise, como a desvalorização da moeda ou a aplicação de taxas alfandegárias mais duras.Nuno Martins considerou que só agora a Europa se depara com uma inevitabilidade criada pela Zona Euro em situação de crise: Na ausência da possibilidade de desvalorização das moedas nacionais, o equilíbrio financeiro tem de ser atingido através do "fator trabalho". Com a baixa de salários, dá-se uma descida do consumo, sendo que os níveis de investimento também deixam a desejar.Nuno Martins sustentou que a integração na Zona Euro podia ter sido acompanhada por uma "especialização" dos vários países em setores de produção que os tornassem competitivos, o que não aconteceu. Do ponto de vista de Nuno Martins, um ajuste através do mercado laboral não deverá ser suficiente para fazer o país ultrapassar a crise, devendo ser encontradas soluções que elevem a produtividade, o que exige "alguma coordenação". O economista coloca mesmo a hipótese de criação de uma política industrial a nível europeu.



(In Diário Insular)