GARANTE INVESTIGADOR Milho transgénico "está longe de ser perigo"
A produção futura de milho geneticamente modificado nos Açores “está longe de ser um perigo para a saúde pública e para o ambiente”, defendeu hoje o investigador universitário Paulo Monjardino, em declarações à Lusa.
“Diariamente são servidas milhares de milhões de refeições confeccionadas com produtos transgénicos e não há qualquer registo de problemas de saúde pública", afirmou, acrescentando que "os milhos nos Açores não têm infestantes que se cruzem com eles”.
O investigador salientou ainda que existem "produtos geneticamente modificados que passaram por testes e provas que lhes conferem elevadíssima segurança, que estão legalmente licenciados na Europa e em Portugal", pelo que "não se pode proibir a sua utilização".
Paulo Monjardino, que comentava a preocupação dos produtores biológicos da Terceira com alegadas experiências para o cultivo de milho transgénico em explorações locais, assegurou que "o património genético do milho regional está salvaguardado", salientando que "o centro de origem da espécie é o sul do México, onde está proibido o uso de transgénicos".
O investigador universitário, que é responsável pelo banco de germoplasma dos milhos dos Açores, frisou que “o maior risco que existe contra a biodiversidade nos Açores são as cultivares (espécies) normais comerciais e a falta de interesse económico dos produtores em usarem as cultivares antigas”.
Relativamente a um eventual cruzamento com infestantes, Paulo Monjardino considerou que “o risco se coloca apenas à aveia e ao arroz e não ao milho, em particular o do arquipélago”.
“Só uma pessoa mal informada pode imaginar que o fluxo de genes é um processo inventado pelo homem”, afirmou, salientando que “os transgénicos são organismos novos manipulados geneticamente por técnicas de biotecnologia molecular para se introduzir ou suprimir características transmissíveis hereditariamente de forma estável”.
Segundo o investigador, “na natureza existem vários organismos que transmitem a outros parte do seu DNA, por isso muitas das plantas que comemos são fruto desse cruzamento de espécies, sendo o trigo a mais importante de todas”.
“Um transgénico serve para resistir a insectos, fungos, vírus, herbicidas, alterações na maturação de frutos, ganhar tolerância ao stress ambiental, melhorar a qualidade alimentar, reduzir as toxinas e aumentar a produtividade", frisou.
Consequências nocivas
Os produtores de agricultura biológica da Terceira decidiram visitar os agricultores que, alegadamente, estão a preparar terrenos para iniciar a plantação de milho geneticamente modificado para os informar dos perigos dessa cultura.
“Na reunião realizada terça-feira à noite decidimos fazer uma abordagem para perceber em que ponto se encontra o processo e explicar as consequências nocivas para a ilha e para a região que decorrem dessa decisão”, afirmou Avelino Ormonde, especialista em agricultura biológica e um dos principais críticos da cultura de produtos geneticamente modificados.
Avelino Ormonde, em declarações à Lusa, questionou o secretismo em torno desta sementeira e a necessidade de notificar os vizinhos “se os organismos geneticamente modificados não são problema”.
“Até que se prove que os organismos geneticamente modificados são inócuos, queremos que os Açores sejam livres, para garantir produtos com marcas saudáveis e, por isso, o nosso objectivo é não permitir a sua utilização nas ilhas”, frisou.
Os produtores de agropecuária, hortofrutifloricultura e mel presentes na reunião de terça-feira à noite defenderam, por isso, “uma atenção especial do governo regional a estas situações”, admitindo que as autoridades açorianas desconheçam o problema porque, se conhecessem, "estariam tão preocupados quanto nós”.
“O governo tem de começar a legislar sobre essa matéria, manifestar o que pensa sobre o assunto e o que é que quer para os Açores, se proíbe o uso de organismos geneticamente modificados, como na Madeira, ou se quer deixar fazer as experiências na Terceira”, afirmou.
Os produtores recusam a introdução destas culturas por considerarem que podem "colocar em causa a biodiversidade da ilha e das sementes tradicionais usadas pelos agricultores locais”.
“Acima de tudo, há que manter as ilhas isentas destes produtos", defendeu, acrescentando que "as macroempresas que os comercializam devem escolher outros locais mais apropriados para o seu desenvolvimento”.
Avelino Ormonde admitiu, no entanto, que os organismos geneticamente modificados “já estão presentes nas rações que são dadas ao gado da ilha”.
“Descobri, através dos rótulos das embalagens das rações, que todas contêm cereais transgénicos – soja e milho – o que significa que, não estando a conseguir colocar os organismos geneticamente modificados directamente em produtos alimentares humanos, fazem-no pela alimentação animal”, alertou.
A preocupação dos produtores da Terceira surge numa altura em que decorre na Internet uma petição para proibir o uso de organismos geneticamente modificados nos Açores, salientando os promotores que as ilhas são uma zona rica em agricultura tradicional, que se destacam pela qualidade de produtos regionais certificados como a meloa de Santa Maria, o ananás de S. Miguel, o alho da Graciosa, as laranjas da Terceira ou os vinhos do Pico.
PSD exige explicações
Entretanto, o PSD/Terceira exigiu ontem do governo regional “explicações claras, perante as suspeitas existentes, sobre se está a autorizar a introdução de culturas transgénicas na ilha”, dando voz “a várias opiniões vindas a público sobre um tema que é sensível à nossa sociedade e à região”.
Segundo António Ventura, “é urgente iniciar-se um verdadeiro debate público sobre as culturas transgénicas, que encerram a introdução de organismos geneticamente
modificados (OGM’s), no qual a sociedade deve intervir e sobre o qual deve também requerer esclarecimentos às autoridades competentes”, avançou.
“A questão reside na avaliação necessária que se deve fazer ao nível dessas produções, e às suas consequências na saúde pública, no ambiente e na imagem dos Açores. É preciso saber se interessa ou não produzir OGM’s na região, e essa é uma problemática que o PSD tem levantado várias vezes, sem que o governo sequer nos responda”, referiu.
António Ventura lembra que “em 2006, o PS chumbou uma proposta nossa na Assembleia Regional para a adopção de averiguações práticas, estudos e reflexões científicas que conduzissem a um maior conhecimento sobre a possível introdução de milho transgénico nos Açores”.
“Queríamos saber, ao nível do ambiente, da agricultura e do solo, através da percepção e da monitorização de eventuais riscos, o que teria de ser feito caso essas variedades passassem à produção, considerando ainda a especificidade regional e os procedimentos de segurança dela decorrentes”, sustenta.Mais recentemente, em Outubro de 2010, “questionamos o governo sobre os transgénicos. E mesmo tendo dois meses para responder ao nosso requerimento, o governo não o fez e já se passaram sete meses, Parece que, deliberadamente, o governo regional está a esconder informações sobre esta temática”, concluiu António Ventura.
“Diariamente são servidas milhares de milhões de refeições confeccionadas com produtos transgénicos e não há qualquer registo de problemas de saúde pública", afirmou, acrescentando que "os milhos nos Açores não têm infestantes que se cruzem com eles”.
O investigador salientou ainda que existem "produtos geneticamente modificados que passaram por testes e provas que lhes conferem elevadíssima segurança, que estão legalmente licenciados na Europa e em Portugal", pelo que "não se pode proibir a sua utilização".
Paulo Monjardino, que comentava a preocupação dos produtores biológicos da Terceira com alegadas experiências para o cultivo de milho transgénico em explorações locais, assegurou que "o património genético do milho regional está salvaguardado", salientando que "o centro de origem da espécie é o sul do México, onde está proibido o uso de transgénicos".
O investigador universitário, que é responsável pelo banco de germoplasma dos milhos dos Açores, frisou que “o maior risco que existe contra a biodiversidade nos Açores são as cultivares (espécies) normais comerciais e a falta de interesse económico dos produtores em usarem as cultivares antigas”.
Relativamente a um eventual cruzamento com infestantes, Paulo Monjardino considerou que “o risco se coloca apenas à aveia e ao arroz e não ao milho, em particular o do arquipélago”.
“Só uma pessoa mal informada pode imaginar que o fluxo de genes é um processo inventado pelo homem”, afirmou, salientando que “os transgénicos são organismos novos manipulados geneticamente por técnicas de biotecnologia molecular para se introduzir ou suprimir características transmissíveis hereditariamente de forma estável”.
Segundo o investigador, “na natureza existem vários organismos que transmitem a outros parte do seu DNA, por isso muitas das plantas que comemos são fruto desse cruzamento de espécies, sendo o trigo a mais importante de todas”.
“Um transgénico serve para resistir a insectos, fungos, vírus, herbicidas, alterações na maturação de frutos, ganhar tolerância ao stress ambiental, melhorar a qualidade alimentar, reduzir as toxinas e aumentar a produtividade", frisou.
Consequências nocivas
Os produtores de agricultura biológica da Terceira decidiram visitar os agricultores que, alegadamente, estão a preparar terrenos para iniciar a plantação de milho geneticamente modificado para os informar dos perigos dessa cultura.
“Na reunião realizada terça-feira à noite decidimos fazer uma abordagem para perceber em que ponto se encontra o processo e explicar as consequências nocivas para a ilha e para a região que decorrem dessa decisão”, afirmou Avelino Ormonde, especialista em agricultura biológica e um dos principais críticos da cultura de produtos geneticamente modificados.
Avelino Ormonde, em declarações à Lusa, questionou o secretismo em torno desta sementeira e a necessidade de notificar os vizinhos “se os organismos geneticamente modificados não são problema”.
“Até que se prove que os organismos geneticamente modificados são inócuos, queremos que os Açores sejam livres, para garantir produtos com marcas saudáveis e, por isso, o nosso objectivo é não permitir a sua utilização nas ilhas”, frisou.
Os produtores de agropecuária, hortofrutifloricultura e mel presentes na reunião de terça-feira à noite defenderam, por isso, “uma atenção especial do governo regional a estas situações”, admitindo que as autoridades açorianas desconheçam o problema porque, se conhecessem, "estariam tão preocupados quanto nós”.
“O governo tem de começar a legislar sobre essa matéria, manifestar o que pensa sobre o assunto e o que é que quer para os Açores, se proíbe o uso de organismos geneticamente modificados, como na Madeira, ou se quer deixar fazer as experiências na Terceira”, afirmou.
Os produtores recusam a introdução destas culturas por considerarem que podem "colocar em causa a biodiversidade da ilha e das sementes tradicionais usadas pelos agricultores locais”.
“Acima de tudo, há que manter as ilhas isentas destes produtos", defendeu, acrescentando que "as macroempresas que os comercializam devem escolher outros locais mais apropriados para o seu desenvolvimento”.
Avelino Ormonde admitiu, no entanto, que os organismos geneticamente modificados “já estão presentes nas rações que são dadas ao gado da ilha”.
“Descobri, através dos rótulos das embalagens das rações, que todas contêm cereais transgénicos – soja e milho – o que significa que, não estando a conseguir colocar os organismos geneticamente modificados directamente em produtos alimentares humanos, fazem-no pela alimentação animal”, alertou.
A preocupação dos produtores da Terceira surge numa altura em que decorre na Internet uma petição para proibir o uso de organismos geneticamente modificados nos Açores, salientando os promotores que as ilhas são uma zona rica em agricultura tradicional, que se destacam pela qualidade de produtos regionais certificados como a meloa de Santa Maria, o ananás de S. Miguel, o alho da Graciosa, as laranjas da Terceira ou os vinhos do Pico.
PSD exige explicações
Entretanto, o PSD/Terceira exigiu ontem do governo regional “explicações claras, perante as suspeitas existentes, sobre se está a autorizar a introdução de culturas transgénicas na ilha”, dando voz “a várias opiniões vindas a público sobre um tema que é sensível à nossa sociedade e à região”.
Segundo António Ventura, “é urgente iniciar-se um verdadeiro debate público sobre as culturas transgénicas, que encerram a introdução de organismos geneticamente
modificados (OGM’s), no qual a sociedade deve intervir e sobre o qual deve também requerer esclarecimentos às autoridades competentes”, avançou.
“A questão reside na avaliação necessária que se deve fazer ao nível dessas produções, e às suas consequências na saúde pública, no ambiente e na imagem dos Açores. É preciso saber se interessa ou não produzir OGM’s na região, e essa é uma problemática que o PSD tem levantado várias vezes, sem que o governo sequer nos responda”, referiu.
António Ventura lembra que “em 2006, o PS chumbou uma proposta nossa na Assembleia Regional para a adopção de averiguações práticas, estudos e reflexões científicas que conduzissem a um maior conhecimento sobre a possível introdução de milho transgénico nos Açores”.
“Queríamos saber, ao nível do ambiente, da agricultura e do solo, através da percepção e da monitorização de eventuais riscos, o que teria de ser feito caso essas variedades passassem à produção, considerando ainda a especificidade regional e os procedimentos de segurança dela decorrentes”, sustenta.Mais recentemente, em Outubro de 2010, “questionamos o governo sobre os transgénicos. E mesmo tendo dois meses para responder ao nosso requerimento, o governo não o fez e já se passaram sete meses, Parece que, deliberadamente, o governo regional está a esconder informações sobre esta temática”, concluiu António Ventura.
(In A União)
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