quinta-feira, junho 02, 2011

PLANTAÇÕES DE MILHO TRANSGÉNICO NOS ALTARES



Os produtores de agricultura biológica da Terceira vão tentar demover os proprietários de duas alegadas plantações de milho transgénico que existirão na freguesia dos Altares de continuarem com essas experiências. Os agricultores, que reuniram na noite da passada terça-feira, decidiram tentar dissuadir os proprietários através do diálogo direto. "A via é a do diálogo, é chegar ao pé das pessoas, conversar com elas e perceber o que é que as leva a fazer isso", disse Avelino Ormonde, agricultor biológico, em declarações à Antena 1, adiantando que isso "vai fazê-los pensar, como faz pensar qualquer cidadão comum - se este milho não pode ser cultivado como o outro, sem barreiras de proteção, alguma coisa não está bem aqui". Os produtores de agricultura biológica esperam ainda que o Governo Regional tome uma atitude. Segundo Avelino Ormonde, as autoridades regionais ainda não estarão a par das experiências com milho modificado geneticamente na Terceira. "Nós não temos a certeza se as entidades oficiais estão a par disto. À partida não devem estar, senão teriam tomado uma posição sobre o assunto", sustenta. PRODUTOS SEGUROS Paulo Monjardino, investigador universitário, garante que a produção de milho geneticamente modificado nos Açores está longe de ser um perigo para a saúde pública e para o ambiente, até porque, afirma "milhos nos Açores não têm infestantes que se cruzem com eles". O investigador disse à Agência Lusa que existem "produtos geneticamente modificados que passaram por testes e provas que lhes conferem elevadíssima segurança, que estão legalmente licenciados na Europa e em Portugal", pelo que "não se pode proibir a sua utilização". Paulo Monjardino assegura que o património genético do milho regional está salvaguardado, já que a espécie provém do sul do México, onde é proibido o uso de transgénicos. RISCOS O investigador universitário, que é responsável pelo banco de germoplasma dos milhos dos Açores, frisou que o maior risco que existe contra a biodiversidade nos Açores são as espécies normais comerciais e a falta de interesse económico dos produtores em usarem as cultivares/espécies antigas. Sobre um eventual cruzamento com infestantes, Paulo Monjardino considera que o risco se coloca apenas à aveia e ao arroz e não ao milho, em particular o do arquipélago. "Só uma pessoa mal informada pode imaginar que o fluxo de genes seja um processo inventado pelo homem", afirmou, salientando que "os transgénicos são organismos novos manipulados geneticamente por técnicas de biotecnologia molecular para se introduzir ou suprimir características transmissíveis hereditariamente de forma estável".Neste sentido, lembrou que os transgénicos servem para resistir a insetos, fungos, vírus, herbicidas, alterações na maturação de frutos, ganhar tolerância ao stress ambiental, melhorar a qualidade alimentar, reduzir as toxinas e aumentar a produtividade.
PSD exige explicações sobreprodutos geneticamente modificados



O PSD/Terceira exigiu ontem explicações "claras" do Governo Regional sobre as suspeitas da existência de cultivo de milho transgénico na ilha. Os social-democratas terceirenses querem saber se o executivo regional está a autorizar a introdução de culturas geneticamente modificadas na ilha. De acordo com António Ventura, presidente da comissão política de ilha, "é urgente iniciar-se um verdadeiro debate público sobre as culturas transgénicas". "A questão reside na avaliação necessária dessas produções e das suas consequências na saúde pública, no ambiente e na imagem dos Açores. É preciso saber se interessa ou não produzir organismos geneticamente modificados na Região", referiu. António Ventura lembrou que em 2006 o PS chumbou uma proposta que previa a averiguação prática, estudos e reflexões científicas que conduzissem a um maior conhecimento sobre a possível introdução de milho transgénico nos Açores. Em outubro de 2010 o grupo parlamentar questionou o Governo Regional sobre estes organismos sem, até hoje, obter resposta. "Parece que, deliberadamente, o Governo Regional está a esconder informações sobre esta temática", concluiu.



(In Diário Insular)