Voluntários por Sócrates estão esquecidos
José Manuel Bolieiro
Os acontecimentos não dependem dos lembretes para serem história. Fazer esquecê-los não os apaga da realidade dos factos. Colocá-los no limbo pode facilitar a vida a alguns, confinado estes na ideia de que o que não é conhecido não existe. Este parece ser o lema da candidatura do PS dos Açores às próximas legislativas nacionais. Os agora denominados “voluntários por Sócrates” dão, nesta pré-campanha, o corpo ao manifesto, expressando, ao extremo, a sua capacidade demagógica na defesa do dito e no ostensivo ataque à sua adversária. O antes apelidado, por eles, de autista e inflexível é agora o grande amigo dos Açores. Incautos, esquecem alguns factos, querendo fazer de nós, os outros não voluntários por Sócrates, autênticos néscios e de memória curta. Mas na verdade não somos, e nesta situação importa dar a conhecer os factos aos que os desconhecem e lembrar os esquecidos. Entre outros factos, foi Carlos César, Presidente do PS/A, que denunciou José Sócrates, sobre o desentendimento sobre entendimentos. Por outras palavras, denunciou-o por faltar à palavra. Foram o PS/A e Ricardo Rodrigues, incapazes de o contrariar, que engoliram, descontentes, a exigida expurgação da expressão “Povo Açoriano” de um artigo do Estatuto. São o PS/A e Ricardo Rodrigues os mesmos que se vergaram perante a recusa da regionalização da coordenação da Polícia de Segurança Pública nos Açores, tal como pedido por Carlos César. Na revisão da lei de Segurança Interna , a Região ficou tratada abaixo de um qualquer governador civil. São o PS/A e Ricardo Rodrigues que, de cabeça baixa e inactivos, reconhecem que os Projectos de Interesse Comum previstos na Lei de Finanças das Regiões Autónomas nunca foram aplicados, desfavorecendo os Açores. Ainda no âmbito da última revisão desta Lei, que enche de vã glória o PS/A, foram eles os mesmos que deixaram cair o critério da distribuição “per capita” das receitas do IVA, penalizando quantitativamente as receitas que nos eram atribuídas. Agora ficamos dependentes de compensações anuais, negociadas ano a ano com o Ministro das Finanças. Mais há mais, o PS/Açores fechou sempre os olhos aos anuais garrotes impostos às necessidades de financiamento da Universidade dos Açores. Ao beco sem saída em que está colocado o futuro da RTP/Açores - a rádio e a televisão – os recandidatos do PS nunca manifestaram qualquer exigência de soluções, que não surgiram até hoje. Facto é que, avaliados também outros casos, envolvendo o Poder Local, o Primeiro-Ministro José Sócrates é o mais centralista de sempre. Com amigos destes, parece que não precisamos de inimigos.
(in Diário dos Açores)
Etiquetas: Ensino superior, Financiamento, opinião, Política
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