Momento único da Universidade
Tomaz Dentinho
Na pasada Sexta-feira houve eleições para o Conselho Geral da Universidade dos Açores. Foram as primeiras eleições para este novo órgão máximo da Universidade e um momento único para o desenvolvimento dos Açores. Isto se assumirmos que o desenvolvimento passa pela criação de uma sociedade onde o conhecimento e a sabedoria têm um papel importante. Isto se admitirmos que a Universidade dos Açores tem um papel relevante na criação de uma região de conhecimento e de sabedoria.
O momento é ainda mais importante porque é contemporâneo com momentos semelhantes nas Universidades Públicas Portuguesas e com tempos de mudança nas Universidades Europeias. Vale a pena reflectir sobre os testemunhos que recolhi no passado fim-de-semana quando passei por Évora, Lisboa e Tanger onde contactei com alguns elementos marcantes das Universidades portuguesas sediadas naquelas cidades lusas e também com docentes das Universidades de Lille, Bolonha e Salé. O reitor de Évora não parece muito sensível à composição do Conselho Geral eleito recentemente. Por um lado vai para a reforma depois de terminar o reitorado, por outro lado está interessado em dar os seus préstimos ao mundo lusófono, finalmente quer deixar a sua marca e não a do Conselho Geral na Universidade de Évora. É porventura esta a posição de muitos reitores eleitos pelo sistema anterior mas o mesmo não acontecerá certamente aos que forem nomeados pelo novo sistema.Um dos elementos mais activos do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa contou-me que o resultado eleitoral indicou que o Instituto Superior Técnico não deveria ser transformado em Universidade pois a lista que tal defendia perdeu. Relatou-me ainda o elenco de excelência dos membros cooptados da sociedade e descreveu-me as peripécias da eleição do Presidente do Conselho Geral que acabou por recair em Adriano Moreira. Os elementos da Universidade Nova de Lisboa, que pertencem a uma rede de investigação onde me integro apostam em colocar aquela Universidade na rede das melhores universidades do mundo e convocaram pessoas com visão mundial para o seu Conselho Geral. Para além disso vão aproveitando as pessoas das Universidades mais periféricas no Norte, no Sul e Ilhas sem grandes vantagens para essas universidades. O meu colega da Universidade de Bolonha está bastante preocupado com o reduzido nível de salários dos docentes das universidades italianas o que pode levar a uma fuga de pessoas para o estrangeiro e para empregos fora da universidade. Um outro elemento da Universidade de Lille está apostado na forte ligação entre a Universidade e a enorme capacidade que os satélites franceses têm na obtenção e interpretação de dados do território a qualquer escala e de qualquer local do mundo. Finalmente os nossos colegas marroquinos de Salé estão apostados em criar bons investigadores com orientação dos franceses, italianos e portugueses. A interligação desta pequena ligação ao mundo universitário nacional e internacional, com o momento eleitoral da Universidade dos Açores, leva-me a tirar duas ilações:- Primeiro, a eleição do Conselho Geral tem aparentemente um efeito reduzido no curto prazo mas um efeito marcante para a nomeação do novo reitor e para o seu mandato. A menos que os problemas financeiros da Universidade dos Açores se tornem graves em 2009 e 2010 e o Conselho Geral se veja obrigado a tomar uma posição de força.- Segundo, a eleição do Conselho Geral tem um efeito marcante no longo prazo não só porque implica a eleição do reitor mas também porque envolve a orientação da Universidade. E como as Universidades de Lisboa estão no processo activo de internacionalização e melhoria, podemos ficar definitivamente para trás caso o Conselho Geral enverede por escolhas parciais ditadas por restrições departamentais, sindicais ou partidárias. Os resultados eleitorais dão espaço para todas as opções. Para além do mais representam uma magnífica síntese da diversidade universitária, com gente de letras e de ciências, com pessoas de vários campus e proveniências, com membros mais situacionistas e mais oposicionistas. A resultante disto tem a ver com a perspectiva que adoptarem. Virando-se para dentro dividem-se, virando-se para fora, unem-se de forma consequente e para bem da criação do conhecimento e da sabedoria nas ilhas do meio do mundo.
O momento é ainda mais importante porque é contemporâneo com momentos semelhantes nas Universidades Públicas Portuguesas e com tempos de mudança nas Universidades Europeias. Vale a pena reflectir sobre os testemunhos que recolhi no passado fim-de-semana quando passei por Évora, Lisboa e Tanger onde contactei com alguns elementos marcantes das Universidades portuguesas sediadas naquelas cidades lusas e também com docentes das Universidades de Lille, Bolonha e Salé. O reitor de Évora não parece muito sensível à composição do Conselho Geral eleito recentemente. Por um lado vai para a reforma depois de terminar o reitorado, por outro lado está interessado em dar os seus préstimos ao mundo lusófono, finalmente quer deixar a sua marca e não a do Conselho Geral na Universidade de Évora. É porventura esta a posição de muitos reitores eleitos pelo sistema anterior mas o mesmo não acontecerá certamente aos que forem nomeados pelo novo sistema.Um dos elementos mais activos do Conselho Geral da Universidade Técnica de Lisboa contou-me que o resultado eleitoral indicou que o Instituto Superior Técnico não deveria ser transformado em Universidade pois a lista que tal defendia perdeu. Relatou-me ainda o elenco de excelência dos membros cooptados da sociedade e descreveu-me as peripécias da eleição do Presidente do Conselho Geral que acabou por recair em Adriano Moreira. Os elementos da Universidade Nova de Lisboa, que pertencem a uma rede de investigação onde me integro apostam em colocar aquela Universidade na rede das melhores universidades do mundo e convocaram pessoas com visão mundial para o seu Conselho Geral. Para além disso vão aproveitando as pessoas das Universidades mais periféricas no Norte, no Sul e Ilhas sem grandes vantagens para essas universidades. O meu colega da Universidade de Bolonha está bastante preocupado com o reduzido nível de salários dos docentes das universidades italianas o que pode levar a uma fuga de pessoas para o estrangeiro e para empregos fora da universidade. Um outro elemento da Universidade de Lille está apostado na forte ligação entre a Universidade e a enorme capacidade que os satélites franceses têm na obtenção e interpretação de dados do território a qualquer escala e de qualquer local do mundo. Finalmente os nossos colegas marroquinos de Salé estão apostados em criar bons investigadores com orientação dos franceses, italianos e portugueses. A interligação desta pequena ligação ao mundo universitário nacional e internacional, com o momento eleitoral da Universidade dos Açores, leva-me a tirar duas ilações:- Primeiro, a eleição do Conselho Geral tem aparentemente um efeito reduzido no curto prazo mas um efeito marcante para a nomeação do novo reitor e para o seu mandato. A menos que os problemas financeiros da Universidade dos Açores se tornem graves em 2009 e 2010 e o Conselho Geral se veja obrigado a tomar uma posição de força.- Segundo, a eleição do Conselho Geral tem um efeito marcante no longo prazo não só porque implica a eleição do reitor mas também porque envolve a orientação da Universidade. E como as Universidades de Lisboa estão no processo activo de internacionalização e melhoria, podemos ficar definitivamente para trás caso o Conselho Geral enverede por escolhas parciais ditadas por restrições departamentais, sindicais ou partidárias. Os resultados eleitorais dão espaço para todas as opções. Para além do mais representam uma magnífica síntese da diversidade universitária, com gente de letras e de ciências, com pessoas de vários campus e proveniências, com membros mais situacionistas e mais oposicionistas. A resultante disto tem a ver com a perspectiva que adoptarem. Virando-se para dentro dividem-se, virando-se para fora, unem-se de forma consequente e para bem da criação do conhecimento e da sabedoria nas ilhas do meio do mundo.
(in A União)
Etiquetas: Bolonha, eleições, opinião, Tomaz Dentinho
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