segunda-feira, março 16, 2009

Acordo Antigo - Câmara da Praia pode vender água aos americanos

Paulo Messias, vereador na Câmara Municipal da Praia da Vitória, revelou ontem, em conferência de imprensa, que existe um protocolo antigo que permite a venda de água aos americanos estacionados nas Lajes. O documento, assinado nos primeiros mandatos de José Fernando Gomes (ex-presidente da autarquia), prevê o licenciamento dos furos abertos pelos militares no concelho e em contrapartida os americanos comprometem-se a comprar uma certa quantidade de água à autarquia.Este acordo, com assinaturas da Força Aérea Portuguesa e dos americanos, era desconhecido dos actuais autarcas praienses. Quanto ao facto da câmara nunca ter vendido água às forças americanos nas Lajes, Paulo Messias explicou que “provavelmente” nunca houve água disponível com abundância para poder vender à base. Situação que, segundo o autarca, com os caudais actuais, ainda é impossível”. A informação foi dada aos jornalistas num encontro em que a Praia Ambiente anunciou que este ano pretende melhorar significativamente a quantidade e a qualidade da água no concelho. Com um plano de investimentos superior a dois milhões de euros, esta empresa municipal pretende “aperfeiçoar o sistema de desinfecção e tratamento de água captada e abrir novos furos”. O reforço dos caudais disponibilizados para as freguesias abastecidas pelo sistema Ribeirinha/Cabo Praia (que fornece água às freguesias de Porto Martins, Fonte do Bastardo e Cabo da Praia) é uma prioridade.No ano transacto algumas destas localidades foram prejudicadas com o plano de cortes de água implementado pelo concelho de Angra. A autarquia praiense pretende agora resolver o problema com a realização de um furo no início da freguesia da Fonte do Bastardo e a ligação à rede de outro que existe no Pico da Favas. Nos Biscoitos também estão previstos investimentos.A Praia Ambiente vai ligar à rede um furo existente, na zona alta da freguesia, para reforçar os caudais que servem a localidade e as freguesias de Altares e Raminho. “Esta captação intercepta uma aquífero suspenso, bastante produtivo e com água de boa qualidade”, revelou Paulo Messias.Para melhorar a qualidade de água no centro da cidade da Praia da Vitória, que é captada em furos e (alguns meses) em pequenas nascentes da Casa da Ribeira, a empresa municipal vai canalizar água das nascentes da Ribeira da Agualva.De acordo com os responsáveis pela Praia Ambiente a mistura da água da Agualva no sistema da Praia vai “melhorar significativamente a qualidade da água captada nos furos (à qual estão associados fenómenos de intrusão marinha).A Praia Ambiente divulgou ainda que vai proceder, em parceria com a Universidade dos Açores, à abertura de um furo para identificação de aquíferos nas Fajãs (junto ao Clube do Golfe). “Suspeita-se que existe água de qualidade naquela zona”, explicaram.LNEC na Praia em Abril O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) deverá começar o estudo sobre a eventual contaminação dos solos e aquíferos da Terceira na primeira semana de Abril.Paulo Messias, responsável pela Praia Ambiente, revelou ontem que este Laboratório será a única entidade responsável por este estudo para evitar especulações e diminuir a morosidade dos concursos públicos parcelares em tarefas, que numa fase inicial, estavam definidas como sendo da responsabilidade da autarquia.O vereador garantiu que a inclusão destes pormenores no acordo com o LNEC, bem como a inserção de algumas tarefas solicitadas pelo governo e a aprovação do Plano e Orçamento da Região (que permite o financiamento previsto no contrato ARAAL) foram as causas do atraso na assinatura do contrato com o LNEC. “Estas questões já estão ultrapassadas”, disse.Paulo Messias assegura que a água para consumo na Praia da Vitória tem sido monitorizada com rigor e regularidade e, por isso, pode afiançar que não há qualquer suspeita de contaminação. Contudo, o estudo é fundamental para perceber se no futuro existe, ou não, perigo de contaminação dos aquíferos.O principal objectivo do estudo é a avaliação ambiental da qualidade dos recursos hídricos subterrâneos, onde existam captações, “que estejam a ser ou possam vir a ser afectadas por situações de poluição associadas às infra-estruturas da Base das Lajes”. Incluindo instalações militares fora do perímetro da militar.A equipa responsável por este estudo propõe a execução de 14 furos de ensaio (dois por perímetro) e de sete sondagens de amostragem (uma por perímetro).O LNEC, na proposta apresentada, definiu como perímetros: “ Areeiro, Pico Celeiro; Vale Farto; Canada da Saúde; Juncal; Fontinhas e nascente da Caldeiras das Lajes”. Contudo o Laboratório admite alterações das localizações em função dos dados “que venham a ser obtidos nas campanhas de campo”. Este estudo, intitulado “análise e parecer sobre a situação ambiental nas áreas de captação dos furos de abastecimento do concelho da Praia da Vitória”, deverá estar concluído num prazo de 9 meses.

(In A União)

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