sábado, janeiro 03, 2009

DALBERTO POMBO E O CENTRO DE JOVENS NATURALISTAS DE SANTA MARIA

Dalberto Teixeira Pombo, escriturário de profissão e naturalista por vocação, criou na ilha de Santa Maria o Centro de Jovens Naturalistas que teve uma actividade mais intensa nas décadas de 70 e 80 do século passado, altura em que editou o interessante “Boletim dos Jovens Naturalistas”.
O Centro de Jovens Naturalistas, organização que nunca se chegou a transformar numa associação formal, por falta de adultos interessados, teve como objectivo principal “iniciar os jovens nas colecções ou preparações com elementos diversos da História Natural, para melhor poderem apreciar, entender e resolver os problemas que se lhes apresentam hoje, como a poluição, defesa do património natural, ecologia, todos interdependentes afinal”. De acordo com o Professor Paulo Borges, do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, um dos jovens que com ele trabalhou à cerca de trinta anos, o maior contributo para a ciência do Sr. Pombo, foi “a exploração da fauna do Pico Alto de Santa Maria, um fragmento de vegetação natural pequeno mas de elevado valor em termos de riqueza de artrópodes e moluscos endémicos desta ilha e dos Açores”.

Quanto a nós, que tivemos a oportunidade de o conhecer, destacamos o seu pioneirismo e exemplo em termos de contributos para a sensibilização para a conservação da natureza. Mas mais importante do que tudo, destacaria o seu trabalho voluntário e desinteressado em prol da formação dos mais jovens.
O sr. Pombo, embora indirectamente, foi também responsável pelo que é hoje a maior associação de defesa do ambiente do arquipélago, “Os Amigos dos Açores - Associação Ecológica” e por parte da minha formação como activista da causa ambiental e social.
Com o seu falecimento, em 11 de Dezembro de 2007, o Centro de Jovens Naturalistas terá terminado a sua nobre missão. Como melhor forma de o homenagear, todos os que o conheceram deverão empenhar-se cada vez mais, quer individualmente quer nas associações existentes ou noutras que venham a surgir, em actividades que conduzam à construção de uns Açores mais justos, limpos e pacíficos. Por último deixava um alerta, não se deixem ludibriar por quem acha que as associações devem ser empurradas para “dentro do sistema” quando o que pretendem é que as mesmas sejam dóceis, colocadas ao serviço de interesses conjunturais de alguns governantes e percam a sua independência.

(In O Bode do Piné)

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