terça-feira, outubro 07, 2008

SEMANA DEDICADA AO MAR - "Mais grave é o lixo deixado na orla costeira"

O lixo deitado ao mar, a sensibilização (ou a falta de) para as questões ambientais, as crianças e o futuro foram alguns dos temas abordados na sessão de encerramento das celebrações do Dia Mundial Marítimo (DMM), que decorreu no auditório do Campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, no Pico da Urze.
Na ocasião foram referidos a campanha Coastwatch 2008 e o levantamento fotográfico da orla costeira, na volta à ilha por mar, como pontos altos do programa de actividades desenvolvidas em diferentes lugares da ilha Terceira.
“Conseguimos fotografar uma boa parte da ilha. Não conseguimos mais porque tivemos pouca luz. Um problema no barco, na zona da Serreta, atrasou-nos um bocado”, revela Orlando Guerreiro, responsável pela GêQuesta, uma das entidades organizadoras.
A viagem principiou, pela manhã, na Praia da Vitória, seguiu pelo lado Norte e Oeste da ilha e terminou, ao fim da tarde, no mesmo local. Em termos de poluição, o aspecto da costa da Terceira apresenta-se dentro do “normal”, a gravidade reside na falta de civismo das pessoas.
“A nossa costa, vista de quem está a flutuar a uma certa distância, não tem nada de muito impacto. Haviam algumas descargas de indústrias agro-pecuárias e de entulho, mas, segundo o inspector regional do Ambiente, estavam já assinaladas”, adianta Orlando Guerreiro, frisando que “o lixo trazido pelo mar não é o mais problemático, há situações em terra mais graves como sacos de lixo doméstico deixados junto à costa”.
Depois de o trabalho fotográfico, o próximo passo é avaliar as zonas que podem ser monitorizadas a partir de terra com crianças e jovens. No futuro o material poderá ser utilizado para uma exposição ou instalação artística.
Quanto ao balanço da semana do DMM, assinalado na Terceira de 23 a 30 de Setembro, o responsável pela GêQuesta considera “positivo”, tendo em conta a “boa participação” de escolas e crianças de instituições de solidariedade social, a associação do evento ao Dia Mundial do Turismo, e o trabalho de todos os intervenientes na realização de diversas actividades dirigidas a vários grupos em diferentes lugares.
Para além da GêQuesta, o projecto envolveu entidades como Centro de Ciência da Terceira, Ecoteca de Angra do Heroísmo, Marinha Portuguesa, Delegação do Turismo da Terceira e Universidade dos Açores.
O próximo evento deverá realizar-se a 16 de Novembro, Dia Nacional do Mar, com programa ainda por definir.
Observação da costa
Entretanto, na sua passagem pela Terceira, Lurdes Soares, coordenadora nacional da campanha Coastwatch 2008 (GEOTA), referiu a zona costeira do Porto Judeu, junto à Gruta das Agulhas, como o local que lhe causou “má impressão” devido a “grandes quantidades de lixo depositadas na rocha”.
“É uma zona frequentada por turistas. Devia haver mais sensibilização para evitar o despejo de lixo, bem como informação sobre a gruta, assim as pessoas perceberiam que uma simples rocha é importante, é património”, defende Lurdes Soares.
De resto, a coordenadora considera que o projecto Coastwatch 2008 foi dado a conhecer a muita gente interessada, desde escolas a agrupamentos de escu(o)teiros, de uma ilha “encantadora” que teve oportunidade de visitar pela primeira vez. “Aqueles que ficaram a conhecer o projecto vão, com certeza, passar a palavra. O trabalho foi positivo e vai sentir-se na monitorização deste ano”, conclui.
O mar e as crianças
Neste sentido, o responsável pela capitania dos Portos de Angra do Heroísmo, Praia da Vitória e Graciosa, João Rodrigues Gonçalves, salientou a importância da relação das crianças com o mar. Um contacto que no seu entender deveria ser mais participativo.
“Fala-se, por um lado, que o nosso país está de costas para o mar e, por outro, que o futuro são as nossas crianças. Estranho é que as escolas não tenham participação quase nenhuma em actividades do mar”, sustenta. E recorda, como bom exemplo, a campanha de sensibilização dirigida às crianças, “Viver a Praia em Segurança”, realizada nas ilhas Terceira e Graciosa desde 2006. João Rodrigues Gonçalves falou ainda ao público presente do actual dinamismo da Marinha com a mostra de um vídeo sobre a formação dos agentes da polícia marítima no devido uso de motas de água como meio de acções de salvamento e fiscalização.
(In Sónia Bettencourt - A União)

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