segunda-feira, março 10, 2008

Certificação do Germobanco

A Fruter Açores (Associação de Produtores de Frutos, de Produtos Hortícola e Florícolas da Ilha Terceira) recebeu os certificados das Normas ISSO 9001 de gestão e qualidade e das normas ISSO 14001 de gestão ambiental, referentes ao projecto GERMOBANCO III, que inclui o Banco do Centro de Biotecnologia dos Açores, uma parceria entre esta cooperativa e o Centro de Biotecnologia da Universidade dos Açores.
Este é o segundo ano consecutivo que a Fruter e a Universidade dos Açores recebem estas certificações europeias, e o terceiro ano seguido do projecto Germobanco III.
Este projecto é uma parceria entre organismos agrícolas e universidades da Macaronésia e visa proteger a diversidade biológica e genética da agricultura tradicional destas ilhas.
Na apresentação dos certificados, Fernando Menezes, presidente da Fruter, afirmou que estes são “um motivo de orgulho para a cooperativa e para a Universidade dos Açores”. No entanto, não deixou de questionar a viabilidade futura do projecto pois o programa de apoios INTERREG vai baixar a dotação financeira atribuída aos Açores e à Madeira (5 milhões para cada região) enquanto as Canárias vão receber 40 milhões.
Por isso, o líder da Fruter sente-se “pouco apoiado”, entendendo que outros programas europeus como o ProRural deveriam “contemplar uma verba para a preservação de espécies vegetais, tal como já fazem para a genética e os animais”
José Luís Amaral, director regional do Comércio, Industria e Energia, referiu, por sua vez, o bom exemplo que este projecto representa para a região, realçando que os certificados são atribuídos “por auditores externos que verificam todo o trabalho e se este está conforme as normas internacionais e, para nós, isso é um motivo de orgulho”.
O governante elogiou também a postura da Fruter por ter feito um trabalho “ que teve uma estratégia e que aposta na continuidade, com a certificação da sua organização. O trabalho que está por detrás destes certificados é muito e tem que ser valorizado. Queremos que este caso de sucesso se multiplique nos Açores”.
Na conferência de imprensa, a Universidade dos Açores esteve representada por David Horta Lopes. Este docente realçou o trabalho do Centro de Biotecnologia, que foi o responsável pela constituição do banco de germoplasma e pela introdução in vitro de algumas das variedades agrícolas da região (castanheiro, inhame, batata doce, macieira) e a sua caracterização molecular.
No entender deste académico, este projecto deve ser para continuar no futuro e encarado como prioritário, pois “não sabemos o que o futuro nos reserva. Na Europa foi criado um Bando de Sementes e os Açores também deveriam preservar as suas espécies agrícolas”.
Sandro Paim, presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo (CCAH), destacou o facto deste projecto ser fruto de uma parceria entre empresas e investigação. Este responsável reforçou a ideia que é fundamental para a competitividade e organização das empresas uma cada vez maior ligação com o mundo universitário.

Governo aposta
na qualificação


José Luís Amaral, durante a sua intervenção, relatou uma conversa com um representante da Associação Portuguesa de Certificação (APCER), que lhe comunicou que o que está a ser feito nos Açores nesta matéria é completamente inovador.
Para fomentar ainda mais essa política, o Governo Regional aprovou o ano passado um Decreto-lei que visa apoiar em 40% (50% nas “ilhas da coesão”) a implementação de sistemas de gestão pela qualidade, que hoje não são obrigatórios, mas que considera “fundamentais para podermos sobreviver no mercado global”.
Esta ideia foi partilhada por Sandro Paim, que mencionou o necessidade do Governo Regional apoiar cada vez mais este tipo de projectos que fomentem a aposta na investigação por parte do mundo empresarial.
Renato Gonçalves´
(In A União)

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