A América
Mário Mesquita da FLAD ofereceu-me há meses um livro escrito pelo terceirense Alberto Mesquita sobre a América de há um século. Uma espécie de Tocqueville português que se maravilha com o que de diferente e de bom estava a ocorrer no Mundo Novo. Nessa altura ainda se contariam pelos dedos da mão os autores europeus que escreviam sobre os fenómenos do novo mundo de forma sistemática e popular.
Provavelmente a partir dessa altura passaram a ser os americanos a escrever sobre si mesmos e também sobre o mundo a partir da sua perspectiva e das suas próprias fontes. O resultado interno não terá sido mau mas o efeito externo daquela abordagem umbilical tem-se demonstrado pouco simpática pelo menos a partir da Segunda Guerra Mundial que, afinal de contas, também ajudaram a despoletar com o proteccionismo dos anos trinta.
Sintomaticamente a América voltou a ser notícia em si mesma, não só pelo conjunturalismo das eleições para a presidência da república daquele enorme país, mas também pela crise latente que vem medrando e que corre o risco de alastrar a todo o mundo. Nesta perspectiva interessa menos o que a América faz ou possa fazer no Iraque, pois em qualquer dos cenários o preço do petróleo subirá e a presença do Irão manter-se-á. O que interessa para o mundo é - porventura com a memória do que aconteceu nos anos trinta do século passado - a forma como a América reagirá a crise estrutural da sua economia.
Se lermos as notícias dos órgãos de comunicação de âmbito mundial, que acabam por ser repercutidas no “copy paste translate” dos jornais nacionais, verificamos que a principal questão tem a ver com o maior o menor proteccionismo que os diversos candidatos prometem ou anunciam. É natural que assim seja mas essa é, a meu ver, uma perspectiva que não resolve o problema de fundo que a América atravessa. Na verdade mais proteccionismo pode melhorar a situação dos eleitores no curto prazo mas piora a sua situação no longo prazo. Por outro lado, no curto e longo prazo agrava a situação no mundo inteiro podendo até precipitar situações de conflito de grande escala. Imaginem qual será a reacção da China quando deixar de poder exportar tanto quanto pode? Provavelmente fará o mesmo que a Alemanha dos anos trinta quando a mesma América colocou entraves às suas exportações.
A crise nos Estados Unidos começou com a incapacidade de muitos americanos pagarem as suas habitações. A imprensa internacional disse que isso se devia ao acesso fácil ao crédito e também à cadeia de seguros sobre o crédito que acabaram por retirar responsabilidade a quem os concedia e, na prática, reduziram a segurança de pagamento dos mesmos. Tudo isso é verdade mas se associarmos a crise bancária ligada à habitação ao aumento do preço do petróleo podemos deduzir que as casas mais distantes dos centros de comércio e de emprego perderam valor o que fez com que a garantia dos créditos novos deixassem de ter base.
Mas se assim foi a resolução da crise financeira dos Estados Unidos e, por arrastamento, a resolução da crise económica mundial, não passa por mais proteccionismo ou por condições mais apertadas na concessão de crédito. Muito pelo contrário, isso só iria reduzir ainda mais a procura e agravar a crise. Se, como expliquei atrás, a crise dos Estados Unidos estiver directamente associada à estrutura urbana e ao aumento do preço do petróleo, e se o aumento do preço do petróleo estiver para ficar com o boom chinês e com os conflitos nos países produtores, então a solução para a crise americana passa pela redefinição do urbanismo nos Estados Unidos com cidades menos espraiadas e mais servidas por transportes públicos. Se assim for a crise financeira acabará por resultar em desenhos de cidades sustentáveis. E isso é um desafio excelente para um grande povo inovador. Até agora inovaram no privado e na guerra. Vamos a ver se conseguem inovar no sector público; a Europa precisa.
Provavelmente a partir dessa altura passaram a ser os americanos a escrever sobre si mesmos e também sobre o mundo a partir da sua perspectiva e das suas próprias fontes. O resultado interno não terá sido mau mas o efeito externo daquela abordagem umbilical tem-se demonstrado pouco simpática pelo menos a partir da Segunda Guerra Mundial que, afinal de contas, também ajudaram a despoletar com o proteccionismo dos anos trinta.
Sintomaticamente a América voltou a ser notícia em si mesma, não só pelo conjunturalismo das eleições para a presidência da república daquele enorme país, mas também pela crise latente que vem medrando e que corre o risco de alastrar a todo o mundo. Nesta perspectiva interessa menos o que a América faz ou possa fazer no Iraque, pois em qualquer dos cenários o preço do petróleo subirá e a presença do Irão manter-se-á. O que interessa para o mundo é - porventura com a memória do que aconteceu nos anos trinta do século passado - a forma como a América reagirá a crise estrutural da sua economia.
Se lermos as notícias dos órgãos de comunicação de âmbito mundial, que acabam por ser repercutidas no “copy paste translate” dos jornais nacionais, verificamos que a principal questão tem a ver com o maior o menor proteccionismo que os diversos candidatos prometem ou anunciam. É natural que assim seja mas essa é, a meu ver, uma perspectiva que não resolve o problema de fundo que a América atravessa. Na verdade mais proteccionismo pode melhorar a situação dos eleitores no curto prazo mas piora a sua situação no longo prazo. Por outro lado, no curto e longo prazo agrava a situação no mundo inteiro podendo até precipitar situações de conflito de grande escala. Imaginem qual será a reacção da China quando deixar de poder exportar tanto quanto pode? Provavelmente fará o mesmo que a Alemanha dos anos trinta quando a mesma América colocou entraves às suas exportações.
A crise nos Estados Unidos começou com a incapacidade de muitos americanos pagarem as suas habitações. A imprensa internacional disse que isso se devia ao acesso fácil ao crédito e também à cadeia de seguros sobre o crédito que acabaram por retirar responsabilidade a quem os concedia e, na prática, reduziram a segurança de pagamento dos mesmos. Tudo isso é verdade mas se associarmos a crise bancária ligada à habitação ao aumento do preço do petróleo podemos deduzir que as casas mais distantes dos centros de comércio e de emprego perderam valor o que fez com que a garantia dos créditos novos deixassem de ter base.
Mas se assim foi a resolução da crise financeira dos Estados Unidos e, por arrastamento, a resolução da crise económica mundial, não passa por mais proteccionismo ou por condições mais apertadas na concessão de crédito. Muito pelo contrário, isso só iria reduzir ainda mais a procura e agravar a crise. Se, como expliquei atrás, a crise dos Estados Unidos estiver directamente associada à estrutura urbana e ao aumento do preço do petróleo, e se o aumento do preço do petróleo estiver para ficar com o boom chinês e com os conflitos nos países produtores, então a solução para a crise americana passa pela redefinição do urbanismo nos Estados Unidos com cidades menos espraiadas e mais servidas por transportes públicos. Se assim for a crise financeira acabará por resultar em desenhos de cidades sustentáveis. E isso é um desafio excelente para um grande povo inovador. Até agora inovaram no privado e na guerra. Vamos a ver se conseguem inovar no sector público; a Europa precisa.
(Prof. Tomaz Dentinho In A União)
Etiquetas: Política, Tomaz Dentinho
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