sábado, março 08, 2008

Espécies invasoras nos Açores


De que se trata e como surge a ideia de elaborar um livro negro das espécies não autóctones mais problemáticas nos Açores, Madeira e Canárias?
O livro “Flora e Fauna Terrestre Invasora na Macaronésia”, surge no âmbito do Projecto PROJECTO INTERREG IIIB, BIONATURA. As entidades que participam no projecto são os Governos das Regiões Autónomas de Canárias, Madeira e Açores. Outras entidades também participam, nomeadamente, a Universidad de La Laguna, o Jardín de Aclimatación de la Orotava (ICIA), o Jardim Botânico da Madeira, a Universidade dos Açores e a Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma dos Açores. No âmbito desse projecto serão editados dois livros, nomeadamente o Livro Verde das espécies ameaçadas e o livro que aqui se apresenta.
O que se pretende com este livro negro das espécies exóticas invasoras?
Pretende-se avaliar as espécies da flora e da fauna consideradas como exóticas (introduzidas deliberada ou acidentalmente pelo Homem) e invasoras (afectam negativamente ecossistemas naturais e semi-naturais). Deste modo, as espécies listadas como invasoras são avaliadas e ordenadas da mais nociva para a menos nociva. Será assim definido o Top 100 em termos de espécies exóticas invasoras na Macaronésia. Seguidamente, essas espécies são também avaliadas de acordo com a probabilidade de se poderem controlar ou erradicar com sucesso, o que permitirá definir quais são as espécies prioritárias em termos de acções de controlo.
Qual é o cenário nos Açores?
Nos Açores o cenário é preocupante. Bastará dizer que, por exemplo, ao nível da flora vascular (fetos, coníferas, monocotiledóneas, dicotiledóneas) mais de 60% das espécies são introduzidas, o que corresponde a quase 700 plantas. Entre elas, cerca de 200 são consideradas como invasoras, com maior ou menor impacte nas comunidades naturais. Mas ao nível dos vertebrados o cenário não é muito melhor porque, por exemplo, todos os mamíferos terrestres dos Açores são introduzidos à excepção do Morcego.
Que medidas podem ser tomadas para prevenir a influência negativa destas espécies na fauna e flora?
As medidas de gestão envolvem uma actuação a vários níveis: educação e informação junto das populações; legislação mais restritiva no que respeita à entrada de espécies exóticas; formação e meios ao pessoal que fiscaliza a entrada de material vivo ao nível dos aeroportos e dos portos; planos gestão para as invasoras mais problemáticas; um sistema de alerta que permita detectar e eventualmente erradicar novas invasões. Embora nos Açores exista um esforço para enfrentar este problema, a falta de financiamento e de uma gestão continuada do problema não tem permitido avançar muito no que respeita ao controlo das espécies exóticas invasoras. Por outro lado, não é possível desenvolver legislação muito restritiva em termos de entrada de material no Arquipélago, uma vez que existe livre circulação de pessoas e bens dentro do país e mesmo no interior da União Europeia. Trata-se, assim, não de um problema apenas regional, mas de algo com um cariz Europeu e mesmo mundial.
(In Diário Insular)

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