segunda-feira, janeiro 14, 2008

Universidade deve abrir-se ao exterior



BRUNO RAPOSO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DA Universidade dos Açores defende que esta deve abrir-se ao exterior.

Diário Insular (DI)-Como encaram os estudantes a actual crise financeira que a Universidade dos Açores atravessa?
Bruno Raposo (BR)-Quando falamos em cortes orçamentais, isso repercute-se nos apoios que a Universidade pode prestar às suas associações. O dinheiro canalizado para as associações é investido na realização de actividades que os estudantes aguardam e, se recebemos menos dinheiro, é claro que menos actividades podemos organizar.
DI-Consideram que a qualidade do ensino e da investigação está ou poderá ser posta em causa devido a esses problemas orçamentais?
BR-Penso que a falta de verbas poderá reflectir-se não na qualidade, mas no próprio ensino em si. Neste contexto, a Universidade dos Açores tem de assumir uma nova dinâmica e uma competitividade diferente. Uma vez que grande parte do orçamento da instituição é assegurado pelas propinas pagas pelos alunos, há a necessidade de um maior empenho no ensino e na variedade lectiva, para que a universidade se torne mais apelativa para os estudantes. Com a construção do novo pólo de Angra do Heroísmo e as melhorias que terão lugar no pólo da Horta, em termos físicos não temos já muito do que nos queixar. O que nos preocupa realmente é a adequação dos cursos ao processo de Bolonha e a repercussão que esta mudança de paradigma terá na qualidade do ensino.
DI-Que medidas deveriam ser tomadas para ultrapassar esta situação?
BR-A Universidade dos Açores tem de abrir-se ao exterior e criar automatismos e dinamismos com as empresas regionais, no sentido de um intercâmbio de interesses que possa suportar essa crise. Tem de criar serviços que sirvam a comunidade e permitam retirar dividendos, aproveitando os seus recursos humanos. Um exemplo disso é o Departamento de Economia da Universidade Católica, que realiza sondagens e trabalhos estatísticos para o exterior. Por outro lado, tem de ter uma proposta lectiva mais atractiva para os estudantes.
DI-A solução para a actual crise poderá passar pela transferência da tutela financeira da Universidade dos Açores da República para a Região?
BR-A Região já subsidia a Universidade dos Açores devido à tripolaridade. Na nossa opinião, esse financiamento deveria ser revisto, uma vez que a nova lei de financiamento veio para ficar. Deveria ser calculado o real peso da tripolaridade, para se perceber se as verbas provenientes da Região são suficientes, já que da parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior a tendência é cada vez mais para a restrição orçamental.

(In Diário Insular)

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