Terceirenses acreditam no poder das plantas
Há necessidade de recolha e registo do potencial medicinal de várias plantas utilizadas pelos terceirenses no seu dia-a-dia. Esta foi uma das principais conclusões de uma tese de mestrado em Educação Ambiental, orientada pelo Prof. Félix Rodrigues do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores e pela Profª Maria de los Angeles Mendiola Ubillos da Universidad Técnica de Madrid, defendida recentemente por Cristina de Fátima Sousa Mendonça, no campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores. Intitulado “Etnobotânica da Ilha Terceira: Recordar o Passado para Sustentar o Futuro”, o trabalho pretendeu registar os conhecimentos dos terceirenses sobre os múltiplos benefícios do uso das plantas, bem como as suas práticas quotidianas no que se refere à sua utilização medicinal, quer do ponto de vista da profilaxia quer da prevenção de doenças. Através de entrevistas a indivíduos de ambos os sexos, com mais de 65 anos de idade, Cristina Mendonça concluiu que “existem pessoas detentoras de conhecimentos ancestrais acerca das propriedades, sobretudo medicinais, de algumas plantas, e usufruem das mesmas, no seu quotidiano”. “Esses conhecimentos, muitos deles com séculos de existência, não figuram, contudo, em fontes escritas, sendo normalmente transmitidos por via oral, de pais para filhos”, lamenta, defendendo que “educar passa pela inovação, mas também pela recuperação de conhecimentos, ainda mais tratando-se de conhecimentos tão antigos, que já deram provas da sua validação”. Neste trabalho, foram recolhidas informações sobre 44 espécies de plantas utilizadas na Terceira para fins medicinais, designadamente agrião, alecrim, arruda, bálsamo da parede, camarão, cidreira, erva de São Roberto, eucalipto, amor-de-hortelão, louro das ilhas, cedro do mato, erva-cavalinha e saramago, entre muitas outras. Este é o terceiro estudo realizado no arquipélago dos Açores e o quarto no país sobre etnobotânica - ciência que, ligada à botânica e à antropologia, estuda as interacções entre os indivíduos e as plantas, nomeadamente as suas aplicações e usos tradicionais.
(In Diário Insular)
Etiquetas: Cristina Mendonça, Etnobotânica, Mestrados, Terceira
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