sábado, dezembro 15, 2007

Qualidade do Leite Açoriano

A Associação Agrícola da Ilha Terceira (AAIT) quer mais empenho dos lavradores para melhorar a qualidade do leite. Os dados revelados esta semana, na reunião da Comissão de Acompanhamento do Leite na Terceira, apontam que os valores médios dos parâmetros qualidade não evoluíram no decorrer deste ano, como era esperado. Após alguns investimentos nas áreas da formação profissional e do maneio das máquinas de ordenha, os representantes do sector aguardavam uma melhoria significativa dos parâmetros da qualidade do leite. A Associação Agrícola da Terceira criou mesmo um Gabinete Técnico para dar formação, sobre o maneio das máquinas de ordenha, nas explorações leiteiras com dificuldades. Contudo, a tendência evolutiva dos parâmetros da qualidade teima em não aparecer, explicam os dirigentes.Segundo conseguimos apurar, os grandes problemas detectados pelos serviços de fiscalização de leite prendem-se, em grande parte, com as mamites e a falta de maneio adequado das máquinas de ordenha. Paulo Simões, presidente da AAIT, após a reunião da Comissão de Acompanhamento do Leite, que se realizou na passada segunda-feira, resolveu pedir mais “empenho” dos produtores. “Não estamos a dizer que o leite da Terceira não tem qualidade, queremos é mais qualidade”, esclarece. Para este dirigente, da lavoura terceirense, existe margem para aumentar a qualidade e criar um produto de excelência, capaz de concorrer com os grandes mercados (em termos qualitativos). O contraste Leiteiro é realizado por cinco técnicos da AAIT, desde há oito anos, e abrange cinco mil animais de 115 das cerca de 880 explorações leiteiras existentes na ilha Terceira.Com o desenvolvimento do contraste leiteiro, os produtores ficam a saber o que produz cada animal analisado, bem como a quantidade de gordura e proteína que possui o leite produzido por cada bovino. A AAIT realiza, ainda, a contagem das células somáticas, o que permite ao produtor prevenir eventuais mamites nos animais que, a existirem, desvalorizam o leite.Segundo os dados divulgados, apenas meia centena de explorações leiteiras demonstram dificuldades em acompanhar os parâmetros de qualidade propostos, porém este número faz diminuir, significativamente, as médias pretendidas pelo sector leiteiro da ilha. O próximo resgate poderá mesmo afastar alguns destes produtores, apurou o nosso jornal junto de fonte ligada ao sector. A estatística da classificação da ilha Terceira demonstra que os valores médios pioraram nos últimos meses. Por exemplo, e aleatoriamente, em Maio deste ano, os valores médios (gordura, proteína, células somáticas, contagem microbiana total) têm uma pontuação de 1,97. Em Setembro esta pontuação está no -1, 23 e com um aumento significativo das células somáticas. Medidas para melhorar
Actualmente a indústria já paga consoante a qualidade, no entanto, para a Associação Agrícola, é necessário haver um maior incentivo às explorações que têm um sistema de frio para armazenar o leite (o que melhora alguns parâmetros de qualidade). Para José Matos, docente do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, os prémios à qualidade são fundamentais para motivar a produção. Os investigadores alertam também para a necessidade de se continuar a apostar na formação. “É um meio essencial para manter e aumentar a qualidade do produto”. José Matos assegura ainda que é necessário e urgente que os produtores comecem a fazer contas, para terem a noção do que estão a perder, em termos financeiros. A máquina de ordenha, se não estiver correctamente montada, afinada e calibrada, poderá estar na origem de uma série de problemas, com resultados catastróficos e que só uma pessoa atenta poderá identificar.Para chamar a atenção deste “problema real”, os serviços de classificação de leite da Terceira, no seu sítio da Internet disponibilizam vários conselhos e exemplos. “Uma máquina descalibrada é meio caminho para provocar pequenas lesões no úbere, que regularmente degeneram em mamites. Normalmente, as vacas mais susceptíveis de contrair esta doença são, quase sempre, as melhores produtoras”. Segundo os técnicos deste serviço, uma vaca com uma mamite, na melhor das hipóteses, pode provocar perdas na ordem dos 30% da produção. “Se num rebanho de 60 vacas, as mamites afectarem 25% dos animais, com uma média de produção de 5 mil litros por ano, (30% x 5000 litros x 15 vacas = 22.500 litros x 50$00 =1.125.000$00) poderá causar, mais de 1.000 contos (5 mil euros) de leite que não foi produzido. Isto, sem contabilizar as despesas do veterinário e os medicamentos” – exemplificam.
(In A União)

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