domingo, dezembro 16, 2007

A aposta na Biotecnologia e Biomedicina

O Director do Centro de Investigação em Tecnologia Agrária dos Açores (CITAA), João Madruga, docente e investigador do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, pronuncia-se sobre a pretensão do Governo regional dos Açores em criar um Instituto de Biotecnologia e Biomedicina na Região.


Diário Insular (DI)- O Governo Regional pretende criar, em parceira com diversas instituições, um instituto tecnológico na Terceira. Qual o alcance dessa medida para o desenvolvimento da investigação científica nos Açores?

João Madruga (JM) -Ao longo dos últimos meses, a Direcção Regional para a Ciência e Tecnologia vem desenvolvendo, em parceria com alguns Centros de Investigação da Universidade dos Açores, nomeadamente com o CITA-A, assim como com os Grupo de Investigação dos Hospitais do Divino Espírito Santo e de Santo Espírito, reuniões com o objectivo de criar, na Ilha Terceira, o Instituto de Biotecnologia e Biomedicina dos Açores. Com a criação deste instituto pretende o Governo reunir sinergias, em termos de capacidades de investigação científica, capazes de contribuírem para a implementação de políticas públicas regionais, incluindo a dinamização do sector empresarial e a prestação de serviços públicos.

DI - A biotecnologia e biomedicina são as duas áreas de destaque na infra-estrutura a construir na Terra Chã. Quais as outras valências?

JM-A biotecnologia e a biomedicina possuem valências diversificadas, que vão desde a oceanografia e pescas, à tecnologia alimentar, à área da saúde, à reprodução animal, à alimentação animal, a biotecnologia vegetal, a biotecnologia ambiental, etc., pelo que a criação deste instituto deve ser encarado como uma aposta de grande alcance para o futuro da região.

DI-Acredita que a massa crítica existente na Terceira pode ter, assim, maior impacto na economia local?

JM-Sem dúvida que sim, até porque aos grupos de investigação existentes na região serão, de certo, reforçados em termos de recursos humanos, quer com bolseiros de investigação de doutoramento, quer mesmo com bolseiros de pós-doutoramento em função dos projectos que as diferentes unidades operacionais de investigação terão que submeter.

DI-Que papel deve ser reservado à Universidade dos Açores em todo esse processo, tendo em conta que algumas áreas da investigação científica estão quase exclusivamente na sua alçada?

JM-O Instituto de Biotecnologia dos Açores, como já foi referido, será uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, tendo como sócios fundadores a Região Autónoma dos Açores, representada pelo organismo do governo com competências em matéria de Ciência e Tecnologia, a Universidade dos Açores, o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, E.P.E. e o Hospital do Santo Espírito de Angra do Heroísmo, E.P.E. Neste sentido, a Universidade dos Açores irá contribuir com a sua mais-valia em termos de recursos humanos, assim como os colegas que desenvolvem a sua actividade de investigação nos hospitais regionais, cabendo ao Governo Regional garantir o suporte financeiro, entre outros, para a execução da investigação científica. Gostaria de deixar bem claro que a Universidade dos Açores não deixará de desenvolver a sua actividade de investigação científica na área da biotecnologia e da biomedicina. Aliás, penso que, pelo contrário, a mesma irá sair reforçada.

(In Diário Insular)

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