Em quem votar nas legislativas: Nos ovos ou na galinha?
Félix Rodrigues
À partida parece fácil votar nas próximas Eleições Legislativas, mas depois da votação, por vezes, chega-se à conclusão que não era exactamente assim que se pretendia votar. Isto porque a nossa Democracia é representativa, o que quer dizer que quantitativamente se garante a participação de quase todos os cidadãos, mas qualitativamente, os seus mecanismos limitam a actuação dos participantes no jogo democrático. De acordo com as regras das Eleições Legislativas, temos que escolher “os representantes do povo” e indirectamente, o “Governo do País”. Por isso, temos que definir claramente em quem pretendemos votar: nos ovos (Deputados) ou na galinha (Primeiro-Ministro). Se nos centramos só na galinha (Primeiro-Ministro) arriscamo-nos a ter uma boa galinha que poderá chocar maus ovos. O que é mais importante: os ovos ou a galinha? Em termos legislativos, os ovos, em termos executivos, a galinha. Se fizermos paralelismos com a economia, os ovos é que são postos no mercado e é a sua qualidade que renderá dinheiro, mas se não tivermos galinhas, nunca teremos ovos, logo ficamos falidos. O que acontece, é que os ovos não são inactivos, são um misto de ovo e pinto, pois podem efectivamente escolher entre si qual a melhor galinha para os chocar, sendo provavelmente mais eficaz votar neles do que na galinha. A dificuldade de escolha aumenta quando se verifica que se nos centrássemos nos ovos, escolheríamos um partido, e se nos centrássemos na galinha escolheríamos outro. Isso é dilemático, pois sabe-se que não há listas perfeitas de galinhas e ovos, daí ser difícil, com um só voto, escolher a galinha certa e os ovos perfeitos. Não votar, é pior ainda, dá azo a que uma galinha qualquer choque um conjunto aleatório de ovos, de onde sairão, em vez de pintos, crocodilos. Votar não é fácil, a não ser que se vá na cantiga da galinha acompanhada da percussão dos estalidos dos ovos. As galinhas não se querem para cantar, mas para trabalhar. P’ra cantar escolhe-se o galo, mas as Presidenciais não são agora.
(In Diário Insular)
Etiquetas: eleições, Félix Rodrigues, opinião, Política
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